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domingo, 8 de março de 2020

Trump e Bolsonaro - Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Acordo com EUA amplia acesso do Brasil ao mercado de defesa mundial


O Brasil poderá dar importante salto no complexo universo de defesa amanhã, em Miami, quando fecha um acordo com os Estados Unidos para pesquisa, desenvolvimento, testes e avaliação de produtos nessa área. Esse acordo materializa a aliança extra-OTAN, amplia o acesso do Brasil ao riquíssimo mercado internacional de defesa e, indiretamente, melhora a posição brasileira na disputa por uma vaga à OCDE.

O Brasil é o 14.º país no seleto grupo que já fez esse mesmo acordo com os EUA, sob a sigla RDT&E. Nenhum deles é da América Latina, nem mesmo do Hemisfério Sul: França, Inglaterra, Itália, Holanda, Alemanha, Índia, Suécia, Estônia, Finlândia, Noruega e Coreia do Sul. O objetivo é harmonizar produtos de defesa com base nos EUA e na OTAN.

Depois de jogar todas as fichas na aproximação com os EUA, sem receber o equivalente em troca, finalmente o presidente Jair Bolsonaro - que jantou ontem com Donald Trump em Palm Beach - pode dizer que está fazendo um gol. Para Defesa e Itamaraty, um golaço. Para os céticos, uma dúvida: o governo tem obsessão por defesa, mas e a desigualdade social?

Não confundir indústria de defesa com indústria de armas e munições, que reúne só 1,7% das empresas do setor no Brasil. Todo o resto é, em resumo, nas áreas de satélites, comunicações, segurança cibernética, plataformas terrestres e navais, controle aéreo e por aí afora. De todas, só três são estatais, Emgepron, Imbel e Amazul. Do ponto de vista estratégico, essas áreas não dizem respeito só às Forças Armadas, mas trazem benefícios para a tecnologia, a indústria em geral e a sociedade civil, como ocorreu com a internet e o GPS, entre tantos outros.


Do ponto de vista econômico, o governo considera que “o céu é o limite”, pela grande sofisticação, altos preços e mercado internacional do setor. Com o selo RDT&E, os produtos brasileiros terão outro patamar. Há, ainda, a questão da tecnologia e do treinamento de pessoal no Brasil, onde a defesa já responde por 250 mil empregos diretos e igual número de indiretos, com uma renda três vezes maior que a média nacional e um efeito multiplicador poderoso: cada real aplicado tem potencial de gerar 9,8 reais na economia.

O acordo, que será assinado pelo chefe do Estado-Maior Conjunto do Brasil e pelo comandante do Comando Sul dos EUA, não envolve recursos. Isso é uma outra história, ou um outro acordo, ainda não em discussão, mas já no radar do Brasil: o RDT&F, sendo o F de “funding”, ou financiamento. Além do acordo de defesa, Bolsonaro já assinou o decreto do “Global Entry”, para ampliar a dispensa de vistos para grandes empresários, e estão em pauta em Miami comércio, troca de tecnologia, investimentos e infraestrutura. Até por isso, é estranho que Paulo Guedes não vá. De repente, pressa para as reformas?

Não se pode diminuir a simbologia de Trump abrir as portas para um jantar, sábado à noite, para o brasileiro, mas o encontro teve caráter informal, não de reunião de trabalho para percorrer a extensa agenda comum. Até porque, cá pra nós, nenhum dos dois gosta dessas chatices.
Também não custa lembrar: quem é melhor comerciante, Trump ou Bolsonaro? Aliás, se um tema era certo no jantar, era o 5G. Trump não quer nem ouvir falar em 5G da China, só não se sabe como colocaria para Bolsonaro: em forma de advertência, ameaça ou premiação pela decisão. Mas a pressão é forte. A ver.

Eliane Cantanhêde, jornalista - O Estado de S. Paulo




Para Bolsonaro, o troféu da viagem será a foto com Trump, mas Trump não é eterno, os EUA não são os únicos parceiros e a nossa verdadeira guerra é a tragédia social. Não adianta ser aliado extra-Otan dos EUA e entrar na OCDE só com o discurso de que, um dia, quem sabe, isso reverterá para toda a sociedade. Quem tem fome tem pressa.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Novilíngua, eufemismos e... testosterona

No "politicamente correto", usa-se e abusa-se dos eufemismos, trocando-se palavras fortes por palavras fracas para tornar palatável o que deveria ser rejeitado.

O famigerado "politicamente correto" parece nascido nas páginas de 1984, o profético livro de George Orwell sobre o totalitarismo em expressão máxima. É a própria "novilíngua", que manipula, suprime ou recompõe vocábulos para dominar a linguagem e o pensamento. O "politicamente correto" já fez muito disso e já foi longe demais. Vocábulos triviais foram carimbados como impróprios e se converteram no que Orwell talvez chamasse de "impalavras", ou "despalavras". Ao sumirem, por supressões e patrulhamento, some a ideia que expressam e é restringido o que podemos pensar.

No "politicamente correto", usa-se e abusa-se dos eufemismos, trocando-se palavras fortes por palavras fracas para tornar palatável o que deveria ser rejeitado. Neste último fim de semana, por exemplo, a edição de ZH estampou matéria cujo título mencionava o possível fim da "paralisação" dos policiais militares no Espírito Santo. Paralisação? Mas aquilo não foi um motim? Na Globo News, uma locutora referia as "eventuais ações" sobre "possíveis crimes" praticados pelos "grevistas". O próprio presidente da República, em nota sobre aqueles episódios, pediu o fim da "paralisação". Não fazem diferente aqueles que falam em "ocupação" sempre que manipulados baderneiros de esquerda metem o pé e entram porta ou vidraça adentro em alguma propriedade pública ou privada. Ora, só se pode ocupar o que está vago, devoluto, ou não tem proprietário, inquilino ou comodatário. Tudo mais é invasão, seja um parlamento, uma estância ou uma escola.

O que acabo de escrever evidencia a crescente fragilidade nas nossas estruturas de comunicação. Se formos desatentos a esses e outros processos em curso na vida social, corremos o risco de ser tragados por eles, imperceptivelmente submissos a um insinuante ideal totalitário, tornando-se a sociedade vulnerável ao domínio de quem controla as palavras que ela usa.

Por isso, chamam a atenção de todos, com aprovação de muitos e rejeição de outros tantos, a conduta e o vocabulário utilizado por agentes políticos como Trump e Bolsonaro. Do primeiro, escreveu outro dia o prof. Neemias Félix que, perto dele, o segundo parece um poeta. O que os faz notórios, principalmente, é a ruptura com a novilíngua, com os eufemismos e com o déficit de testosterona, que já habituou a sociedade a conviver com falas molengas e discursos pasteurizados, nos quais só os adjetivos lânguidos e as imprecisões cuidadosamente estudadas têm assento às mesas onde a comunicação se estabelece.
Caem juntas, a cultura e a civilização. Caem a golpes de dissimulação, covardia e melindres, vulgarmente conhecidos como mimimis.

Fonte:  http://puggina.org