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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Hipocrisia - Lula e as “vidas inocentes” - Gazeta do Povo

 Rodrigo Constantino

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, convocou o embaixador do Brasil em Israel para reunião de “repreensão severa”. [repreensão severa? aquela foi a famosa 'comida de ... .]

"E não deixaremos de lutar pela proteção das vidas inocentes em risco. É disso que se trata". Diz trecho em destaque no comunicado da página da Presidência da República do Brasil no antigo Twitter. "O embaixador de Israel em Brasília e o governo Netanyahu foram informados de que o Brasil reagirá com diplomacia, mas com toda a firmeza, a qualquer ataque que receber, agora e sempre", diz o restante.

A vitimização sempre foi a arma preferida da esquerda radical. 
Ela destila ódio, promove ataques pérfidos, faz comparações absurdos e prega ideias abjetas, mas quando alguém reage de forma dura, a esquerda sempre banca a vítima. 
No caso, Lula tenta se sair como o humanitário que "talvez" tenha se excedido na forma, mas tinha belas intenções no conteúdo. É o antissemita "do bem", digamos.

O presidente nunca se manifestou solidário às milhares de vítimas fuziladas no paredão cubano, para dar o exemplo mais óbvio.

Vamos checar se há mesmo certa coerência nessa incrível preocupação com vidas inocentes – ignorando os números incríveis que os petistas repetem com base em dados do próprio Hamas, que controla a Faixa de Gaza há duas décadas. 
Se tudo se resume a uma consternação com a quantidade de palestinos mortos – e deixando de lado que o único culpado por isso é o próprio Hamas, cabe questionar por onde anda Lula além do Oriente Médio (ou mesmo por lá).
 
O presidente nunca se manifestou solidário às milhares de vítimas fuziladas no paredão cubano, para dar o exemplo mais óbvio. Ao contrário: Lula sempre enalteceu Fidel Castro, o maior assassino do continente.  
Lula tampouco demonstrou sequer preocupação com milhões de venezuelanos mortos, presos ou exilados pela ditadora companheira de Chávez e depois Maduro
Quem foge para Roraima em busca de liberdade e oportunidade está mesmo em desespero. Lula não liga.
 
Daniel Ortega persegue inocentes na Nicarágua, mas Lula defende seu companheiro. 
O Irã, dos aiatolás xiitas que financiam o Hamas, pune minorias, prende inocentes, mas Lula jamais se mostrou preocupado
Isso sem falar da China, cujo Partido Comunista controla o povo a mão de ferro tem sete décadas, chegando a promover uma chacina em 1989 de milhares. Lula não se manifesta.
 
Agora mesmo morreu mais um crítico de Putin na Rússia, preso, depois de clara tentativa de envenenamento. Todos sabem que foi o Kremlin. 
Lula alega desconhecer os detalhes e faz pouco caso, banalizando mais esta morte. 
Milhares morrem na Ucrânia invadida por Putin, mas Lula quer, no máximo, resolver tudo numa conversa de bar, enquanto no fundo passa pano para as atrocidades do ditador russo.
 
Lula liga mesmo para as vidas de milhares de mulheres e crianças palestinas? 
Ele adquiriu de repente, do nada, uma sensibilidade ausente desde sempre? 
Se fosse o caso, ele estaria condenando, repito, o Hamas, não Israel por se defender. 
É o Hamas que mantém as próprias mulheres e crianças como escudo humano, escravizadas, reféns.
Mas Lula não dá a mínima para essas pessoas, claro. 
Ele só liga para seu projeto de poder. 
E por isso fez o cálculo de que era hora de dobrar a aposta e aproximar o Brasil da China, da Rússia e do Irã, demonizando Israel. 
As mulheres e crianças palestinas não têm nada com isso. São apenas instrumentos de retórica.
 
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos
 
 
Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo
 

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Lula fantasia sobre liderança global

Edgar C. Otálvora
Especial para DefesaNet

Mais de 30 correspondentes da mídia estrangeira baseados em Brasília foram convidados pelo Palácio do Planalto para um café da manhã com Lula da Silva, no dia 02AGO2023, na sede do governo. 
Para mostrar a importância e significado do convite, à direita de Lula, na cabeceira da mesa, estavam os dois chanceleres do governo: o chanceler chefe do Itamaraty, Embaixador Mauro Vieira, e o verdadeiro chefe da diplomacia brasileira e operador de relações paralelas, a diplomacia presidencial, Embaixador Celso Amorim, oficialmente denominado como Assessor-chefe da Assessoria Especial do presidente Lula. 
Desde o primeiro dia de seu governo, Lula vem tentando obter um retumbante triunfo internacional. A imprensa oficial seguida pela grande mídia brasileira gosta de se referir a Lula como um “líder mundial”, mas cada uma de suas ações ao longo de oito meses foram fracassos óbvios.

Lula geralmente recebe ampla cobertura da imprensa global, que reflete simpatia, às vezes cúmplicidade, ele tem amigos em cargos governamentais em todo o mundo, do Vaticano ao Kremlin, e a rede da esquerda global serve como plataforma de propaganda para ele. O objetivo da chamada à imprensa no dia 02AGO23 foi informar sobre os preparativos de um evento do qual Lula esperava grandes retornos políticos internacionais: ele o chama deCúpula da Amazônia”.

Seu antecessor o presidente Jair Bolsonaro ganhou péssima imagem internacional, entre outras questões, pelo desmatamento da Amazônia e por seu apoio ao agronegócio.[destaque-se que em 2023, o desmatamento ultrapassou com folga índices de 2022!!!]  Lula, assim como o colombiano Gustavo Petro, busca conquistar louros internacionais com sua “defesa” da Amazônia, garantindo que irá deter o ritmo de desmatamento. Além de defender a Amazônia, Lula pretende se tornar o campeão mundial na luta contra a fome e a desigualdade. [só que até agora NADA DE CONCRETO surgiu - continuam tudo na base das pretensões e promessas;] Foi assim que deu a conhecer ao Papa Francisco, proclamou-o na cimeira União Europeia – CELAC, 17-18 de julho de 2023, Bruxelas, e comentou aos correspondentes estrangeiros convidados para o café da manhã.

*****

Em 2008, foi criada a União das Nações Sul-Americanas (UNASUL) e o Brasil, presidido por Lula da Silva, perdeu para Hugo Chávez o projeto há muito idealizado pela diplomacia brasileira para formalizar a liderança do Brasil.

A chegada de Lula para seu terceiro governo, em 01JAN2023, encontrou a UNASUL paralisada, sem sede, sem orçamento, sem secretário-geral e muitos de seus ex-integrantes separados, inclusive o próprio Brasil.  

O objetivo da reunião de 30MAI2023 foi declarar a reativação da UNASUL e, se possível, abrir negociações para nomear um novo Secretário-Geral
O documento elaborado para assinatura dos atuais líderes, a pedido do Brasil, teria o bombástico nome de “Consenso de Brasília”. Segundo o texto, os líderes “decidiram estabelecer um grupo de contato, chefiado pelos Chanceleres, para avaliar as experiências dos mecanismos de integração sul-americanos e a preparação de um roteiro para a integração da América do Sul, a ser submetido à consideração dos Chefes de Estado”, ou seja, Lula fracassou em sua tentativa de reanimar a UNASUL e seus colegas apenas concordaram em fazer uma espécie de projeto escolar sobre a integração sul-americana.

*****

Na véspera, 29MAI2023, Nicolás Maduro havia desembarcado em Brasília para uma visita oficial bilateral antes da reunião do dia seguinte. Desta forma, Lula reabriu as portas dos salões diplomáticos sul-americanos a Maduro que, apesar da natureza ilegítima do seu governo, agora se sentava entre os líderes eleitos do subcontinente. O fracasso da oposição venezuelana em destituir a ditadura chavista, apesar do grande apoio internacional, que a causa democrática venezuelana conseguiu agregar em 2019, ficou agora evidente pela presença de Maduro em Brasília. Um mês depois, Lula continuou a justificar a sua defesa da ditadura venezuelana.

Durante entrevista coletiva conjunta com Maduro no Palácio do Planalto, Lula se posicionou a favor da ditadura chavista e descreveu os “problemas da democracia na Venezuela como uma simplesnarrativa” e elogiou Maduro: a narrativa que eles construíram em relação a Venezuela sobre autoritarismo, antidemocracia, você tem que desconstruir essa narrativa mostrando a sua própria narrativa para que as pessoas mudem de ideia” (…) “é preciso derrotar essa narrativa”. Ele também atacou as sanções que a UE e os EUA mantêm contra os principais líderes chavistas e as empresas estatais venezuelanas: “é incrível e inexplicável que uma nação esteja sujeita a 900 sanções ilegais porque outro país não gosta dela”. 
Para Lula, as sanções são uma simples questão de simpatia e boas maneiras entre os governos. 
No dia seguinte, com todos os líderes sul-americanos reunidos, Lula teve que ouvir as reivindicações dos líderes do Uruguai, Paraguai e Equador a respeito de sua cúpula antecipada com Maduro e sua descrição da grave e duradoura crise na Venezuela como um “narrativa”. No dia 29JUN2023, entrevistado na Rádio Gaúcha, Lula garantiu que “o conceito de democracia é relativo”, quando questionado por que lhe foi tão difícil descrever o governo Maduro como uma ditadura.
No dia 04JUL2023 Lula fez uma nova cena sobre a Venezuela. Naquele dia, foi realizada em Puerto Iguazú a cúpula presidencial do MERCOSUL e países associados, na qual o Brasil receberia a presidência rotativa semestral da Argentina. 
O MERCOSUL vive uma crise profunda, não tem conseguido avançar no acordo de livre comércio com a União Europeia, o Uruguai exige liberdade para negociar acordos bilaterais, especialmente com a China, os esquemas protecionistas permanecem entre os parceiros, a Argentina vive um nova crise econômica e Lula se recusa a fornecer recursos financeiros para Alberto Fernández financiar a crise fiscal. 
Mas a diplomacia paralela do governo brasileiro deixou claro aos seus parceiros que Lula estava preocupado com outra questão: procurar a reintegração de Maduro como membro do mecanismo. A adesão da Venezuela ao Mercosul foi suspensa em 05AGO2017, quando os líderes dos países fundadores do mecanismo verificaram “a ruptura da ordem democrática da República Bolivariana da Venezuela” violando o Protocolo de Ushuaia sobre Compromisso Democrático no MERCOSUL. 
 
Durante a reunião em Iguaçu no dia 04JUL23, os presidentes do Paraguai e do Uruguai, Mario Abdo Benítez e Luis Lacalle Pou, fizeram referências diretas em seus discursos aos recentes acontecimentos na Venezuela. Benítez e Lacalle denunciaram a desqualificação de María Corina Machado que a impediria de concorrer nas votações que a ditadura hipoteticamente convocará nos próximos meses. 
Lula afirmou desconhecer “os detalhes” dos problemas dos candidatos na Venezuela, mas expressou implicitamente seu desejo de ver Maduro sentar-se à mesa do Mercosul: “Acho que entre nós deveríamos tentar não deixar ninguém de fora“, alegando que o Mercosul não o faça, deve manter o regime venezuelano isolado. 
A crise do Mercosul continua, as exigências ambientais europeias, especialmente do governo francês, aumentaram como condição para avançar no acordo com os Mercosulianos. 
Lula fracassa na sua tentativa de desbloquear o acordo com a UE e não avança no seu desejo de suspender a sanção do Mercosul à ditadura venezuelana.

Enquanto isso, na Venezuela há um grupo de militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), braço armado do Lulismo, recebendo instrução política.

Em DefesaNet, ÍNTEGRA DA MATÉRIA

 


 

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Putin, ex-KGB, é o típico comunista - Gazeta do Povo

 

 Rodrigo Constantino

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Muito me espanta alguns "conservadores" ocidentais alimentarem uma visão de que Putin representaria uma espécie de defensor da família e dos bons costumes contra os globalistas woke. [o que motiva os conservadores ocidentais a terem uma visão favorável de Putin, não é o que Putin foi, e muito provavelmente continua sendo ou, se necessário, voltará a ser e sim  o 'lixo' que a esquerda ou os globalistas woke oferecem/representam.
A motivação dos conservadores, ao que pensamos. é o entendimento de ser preferível estar ao lado de uma serpente, cujo potencial danoso é conhecido, do que ao lado de demônios posando de anjos = melhor enfrentar belzebu, sem disfarces do que posando de ] m cuja capadi,  A continua
Putin é um mafioso, um psicopata assassino e, acima de tudo, um comunista vingativo. 
Ele considerou, não custa lembrar, a maior tragédia da geopolítica o debacle da União Soviética. 
Um sujeito que era diretor internacional da KGB aos 32 anos não pode ser flor que se cheire...
 
Putin foi criado politicamente por alguns poucos oligarcas muito poderosos e ligados a Yeltsin. Poucos meses depois de sua ascensão ao poder, dois deles, Berezovsky e Gusisnky, não por acaso os dois que comandavam veículos importantes de imprensa, foram perseguidos e destruídos
Putin foi desde então concentrando mais e mais poder no Kremlin, distribuindo ativos que expropriava dos velhos oligarcas aos seus aliados fiéis, e se estabelecendo definitivamente como um novo czar ou líder soviético. [com  sinceridade, alguém acha que se o atual presidente do Brasil tivesse um centésimo da inteligência ou da capacidade - esta no sentido de habilidade de articulação - do Putin,  faria  diferente? Certamente seria pior, mais vingativo, basta ver suas intenções de vingança contra Sérgio Moro.]
 
Em uma "entrevista" feita para soar um bom moço, Putin foi perguntado se era capaz de perdoar. Ele disse que sim, com carinha de fofo, mas logo depois acrescentou: "não tudo". O entrevistador perguntou então o que ele não perdoaria, e ele logo rebateu: "traição".  
É nesse contexto que podemos compreender a imensa quantidade de mortes suspeitas de gente que ousou desafiá-lo ou criticá-lo com muita veemência. O caso mais recente é do líder do grupo Wagner.

Bill Burns, o diretor da CIA, refletiu recentemente sobre o destino que poderia aguardar Ievgeni Prigozhin, o líder mercenário que organizou um motim de curta duração na Rússia, em junho. Vladimir Putin, o presidente da Rússia, “pensa que a vingança é um prato que se come frio”, disse ele. “Na minha experiência, Putin é o apóstolo definitivo da vingança, então ficaria surpreso se Prigozhin escapasse de represálias”. No dia 23 de agosto, precisamente dois meses depois desse motim, o jato de Prigozhin despencou. Não é preciso ser um diretor da CIA para prever esse tipo de coisa...

Tampouco dá para compreender como uma revista como a The Economist diz que essa morte consolida o poder de Putin e faz a Rússia virar um estado mafioso. 
Oi? Consolida ainda mais o poder de um tirano absolutista? 
Transforma a Rússia num estado mafioso? 
E o que era antes: uma democracia republicana, por acaso? 
Quem acompanha as notícias russas há anos sabe que tal diagnóstico é velho. Não há qualquer novidade aqui; apenas mais uma vítima, entre tantas.
 
Comunistas agem assim mesmo, desde sempre. Tudo pelo poder, e quem ousa ficar no caminho acaba censurado, humilhado em julgamentos teatrais e falsos, preso ou morto
Deve ser horrível viver num país sob comunistas, onde aviões com figuras importantes caem com frequência ou ex-aliados do governo aparecem mortos em causas estranhas. 
Deve ser terrível viver num país em que a democracia é de fachada e o estado opera para proteger bandidos. 
Deve ser um pesadelo viver num país sob o comando de um comunista vingativo, não é mesmo? [a autoridade máxima do Poder Executivo brasileiro é indiscutivelmente vingativo, rancoroso e elogia o comunismo]

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo 

 

domingo, 30 de abril de 2023

“Seja homem”: Rússia exalta masculinidade em campanha de recrutamento militar

Ao que parece, está de volta a estética de Vladimir Putin, no estilo “peito nu montando um cavalo”, como a imagem do presidente russo que supostamente deveria exaltar suas qualidades viris, mas que virou meme e viralizou nas redes sociais. Seja caminhando pelas ruas ou acessando as redes sociais, os russos em idade militar há vários dias não conseguem evitar as propagandas da campanha de recrutamento para se juntarem ao exército do país na ofensiva contra a Ucrânia.

“Você é um homem. Comporte-se como tal!”, diz uma das ações do exército russo, que têm o objetivo de dar um novo impulso ao alistamento militar – cada vez menor-, sem recorrer a uma nova mobilização forçada, um movimento impopular que o Kremlin adotou em setembro, após vários reveses militares.

Desde então, como forma de apaziguar a opinião pública, o governo lançou a maior campanha publicitária de recrutamento militar voluntário desde o início da ofensiva russa, em fevereiro de 2022.

Em Moscou, propagandas se espalham por outdoors em rodovias, vitrines e pontos de ônibus, todos promovendo um “trabalho honrado e salários decentes”.

Embora as autoridades não tenham anunciado metas numéricas, a imprensa russa relata que o exército espera recrutar centenas de milhares de homens.

No site do município de Moscou, o salário prometido a um soldado enviado à Ucrânia é de 204.000 rublos (ou R$ 12.652 no câmbio atual), mais de 10 vezes o salário mínimo local.

Aos que participarem da ação ofensiva, é prometido ainda um bônus diário de 8.000 rublos (R$ 496) e outros 50.000 rublos (R$ 3.099) por cada quilômetro conquistado em uma brigada de assalto, a formação mais exposta ao fogo inimigo. “Na Rússia, é uma boa quantia para sustentar uma família, incluindo os pais. É lógico: se uma pessoa defende sua pátria, por que não a pagam?”, disse Piotr Lipka, um jovem de 21 anos.

“Alistar-se por contrato é melhor” do que ser mobilizado, acrescentou o estudante de Volgogrado.

“Defender a pátria” 

Nos cartazes não há imagens de combate, o conflito na Ucrânia parece distante. “Nosso trabalho: defender a pátria”, pondera um banner com três soldados sob um céu azul.

Um vídeo que viralizou nas redes sociais mostra um taxista, um corretor de seguros e um professor de educação física seguido da frase “esse é realmente o caminho que você queria escolher?”, questionando profissões tradicionais em detrimento da atividade militar.

No final da propaganda, os três homens ficam satisfeitos em optar pelo uniforme do exército e o rifle de assalto, sob o slogan “Você é um homem. Comporte-se como tal”.

Evgeny Krapivine serviu na Chechênia em sua juventude. O homem de 41 anos contou que gostaria de se alistar novamente, mas teme que sua idade seja um problema. “Quando perguntei, eles me responderam: ‘você tem 41 anos, não vamos levar você'”, disse. Posteriormente, o exército reconsiderou sua adesão e o informou que podem entrar em contato com o veterano “a qualquer momento”.

Ao lançar a campanha, o presidente russo, Vladimir Putin, teve uma lei aprovada em apenas dois dias para facilitar uma nova mobilização, o que gerou temores, à medida que a primeira convocação militar “parcial” em setembro fez com que dezenas de milhares de homens fugissem para o exterior.

Com as ações de recrutamento voluntário, o governo quer “evitar um novo susto”, disse Denis Volkov, diretor do centro de estudos independentes Levada, acrescentando que a propaganda deve ter mais força no interior do que nas principais cidades do país.

Em Moscou, os pais idosos dos soldados recrutados recebem assistência domiciliar e seus filhos possuem vagas gratuitas em creches.

Em caso de morte, estes recrutas recebem a promessa de abrigo para suas famílias e uma indenização de vários milhões de rublos.

DefesaNet - (Com AFP)

 

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Em discurso anual, Putin acusa Ocidente de ter começado guerra na Ucrânia

O presidente russo disse que o país está usando a força para tentar terminar a guerra e não para mantê-la

O presidente russo, Vladimir Putin, criticou o Ocidente em seu discurso anual sobre o estado da nação nesta terça-feira (21/2), em uma manifestação que deve lançar luz sobre como o Kremlin vê a guerra na Ucrânia, e definir o tom para o próximo ano. Putin frequentemente justifica a invasão do país vizinho acusando as nações ocidentais de ameaçarem a Rússia. "Foram eles que começaram a guerra. E estamos usando a força para encerrá-la", disse Putin, diante de uma audiência de legisladores, autoridades estatais e soldados que lutaram na Ucrânia.

Embora a Constituição exija que o presidente faça o discurso anualmente, Putin não discursou em 2022, quando suas tropas invadiram a Ucrânia. Agora, o discurso vem dias antes do primeiro aniversário da guerra, que acontece na sexta-feira (24/2). Antes do discurso, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o líder russo se concentraria na "operação militar especial" na Ucrânia, na economia e nas questões sociais da Rússia. Muitos observadores previram que a fala também abordaria as consequências de Moscou com o Ocidente - e Putin começou com palavras fortes para esses países.

O Ocidente está ciente de que "é impossível derrotar a Rússia no campo de batalha", por isso lança "ataques de informação agressivos" ao "interpretar mal os fatos históricos", atacando a cultura, a religião e os valores russos, disse Putin no discurso transmitido por todas as TVs e canais estatais do país. Ele também afirmou que suas forças estão protegendo civis em regiões da Ucrânia que Moscou anexou ilegalmente desde então. "Estamos defendendo a vida das pessoas, nossa casa", alegou. "E o Ocidente está lutando por uma dominação ilimitada."

Neste ano, o Kremlin barrou a mídia de países "hostis", cuja lista inclui os EUA, o Reino Unido e a União Europeia
Peskov disse que os jornalistas dessas nações poderiam cobrir o discurso assistindo à transmissão.  
O presidente russo já havia adiado o discurso anual à nação antes: em 2017, quando a manifestação foi remarcada para o início de 2018. No ano passado, o Kremlin também cancelou dois outros grandes eventos anuais - a coletiva de imprensa de Putin e uma tradicional maratona de telefonemas, em que as pessoas fazem perguntas ao presidente russo.
 
Mundo - Correio Braziliense

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Seria este o início da Terceira Guerra Mundial? Quem sabotou o gasoduto Nord Stream? Gazeta do Povo

Vozes - Daniel Lopez
 

Geopolítica submarina

Suspeita de sabotagem nos gasodutos Nord Stream levam a Europa (e o mundo) ao nível máximo de tensão

Imagem aérea mostra vazamento de gás do Nord Stream 2 no Mar Báltico, na região da ilha de Bornholm, na Dinamarca| Foto: EFE/EPA/Comando de Defesa da Dinamarca

A semana começou bem agitada. Enquanto protestos acontecem no Irã, Rússia e Colômbia, simplesmente duas explosões subaquáticas danificaram os gasodutos Nord Stream 1 e 2, situados no Mar Báltico, nas regiões econômicas da Suécia e da Noruega. 
A detonação causou grandes vazamentos de gás, exatamente quando a Europa vive sua mais grave crise energética dos últimos tempos. 
Com a chegada cada vez mais próxima do inverno no Hemisfério Norte, o dano aos dutos agrava ainda mais a já delicada situação na Europa, com possíveis reflexos em todo o mundo.
Ainda é cedo para afirmar o que (ou quem) causou as explosões. Inicialmente, cogitou-se a hipótese de problemas técnicos. Mas sismólogos afirmaram que as características do tremor são de explosões, o que levou a comunidade internacional a suspeitar de uma ação proposital. 
A Ucrânia levantou a hipótese de um ataque terrorista, enquanto o Kremlin, a Alemanha e a Polônia não excluíram a possibilidade de sabotagem.

Seguindo o princípio cui bono (“quem se beneficia”), alguns levantaram a hipótese de a ação ter sido realizada pela Ucrânia. Porém, explodir gasodutos em águas dinamarquesas a 70 metros de profundidade pareceu algo fora da realidade ucraniana. Outros, sugeriram que poderia ser um ato de bandeira falsa (quando um grupo ataca a si mesmo e culpa o oponente) realizado por um submarino russo. 

Todavia, o mais estranho foi a manifestação de Radek Sikorski, ex-ministro da Defesa Nacional e Ministro das Relações Exteriores da Polônia, em sua conta no Twitter. Ele postou "Obrigado, EUA", junto a uma foto dos vazamentos de gás do Nord Stream. Ele que é também jornalista e membro do Parlamento Europeu, continuou as postagens escrevendo: “Por falar nisso, não há escassez de capacidade de gasodutos para levar gás da Rússia para a Europa Ocidental, incluindo a Alemanha. A única lógica do Nord Stream era que Putin pudesse chantagear ou criar uma guerra na Europa Oriental impunemente. Todos os estados ucranianos e do mar Báltico se opõe à construção da Nordstream há 20 anos. Agora, US$ 20 bilhões de sucata estão no fundo do mar, outro custo para a Rússia de sua decisão criminosa de invadir a Ucrânia. Alguém, @MFA_Rússia (Ministério das Relações Exteriores da Rússia), fez uma operação de manutenção especial”. 
Ou seja, para ele, foram os norte-americanos que destruíram o gasoduto. E é muito estranho ver um membro do parlamento europeu falando isso abertamente e, ainda por cima, fazendo piada com os diplomatas russos.

Realmente é uma situação muito estranha, que lembra filmes do James Bond. Os gasodutos estavam fechados em virtude dos impasses entre russos e europeus e às sanções impostas a Moscou. Entretanto, os canos estavam cheios de gás. Com isso, as explosões colocam ainda mais certa a realidade de que a Europa não poderá contar com o gás russo neste inverno. Além disso, o estranho acontecimento também contribui para uma intensa escalada no conflito atual.

A questão é que alguns analistas ainda cultivavam a esperança (talvez irreal) de que a chegada do inverno poderia levar a União Europeia propor um acordo com Moscou, retirando as sanções ao país e, com isso, colaborar com o fim do conflito na Ucrânia. Porém, com o rompimento dos gasodutos, a hipótese fica ainda mais remota.[talvez a UE comece a desconfiar que apoiar o ex-palhaço Zelensky, que batalha usando a dos outros, não é um bom negócio; as sanções ocidentais começam a se voltar os países europeus - começando pela Suíça onde a ministra do Meio Ambiente, recomendou que os suíços passem a tomar banho em grupos, para economizar energia ... logo recomendará que comam menos para ...]

No ano passado, escrevi um artigo mostrando que a construção do gasoduto Nord Stream 2 poderia ser considerada um dos grandes catalisadores do conflito na Ucrânia. 
Na época, os Estados Unidos estavam determinados a impedir a conclusão do projeto, uma vez que significaria uma dependência ainda maior da Alemanha e de toda a Europa do gás fornecido pela Rússia, o que daria enorme poder a Vladimir Putin, que poderia usar a conjuntura como instrumento de pressão e chantagem contra o Ocidente. 
Em 2018, por exemplo, o então presidente Donald Trump decidiu sancionar qualquer um que se envolvesse no projeto, o que levou 18 empresas a se retirarem da empreitada. Entretanto, a companhia russa Gazprom decidiu seguir com os trabalhos, mesmo perante as sanções norte-americanas.

Veja Também:
Será que, para salvarmos a Europa, criaríamos inimizade com Putin?

'A jogada de Putin que destruiu todo o sistema
  

Com a insistência da OTAN de incentivar a Ucrânia a integrar a aliança ocidental, o Kremlin decidiu invadir o país vizinho antes que ele se transformasse em mais uma base avançada das potências ocidentais. Com a invasão, seguida da unanimidade da opinião pública internacional contra a decisão russa, criou-se o ambiente favorável para o cancelamento do projeto, que custou quase 10 bilhões de euros, com 1.230 quilômetros de extensão, sendo o maior gasoduto submarino do mundo. 
 Imagine o tamanho do prejuízo que resultou do cancelamento do projeto. Vale lembrar que, independente do Nord Stream, a maior parte do gás natural que chega à Europa passa exatamente pela Ucrânia. Curioso, não? Estaria tudo conectado? É possível.

Enquanto isso, o cenário geopolítico vai ficando cada vez mais tenso. E quais seriam as reações caso se encontrem os responsáveis pelas explosões? Ursula von der Leyen, chefe da Comissão Europeia, publicou ontem (27) em no Twitter: “Conversei com Frederiksen (primeira-ministra dinamarquesa) na ação de sabotagem #Nordstream. É imperativo agora investigar os incidentes, obter total clareza sobre os eventos e por quê. Qualquer interrupção deliberada da infraestrutura energética europeia ativa é inaceitável e levará à resposta mais forte possível”.

A pergunta que fica é: o que seria essa “resposta mais forte possível”?
 Poderia uma eventual identificação dos autores levar o mundo a uma escalada que acabe desembocando numa Terceira Guerra Mundial? 
Deus queira que não. Contudo, alguns defendem que esse conflito já começou, mas a maioria ainda não se deu conta, uma vez que a modalidade de batalha moderna é indireta, irregular, não-convencional e híbrida. Que Deus nos proteja.

Daniel Lopez, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

terça-feira, 27 de setembro de 2022

Putin pode anexar territórios da Ucrânia na sexta-feira, diz relatório

Os referendos da Rússia na Ucrânia, que podem levar Moscou a anexar 15% do território do país, devem terminar nesta terça-feira

Um relatório da inteligência britânica alertou que, após a conclusão das votações em referendos na Ucrânia para a adesão à Rússia nesta terça-feira, 27, o presidente russo, Vladimir Putin, pode anunciar a anexação de regiões ucranianas ainda na sexta-feira, 30. O líder do Kremlin vai fazer um discurso nas duas casas do parlamento na sexta, quando deve anunciar a medida.

“Há uma possibilidade realista de que Putin use seu discurso para anunciar formalmente a adesão das regiões ocupadas da Ucrânia à Federação Russa. Os referendos atualmente em andamento nesses territórios estão programados para terminar em 27 de setembro”, disse uma avaliação do Ministério da Defesa do Reino Unido.

“Os líderes da Rússia quase certamente esperam que qualquer anúncio de adesão seja visto como uma justificativa da ‘operação militar especial’ e consolide o apoio patriótico ao conflito”, acrescentou.

Os referendos da Rússia na Ucrânia, que podem levar Moscou a anexar 15% do território do país, devem terminar nesta terça-feira. A votação nas províncias orientais de Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia começou na sexta-feira 23 e foi considerada uma farsa pelas nações ocidentais, que se comprometeram a não reconhecer os resultados.

A mídia russa anunciou na segunda-feira 26 que as votações nesses quatro territórios ocupados da Ucrânia são “válidas”, alegando que a participação já passou de 50%. Analistas consideraram essas alegações de participação como “flagrantemente falsificadas”.

A agência de notícias russa Tass relatou que duas das assembleias de voto usadas nos referendos na parte ocupada de Luhansk, que compõe a região de Donbas com Donetsk, foram transferidas para locais de reserva após “ameaças”.

Mundo - Revista VEJA

 

domingo, 7 de agosto de 2022

Crise com a China - Como a visita de Nancy Pelosi a Taiwan prejudicou interesses dos EUA e da Ucrânia - Gazeta do Povo

Vozes - Jogos de Guerra

A visita a Taiwan da presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, enviou uma mensagem anti-imperialista à China. Porém, prejudicou interesses de Washington e de Kiev na guerra na Ucrânia. Isso porque o desafio à China tem potencial para aproximar diplomaticamente ainda mais Pequim e Moscou.

“Por ora, a China está avaliando e tem, sim, neutralidade. Eu serei honesto: essa neutralidade é melhor do que a China se juntar à Rússia.” A afirmação é do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Ela chamou a atenção na quarta-feira (3) por destoar do usual tom combativo do líder da Ucrânia. Parece refletir a preocupação com as possíveis consequências do apoio de Pelosi a Taiwan.

A congressista americana Pelosi esteve na ilha de Taiwan nesta semana, entre terça (2) e quarta-feira. Ela se encontrou com a presidente Tsai Ing-wen em Taipei. A visita enfureceu o governo chinês, que entendeu a ação como uma ingerência americana em assuntos internos do país. O governo de Xi Jinping tem entre seus principais objetivos políticos retomar o controle sobre a ilha - que tem um governo democrático autônomo, mas não é reconhecida como independente pela maior parte da comunidade internacional.

Principalmente para dar uma resposta ao público interno, Pequim realizou exercícios militares próximo a Taiwan em uma escala sem precedentes. Ao menos um míssil teria cruzado a ilha e caído no mar. 
Os disparos afetaram ainda a área marítima da zona econômica exclusiva do Japão. 
Participaram das manobras militares ao menos cem aviões e dez navios de guerra.

Na Rússia, a visita de Pelosi a Taiwan foi classificada como uma “provocação” americana contra a China, segundo a porta-voz da chancelaria, Maria Zakharova. Ela afirmou que Moscou apoia o princípio de “uma China” e se opõe a qualquer forma de independência de Taiwan. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que os russos expressam “solidariedade absoluta” com a China em relação à ação de Pelosi.

Em 4 de fevereiro, pouco antes do início da invasão russa à Ucrânia, o presidente russo Vladimir Putin e o líder chinês, Xi Jinping, haviam anunciado durante a Olimpíada de Inverno de Pequim uma “parceria sem limites” - na qual declaravam apoio mútuo em relação às questões da Ucrânia e de Taiwan. Em uma declaração conjunta, os países discorreram, entre outros temas, sobre multipolaridade e redistribuição de poder no mundo.

A declaração foi interpretada por analistas ocidentais como uma espécie de pacto de não agressão, que teria potencial para levar a um realinhamento da ordem mundial - o que poderia gerar um novo tipo de Guerra Fria.  Após a invasão russa na Ucrânia, a China se disse neutra e evitou participar de movimentos diplomáticos arquitetados pelo Ocidente para condenar o ataque de Moscou nas Nações Unidas.

Mas, enquanto os Estados Unidos e seus aliados tentavam isolar a economia da Rússia por meio de sanções, os chineses aumentavam suas compras de energia russa. Um dos principais objetivos do Ocidente é diminuir a renda de Moscou com a exportação de petróleo para assim enfraquecer o país e diminuir sua capacidade de guerrear.

Em maio, as importações chinesas de petróleo russo subiram 55% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo a rede britânica BBC. Por causa disso, a Rússia desbancou a Arábia Saudita como maior fornecedora de petróleo para a China. No mesmo mês, as exportações de produtos chineses para a Rússia cresceram 14% - fruto de substituições de importações ocidentais feitas pelo Kremlin.

Além disso, está sendo construído um novo gasoduto para ligar os dois países e assim aumentar em 10 bilhões de metros cúbicos por ano as exportações russas para os chineses. Ele deve ficar pronto em dois ou três anos. Um dos maiores temores dos ucranianos era que a China passasse a fornecer equipamentos militares para a Rússia. Porém, isso não tem ocorrido devido à pressão americana.

Da mesma forma, os Estados Unidos vêm intimidando empresas de tecnologia para evitar exportações para a Rússia. Segundo o departamento de comércio americano, as exportações globais de semicondutores para a Rússia caíram 90% desde o início da guerra. Eles são essenciais para a indústria armamentista russa, que depende de chips para fazer armas.

Por outro lado, não parece possível que Washington e seus aliados tenham capacidade de tentar punir Pequim com isolamento econômico. Alguns analistas dizem que a economia chinesa pode suplantar a americana na próxima década. Assim, a parceria entre Rússia e China parece ser, por ora, um “casamento de conveniência”, movido principalmente pelo antagonismo comum em relação aos Estados Unidos.

O que o Ocidente e Zelensky parecem tentar evitar é o aprofundamento dessa parceria. Por isso, o presidente ucraniano baixou o tom e tenta costurar um encontro com Xi Jinping. “A visita de Nancy Pelosi a Taiwan foi ruim para os interesses americanos na Ucrânia. Os Estados Unidos querem isolar a Rússia, mas acabaram dando motivo para os chineses se aproximarem mais dos russos”, disse o coronel da reserva Paulo Roberto da Silva Gomes Filho, mestre em estudos de defesa e estratégia pela Universidade Nacional de Defesa da República Popular da China.

Não se sabe ao certo se a ação de Pelosi, parlamentar conhecida por seu ativismo em relação a Taiwan, foi fruto de sua iniciativa individual ou se foi uma ação orquestrada com o governo democrata de Joe Biden. A visita acabou sendo criticada por membros do Partido Democrata e elogiada por integrantes do Partido Republicano.

Além das manobras militares na região de Taiwan, a visita já está causando deterioração nas relações diplomáticas entre Pequim e Washington. Na sexta-feira (5), a China anunciou paralisações na cooperação entre os dois países nas áreas militar, de combate à mudança climática, imigração e esforços para controlar o tráfico de drogas global.

A possibilidade da China invadir Taiwan ou eventualmente entrar em guerra com os Estados Unidos é considerada remota por analistas. Para invadir a ilha, Pequim teria que fazer uma operação de desembarque anfíbio, considerada extremamente complexa e dispendiosa. Além disso, um ataque direto a cidadãos que partilham com a China as mesmas raízes poderia ser considerado fratricídio - e assim ter um forte impacto negativo na popularidade de Xi Jinping.

Mas não se sabe ainda até que ponto a deterioração das relações diplomáticas entre americanos e chineses gerará maior impacto na guerra da Ucrânia - ou se desencadeará maior suporte econômico chinês aos russos.

Últimas notícias do campo de batalha
Na última semana, a coluna Jogos de Guerra analisou as possíveis consequências políticas de uma contraofensiva ucraniana no sul do país. Ao longo dos últimos dias, combatentes ucranianos no campo de batalha disseram a este colunista ter recebido informações de que a Rússia está enviando entre 20 e 30 mil soldados para tentar conter o contra-ataque na região ocupada de Kherson. A Rússia confirmou o envio de reforços, mas não fornece números.

A troca de fogo de artilharia entre russos e ucranianos no território entre Mykolaiv e Kherson tem sido intensa. Esse é hoje o principal campo de batalha da guerra. Mas não surgiram notícias de avanços significativos da Ucrânia em direção a Kherson.

Em Zaporizhzhia, ucranianos vêm acusando a Rússia de usar a usina nuclear de Enerhodar como um escudo. Moscou teria posicionado diversas peças de artilharia entre os seis reatores nucleares e disparado contra regiões vizinhas defendidas pelo exército ucraniano. O exército de Kyiv não pode revidar para não causar uma catástrofe nuclear.

Na frente informacional, Rússia e Ucrânia debatem quem é o responsável por uma explosão no campo de prisioneiros de guerra de Yelenovka, em Donetsk. No dia 29 de julho, uma detonação matou 53 combatentes ucranianos que eram mantidos detidos no local e deixou dezenas de feridos. Eles eram integrantes do Batalhão Azov que haviam se rendido no cerco à cidade de Mariupol.

A Rússia acusou a Ucrânia de ter causado a explosão ao disparar um foguete Himars contra a prisão de forma acidental.

A Ucrânia diz que está investigando o caso, mas não há por ora processo investigatório independente.

Luis Kawaguti, colunista - Gazeta do Povo - Jogos de Guerra - Vozes


segunda-feira, 25 de julho de 2022

A maior arma de guerra de todos os tempos foi colocada em ação - Daniel Lopez



Gazeta do Povo

Geopolítica da escassez

A Nova Ordem Mundial está trazendo velhas estratégias de conquista e dominação

 Será que Putin irá cumprir sua promessa de não interromper o fornecimento de grãos para a Europa? -  Foto: AP

A pirâmide de Maslow nos ensina que há uma hierarquia das necessidades humanas. 
Há aquelas que são, em tese, dispensáveis, uma vez que meramente mentais (autorrealização e estima) ou de natureza social (amigos, família etc). Entretanto, na base da pirâmide, estão as necessidades indispensáveis, inevitáveis, sem as quais não se vive: questões fisiológicas como água, comida, sono e repouso.  
E se um líder fosse capaz de utilizar esses elementos como arma de guerra? “Se não fizerem o que eu quero, então não comem?”. Obviamente, isso já foi praticado por tiranos durante a história. 
Contudo, hoje essa prática atingiu uma dimensão sem precedentes. Imagine você cortar o fornecimento de comida e energia para um continente inteiro? É algo assustador, mas real. O continente é a Europa, e o fornecedor é a Rússia.

Julgamento no STF sobre terço de férias pode gerar dívida bilionária para empresas

Uma matéria recente da BBC inglesa mostrou que imagens de satélite revelaram que alguns dos maiores produtores de trigo no mundo estão com suas plantações em péssimas condições, como é o caso da Ucrânia, da Índia e dos Estados Unidos. Contudo, o levantamento também mostrou que, por outro lago, 2 países estão com plantações cada vez mais robustas: Rússia e China
A matéria não coloca o Brasil neste levantamento, mas imagino que nosso cultivo esteja em condições razoáveis.
 
O problema disso tudo é que o cenário coloca uma situação muito tenebrosa para o continente europeu e para os países em desenvolvimento. 
O perigo de uma escassez global de alimentos começa a ganhar contornos mais sinistros e realistas. 
Instituições como o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, o Banco de Compensações Internacionais e a própria Casa Brancaalertaram para uma iminente fome mundial. E parece que a Europa será a grande prejudicada, com a possibilidade de a Rússia utilizar o fornecimento de energia e comida como ferramentas geopolíticas.
 
Um cenário de estagflação, condições climáticas adversas e interrupções das cadeias globais de suprimentos criaram o contexto perfeito para o caos. 
 E a Rússia está aproveitando cada centímetro dessa crise para fazer valer sua vontade. 
Moscou está vendendo mais petróleo e comodities do que nunca, e hoje detém, junto com a China, as culturas básicas mais prósperas do planeta. Isso dá a Putin uma vantagem geopolítica imensa, uma vez que a Europa e os EUA estão vendo sua produção de comodities, sua indústria e sua segurança energética serem dilapidadas em alta velocidade.

O Kremlin tem afirmado que não irá cortar o fornecimento de grãos para a Europa. Mas eles também haviam dito que não cortariam o suprimento de energia para os europeus. Entretanto, esta semana, o gasoduto Nord Stream 1 foi fechado por tempo indeterminado. Conclusão: além do petróleo e do gás, agora as nações orientais podem utilizar, também, os alimentos como arma contra as nações da OTAN.

É um cenário tenebroso, que pode, inclusive, ser ainda mais avassalador para as nações menos favorecidas. O caos pode gerar aumento considerável da fome, da pobreza e da criminalidade. 
O Brasil, entretanto, tem o potencial de garantir a segurança energética para a Europa e a segurança alimentar para o mundo. Fazendo isso, diminuiria o controle de Rússia e China sobre as nações ocidentais.
 
A pergunta que fica é: será que entraremos numa rota de colisão com Moscou e Pequim, tentando nos impedir de ajudar as nações em suas crises energética e alimentícia? [o Brasil tem que colocar seus interesses acima dos de qualquer outros países, que hoje se consideram donos do mundo. 
O Brasil já integra o BRICS, enquanto por parte da EUA e Europa recebe ora ameaças ora afagos (até internacionalizar a Amazônia o francês já ameaçou.]
Ou os BRICS seguirão mais unidos do que nunca, aproveitando o cenário adverso para fazer avançar, em conjunto, seus planos geopolíticos? Aguardemos.

 Daniel Lopez, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quarta-feira, 27 de abril de 2022

Rússia corta fornecimento de gás para Polônia e Bulgária; União Europeia diz que bloco sofre 'chantagem' e 'está preparado'

O Globo

Presidente da Comissão Europeia informou que países-membros estão 'definindo uma resposta coordenada' para a mais dura retaliação russa contra sanções até agora 

[a reação russa já era esperada e quanto a "resposta coordenada", apenas perguntamos: quem precisa do carvão,  gás e petróleo russos? Em nossa opinião, em vez de alimentar a vaidade do ex-comediante que preside a Ucrânia e que está provocando a morte de milhares de ucranianos, desmantelando a economia e infraestrutura daquela País, os 'aliados de palanque' da Ucrânia deveriam envidar esforços para substituir Zelinsky, por alguém mais sensato e que não queira acabar com o país que preside.]

Ursula von der Leyen, presidente da União Europeia (UE) Foto: POOL / REUTERS
Ursula von der Leyen, presidente da União Europeia (UE) Foto: POOL / REUTERS
Em sua retaliação mais dura até agora às sanções internacionais devido à invasão da Ucrânia, a Rússia interrompeu o fornecimento de gás para a Bulgária e a Polônia nesta quarta-feira, alegando que os países rejeitaram a sua exigência de receber pagamento em rublos. A medida foi denunciada por líderes europeus como uma "chantagem" e ocorre em um momento em que os países europeus se uniram aos Estados Unidos para reforçar os envios de armas para ajudar o Exército da Ucrânia.

Entrevista: Sanções dificilmente dobrarão Putin, mas podem cansar Ocidente, diz estudioso do mundo pós-soviético

Violência da guerra: Rússia diz ter matado 500 soldados ucranianos em apenas uma noite

A Gazprom, monopólio russo de exportação de gás, disse em comunicado que "suspendeu completamente o fornecimento de gás à Bulgargaz e PGNiG devido à ausência de pagamentos em rublos", referindo-se às empresas de gás polonesas e búlgaras. A Polônia e a Bulgária confirmaram que o fornecimento foi cortado. — Como todas as obrigações comerciais e legais estão sendo observadas, está claro que no momento o gás natural está sendo usado mais como uma arma política e econômica na guerra atual — disse o ministro da Energia da Bulgária, Alexander Nikolov.

O presidente da Polônia, Andrzej Duda, disse que tem certeza de que uma ação legal será tomada contra a russa Gazprom por quebra de contrato. — Princípios legais básicos foram quebrados, violados — disse Duda durante uma visita à capital tcheca, Praga. — As medidas legais apropriadas serão tomadas e haverá compensação apropriada da Gazprom por violações das disposições do contrato.

Ursula von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia, o órgão Executivo da União Europeia (UE), disse nesta quarta-feira que o bloco está preparado para a falta de abastecimento determinada pelo governo de Vladimir Putin. A líder europeia ainda defininiu a medida como uma "chantagem".

Desequilíbrio: Guerra financeira ligada à invasão da Ucrânia volta a pôr em xeque sistema ancorado no dólar

"O anúncio da Gazprom é outra tentativa da Rússia de nos chantagear com gás. Estamos preparados para esse cenário. Estamos definindo uma resposta coordenada para toda a UE. Os europeus podem confiar que estamos unidos e solidários com os Estados-Membros afetados", informou von der Leyen em comunicado.

Em entrevista à agência Lusa, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, defendeu um "embargo total" pela UE ao petróleo, gás e carvão russo. — Quando olhamos para a dependência do gás russo, cada país [europeu] tem a sua própria realidade individual, e precisamos reconhecer isso. Mas a menos que digamos que o objetivo final tem de ser a dependência zero da Rússia em relação ao gás, nunca conseguiremos fazer isso — ressaltou.

exigência feita pelo Kremlin a países considerados "hostis" de receber pagamentos em moeda russa foi uma tentativa de proteger o rublo de sanções impostas desde o início da guerra na Ucrânia. Ainda não se sabe quantos países europeus aceitaram usar a moeda russa. A Bloomberg publicou uma notícia nesta quarta-feira que cita dez compradores, incluindo quatro países europeus, mas no entanto não diz quais são.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, rejeitou nesta quarta as acusações de que Moscou usou o fornecimento de gás natural como ferramenta de chantagem, e afirmou que a Rússia é "um fornecedor confiável de energia", que reage às sanções impostas contra si próprio. — As condições estabelecidas fazem parte de um novo método de pagamento desenvolvido após ações hostis sem precedentes — disse Peskov, que se recusou a dizer quantos países concordaram em passar a pagar pelo gás em moeda russa.

Os suprimentos da Gazprom cobrem cerca de 50% do consumo da Polônia. O país disse que não precisava recorrer às reservas e que seu armazenamento de gás estava 76% cheio. A estatal polonesa PGNiG informou que ainda está fornecendo gás a seus clientes, conforme o necessário. "Cortar o fornecimento de gás é uma quebra de contrato, e a PGNiG se reserva o direito de buscar compensação e usará todos os meios contratuais e legais disponíveis para fazê-lo”, ressaltou a empresa.

Gerhard Schröder:Ex-chanceler que lucrou milhões com energia da Rússia simboliza erros de cálculo da Alemanha sobre Putin

A Polônia e a Bulgária são ex-satélites de Moscou que, desde o fim da da soviética, se juntaram à UE e à Otan (aliança militar ocidental, liderada pelos EUA). A Polônia tem sido um dos oponentes mais expressivos do Kremlin durante a guerra. A Bulgária há muito mantém relações mais calorosas com a Rússia, mas o seu primeiro-ministro, Kirill Petkov, um ativista anticorrupção que assumiu o cargo no ano passado, denunciou veementemente a invasão da Ucrânia.

O corte de combustível da Rússia ocorreu um dia depois de os Estados Unidos e de pelo menos 40 países se comprometerem a armar a Ucrânia “em longo prazo”. A mudança mais significativa foi da Alemanha, que disse que enviaria dezenas de veículos antiaéreos blindados.

Mesmo que a Rússia não amplie a proibição para outros países, já há consequências na Europa. Os preços do gás no continente subiram até 24% na quarta-feira, colocando pressão adicional nos custos em um momento em que a inflação está em alta e a recuperação pós-Covid está sob ameaça.

terça-feira, 22 de março de 2022

Rússia acusa EUA de banditismo; Biden prepara caso contra Putin na Otan - Folha de S.Paulo

Americano fala em ataques químicos e cibernéticos e critica Índia por não condenar Moscou

Quase um mês após a invasão russa da Ucrânia, a guerra diplomática entre o Kremlin e os Estados Unidos subiu vários degraus às vésperas do encontro dos líderes da Otan (aliança militar ocidental), na quinta (24).

Após ter sido acusado de preparar ataques hacker contra empresas americanas e de tramar o uso de armas químicas contra alvos ucranianos pelo presidente Joe Biden, o Kremlin disse que o governo americano adota o "banditismo" nas relações internacionais.

Ruína de shopping atacado em Kiev pelos russos - Fadel Sena/AFP

 Biden havia feito suas acusações, já um tom acima do usual por serem tratadas como certezas e não especulações, na noite de segunda (22). Nesta terça, veio a reação do Kremlin. "Diferentemente de muitos países ocidentais, incluindo os EUA, a Rússia não se envolve com banditismo no nível estatal", afirmou o porta-voz Dmitri Peskov.

O caso das armas de destruição em massa tem ganhado corpo. A Rússia acusa os EUA de montar uma rede de laboratórios para estudar agentes biológicos na Ucrânia, sem provas. Já a Casa Branca e a Otan afirmam que isso é uma desculpa usada pelos russos para eventualmente usar armamentos, químicos no caso, na guerra.

Isso ocorreria, especulam analistas ocidentais, devido à percebida dificuldade de Putin em vencer a guerra com rapidez. A este ponto, a ofensiva generalizada está parada em volta de algumas cidades principais, como Kiev, embora mantenha a iniciativa em pontos como o sul do país.

Para o Instituto de Estudos da Guerra, ONG de Washington, os russos já estão inclusive assumindo posições defensivas em alguns locais, o que sugere a vontade de tentar ganhar a guerra pelo atrito, destruindo as forças numericamente inferiores de Kiev.

Nesse cenário, especula-se o uso de uma arma química ou mesmo de uma bomba nuclear tática, de baixa potência, para subjugar a Ucrânia. Membros orientais da Otan, como a Polônia, dizem que isso seria inaceitável e obrigaria uma intervenção. [Alguém precisa lembrar aos poloneses que eles não podem, nem devem, fazer ameaças vazias em relação supostas ações russas  - qualquer intervenção da Otan ou de qualquer outro país pode levar a uma reação russa, que pode ser iniciada com bomba nuclear tática  e após iniciada, evoluir para o uso de armas nucleares transportadas por ICBM; felizmente, a alta cúpula da Otan, tem usado o bom senso e executando uma política de não efetuar nenhuma ação militar - a 1ªGuerra Mundial se iniciou com um atentado contra um arquiduque; O uso de bomba nuclear tática pode ser o estopim para a 3ª Guerra Mundial - com o uso de artefatos nucleares,  que a tornará a ÚLTIMA Guerra Mundial.  O atentado de Saravejo pode

Até aqui, a aliança só está fornecendo armas e dinheiro a Kiev. Pedidos para fechamento do espaço aéreo ou de envio de caças foram negados, sob a alegação de que isso seria visto como uma declaração de guerra aos russos. E isso poderia evoluir para um conflito mundial entre potências nucleares.

Seja como for, a pressão interna na Otan está grande. Com os alertas de Biden, é possível antever que a reunião da quinta em Bruxelas, à qual ele iria comparecer pessoalmente, deverá fazer uma ameaça mais clara ao Kremlin, tentando delimitar as ações de Putin. É incerto que isso funcione. [só o senhor Biden e o ex-comediante ucraniano não conseguem entender que ameaças que não podem ser cumpridas, não trarão a PAZ. É necessário que o senhor Zelensky seja compelido a negociar e aceite os termos propostos. Os caprichos do senhor Biden e do senhor Zelensky não valem a destruição da Terra.]

Também nesta terça, Peskov foi pessimista acerca do andamento das negociações com Kiev, dizendo que a Ucrânia precisa ser "maes ativa e substantiva" nas conversas.

Os tremores secundários da crise seguem por todo o mundo. No evento empresarial em que alertou sobre o risco de guerra cibernética e química, Biden admitiu que a aliada Índia está reticente em agir contra o Kremlin.

EUA, Índia, Austrália e Japão compõem a aliança Quad, que visa conter a expansão chinesa no Indo-Pacífico. Há duas semanas, o grupo se reuniu e advertiu Pequim de que não olhasse para a ilha autônoma de Taiwan da mesma forma como Putin olhou para a Ucrânia.

A reincorporação de Taiwan, pacificamente ou à força, é parte da política de Estado chinesa. E o governo de Xi Jinping é o maior aliado da Rússia, embora tenha adotado cautela máxima na crise, buscando auferir os louros de uma solução pacífica. Biden disse que a resposta do Quad incluiu Japão e Austrália como "bastante fortes" em relação a Putin, enquanto a Índia "está algo instável" -Nova Déli não condenou a guerra. Os indianos são os maiores clientes de armas russas no mundo, ficando com 28% das exportações de Moscou no setor de 2017 a 2021, e com isso mantêm o discurso de independência.

Só que a aliança com os EUA está afunilando as coisas, em especial porque a Índia tem contenciosos fronteiriços e econômicos com a China. A saída americana do Afeganistão também explicitou o balé regional, já que o Paquistão é o maior aliado de Pequim na Ásia e tem fortes interesses no renovado regime do Talibã.  Por fim, o Japão criticou duramente a Rússia por ter deixado as negociações de paz, que se arrastam desde o fim da Segunda Guerra Mundial, acerca do status das disputadas ilhas Kurilas, em parte tomadas pelos soviéticos. O Kremlin diz que a adoção de sanções ocidentais pelos japoneses impede a continuidade das conversas.

Mundo - Folha de S. Paulo


segunda-feira, 7 de março de 2022

Debochando da tirania - Caio Coppolla

Revista Oeste

Ronald Reagan, ex-presidente dos Estados Unidos | Foto: Wikimedia Commons
Ronald Reagan, ex-presidente dos Estados Unidos | Foto: Wikimedia Commons

Enquanto isso, nos Estados Unidos, um carismático presidente republicano desfruta seus últimos meses de (segundo) mandato. Seu nome é Ronald Reagan, um expoente do conservadorismo norte-americano, que está prestes a eleger seu sucessor.

Mr. President se dirige a uma plateia de operários da indústria metalúrgica em Richmond, Virgínia — está jogando em casa: durante seu governo, houve drástica redução de impostos, o país cresceu 3,6% ao ano, o desemprego caiu e a renda média anual das famílias norte-americanas aumentou cerca de U$ 4.500. Sorridente, Reagan fala sobre seu novo hobby aos trabalhadores na plateia:

“Tenho colecionado histórias que são contadas na União Soviética pelas pessoas de lá e que revelam seu ótimo senso de humor, mas também uma postura um tanto cínica quanto ao seu sistema [político-econômico].

Feita a introdução — e a insinuação acertada de que o socialismo estava ruindo por dentro, criticado e caçoado pela própria população russa —, o presidente arranca gargalhadas ao acrescentar:

“Não contei essa pro Gorbachev [Mikhail Gorbachev, secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética e chefe de Estado da URSS]”.

Nesse ponto, Reagan traz um dado que cala fundo na alma da audiência, movida pelo sonho norte-americano de prosperidade, liberdade e busca pela felicidade: “Na União Soviética, há uma espera de dez anos para entrega de um automóvel e apenas uma em cada sete famílias possui um carro [nos EUA de 1988, a média era de dois veículos por domicílio]. Quando você está pronto pra comprar, passa por um processo e, então, precisa adiantar o pagamento”uma década antes de receber o veículo! Reagan segue com a anedota:

Um homem entregou seu dinheiro e o camarada encarregado disse:

— ‘Ok, volte aqui em dez anos e retire seu carro’.

— ‘De manhã ou de tarde?’ — perguntou o homem.

— ‘É daqui a dez anos, que diferença faz?’ — replicou o camarada.

E o homem explicou: ‘É que o encanador vai vir de manhã’ naquele momento, cada funcionário da fábrica ri e aplaude seu presidente com entusiasmo, cioso dos benefícios incomparáveis do modo de vida norte-americano lastreado no capitalismo e na democracia.

Reagan também usava seu humor para expor a hipocrisia inerente à utopia socialista: o regime limitava as liberdades e as oportunidades do seu povo sob pretexto de proporcionar igualdade e justiça social, mas os integrantes da administração estatal e da elite política eram beneficiados com luxo e privilégios inacessíveis à população. A temática do carro — símbolo da cultura norte-americana, que materializava a autonomia individual e a propriedade privada — também aparece em outras soviet jokes clássicas do então commander in chief:

A maior parte dos automóveis [na URSS] é dirigida por burocratas, o governo providencia carros e motoristas e a coisa toda.

Eis que uma ordem foi dada à polícia para que todos os motoristas flagrados acima da velocidade permitida fossem multados, não importa quem fossem.

Um dia, Gorbachev estava na sua casa de campo, com limusine e motorista à disposição. Muito atrasado pra chegar ao Kremlin, ele pediu ao chofer que fosse pro banco de trás, porque ele ia dirigindo — e assim foi feito.

No caminho, passaram acelerando por dois policiais de motocicleta e um deles foi logo atrás do veículo para interceptá-lo e penalizá-lo. Quando o policial voltou, seu parceiro perguntou:

— ‘E aí, você o multou?’

E o policial respondeu: ‘Não’.

— ‘Por que não?’

‘Ah’ — suspirou o policial —, ‘eles eram muito importantes.’

— ‘Mas nós fomos instruídos a multar qualquer pessoa’ — insistiu o parceiro.

O policial nem se abalou: ‘Não… eu não poderia… não esse sujeito’.

— ‘Como assim? Quem é ele?’ — questionou o parceiro curioso.

Eu não sei’ — admitiu o policial — ‘mas seu motorista é o Gorbachev!’ — mais risos, mais palmas… E assim, com leveza e destreza, Reagan explorava a ideia de que toda piada tem um fundo de verdade e trazia para os estertores da Guerra Fria o velho brocardo latino ridendo castigat moris: é rindo que se corrigem os costumes.

O cão Americano disse que, nos EUA, você precisava latir muito pra ganhar um pedaço de carne. O cão Polonês perguntou: ‘O que é carne?’; e o Russo: ‘O que é latir?’

Além de pontuar, com gentileza e espirituosidade, os vícios econômicos da URSS — como desabastecimento de produtos, instabilidade de cadeias de suprimento, ausência de concorrência, desincentivo à inovação e diversificação, falta de mobilidade social etc. —, Reagan também lançava mão do humor para abordar tópicos mais delicados, relacionados aos direitos fundamentais prestigiados pela democracia liberal, mas reprimidos pelo socialismo autoritário, como é o caso da liberdade de expressão, de crítica e de manifestação política:

Um Americano e um Russo discutiam sobre seus países. O Americano disse: “No meu país, eu posso entrar no Salão Oval, bater na mesa e dizer: ‘Sr. Presidente, eu não gosto da forma como você conduz nosso país’”.

Mas o Russo rebateu: “Eu também posso fazer isso”.

— “Pode mesmo?” — insistiu o Americano.

“Claro que sim”, explicou o Russo: “Eu posso ir ao Kremlin, entrar no escritório do camarada Gorbachev, bater na sua mesa e dizer: ‘Sr. secretário-geral, eu não gosto da forma como o presidente Reagan está conduzindo os EUA’”.

Ao que consta, este último causo foi compartilhado com Gorbachev, “e ele riu!”, relatava Reagan com indisfarçável satisfação, implicando sutilmente as próprias lideranças soviéticas na sua crítica bem-humorada ao socialismo. Para mensagens mais incisivas, o presidente norte-americano fazia uso da prosopopeia, diluindo o peso das suas palavras em personagens não humanas:

Um cachorro Americano, um cachorro Polonês e um cachorro Russo se encontraram. O cão Americano descreveu sua vida nos Estados Unidos: ‘Sabe como é, você late, você tem que latir. E depois de latir por um tempo, aí aparece alguém e te dá um pedaço de carne’.

O cão Polonês perguntou: ‘O que é carne?’

E o cão Russo: ‘O que é latir?’

Essa anedota dos cachorros nos leva a refletir sobre as mazelas enfrentadas pelos Estados sob domínio da URSS. Nações com sua própria história, idioma e identidade cultural submetidos, por décadas, a um sistema totalitário que trouxe sofrimento por onde passou. A Polônia, do velho cão soviético faminto, é país-membro da União Europeia desde 2004 e tem seus indicadores de desenvolvimento humano em alta — seus cachorros podem latir sem medo de represália, há várias opções de proteína e muitos deles são adestrados em nível superior… Não é mais uma vida de cão. Muito desse desenvolvimento deve-se ao trabalho de vida daquele simpático político norte-americano que entendeu, entre tantas outras coisas, o poder do deboche à tirania. Zombemos deles, sempre que possível.

Até porque, como disse o ex-senador republicano Alan Simpson em uma bela homenagem póstuma a George Bush pai, sucessor de Ronald Reagan na Presidência norte-americana:

“Humor is the universal solvent against the abrasive elements of life” — o humor é o solvente universal contra os elementos abrasivos da vida. 

Leia também “4 tragos de vodca”

Caio Coppolla é comentarista político e apresentador do Boletim Coppolla, na TV Jovem Pan News e na Rádio Jovem Pan

[Não há dificuldade em se confirmar que o regime da extinta URSS era péssimo - sendo a causa principal derivar do comunismo, que levou uma grande porrada com a extinção da União Soviética. Só que continua existindo e tenta se expandir via maldito esquerdismo e recuperar os espaços perdidos.]