Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador UPPs. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador UPPs. Mostrar todas as postagens

domingo, 20 de agosto de 2017

Temer, chega de enrolação - está na hora das FF AA passarem à ofensiva - hora de cercar, varrer e asfixiar

PMs precisam até de aval do tráfico para entrar em sete favelas com UPPs

Com formação deficiente, agentes são impedidos de entrar até em becos e vielas, como ocorre na Rocinha

[até que a ideia inicial do ministro da Defesa, que levaria algum tempo para ter o controle da situação, era, e ainda é, aceitável, desde que o processo de asfixia da bandidagem começasse ser muita demora.
Faz quase um mês que as tropas marcaram presença no Rio, realizaram algumas operações ostensivas e se recolheram - alegando a preparação e execução de  ações de inteligência.
ÓTIMO. Entra fazendo aquele escarcéu executado nas vezes anteriores não resolve - é bom como demonstração de força, mas, não extirpa os bandidos. O ideal é duas ou três ações de demonstração de força e partir para a ASFIXIA, cercando quatro ou cinco favelas, em operação simultânea - as FF AA possuem grande efetivo o que facilita uma operação de cerco tipo malha fina.
Uma sugestão para o inicio do cerco seria MARÉ, ALEMÃO JACAREZINHO, ROCINHA E LINS.

Após uma semana de cerco,  em que ninguém entra ou sai da favela sem passar por uma minuciosa revista, é a hora de apertar o cerco - reduzindo o perímetro e estreitando mais ainda a malha fina;

com a redução do perímetro se inicia a VARREDURA, passando pente fino em cada barraco, e com a continua redução do perímetro os barracos 'varridos' ficam fora da área cercada mas, ainda assim sob vigilância ostensiva.

Casa reação dos bandidos deve ser sufocada de forma enérgica, tendo sempre em conta que BANDIDO BOM, É BANDIDO MORTO, por isso o eventual abate de bandidos é esperado, faz parte da operação e tem efeito didático.

Em no máximo um mês a operação estaria concluída e seria só manter efetivo, parte das FF AA e parte da PM, mantendo a região sob controle e partir para outras.

Agora, parar tudo, como está ocorrendo, infelizmente, vão continuar matando PMs e passarão também a matar militares das FF AA.

Para a situação ficar sob total controle é preciso pelo menos uns seis meses, os bandidos tem que ser convencidos que não podem enfrentar a polícia e respeitar a polícia mesmo quando as FF AA voltarem aos quartéis.

E tem que acabar a mentalidade estúpida de quando morre um bandido ou favelado culpam logo a polícia. Os bandidos, e a própria população, precisam entender que a principio a polícia tem o direito de ser considerada inocente.]

Um grupo de policiais militares chega, por volta das seis da manhã, para render uma equipe que estava, desde o dia anterior, numa Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no Rio. Eles pedem autorização para entrar na favela a um mototaxista, que está parado num dos acessos ao morro. O homem se comunica por radiotransmissor com o chefe do tráfico. Enquanto a licença não é concedida, os policiais, fardados, esperam, amontoados na entrada principal da comunidade. O procedimento acontece em pelo menos sete das 38 UPPs do Rio.

Na Vila Cruzeiro, na Chatuba e no Parque Proletário da Penhano Complexo do Alemão —, e também no Caju, na Mangueira, no São Carlos e na Rocinha, o estado voltou a perder o controle do território, num retrocesso à era pré-UPPs. Em alguns casos, os policiais são impedidos de entrar até em becos e vielas, como ocorre na Rocinha. Lá, o acesso deles é restrito às vias principais.

Os policiais também são proibidos pelo tráfico de usar o celular. Se os criminosos percebem o uso do aparelho, passam em carros com o cano do fuzil do lado de fora da janela e simulam a retirada do pino de granadas para intimidar a tropa. A pesquisadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) da Universidade Candido Mendes, Silvia Ramos, autora de quatro pesquisas sobre o tema UPP, confirma que, atualmente, os policiais militares vivem um dilema: ou aceitam as imposições do tráfico ou trocam tiros com os criminosos, com o risco de baixas no lado deles e também de moradores de comunidades. [e como é praxe, sempre que algum morador da favela morre a polícia é acusada.]  — Eles podem aceitar conviver com grupos armados ilegais e ocupar parte da comunidade, o que, de certa forma, significa aceitar não patrulhar toda a favela. Isso desmoraliza a tropa. Outra solução é trocar tiros com os criminosos o tempo todo, o que é ruim para os policiais, que acabam vítimas, como também para os moradores. Temos que avaliar tudo com cautela. Vejo com muita preocupação o que está acontecendo hoje. Os policiais estão desestimulados. A solução é ter um trabalho de inteligência para a retirada das armas. Definitivamente, a solução não é disputar território e ficar trocando tiros com criminosos — opina a especialista em segurança pública.

Por nota, a Coordenadoria de Polícia Pacificadora disse que não vai comentar o fato de os policiais terem que pedir autorização ao tráfico para entrar nas favelas. Por sua vez, os policiais que precisam pedir licença para entrar em determinadas comunidades reclamam que não tiveram treinamento adequado para os enfrentamentos nas favelas. A maior parte dos 9.500 agentes que trabalham em UPPs (de uma tropa de 45.463) está um pouco acima da categoria novatos. A maioria entrou para a polícia no concurso de 2010, que admitiu 20 mil agentes. Eles tiveram apenas seis meses de curso para aprender suas funções. A formação-relâmpago, que foi ampliada para oito meses e hoje já tem a duração de um ano, ganhou até o apelido de miojo, em referência ao macarrão instantâneo que fica pronto em três minutos. — É desumano colocar um policial recém-formado direto numa área conflagrada há anos. A sobrevivência lá é muito difícil. Já vi um colega morrer do meu lado. Todo dia é uma batalha. Todos temos medo de morrer — disse um policial que trabalha numa favela com UPP.


Segundo ele, na época do Curso de Formação de Soldados (CFSD), a parte teórica era extensa, com disciplinas ligadas ao direito, além de técnicas para abordar as pessoas e mediar conflitos, justamente por causa da política implementada nas UPPs. Em compensação, as aulas práticas de tiro, não seguiam o mesmo ritmo. O policial conta que só deu 200 tiros no curso inteiro de formação, quantidade que é gasta em poucas horas na guerra que vem sendo travada no Jacarezinho, na última semana.

O sociólogo Ignacio Cano, coordenador do Laboratório de Análise da Violência (LAV) da Uerj, faz críticas ao treinamento:  — O treinamento é muito limitado. Temos uma tropa que atira pouco no curso, mas muito na rua, quando o ideal é o contrário. Há dois anos, já houve o reconhecimento de que o preparo dos policiais das UPPs era insuficiente para enfrentar determinadas situações de tensão. Alguns foram treinados novamente, mas ainda não é o suficiente. Esse negócio de pedir autorização para entrar em favela já está acontecendo há algum tempo. E ainda há situações em que o policial recebe do tráfico. A corrupção é um problema sistêmico que abrange não só todas as patentes da polícia, como o Executivo, o Legislativo e o Judiciário.

Atualmente, em 12 meses do curso de formação de soldado, os policiais aprendem um pouco mais da doutrina de guerra no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP), em Sulacap. No local, funciona uma cidadela que reproduz os ambientes urbanos do estado. No espaço, que mais parece uma réplica das comunidades cariocas, com passagens estreitas entre as casas, os alunos treinam, por exemplo, a maneira mais segura de entrar em favelas, as chamadas “áreas vermelhas”, por causa do iminente risco de confronto. O ambiente também serve para simular ocorrências em residências.

Uma das disciplinas ministradas no local se chama Instrução Prática de Ações Táticas. Nela, o aluno aprende técnicas de sobrevivência e abordagem. A matéria foi uma das que tiveram a carga horária ampliada (de 70 para 114), desde que o novo currículo passou para 12 meses de capacitação. A mudança foi anunciada, em agosto de 2016, pelo então secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame. Com 1.437 horas de atividades, o curso passou a ser dividido em 32 disciplinas, práticas e teóricas. Uma delas é a de Tiro de Defesa, que soma 120 horas de treinamento. A primeira turma a ser submetida ao modelo atual tem 150 recrutas. Eles começaram em março deste ano e ainda não se formaram. — Era o meu sonho entrar para a PM, e minha família sempre me apoiou. A dificuldade não pode assustar, senão a gente fica sem reação. Ela me preocupa, mas tenho plena consciência do que vou enfrentar lá fora — disse Laísa Salles, uma das 19 mulheres do curso.

A disciplina Polícia de Proximidade, voltada para melhorar a atuação dos recém-formados lotados em UPPs foi intensificada.  — Se o objetivo do treinamento é administrar conflitos de proximidade, para a boa convivência de todos (PMs e moradores) no espaço público, certamente essa socialização não é eficaz, como os dados comprovam. A ausência da Polícia Militar nessa dinâmica é absoluta. Por outro lado, o treinamento é eficiente no sentido de reprimir, de forma ostensiva, inclusive com uso desmedido da força — opina o antropólogo e professor do Departamento de Segurança Pública da UFF, Lenin Pires.

Comandante não vê problemas em curso
O coronel Roberto Vianna, que comanda a Academia de Polícia Militar Dom João VI, que forma os policiais militares, lembra que foi, no concurso de 2010, que se passou a admitir candidatos a partir de 18 anos para serem soldados. Antes, a idade mínima exigida era de 21.  — Quando vemos o mapa de distribuição dos policiais que entraram de 2010 para cá, percebemos que eles são do Rio, de Niterói e da Baixada Fluminense. Da capital, a maioria vem da Zona Oeste, dos bairros de Bangu, Realengo e Campo Grande. Também há muita gente do Méier, da Abolição e da Tijuca, na Zona Norte. Cerca de 80% têm o ensino médio, mas há aproximadamente 10% com formação superior completa ou incompleta. Nesse caso, a maioria dos graduados é da área de administração, seguido do curso de Direito — explicou Vianna.


O comandante discorda que haja problemas no curso de formação:  — A profissão é de uma complexidade enorme. A gente lida com seres humanos. Quanto mais preparado o policial, melhor será o desempenho dele. A formação tem muito a ver com o cenário do momento. Quanto mais complexo, mais ele precisa de treinamento. Já tivemos formação de seis meses, de oito e, agora, de 12 meses, para a UPP. A tendência é aumentar porque a situação fica mais complexa no Rio.

Na opinião de policiais e de especialistas, não é só o treinamento que tem provocado a crise nas unidades. A corrupção policial, principalmente a de oficiais, é apontada como causa, inclusive, das mortes de PMs. Ultimamente, a corporação vem punindo cada vez menos. Enquanto em 2015, 156 policiais foram excluídos, no ano seguinte, o número caiu para 96. Até março deste ano, apenas 30 foram expulsos.

Fonte: O Globo
 
 

terça-feira, 9 de maio de 2017

Uma barbárie chamada Brasil

Incêndios de ônibus, ataques a índios, chacinas, linchamentos e outros crimes selvagens mostram que as autoridades falharam no desenvolvimento de políticas de segurança pública. E o País, como nação

HOSTILIDADE No Complexo do Alemão (RJ), metralhadora ponto 50 é capaz de perfurar aço blindado e derrubar aviões (Crédito: Guilherme Pinto/Agência O Globo)

Na tarde do domingo 30, 200 homens armados com pistolas e facões atacaram uma aldeia indígena no município de Viana, no interior do Maranhão. Treze índios da etnia Gamela ficaram feridos (cinco deles à bala) e um teve as mãos decepadas. Na terça-feira 2, traficantes queimaram nove ônibus no Rio, espalharam terror pelas ruas da cidade e, como de praxe, deixaram alguns mortos. Também na semana passada, noticiou-se que uma senhora de 78 anos morreu após ser espancada por um enfermeiro em um hospital de São Paulo. Há alguns dias, informou-se que uma criança foi torturada e mantida como escrava pela mãe e o padrasto, também na capital paulista. No Ceará, um ciclista foi atropelado de propósito. Em Santa Catarina, uma torcida de futebol entoou um grito de guerra que fez troça da morte dos jogadores da Chapecoense no acidente de avião. Por mais que não seja possível estabelecer uma conexão direta entre episódios tão distintos, eles têm em comum o fato de escancararem as entranhas de uma nação doente.
58.492 mortes violentas intencionais em um ano
A cada 9 minutos uma pessoa é morta violentamente no país
76,3 bilhões foram gastos com segurança pública
As despesas com segurança pública representam 1,38%  do PIB
Números de guerra 256.124 Mortes violentas na Síria (2011 a 2015) 
279.592 Mortes violentas no Brasil (no mesmo período)

Tragédia social
O Brasil, este País de tantas aflições políticas e econômicas, é agora também palco de uma barbárie sem fim. A violência está em toda parte e de tal forma disseminada que, é impossível negar, estamos indiferentes a ela. As mortes estão aí, no trânsito nosso de cada dia, no assalto no farol, no linchamento de um doente internado em uma UTI qualquer, nos morros, nas chacinas dos pobres, nos presídios (sim, já esquecemos as decapitações no Amazonas). “A sociedade como um todo falhou”, diz Tatiane Moreira Lima, juíza da Vara de Violência Doméstica do Butantã, habituada a arbitrar casos de violência avassaladora.


De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a cada nove minutos uma pessoa é morta violentamente no País. Isso corresponde a 58.492 assassinatos em apenas um ano – o equivalente à população inteira de uma cidade como Ubatuba, no litoral paulista. Por trás do quadro nefasto, alguns fatores ignorados pelas autoridades revelam por que chegamos a esse ponto. Para especialistas, a cultura do ódio ganhou amplitude nos últimos anos, alimentada pela deterioração das relações humanas e pela raiva sem filtro destilada em muitas páginas da internet. “Estamos passando por um processo de acirramento de conflitos”, diz Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. “Há um crescimento da intolerância e do ódio que permeia toda a sociedade.”

 
Com esses agravantes, e a falta de credibilidade das instituições, ganha força a tese de fazer justiça com as próprias mãos. Soma-se a isso o despreparo dos órgãos de segurança pública para enfrentar crimes de alta complexidade. Para se ter uma ideia, a taxa de resolução de homicídios no Brasil não ultrapassa os 5%. Basta ver a questão por outro ângulo para entender a gravidade deste número: 95% dos criminosos não são punidos pelas mortes que cometeram. A escalada da criminalidade também se relaciona diretamente com a desigualdade brutal e as condições econômicas desfavoráveis. “O País está empobrecido, as autoridades dão péssimos exemplos de corrupção e, com os altos índices de desemprego, fica difícil frear o ingresso de uma pessoa no crime, que dá retorno financeiro e poder”, afirma Marcello Dornelles, presidente do Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas (GNCOC). “Enquanto a segurança não for vista como um fator central, o Brasil não vai estar entre as nações mais desenvolvidas do mundo”, afirma Renato Sérgio de Lima, diretor e presidente do Fórum.

Desde a terça-feira 2, as imagens de guerra na comunidade Cidade Alta, em Cordovil, zona norte do Rio de Janeiro, chocaram o mundo. A batalha entre duas facções rivais que disputavam o controle do tráfico na região assustou moradores, impediu cerca de seis mil crianças de irem às escolas e instaurou uma atmosfera de pânico nos bairros. Na quinta-feira 4, cinco pessoas morreram no Complexo do Alemão em outro confronto com o Batalhão de Operações Especiais (Bope). Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, realizada entre 2006 e 2016, verificou que os piores índices de violência, antes restritos à capital, agora se disseminaram por todo o território fluminense. “Isso tem um grande impacto no planejamento da segurança. Como vamos aplicar os recursos tão escassos?”, diz Maria Isabel Couto, coordenadora do estudo. “Em relação às UPPs, enquanto que, entre os anos de 2008 e 2012, houve uma redução dos índices de violência, no ano passado retornamos aos patamares de homicídios, roubos e assaltos anteriores à iniciativa."

As UPPs são consideradas hoje um exemplo da falta de continuidade e da desatenção das autoridades. [as UPPs se tornaram, por leniência das autoridades, merecedoras da nova denominação: Unidades de Perigo ao Policial".]  “Eram um projeto promissor, mas que não foi pensado a longo prazo”, afirma Samira. Isso porque, segundo ela, as políticas de segurança no País são criadas para sanar problemas pontuais e não estruturais. O objetivo das UPPs era a construção da confiança da comunidade na polícia cidadã. “Tornou-se uma política de enfrentamento violento e sem resultado”, afirma Julia Lemgruber, socióloga da Universidade Cândido Mendes. A coordenadora do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, acredita que não há uma política que incentive a prestação de contas e de cumprimento de metas no âmbito da segurança.

MATÉRIA COMPLETA em Isto É

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Gasto com diárias da Força Nacional aumenta 81% em 2017

Para especialistas, uso da tropa é político e de resultado duvidoso

O governo federal gastou R$ 38,7 milhões com diárias para integrantes da Força Nacional de Segurança Pública no primeiro trimestre deste ano — 80,9% a mais que no mesmo período de 2016, quando foram pagos R$ 21 milhões, segundo dados levantados pelo GLOBO no Siga Brasil. Além da renovação de operações antigas, como na região da hidrelétrica de Belo Monte, o Ministério da Justiça e Cidadania iniciou 11 novas mobilizações em 2017 — quase uma por semana. Ao longo de todo o ano passado, foram deflagradas 19 ações. 
 Por ano, as operações da Força ocupam cerca de 1.500 homens, segundo o Ministério da Justiça. A exceção é 2016, quando 6 mil integrantes foram demandados somente nas Olimpíadas e o valor de diárias pagas foi o maior desde a criação da Força: R$ 280,4 milhões. Em 2017, porém, o Ministério da Justiça pretende gastar R$ 475,9 milhões.
Foi decisão do ex-ministro da Justiça Alexandre de Moraes, hoje ministro do STF, fortalecer a Força Nacional. Ele mudou inclusive as regras de ingresso no órgão, permitindo a presença de ex-militares, para não faltar efetivo.

Um dos motivos para a escalada é a crise na segurança dos estados, que sofrem para pagar salários de policiais e manter sua máquina funcionando. Segundo especialistas, no entanto, a falta de critérios na liberação da tropa de elite, criada para atuar só em situações críticas, e o uso político das operações resultam em despesas com resultados duvidosos no combate à violência. 

Para o sociólogo Arthur Trindade, professor da Universidade de Brasília e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, a Força Nacional tem um “efeito band-aid”. Ele reconhece os resultados em certas circunstâncias, como em áreas indígenas que passam por conflitos, mas considera que na maioria das vezes o envio dos homens serve apenas como demonstração de ação por parte das autoridades: Do ponto de vista prático da segurança, não faz muita diferença. Do ponto de vista político é bom para quem envia e para quem recebe a Força.

VITRINE NACIONAL
Segundo Arthur, apesar de o governo federal poder investir em outros instrumentos de segurança pública, como gerenciamento de dados, nenhum dá mais visibilidade do que as tropas desembarcando em determinado estado. A frequência da ação leva Trindade a fazer um questionamento polêmico: — Tendo a discordar da ideia, mas, se o governo federal quer ter uma tropa de emprego rápido, por que não a regulamenta e para de pagar tão caro a mobilização como é hoje?


Formada por policiais e bombeiros de vários estados, a Força Nacional paga diárias aos mobilizados, que variam de R$ 177 a R$ 224, dependendo da localidade. O profissional mantém, no período, o salário recebido do estado. Dependendo do número de dias em operação, o policial mais que dobra o ganho mensal. Por isso, há grande interesse em participar da tropa.

Os incentivos, porém, costumam incomodar a polícia do local da operação, que vê sua competência “usurpada”, aponta Fábio de Sá e Silva, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) na área de justiça e segurança. De acordo com ele, problemas desse tipo são comuns nos relatos dos profissionais de segurança:  — Há muito estranhamento. Como os policiais que chegam continuam ganhando o salário do local de origem mais as diárias, começa-se a criar uma divisão entre o policial que é da Força Nacional e o que não é. [a Força Nacional nos moldes atuais está mais para FORÇA VIRTUAL do que REAL  e suas ações são mais para a plateia; o efetivo extremamente reduzido  faz com que sua utilização em grandes operações tenha efeito simbólico.

Aliás, a Força Nacional lembra em muito as UPPs do Rio, unidades criadas pelo ex-secretário Beltrame  - as famosas Unidades de Perigo ao Policial. São raras as mortes em ação entre integrantes da Força pela poucas ações que executam e quando surge uma ação a divulgação antecipada espanta os bandidos.


Se o Governo pretende mesmo ter Unidades de pronto emprego, uma tropa federal de elite, que federalize a Força Nacional - talvez Guarda Nacional seja melhor denominação - a torne permanente, com maior efetivo e quartéis em pontos estratégicos permitindo a pronta intervenção quando necessária - no esquema atual as vezes transcorre quase uma semana entre o anúncio que a Força será enviada e sua chegada e muitas vezes o efetivo precursor é composto por duas dúzias de militares.]

Fonte: O Globo