Para especialistas, uso da tropa é político e de resultado duvidoso
O governo federal gastou R$ 38,7 milhões com diárias para
integrantes da Força Nacional de Segurança Pública no primeiro trimestre
deste ano — 80,9% a mais que no mesmo período de 2016, quando foram
pagos R$ 21 milhões, segundo dados levantados pelo GLOBO no Siga Brasil.
Além da renovação de operações antigas, como na região da hidrelétrica
de Belo Monte, o Ministério da Justiça e Cidadania iniciou 11 novas
mobilizações em 2017 — quase uma por semana. Ao longo de todo o ano
passado, foram deflagradas 19 ações.
Por ano, as operações da Força ocupam cerca de 1.500 homens, segundo o
Ministério da Justiça. A exceção é 2016, quando 6 mil integrantes foram
demandados somente nas Olimpíadas e o valor de diárias pagas foi o
maior desde a criação da Força: R$ 280,4 milhões. Em 2017, porém, o
Ministério da Justiça pretende gastar R$ 475,9 milhões.
Foi decisão do ex-ministro da Justiça Alexandre de Moraes, hoje ministro do STF, fortalecer a Força Nacional. Ele mudou inclusive as regras de ingresso no órgão, permitindo a presença de ex-militares, para não faltar efetivo.
Um dos motivos para a escalada é a crise na segurança dos estados, que sofrem para pagar salários de policiais e manter sua máquina funcionando. Segundo especialistas, no entanto, a falta de critérios na liberação da tropa de elite, criada para atuar só em situações críticas, e o uso político das operações resultam em despesas com resultados duvidosos no combate à violência.
Foi decisão do ex-ministro da Justiça Alexandre de Moraes, hoje ministro do STF, fortalecer a Força Nacional. Ele mudou inclusive as regras de ingresso no órgão, permitindo a presença de ex-militares, para não faltar efetivo.
Um dos motivos para a escalada é a crise na segurança dos estados, que sofrem para pagar salários de policiais e manter sua máquina funcionando. Segundo especialistas, no entanto, a falta de critérios na liberação da tropa de elite, criada para atuar só em situações críticas, e o uso político das operações resultam em despesas com resultados duvidosos no combate à violência.
Para o sociólogo Arthur Trindade, professor da Universidade de
Brasília e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, a
Força Nacional tem um “efeito band-aid”. Ele reconhece os resultados em
certas circunstâncias, como em áreas indígenas que passam por conflitos,
mas considera que na maioria das vezes o envio dos homens serve apenas
como demonstração de ação por parte das autoridades: — Do ponto de vista prático da segurança, não faz muita diferença. Do
ponto de vista político é bom para quem envia e para quem recebe a
Força.
VITRINE NACIONAL
Segundo Arthur, apesar de o governo federal poder investir em outros instrumentos de segurança pública, como gerenciamento de dados, nenhum dá mais visibilidade do que as tropas desembarcando em determinado estado. A frequência da ação leva Trindade a fazer um questionamento polêmico: — Tendo a discordar da ideia, mas, se o governo federal quer ter uma tropa de emprego rápido, por que não a regulamenta e para de pagar tão caro a mobilização como é hoje?
Formada por policiais e bombeiros de vários estados, a Força Nacional
paga diárias aos mobilizados, que variam de R$ 177 a R$ 224, dependendo
da localidade. O profissional mantém, no período, o salário recebido do
estado. Dependendo do número de dias em operação, o policial mais que
dobra o ganho mensal. Por isso, há grande interesse em participar da
tropa.
Os incentivos, porém, costumam incomodar a polícia do local da operação, que vê sua competência “usurpada”, aponta Fábio de Sá e Silva, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) na área de justiça e segurança. De acordo com ele, problemas desse tipo são comuns nos relatos dos profissionais de segurança: — Há muito estranhamento. Como os policiais que chegam continuam ganhando o salário do local de origem mais as diárias, começa-se a criar uma divisão entre o policial que é da Força Nacional e o que não é. [a Força Nacional nos moldes atuais está mais para FORÇA VIRTUAL do que REAL e suas ações são mais para a plateia; o efetivo extremamente reduzido faz com que sua utilização em grandes operações tenha efeito simbólico.
Aliás, a Força Nacional lembra em muito as UPPs do Rio, unidades criadas pelo ex-secretário Beltrame - as famosas Unidades de Perigo ao Policial. São raras as mortes em ação entre integrantes da Força pela poucas ações que executam e quando surge uma ação a divulgação antecipada espanta os bandidos.
Se o Governo pretende mesmo ter Unidades de pronto emprego, uma tropa federal de elite, que federalize a Força Nacional - talvez Guarda Nacional seja melhor denominação - a torne permanente, com maior efetivo e quartéis em pontos estratégicos permitindo a pronta intervenção quando necessária - no esquema atual as vezes transcorre quase uma semana entre o anúncio que a Força será enviada e sua chegada e muitas vezes o efetivo precursor é composto por duas dúzias de militares.]
VITRINE NACIONAL
Segundo Arthur, apesar de o governo federal poder investir em outros instrumentos de segurança pública, como gerenciamento de dados, nenhum dá mais visibilidade do que as tropas desembarcando em determinado estado. A frequência da ação leva Trindade a fazer um questionamento polêmico: — Tendo a discordar da ideia, mas, se o governo federal quer ter uma tropa de emprego rápido, por que não a regulamenta e para de pagar tão caro a mobilização como é hoje?
Os incentivos, porém, costumam incomodar a polícia do local da operação, que vê sua competência “usurpada”, aponta Fábio de Sá e Silva, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) na área de justiça e segurança. De acordo com ele, problemas desse tipo são comuns nos relatos dos profissionais de segurança: — Há muito estranhamento. Como os policiais que chegam continuam ganhando o salário do local de origem mais as diárias, começa-se a criar uma divisão entre o policial que é da Força Nacional e o que não é. [a Força Nacional nos moldes atuais está mais para FORÇA VIRTUAL do que REAL e suas ações são mais para a plateia; o efetivo extremamente reduzido faz com que sua utilização em grandes operações tenha efeito simbólico.
Aliás, a Força Nacional lembra em muito as UPPs do Rio, unidades criadas pelo ex-secretário Beltrame - as famosas Unidades de Perigo ao Policial. São raras as mortes em ação entre integrantes da Força pela poucas ações que executam e quando surge uma ação a divulgação antecipada espanta os bandidos.
Se o Governo pretende mesmo ter Unidades de pronto emprego, uma tropa federal de elite, que federalize a Força Nacional - talvez Guarda Nacional seja melhor denominação - a torne permanente, com maior efetivo e quartéis em pontos estratégicos permitindo a pronta intervenção quando necessária - no esquema atual as vezes transcorre quase uma semana entre o anúncio que a Força será enviada e sua chegada e muitas vezes o efetivo precursor é composto por duas dúzias de militares.]
Fonte: O Globo
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