Depois de fazer teste de Covid aplicado por russos, brasileiro cumprimenta colega com aperto de mãos ao chegar ao Kremlin
O presidente Jair Bolsonaro se declarou solidário à Rússia ao chegar ao Kremlin no início da tarde desta quarta-feira em Moscou, manhã em Brasília, para o encontro com o colega russo Vladimir Putin, depois de se submeter pela manhã ao último teste de Covid-19 exigido pelo governo russo.
O presidente russo lembrou que, apesar de todas as restrições provocadas pela pandemia no ano passado, o comércio bilateral registrou um aumento de 87%. Bolsonaro agradeceu a recepção: — Estou muito feliz e honrado por este convite. Somos solidários à Rússia. Queremos muito colaborar em várias áreas, defesa, petróleo e gás, agricultura, e as reuniões estão acontecendo. Tenho certeza que esta passagem por aqui é um retrato para o mundo que nós podemos crescer muito as nossas relações bilaterais — disse o brasileiro, sem especificar a que se dirigia sua solidariedade, no momento em que a Rússia enfrenta tensões com o Ocidente por causa das manobras militares no entorno da Ucrânia. O brasileiro também agradeceu o indulto concedido ao brasileiro que estava detido na Rússia ao ser preso com um remédio proibido.
O encontro entre os dois começou quase uma hora depois do previsto anteriormente na agenda de viagem de Bolsonaro. A expectativa inicial é que a reunião, que incluirá um almoço, dure duas horas. Bolsonaro estava acompanhado do chefe do cerimonial da Presidência, Marcos Henrique Sperandio. Ao lado de Putin, estava um intérprete.
O exame de Covid-19 realizado por Bolsonaro foi feito no hotel onde ele está hospedado por uma equipe médica russa destacada pelo governo local. O resultado foi negativo, o que garantiu o encontro bilateral. Integrantes do primeiro escalão também passaram pelo mesmo teste. Segundo autoridades brasileiras, ninguém testou positivo para a Covid.
Os dois líderes europeus se negaram a fazer os testes alegando motivos de segurança, supostamente temerosos de que os russos pudessem reter o seu DNA. Autoridades brasileiras afirmam que a crise com a Ucrânia não deveria ser o foco do encontro. De todo modo, se abordado, Bolsonaro deveria reafirmar a posição do Brasil de solução diplomática para conflitos.
Além de tratar da cibersegurança e defesa, os presidentes também falariam sobre ciência e tecnologia, energia e agronegócio. Um dos pontos principais para o governo brasileiro é buscar um compromisso para que a Rússia siga exportando insumos para a produção de fertilizantes. O Brasil também tem interesse em exportar mais produtos acabados para os russos, que tentarão vender mais insumos e defensivos. O ponto alto será a confirmação da compra da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN3) da Petrobras, que fica em Três Lagoas (MS) pelo grupo russo Acron.
Antes da reunião com Putin, Bolsonaro iniciou seu único dia de agenda oficial em Moscou com uma visita ao Túmulo do Soldado Desconhecido. Já depois de deixar o Kremlin, Bolsonaro se encontrará com o líder da Câmara Baixa do Parlamento russo, a Duma. Depois participará de um encontro de empresários dos dois países.
Pela manhã, Bolsonaro e seus ministros visitaram o Túmulo do Soldado Desconhecido, homenagem aos combatentes soviéticos mortos na Segunda Guerra Mundial, chamada na Rússia de Grande Guerra Patriótica. A União Soviética foi o país que sofreu mais baixas na luta contra o nazismo, com 27 milhões de mortos entre militares e civis.
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Mundo - O Globo - Jussara Soares