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quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Sítio de Atibaia: Lula vai sair pela 1ª vez da cadeia para depor à juíza substituta de Moro

Ex-presidente é acusado de ter sido beneficiado por reformas feitas por OAS e Odebrecht

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestará depoimento nesta quarta-feira à juíza Gabriela Hardt, que substitui o juiz Sergio Moro na 13ª Vara Federal de Curitiba. Essa será a primeira vez que Lula sairá da Superintendência da Polícia Federal desde que foi preso no dia 7 de abril. O depoimento está marcado para as 14h no prédio da Justiça Federal da capital paranaense. Após ter sido condenado a 12 anos e um mês de prisão no caso do tríplex do Guarujá, Lula enfrenta agora a fase final do processo sobre o sítio de Atibaia , no interior de São Paulo. ( ENTENDA : as acusações e provas contra Lula no processo do sítio de Atibaia )  

 Parte do dispositivo de segurança que será usado para garantir a ORDEM PÚBLICA ao conter bandidos que pretendem apoiar o presidiário Lula

(FOTO WERTHER SANTANA/ESTADÃO)


O ex-presidente é réu junto com outras 12 pessoas na ação que  investiga os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do sítio de Atibaia . Lula é acusado de ser o real proprietário do imóvel e de ter sido beneficiado por reformas orçadas em R$ 1.020.500, e feitas pelas construtoras OAS e Odebrecht entre o fim 2010, quando ele ainda ocupava a Presidência da República, e 2014.   O PT e movimentos sociais, como a CUT e o MST, vão realizar um ato na frente do prédio da Justiça na hora do depoimento. Mas, de acordo com os próprios petistas, a mobilização deve ser menor do que a realizada nas outras duas vezes em que Lula foi interrogado pelo juiz Sergio Moro: sobre o tríplex do Guarujá e sobre a compra de um prédio para o Instituto Lula. 

Foram anunciadas as presenças da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e do líder do partido na Câmara, Paulo Pimenta (RS). O candidato derrotado da legenda na disputa à Presidência, Fernando Haddad, não irá a Curitiba.  Dos dois acampamentos montados nas proximidades da Policia Federal em Curitiba apenas um continua funcionando. Ao lado do prédio, num terreno particular, as pessoas se revezam em vigília numa barraca com faixas “Lula livre" e bandeiras do PT. O acampamento Marisa Letícia, que havia sido instalado a um quilômetro da sede da PF, foi esvaziado no último dia 4 de novembro, depois das eleições.



Segundo a denúncia, a Odebrecht gastou R$ 700 mil com a reforma do sítio em troca de três contratos com a estatal e a OAS pagou R$ 170 mil por ter sido beneficiada em outros três contratos. Os R$ 150,5 mil restantes vieram das contas do pecuarista José Carlos Bumlai, tido como amigo do petista, e que também tem depoimento marcado nesta quarta-feira. A defesa de Lula afirma que ele não é o dono do sítio, que está registrado em cartório em nome de Jonas Suassuna e Fernando Bittar.

A juíza Gabriela Hardt já ouviu executivos da Odebrecht e da OAS e também Fernando Bittar, um dos donos do sítio, que negou ser laranja de Lula e disse que as obras feitas no sítio eram para abrigar o acervo presidencial trazido de Brasília e que acreditava que Lula e dona Marisa iriam pagar. Os três também são réus nos mesmo processo.  O ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht disse que as intervenções realizadas na propriedade foram a primeira destinada à "pessoa física do Lula" .
- Seria a primeira vez que a gente estaria fazendo uma coisa pessoal para presidente Lula. Até então, por exemplo, tinha tido o caso do terreno do instituto, bem ou mal, era para o Instituto Lula, não era pra pessoa física dele.





Em seu depoimento, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro afirmou que combinou as obras no sítio diretamente com Lula e que o petista chegou a sugerir que fosse usada a mesma equipe que trabalhou na reforma do tríplex do Guarujá. Segundo o empresário, a  ideia não vingou devido à grande distância entre as duas cidades - Atibaia e Guarujá - e ao fato de a empreiteira ter usado uma empresa terceirizada para as obras do tríplex. No sítio, segundo ele, as obras eram bem menores e foram feitas por funcionários da empresa.
- O presidente até tinha me sugerido pegar o mesmo pessoal que estava fazendo o tríplex. Eu na época expliquei a ele que era muito distante, e que era uma empresa subcontratada nossa, a Talento, que fez o triplex do Guarujá. Esse serviço (o do sítio), como era muito menor, seria feito por pessoas nossas mesmo que ficariam morando no sítio - relatou.

O Globo


terça-feira, 8 de maio de 2018

Atibaia pode render pena maior que a do tríplex



No processo do tríplex no Guarujá, Lula disse que não era o proprietário e que jamais passou uma noite no imóvel. Admite que visitou o apartamento na companhia de Léo Pinheiro, da OAS. Alega que Marisa pensou em comprá-lo. Mas desistiu. Esse lero-lero, como se sabe, não colou. Agora, tenta-se o mesmo truque no processo sobre o sítio de Atibaia. Arrolado como testemunha de defesa, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, disse que soube que Lula pensou em comprar o sítio.

É muito curiosa a relação de Lula com os imóveis. Ele pensa em comprar uma propriedade e, subitamente, a OAS, a Odebrecht ou as duas providenciam os confortos. No tríplex, o elevador, a cozinha, a sauna… No sítio, outra cozinha, a reforma da sede, a construção de anexos… De repente, quando a coisa vira escândalo, Lula sai de fininho pela porta de emergência. ''Não é meu, não tenho nada a ver com isso.''

São fartas as evidências de que Lula usufruía do sítio como dono. Servidores que assessoram o ex-presidente receberam da União 1.096 diárias por viagens a Atibaia entre 2012 e 2016. Funcionários do sítio trocaram e-mails com o Instituto Lula. Havia roupas e objetivos pessoais de Lula e Marisa espalhados pela casa

Tudo isso e mais R$ 1 milhão em reformas custeadas pela Odebrecht, com cozinha da OAS. Se o mimo do Guarujá custou a Lula 12 anos e 1 mês de cadeia, o caso do sítio deve render condenação semelhante ou até maior.

Blog do Josias de Souza


quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Trinca em Curitiba

Tornado réu pela terceira vez pelo juiz Sérgio Moro, Lula já pode pedir música no Fantástico, diz o povo. Além do triplex no Guarujá e o sítio de Atibaia, o outro processo a que Lula responde é sobre o terreno que teria sido oferecido pela Odebrecht ao Instituto Lula, e o aluguel de um apartamento vizinho ao do ex-presidente em São Bernardo, que teria sido pago pela empreiteira para uso de assessores  do ex-presidente.

Condenado a nove anos e meio por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo triplex, Lula caminha para outra condenação no caso do sítio com a ajuda decisiva de seu advogado Cristiano Zanin.  No interrogatório de Leo Pinheiro, da OAS, o advogado do ex-presidente a certa altura perguntou se Lula havia deixado algum objeto pessoal no triplex. Uma resposta evidentemente negativa, pois o apartamento ainda estava em obras, demonstraria, a seu ver, que Lula não seria o dono.
Mas ele esqueceu que também defende Lula no processo do sítio de Atibaia, onde há objetos pessoais de sobra da família Lula o que, no seu modo de ver, prova a propriedade.  
O Juiz Moro  se convenceu de que Lula é o verdadeiro dono do triplex do Guarujá, e o condenou por esconder essa propriedade através de artifícios que caracterizam lavagem de dinheiro. Quanto ao sítio de Atibaia, Moro diz no seu despacho que a aceitação da denúncia do Ministério Público não significa que a acusação esteja comprovada, o que acontecerá ou não depois de ouvidos os acusados.

O relatório da Polícia Federal sobre o sitio de Atibaia é formidável em provas documentais da presença da família Lula em todas as dependências do sítio, e nenhuma dos donos teóricos do imóvel. Dos objetos pessoais a uma adega bem equipada, até fotos de Lula bebendo uma cachacinha com o engenheiro da Odebrecht que coordenou a obra, está tudo lá. Além do mais, os depoimentos dos funcionários da OAS e da Odebrecht confirmam o que se vê por todos os lados: obras feitas a pedido de Lula e de dona Marisa, uma cozinha da mesma marca da instalada no triplex do Guarujá, compradas na mesma ocasião a mando da OAS.

O segredo de Polichinelo, como já chamei aqui, chegou ao fim com os depoimentos do ex-presidente da empreiteira OAS Léo Pinheiro e as delações dos executivos da Odebrecht. Em seu depoimento, Leo Pinheiro disse que tratou diretamente com o ex-presidente Lula de reformas no sitio de Atibaia, e descontou o dinheiro gasto na reforma do triplex do Guarujá e a reforma no sitio da conta de propina do PT.

As obras não agradaram dona Marisa, que pediu ao diretor da Odebrecht Alexandrino Alencar que mandasse seus homens completarem as reformas necessárias. O patriarca da Odebrecht, Emilio, ainda contou uma passagem quase cômica sobre o sitio de Atibaia em sua delação. Disse que a família queria que as obras ficassem prontas logo que Lula deixasse a presidência, em 2009, para que ele já pudesse aproveitar o lugar de que tanto gostava.  Emílio então deu a boa-nova para Lula num encontro no Palácio do Planalto, anunciando que as obras estariam prontas a tempo. Lula não fez comentário algum, e Emílio viu que havia estragado a surpresa.

Assim como Leo Pinheiro da OAS teve dificuldades para regularizar a propriedade do triplex do Guarujá, também Alexandrino Alencar, da Odebrecht, não tinha como explicar o gasto de quase R$ 1 milhão no sítio de Atibaia. O amigo de Lula,  Roberto Teixeira, sogro do advogado Cristiano Zanin, que também consta do rol dos acusados pelo Ministério Público, combinou fazerem notas frias para regularizar as despesas.

Fonte: Merval Pereira - O Globo
 

terça-feira, 13 de setembro de 2016

No sermão da missa negra, o Supremo Pregador jurou que só ganhou da OAS e da Odebrecht dois cisnes e dois barquinhos

As empreiteiras já sabem o que Lula quer ganhar no Natal: a casa e um casaco de João Doria

Lula foge de entrevistas de verdade desde dezembro de 2005, quando foi confrontado no programa Roda Viva com perguntas sobre o escândalo do Mensalão ─ e forçado a comentar a descoberta de que o antigo templo das vestais do PT se tornara um bordel infestado de delinquentes loucos por dinheiro. Faz quase 11 anos que só conversa com entrevistadores domesticados, blogueiros estatizados e correspondentes estrangeiros que confirmam o que disse Tom Jobim: o Brasil não é para amadores.

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Lula foge de multidões sem medo desde a cerimônia de abertura do Pan-2007, quando descobriu no Maracanã o que é uma vaia de assombrar Nelson Rodrigues. De lá para cá, o palanque ambulante só desanda na discurseira diante de plateias amestradas, que aprenderam a sublinhar com aplausos até o ponto que encerra a frase sem pé nem cabeça, fingir que ninguém notou o extermínio de mais um plural e cair na gargalhada no meio da piada sempre grosseira e grisalha.

Na sexta-feira, durante o evento promovido pelo PT na Quadra dos Bancários para tentar abrandar a anemia que assola a campanha de Fernando Haddad, constatou-se que também os comícios para milhares de militantes são coisa do passado. Foram trocados por missas negras frequentadas por devotos atraídos sobretudo pelos sermões que Lula improvisa. Os discípulos ouvem a palavra do Mestre com a expressão apalermada de quem vê um imbatível candidato a santo.

Os fiéis contemplaram com salvas de palmas até os disparos verbais que, endereçados aos adversários, acertam o pé do orador e as testas da turma na sacristia. A taxa de entusiasmo cresceu com os tiros pela culatra que povoaram o Sermão da Quadra dos Bancários. E chegou ao clímax quando o Supremo Pregador ergueu com duas frases o imponente monumento à vigarice abaixo reproduzido:
“Imagina o povo que foi induzido pela imprensa a não gostar de mim porque a minha mulher comprou um cisne para o meu filho e vai votar no Doria que mora numa casa que vale 10 milhões de cisnes. Só aquele casaco dele daria para comprar os dois cisnes da Marisa e os dois barquinhos que ela tem”.

É por causa da imprensa, portanto, que o supercampeão das urnas acabou reduzido a um cabo eleitoral capaz de destruir sozinho qualquer candidatura: 73% dos entrevistados pelo Datafolha não votariam de jeito nenhum em alguém apoiado por Lula. A queda não teria acontecido se o povo soubesse a verdade. Marisa Letícia nada mais fez que presentear um filho marmanjo com um pedalinho em forma de cisne que navega no sítio que o ex-presidente possui mas não é dele em Atibaia.

Mais: como a casa de João Doria, na avaliação do PT, vale 50 milhões de reais, basta dividir a quantia por 10 milhões de pedalinhos para saber que o brinquedo custou apenas 5 reais ─ menos que um saquinho de pipoca tamanho mínimo. Na segunda frase, os cisnes já são dois. Mas continuam baratos, garante o sitiante sem escritura. O dinheiro que Doria gasta na aquisição de um casaco bastaria para comprar uma dupla de pedalinhos e uma frota de dois barcos.

Por que Lula não se atreve a recitar tal tapeação num depoimento na República de Curitiba? Talvez por temer que o juiz Sérgio Moro seja tentado a prendê-lo por cinismo ao ouvir que a reforma do sítio, custeada pela OAS e a Odebrecht, foi uma invencionice da imprensa. Talvez porque nem um bebê de colo conseguiria acreditar que as empreiteiras retribuíram os favores bilionários do presidente amigo com dois pedalinhos e dois barquinhos. Haja ingratidão.

O falatório ao menos serviu para revelar o que o camelô de empreiteiras quer ganhar no Natal: a residência de João Doria. Lula ficaria mais feliz ainda se junto com a casa viesse o que chama de “aquele casaco dele”.

Fonte:Coluna do Augusto Nunes 
 

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Lula orientou reforma no sítio de Atibaia, diz PF

Sítio Santa Bárbara entrou na mira da Polícia Federal após a descoberta de que as obras foram feitas por empreiteiras do petrolão
Um laudo produzido pela Polícia Federal aponta que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva supervisionou a reforma da cozinha gourmet no sítio Santa Bárbara, em Atibaia, no interior de São Paulo. A informação se baseia em mensagens e fotos encontradas no celular do arquiteto da OAS, Paulo Gordilho, que teria viajado ao sítio “exclusivamente para dirimir dúvidas do casal Lula da Silva”, conforme perícia da PF. As obras em questão teriam custado 252.000 reais.

Ao todo, as reformas no sítio custaram 1,2 milhão de reais e começaram em novembro de 2010, quando Lula estava no fim do segundo mandado na Presidência da República, prosseguindo até outubro de 2014.  “Os peritos apontam para evidências substanciais que a cozinha gourmet foi reformada e instalada entre o período aproximado de março junho de 2014, tendo sido acompanhada por arquiteto da OAS, sob comando de Léo Pinheiro e, segundo consta nas comunicações do arquiteto da construtora, com orientação do ex-presidente Lula e sua esposa”, escreveram os peritos da PF João José de Castro Vallim e Ior Canesso Juraszek no laudo.

Em uma mensagem de WhatsApp, Paulo Gordilho afirma que vai a um churrasco em Atibaia com o então presidente da OAS, Léo Pinheiro, na “fazenda de lula”. Lá, ele diz que vai “passar o dia” com o petista e sua mulher, Marisa Letícia. O arquiteto inicia a mensagem pedindo “sigilo absoluto”.

O sítio Santa Bárbara entrou na mira da Operação Lava Jato após a descoberta de que empreiteiras do petrolão (OAS e Odebrecht) realizaram reformas no local. Os investigadores suspeitam que o ex-presidente, que sempre negou ser o dono da propriedade, recebeu gratificação das construtoras em troca de contratos obtidos da Petrobras. A propriedade está registrada oficialmente no nome dos empresários Fernando Bittar e Jonas Leite Suassuna Filho. Bittar é filho de Jacó Bittar, ex-prefeito de Campinas e amigo pessoal de Lula. E Suassuna é sócio de Fábio Luis Lula da Silva, o Lulinha, na empresa BR4 Participações.

A PF também identificou um e-mail enviado por Paulo Gordilho a Fernando Bittar, que, por sua vez, encaminhou-o sete minutos depois para Sandro Luiz Lula da Silva, outro filho de Lula. O e-mail continha a maquete digital da cozinha.  No final da análise, os peritos concluem que o sítio foi vendido aos empresários Fernando Bittar e Jonas Leite Suassuna Filho para o uso da família de Lula. Isso porque, segundo a PF, logo após a assinatura do contrato foram elaboradas as primeiras plantas para “acomodarem as necessidades da família Lula”.

A PF também apontou como “discordante” o patrimônio de Fernando Bittar e o valor pago pelo sítio, de cerca de 1,7 milhão reais. “O montante de aproximadamente 1,7 milhão de reais, dispendidos entre 2010 e 2011, apresenta-se discordante frente aos rendimentos, bens e direitos declarados no seu imposto de renda”, diz o laudo. O engenheiro que fez as primeiras reformas no sítio, em 2011, era Frederico Horta, da Odebrecht.

Fonte: Veja – Eduardo Gonçalves