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quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Oremos pela Jovem Pan... - Adriano Alves-Marreiros*

E Julieta disse a Romeu: De que vale um nome, se o que chamamos rosa, sob outra designação teria igual perfume?

William Shakespeare

O Bardo falou de perfume, mas a coisa vale para aromas menos agradáveis, também.  Andei estudando Análise Comportamental do Direito e tenho até um livro em que  a uso bastante.  Ainda lembro das aulas do Prof. Júlio no Mestrado, explicando que a Consequência condicionada socialmente generalizada  do Direito é a sanção.  
E que para a sanção ser efetiva, ela tem que ser aversiva e consistentemente aplicada.  
Explicando melhor, tem que ser algo que desagrade o sancionadoque faça com que o que ele tem a perder seja mais que o que tem a ganhar –  e, usualmente, ser aplicada quando ocorrer a conduta que ser coibir.

E não é só disso que lembro.  Lembro também que estava ministrando uma palestra-debate num congresso com meus amigos Alexandre e Henrique e, de repente me surgiu uma questão: o que acontece se, em vez de ser consistentemente aplicada quase sempre que ocorre um determinado comportamento, ela só for aplicada a um determinado grupo.  Digamos, se num jogo de futebol só marcam faltas e pênaltis, inclusive inexistentes, contra um time e o outro pode tudo?  Bem, o que decorre disso é uma guerra assimétrica com grandes dificuldades de vitória para o lado prejudicado.  Não é para isso que são aplicadas as sanções: se bem que Stalin discordaria...

Por algum motivo, isso me fez lembrar do “politicamente correto” e do que sempre se fala dele, e com muita razão: “o politicamente correto não é sobre o que se fala, mas sobre QUEM fala”.  Militantes de certas ideologias possuem, em geral, salvo conduto para falar qualquer coisa tida como proibida sem sofrer as consequências que os que não seguem ideologias sofrem, até mesmo quando não dizem, mas “alguém” inventa que ele quis dizer isso ou aquilo, isto é, quando são atacados com a falácia do espantalho: aquela em que inventam que você disse o que não disse e batem nessa invenção... 

Com as tais “fake news”, parece que acontece a mesma coisa: uns podem inventar qualquer narrativa sem punição, enquanto outros são acusados de “ desinformação” até quando falam a verdade [Fato: luLadrão conseguiu proibir Bolsonaro de divulgar vídeo no qual luLadrão agrade a natureza por ter criado a covid-19. Ele conseguiu 'apagar' coisas que ele mesmo falou e foram gravadas em áudio e vídeo.
 
 
Curioso é que essa  modinha de falar em “fake news” tenha surgido justamente quando mais verdades começaram a aparecer nas redes.  Parece até que os alvos não são as fakes...  
Sei lá, talvez seja só a impressão delirante de “teórico terraplanista  e outros istas”, como vão me xingar.  Mas é só pra coibir mentiras, não é?! Bem, esta semana eu vi ser censu, digo, devidamente barrado (não quero que esta crônica o seja), um vídeo em que só usavam notícias e fatos verdadeiros mas chegavam a conclusões incômodas, digo, erradas, muito erradas!!! (não posso comprometer a Tribuna).  
Ficava claro que era mesmo um caso de desordem informacional, de que eu nunca ouvi falar, não sei do que se trata, mas quero afirmar que ocorreu, está correta  a decisão e só não a entendo por causa da minha ignorância e desordem: desordem porque ainda não recebi as ordens que me farão entender. 

Em todo caso: é melhor orar  pela Jovem Pan!

Caiam Mil ao teu lado

E dez mil à tua Direita

E Tu não serás atingido

E só com teus olhos contemplarás

E verás o castigo dos ímpios

Porque o Senhor é o teu refúgio

E do Altíssimo fizeste o teu abrigo

Salmo 90/91

*       Adriano Alves-Marreiros, que vai orar muito e não só pela Jovem Pan...

P.S.1:  Leiam o artigo do Morgenstern sobre “fake news” no livro “O Inquérito do fim do mundo” da Editora E.D.A.

P.S.2: Compre o livro de crônicas aqui: < https://editoraarmada.com.br/produto/2020-d-c-esquerdistas-culposos-e-outras-assombracoes-colecao-tribuna-diaria-vol-iii/ >

P.S.3:  Agora o livro 2020 D.C. Esquerdistas Culposos e outras assombrações tem uma trilha sonora com canções e músicas de filmes citados: < https://open.spotify.com/playlist/49FDRIqsJdf4oxjnM2cpc3?si=SSCu339_T5afOSWjMkk9wA&utm_source=whatsapp >

Crux Sacra Sit Mihi Lux / Non Draco Sit Mihi Dux 
Vade Retro Satana / Nunquam Suade Mihi Vana 
Sunt Mala Quae Libas / Ipse Venena Bibas

(Oração de São Bento cuja proteção eu suplico)

*     Publicado originalmente no site Tribuna Diária e enviado a Liberais e Conservadores pelo autor.


segunda-feira, 17 de outubro de 2022

A estrela do xerife - Gazeta do Povo

Guilherme Fiuza 


 

Era uma vez uma democracia graciosa e frágil como uma donzela inocente, bonitinha e ordinária como uma santa de Nelson Rodrigues. Ela vivia vagando por aí cheia de dúvidas e vulnerabilidades, muito instável e inconstante. Até que surgiu o xerife.

O xerife era um personagem decidido, resoluto, que não precisava de nada nem de ninguém para fazer acontecer e mover a roda da história com energia e impetuosidade. Ele então dirigiu-se à democracia, aquela donzela frágil e hesitante, e determinou: fica sentadinha ali no canto, sem dar alteração, que agora é comigo.

Foi maravilhoso. Toda aquela instabilidade decorrente da existência errática da mocinha débil foi corrigida e substituída pelos poderes resolutos do xerife.  
A confusão de opiniões díspares que poluíam o senso comum foi erradicada num instante. 
Instaurando o regime da lisura informacional, com tolerância zero para comentários impuros, insolentes e antidemocráticos, o homem da estrelinha prateada botou ordem na bagunça. 
Quem dissesse coisa errada perdia a língua - e ponto final. [cuidado Fiuza... não começa a dar ideia..]  Como ninguém tinha pensado nisso antes?

Talvez até tivessem pensado, mas ainda não tinha aparecido ninguém com a desenvoltura e a objetividade suficientes para acabar com as gracinhas no recinto. O xerife era o homem certo no lugar certo, porque não tinha problema de inibição. Nem de timidez. Nem de vergonha. Nem de juízo. Nem de semancol. Como diriam William Shakespeare e William Bonner, todo herói é meio sem noção.

Enquanto redigimos este texto, chega um pedido de direito de resposta de Shakespeare, que somos obrigados a acatar e passamos a transcrever: “Me tira dessa, companheiro. Não tenho nada com isso. Me erra. Ass: Will”.

Pronto, está feita a reparação em favor do dramaturgo inglês. Se chegar um pedido do Bonner e a Justiça do Xerife considerar procedente, acataremos da mesma forma, sem discussão. Tudo pela lisura informacional.

A salvação da democracia acabou levando também à salvação da imprensa. 
Os jornalistas andavam meio perdidos, sem saber direito o que panfletar e a quem bajular. 
O xerife preencheu essa lacuna. Era tudo falta de um comando firme. Daí em diante foi um show de liberdade de expressão. 
Confiante de que o xerife era a lei, a imprensa formou um consórcio para ratificar, legitimar e exaltar tudo o que ele fazia. 
Assim surgiu uma prodigiosa onda de manchetes triunfais sobre quebras de sigilo, arrombamentos, pés na porta, mordaças, intimidações, coações, atropelos e perseguições por um mundo melhor.
Políticos, empresários, banqueiros, médicos, advogados, juízes e demais categorias aderiram ao gigantesco bloco de legitimação dos poderes magníficos do xerife
É bem verdade que a sociedade ficou dividida, mas não havia polarização: metade era de cúmplices e a outra metade era de covardes. Como acontece em toda democracia absolutista, a cumplicidade e a covardia se complementam - e confluem para a harmonia do todo. 
Na hora da eleição, por exemplo, não houve espaço para desavenças e ondas de ódio. O xerife esclareceu de saída: vai ser o que eu quiser, como eu quiser.

Alívio geral. Covardes e cúmplices se abraçaram e foram felizes para sempre lambendo as botas do xerife.

Guilherme Fiuza, colunista - Gazeta do Povo - VOZES