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quarta-feira, 24 de março de 2021

OS “ESPECIALISTAS” - Alex Pipkin, PhD

Está muito difícil conviver com as “verdades” e as hipocrisias de especialistas - de coisa nenhuma.   Hoje, mais uma vez, fui premiado com a participação honrosa de uma moça, que embora minha amiga no Facebook, apareceu pela primeira vez para me coroar com seu lamento e sua ácida crítica e insulto, uma vez que sou contra o fechamento da economia.

Seus elogios estão ligados a minha indignidade e insensibilidade, qualificando-me de um homem sem coração. Ora, como eu ouso não me preocupar com as mortes pela Covid-19?!  Vi sua filiação ideológica, bingo, mas a minha verdade baseia-se na ciência e na singela compreensão das consequências do fechamento para a vida individual daqueles que mais precisam comer, trabalhar e terem renda.

Logo após, fui almoçar na minha mãe. Apavorada, na chegada, pediu-me para lavar as mãos e, não satisfeita, ordenou-me para embriagar-me com álcool gel. Na mesa disse: “Alex, estou esgotada. Ligo a TV e é só Covid e mortes e mais mortes. Não aguento mais”.  Já tinha sugerido desligar! Mas ela não desliga da “Gaúcha”. Sabem como é, né? 80 anos... Pois esses terroristas do medo e do terror não vão cessar de apavorar com suas estratégias interesseiras!

Agora, a afro-brasileira Maju Coutinho, apresentadora da Globo, demonstrando todo seu afeto, sua empatia e seu humanismo para com os brasileiros, disse em tom jocoso que o choro é livre”, ou seja, um “que se danem vocês” com as medidas restritivas.  Vou perder meu tempo para ver qual a especialidade desta moça Maju. Provavelmente deve ter cursado jornalismo, além de saber soletrar palavras expostas numa telinha. Por algumas tiradas da moça, já que é reincidente, deve ter lido e estudado “um montão”. [considerando o claro sentido do 'um mundão' a conclusão é óbvia. A jornalista tem dificuldades na citação de quantidades- chuta quatrocentos mil no mesmo pacote de dose; é parcial - já incitou ações racistas dando notícias; posa de comentarista, esquecendo que comentar ao vivo é meio complicado.
Tem uma outra, presidente  de uma associação de alguma coisa - esquecemos o nome -  e se empolga tanto com a oportunidade que a TV Funerária lhe concede:  prever hoje o que aconteceu ontem - que chega a ficar esganiçada.
Quando ela e a jornalista que apresenta o jornal da TV Globo, no inicio da tarde, se encontram,o clima fica sinistro, fúnebre - o 'aroma' de cadáveres, impregna o ambiente]

Mas o choro tem corrido mesmo livre entre as famílias mais pobres, especialmente, que são aqueles que trabalham de dia para garantir a boia da noite. Sério, não aguento mais o terror e a hipocrisia gerada por esses “especialistas” da burrice e da intransigência, de “progressistas” apologistas do caos, com seus gritos de ordem de “fiquem em casa”, evidente que com seus salários do Estado pagos por nós, ou da elite culpada das geladeiras cheias.

Todo santo dia é uma avalanche de más notícias; qual a contribuição disto?
A verdade, é que a verdade, não as meras opiniões
, que vai de encontro as falácias desses “especialistas”, tem sido sempre utilizada como nova arma para atacar a genuína verdade. Esses moços e moças televisivas, arrumadinhas e penteadas, não sabem que o trabalho é “para o homem”, e tanto é essencial como faz parte da dignidade humana.  Porém, mais importante ainda neste momento, é a sua questão objetiva, ou seja, o homem precisa trabalhar para sobreviver!

Portanto, Sra. Maju, é vital estancar o choro, compreendendo que qualquer trabalho para um indivíduo é ESSENCIAL PARA A SUA PRÓPRIA VIDA. Preocupo-me também - e cientificamente - com as vidas econômicas humanas. [bom a Sra. lembrar que conseguiu seu emprego, ao aproveitar uma situação excepcional.
PARABÉNS; mas, sua habilidade não se estendeu ao jornalismo,nem a dotou da competência um Sérgio Chapellin, um Cid Moreira, a Lillian Witte Fibe e outros expoentes que brilharam no passado daquela emissora.]
 

sexta-feira, 5 de abril de 2019

O Supremo e o sacrifício de animais

O antropocentrismo vai, aos poucos, enfraquecendo, apesar do mundo institucional

O Supremo Tribunal decidiu que o sacrifício de animais em cultos religiosos afro-brasileiros é constitucional. Foi por unanimidade. E isso me decepcionou um pouco. Esperava uma corrente mais crítica ao antropocentrismo e sensível à dor dos animais. Esses ventos ainda não sopram na Justiça brasileira. Mas já chegaram aqui da Argentina. Foi o caso de um habeas corpus concedido à chimpanzé Cecília, que visitei no Santuário dos Grandes Primatas, em Sorocaba. Cecília vivia triste e maltratada num zoo, mas ao chegar ao Brasil recuperou a alegria e até acasalou. Fiz um documentário sobre sua sorte.

Na mesma época entrevistei o escritor Peter Singer, autor do livro Libertação Animal, lançado em 1975, um texto inspirador do movimento moderno de defesa dos bichos. Singer estava exultante com a libertação de Cecília. Ele via ali os primeiros lampejos da aceitação de sua tese sobre os direitos dos animais. Na vida cotidiana sabemos que essa é uma bandeira de minorias. E como tal precisa ser tratada com habilidade para atravessar a bandeira de ironia que se ergue diante dela.

Foi assim, por exemplo, que vi em Santa Catarina o movimento que criticava a Farra do Boi. É uma festa popular, tradicional na costa catarinense, onde para, os pescadores, o boi aparece como um invasor. A ideia na época não era acabar com a Farra do Boi, mas, na medida do possível, ajudar a transitá-la do boi real para um boi figurado, como, por exemplo, no Bumba meu Boi. Creio que haveria uma possibilidade de argumentar com adeptos dos rituais de origem africana. Será que o sacrifício de animais é essencial para sua existência? Assim, como um leigo, posso afirmar que um dos mais belos rituais religiosos, envolvendo milhões de pessoas, são as oferendas a Iemanjá. Flores, quase todas flores. Na Baixada Fluminense documentei inúmeros trabalhos religiosos, nem todos usavam animais e, quando usavam, eram apenas uma parte das oferendas.

Creio que na própria religião afro-brasileira estão contidos os elementos que poderiam facilitar uma transição do corpo animal para o símbolo. Uma transição que a cultura popular brasileira, com suas representações do boi, já realizou. Falei com um jovem político sobre o tema. Ele me respondeu: “Se me preocupar com isso, vou denunciar o peru de Natal”. Mas o peru de Natal é diferente. Ele é comido. Sempre afirmei que a proteína animal ainda é a maneira de alimentar tantas bocas no mundo. Mais ainda, para desalento dos vegetarianos, considero que o crescimento da humanidade, que nos levará aos 9 bilhões de pessoas em 2050, dificilmente dispensará a proteína animal. Mas o fato de comermos peru no Natal e sabermos que milhares morrem diariamente não justifica arrancar o pescoço de uma ave numa celebração mística.

A votação do Supremo lembrou-me de uma coisa: adianta apenas proibir? A experiência com a Farra do Boi, levei muitas pancadas por causa disso, é diálogo e compreensão. Mais que uma decisão da Corte, o ideal é uma transição em que o debate cultural realize o trabalho de suprimir maus-tratos aos animais. Essa discussão no Supremo foi apenas um momento. Animais morrem inutilmente em grande escala no Brasil. E a causa, de certa forma, é o progresso material. Tenho documentando a mortandade dos jegues no Nordeste. Estão sendo substituídos pelas motocicletas. Morrem atropelados, abandonados pelos donos na margem das estradas.

Em alguns lugares, como em Apodi (RN), os jumentos foram recolhidos. Um promotor propôs que as pessoas passassem a comer carne de jegue. Ofereceu um churrasco. Sua proposta não vingou. Alguns empresários ainda esperam vender carne de jegue para a China. Na verdade, uma extinção gradual vai tirando os jegues do cenário nordestino. Isso valeria uma política pública. Assim como o sacrifício de animais em cultos religiosos merecia um debate mais amplo. Felizmente, nada vai deter o trabalho que se faz no Brasil. O próprio Santuário de Primatas em Sorocaba é um exemplo internacional. Em Três Rios há uma pousada que recebe bichos resgatados. A dona adotou uma jaguatirica que cruzou com uma gata e deu um belo gato mestiço. Na Serra da Mantiqueira, os chiqueiros estão cheios de filhos de javalis que cruzam com as porcas de madrugada. O que fazer com os javalis devastadores?

É todo um mundo girando. Levá-lo em conta ainda é muito difícil numa cultura em que o ser humana é o centro de tudo. Mas, apesar de decisões como a do Supremo, é possível dizer que está melhorando. Além disso, as crianças vêm aí e não são as mesmas do passado. São Paulo já tem um hospital gratuito para animais. Em dezenas de lojas e restaurantes é possível ver tigelas de água para os animais de rua. Quando implodiram o presídio da Ilha Grande muitos cachorros fugiram para o mato. Hoje a ilha é cheia deles. Alguns estrangeiros às vezes retardam sua passagem pelo País apenas para adotar um cachorro da ilha.

O antropocentrismo aos poucos vai enfraquecendo, apesar do mundo institucional. Lembro-me das difíceis discussões no Congresso sobre experiências científicas com animais. Algumas envolvem a salvação de vidas humanas. No entanto, foi possível um nível de acordo. Acredito que hoje já exista uma tendência à simulação, fórmulas de cada vez eficazes para poupar os animais. É uma escolha que transcende a polaridade esquerda-direita: um tipo de civilização está em jogo. Isso escapa ao próprio governo, preocupado, corretamente com a morte de 60 mil brasileiros por ano, mas totalmente perdido nas suas dúvidas sobre aquecimento global, nas suas estúpidas certezas como dizer que o nazismo foi um movimento de esquerda. Invadiu a União Soviética por engano? Milhões de mortes foram resultado de fogo amigo?

Animais racionais têm cada ideia.
 
Fernando Gabeira - O Estado de S. Paulo