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quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Tudo pronto para a Nova Ordem Mundial. E o culpado será o Irã - Gazeta do Povo

Vozes - Daniel Lopez

Geopolítica maquiavélica - A justificativa para trazer o Irã para o conflito em Israel parece já estar montada, e poderá trazer fim à ordem mundial vigente.

O presidente do Irã, Ebrahim Raisi.

 O presidente do Irã, Ebrahim Raisi.| Foto: Ernesto Mastrascusa/EFE

Quem estuda as entranhas do poder mundial sabe que o general quatro estrelas dos Estados Unidos, Wesley Clark, antigo comandante de forças da OTAN na Europa, revelou ao mundo o plano de Washington para o Oriente Médio após o 11 de setembro de 2001: derrubar o regime de sete países em cinco anos
Começando com o Iraque, o plano seguiria com Síria, Líbano, Líbia, Somália e, finalmente, o Irã.  
A informação foi revelada na página 130 do seu livro “Winning Modern Wars: Iraq, Terrorism, and the American Empire, lançado em 2003.  
O que está acontecendo em Israel hoje possui direta relação com esse plano. 
E não entender essa conexão significa deixar de possuir o algoritmo de interpretação sobre a realidade que nos cerca, não entender para onde o mundo está indo e não conseguir se preparar.
Você sabe muito bem o que aconteceu com o regime iraquiano, culminando na morte de Saddam Hussein. 
Provavelmente você se lembra que em 2013 quase teve início a terceira guerra mundial quando os EUA enviaram navios e homens para a Síria com o intuito de derrubar Bashar al-Assad, após um suposto ataque com armas químicas que teria vitimado crianças. Talvez mais uma bandeira falsa.

    Tudo parece indicar que Washington está determinado a derrubar o regime iraniano e colocar no poder um amigo do ocidente.

Hoje, parece que os Estados Unidos estão determinados a encontrar uma maneira de convencer a opinião pública norte-americana e mundial de que o regime iraniano deve ser derrubado
O caminho mais óbvio para essa estratégia de operação psicológica é “provar” que os inomináveis atos do último dia 7 de outubro em Israel foram diretamente patrocinados e planejados pelo regime de Teerã. 
 Porém, um segundo caminho que parece estar sendo criado é culpar os iranianos por um ataque hacker global de grandes proporções. 
Mas, para você entender o tamanho deste problema, terei de contar algumas histórias aqui.
 
Primeiro, na última sexta-feira (3), os maiores bancos dos Estados Unidos tiveram seus sistemas travados, incluindo Bank of America, JPMorgan Chase e Wells Fargo. Alguns bancos ainda experimentam problemas nesta quarta-feira (7). Depois de muita especulação sobre a possibilidade de se tratar de um ataque hacker proveniente do Irã, os bancos informaram que a causa teria sido um erro humano de uma empresa chamada The Clearing House, uma firma de pagamentos que opera o único sistema de compensação automatizada do setor privado nos EUA. 
Vejam a fragilidade do sistema. Inacreditável.


    A total digitalização do mundo coloca a humanidade numa situação muito frágil, uma vez que um ataque hacker global poderia levar os humanos de volta à idade da pedra.

No outro lado do mundo, nesta quarta-feira (8), milhões de australianos acordaram sem internet e telefone, após a maior operadora do país, que detém 40% do mercado, sofrer um enorme apagão. 
Serviços como viagens, consultas médicas e realização de pagamentos ficaram completamente bloqueados. 
Pessoas não conseguiram nem mesmo entrar nos seus trabalhos, uma vez que boa parte das portarias de prédios australianos já são completamente automatizados.
 
Isso mostrou como a total digitalização do mundo coloca a humanidade numa situação muito frágil, uma vez que um ataque hacker em nível global poderia levar os humanos de volta à idade da pedra em poucos minutos. 
Na verdade, esse parece ser exatamente o plano, conforme o próprio fórum econômico mundial vem alertando desde 2020, quando começaram a realizar o evento Cyber Polygon, que já abordei em algumas colunas aqui na Gazeta do Povo.
 
Meses após o início da pandemia, Klaus Schwab, fundador do Fórum, começou a alertar o mundo sobre o risco de uma pandemia ainda pior e mais mortífera: uma pandemia cibernética
Segundo ele, esta seria muito mais letal do que a primeira, uma vez que se espalharia com uma velocidade infinitamente maior, e traria o caos completo para a sociedade. 
Sem internet e eletricidade, hospitais deixariam de funcionar, os postos de gasolina não conseguiriam bombear os combustíveis para os carros e um mundo estilo Mad Max seria implementado. 
Parece que este cenário está mais próximo do que nunca.
 
Não podemos esquecer que, recentemente, surgiu um boato nas redes de que a NASA estaria alertando o mundo sobre um possível “apocalipse da internet”, principalmente após o jornal britânico Mirror ter publicado uma matéria sobre este tema no início de junho deste ano, inspirado num estudo da Universidade da Califórnia em 2021. 
O início do problema seria nos cabos submarinos de internet, altamente vulneráveis a uma radiação emitida por tempestades solares. 
Eventos como este já aconteceram. Em 1859 (o “Evento Carrington), uma tempestade solar interrompeu linhas de telégrafos, tendo até mesmo eletrocutado funcionários desses serviços. 
Em 1989, foi a vez do Canadá, quando a região de Quebec ficou sem luz por horas.

    Uma queda da internet em nível global, colocando os hackers iranianos como culpados, justificaria o estabelecimento de uma obrigatoriedade de uma identidade única digital global.

Não podemos esquecer que o navio espião russo Yantar já foi identificado fazendo operações em cabos submarinos mundo afora, inclusive na costa brasileira. Caso esses cabos de internet submarina sejam cortados, o mundo pode rapidamente voltar ao velho Oeste.

Minha suspeita é que, se algo dessa natureza ocorrer, mesmo sendo por causas naturais (tempestade solar) ou sabotagens deliberadas, a culpa será colocada nos hackers iranianos, para justificar uma ofensiva direta contra o regime de Teerã, que desde 1979, após a Revolução Iraniana, tornou-se inimigo declarado dos Estados Unidos e do Ocidente.

Tudo parece indicar que Washington está determinado a derrubar o regime iraniano e colocar no poder um amigo do ocidente. Fazendo isso, conquistaria um novo aliado na região, enfraqueceria a aliança do Irã com Pequim e teria acesso à reserva de gás natural do país, que é a 2ª maior do mundo.

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Sabemos que, com a invasão da Ucrânia no dia 24 de fevereiro de 2022, os russos “perderam o alvará” de maiores fornecedores de gás natural para a Europa, uma mercado trilionário. 
Também sabemos que no dia 15 de junho de 2022 houve um acordo entre Tel Aviv, Cairo e União Europeia para que ninguém menos que Israel se transformasse no novo fornecedor de gás para a Europa. 
Parece que os russos não ficaram nada contestes com isso, principalmente após a destruição de seus gasodutos Nord Stream 1 e 2, gerando prejuízos bilionários.
Isso tudo, sem falar nas enormes reservas de ouro iranianas – lembrando que desde 2016 os principais bancos centrais do mundo, com incentivo do BIS (o banco central dos bancos centrais) estão estocando ouro, provavelmente já se preparando para o Grande Reset, quando o dólar deixará de ser oficialmente a reserva de valor global e a nova ordem mundial multipolar será oficialmente instaurada.
 
Finalmente, uma queda da internet em nível global, colocando os hackers iranianos como culpados, justificaria o estabelecimento de uma obrigatoriedade de uma identidade única digital global. 
Sem ela, ninguém poderia usar a internet. 
A regra seria não apenas para garantir que hackers sejam identificados, mas também para separar usuários humanos de inteligências artificiais, algo que a Open AI, criadora do ChatGPT, está fazendo com sua nova empresa, a Worldcoin, um sistema de renda básica universal. 
Mas somente poderá sacar o valor quem se submeter a uma biometria de retina e criar sua World ID, sua identidade única global. 
Parece coisa de ficção científica, mas já é totalmente real, inclusive no Brasil.
 
Parece que o cenário de caos que justificará a ordem internacional nova, o Grande Reset e o Novo Acordo Verde já está montado. 
E o culpado provavelmente será o Irã. 
Você acha este cenário possível?

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

Daniel Lopez, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quinta-feira, 30 de julho de 2015

Cultura da bala - Com população armada, Estados Unidos tem 11 mil mortes por arma de fogo. Brasil “desarmado” tem o triplo


Derrotas na tentativa de controlar armas nos EUA se acumulam, e cultura bélica avança
Nenhum país tem mais maluco do que os outros, mas só os EUA dão os meios tecnológicos para eles brincarem de Deus. O diagnóstico, da jornalista Gail Collins, comprovou-se dramaticamente verdadeiro de novo: John Houser já passara uma temporada num hospital psiquiátrico, mas não teve a menor dificuldade ao comprar legalmente a arma usada para matar dois pacíficos jovens cidadãos, num cinema, quinta-feira, em Louisiana. [nada impede que um cidadão pacato, cumpridor dos deveres, tenha um acesso de loucura ao volante de um carro e mate duas ou três pessoas – o mesmo vale para armas.
Comparando o número de assassinatos por armas de fogo  ocorridos nos EUA  - em que o número de armas em circulação é quase igual ao da população  e  que são muitas as facilidades para adquirir e portar uma arma – com o número de assassinatos no Brasil, por armas de fogo, número bem superior  -  colônia em que adquirir e portar uma arma de fogo é algo extremamente burocrático e difícil -  se percebe que o livre porte e propriedade de armas reduzem à violência.
Estados Unidos população armada e onze mil mortes/ano;
Brasil, população desarmada -  legislação contra porte, posse e propriedade de armas extremamente rígida – 50.000 mortes/ano.]  

O histórico do assassino, um homem de 59 anos, violento e atormentado, mandado pelo juiz para testes psicológicos num sanatório, deveria assinalá-lo como perigoso no cadastro nacional consultado pelas lojas antes de vender uma arma. Só que não. Para preservar o direito dos doentes mentais, a lei não mantém os registros de quem não se internou por vontade própria e nada o impediu de cumprir seu destino. Frustrado com mais este massacre num país infestado de armas, o presidente reconhece seu fracasso frente ao lobby do rifle. “O tiroteio em Louisiana é parte de uma tragédia nacional com uma solução simples. Isto precisa levar a alguma transformação”, irritou-se Obama.

As derrotas acumulam-se, as mortes repetem-se. A Califórnia tem leis duras contra a venda de armas, mas, por ordem judicial, pode ser obrigada a acabar com as restrições impostas no estado. A bancada da bala considera ilegal os delegados de San Diego exigirem “uma boa razão” para os cidadãos terem o direito de andar armados em público. O argumento é o óbvio: armas ameaçam a segurança pública e só pessoas em situação de perigo de morte ou com a obrigação de transportar grandes somas de dinheiro poderiam portar armas.

Questão de bom senso, certo? Nada disso: a Associação Nacional do Rifle considera que é uma violação à Segunda Emenda, aquela que há 200 anos permite o porte de armas. O poderoso lobby venceu por dois a um na primeira sessão do tribunal e, acham os especialistas, o caso pode agora chegar a Suprema Corte.  “Esta é a grande questão pendente, não respondida pela Segunda Emenda, se você tem o direito de portar armas em público e em que circunstâncias”, diz Adam Winkler, professor de Direito da Universidade da Califórnia.

A cada tragédia volta a discussão sobre a restrição à venda de armas, uma prioridade política do governo Obama, derrotada ainda no primeiro mandato. A exigência de checar os antecedentes do comprador foi o único acordo possível entre os defensores das restrições e os advogados do direito individual de ter armas, uma loucura tipicamente americana. Segundo o “New York Times”, o supremacista branco Dylann Roof, assassino de nove negros na igreja de Charleston, também não poderia comprar armas por ter usado drogas ilegais. Os dados do cadastro eram imprecisos, a compra foi efetivada, e o massacre consumado.

Não pode funcionar, claro, um sistema que deixa a avaliação da saúde mental dos cidadãos nas mãos de burocratas espalhados pelo país. Há estados onde só 4 pessoas eram consideradas perigosas; em outros, milhões, demonstração óbvia de controle ineficiente. Em 40% dos casos, as armas são compradas on-line e em lojas privadas sem consulta a cadastros.

A cultura bélica avança, mesmo sob administração democrata. Quinze estados aprovaram leis que permitem a todos os civis com porte de arma a usá-las à vista de todo mundo, exatamente como no Velho Oeste. Podem carregá-las simplesmente na mão, em coldres na cintura ou embaixo do braço, engatilhadas ou não. E pior, apesar dos sucessivos massacres, é permitido entrar com armas no campus universitário, botá-las na mochila ou no porta-luvas do carro.  “Estamos diante de um novo fenômeno americano: o minimassacre”,  escreveu o jornalista Adam Gopnik, na “New Yorker", referindo-se à sequência sinistra de tiroteios que deixam dois mortos numa vez, quatro na outra.

Nós também conhecemos este filme aqui. A única boa notícia em toda essa história é a sociedade não ter perdido a capacidade de indignar-se com estas mortes em série nos Estados Unidos. Recentemente ficou evidente que o racismo ainda molda o presente de jovens negros na maior democracia do mundo e o movimento contra a violência policial conquistou vitórias contra a impunidade. Já nós, brasileiros, andamos resignados demais com a violência e o assassinato cotidiano dos jovens, na maioria pobres vivendo em comunidades. Já foi pior, mostram as estatísticas, mas ainda são 140 mortes por dia. É intolerável esta cultura da bala, aqui e lá.

Fonte: Helena Celestino – O Globo