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quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

OBSCURANTISMO NO PODER -Criacionista na Capes reforça marcha do Brasil para o atraso - O Globo

O novo presidente da Capes, Benedito Guimarães Aguiar Neto


Evangélico, o professor Benedito se diz adepto da teoria do design inteligente. Trata-se de uma roupagem contemporânea da crença de que Eva foi criada a partir da costela de Adão. “Não vejo problema em discutir essas ideias em aulas de religião ou filosofia. O que não faz sentido é misturar uma crença religiosa com o ensino de ciências”, afirma Sandro de Souza, professor do Instituto do Cérebro da UFRN. “Temos que respeitar a fé, mas não podemos aceitar a negação da ciência. Isso é quase tão absurdo quanto acreditar que a Terra é plana”, acrescenta o biólogo, que tem doutorado na USP e pós-doutorado em Harvard. [quanto a afirmar ser a Terra  plana,  é fácil provar que tal afirmação não corresponde a realidade.
Assim, se algum dos ateus anti criacionistas tiver condições de provar o que originou a origem do BIG BANG, teremos prazer em mudar de pensamento.
O que significa dizer que ainda que vivamos mais um século, o  atual pensamento continuará.]

A cruzada pelo criacionismo une políticos brasileiros de diversas tendências. Nos anos 2000, foi liderada pelo casal Garotinho. A governadora Rosinha chegou a autorizar o ensino da crença nas escolas estaduais do Rio de Janeiro. A bandeira também foi empunhada por Marina Silva, para desgosto de cientistas que apoiam sua luta pela Amazônia. Agora a porta-voz é a ministra Damares Alves. Antes de aterrissar na Esplanada, a pastora disse que “chegou o momento” de as igrejas evangélicas governarem o país.  O criacionismo faz parte do manual da alt-right, a direita amalucada que ascendeu com a eleição de Donald Trump. “É um movimento político. Os brasileiros usam os mesmos argumentos dos americanos, só que traduzidos para o português”, diz Sérgio de Souza.

O biólogo considera “lamentável” que um adepto da crença chegue ao comando da Capes. “É muito preocupante. Temos que ficar atentos para que as opiniões pessoais dele não influenciem a formação dos professores”, diz. O surto obscurantista não é o único fantasma a assombrar a Capes. O presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu Moreira, lembra que a fundação passa por um grave aperto financeiro. Seu orçamento despencou de R$ 4,2 bilhões em 2019 para R$ 3 bilhões em 2020.
“No ano passado, o sistema científico perdeu mais de 12 mil bolsas. A área econômica do governo parece não perceber a importância da pesquisa para o desenvolvimento do país”, diz o professor do Instituto de Física da UFRJ. “Estamos vivendo um momento crítico, com milhares de jovens indo embora do Brasil”, alerta.
A SBPC tem se desdobrado para enfrentar os múltiplos retrocessos que vêm de Brasília. Na quinta-feira, a entidade pediu ao ministro Abraham Weintraub que revogue uma portaria editada no último dia do ano. Sem alarde, a medida limitou a participação de pesquisadores e professores brasileiros em congressos científicos fora do país. “É mais uma ameaça à autonomia das universidades”, protesta Moreira.

Bernardo Mello Franco, colunista - O Globo



 

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Entenda: quem são os supremacistas brancos nos Estados Unidos?

Saiba o que querem os diferentes segmentos da direita radical americana

A cidade de Charlottesville, no estado da Virgínia nos Estados Unidos, foi o epicentro de um protesto da extrema direita americana organizado por grupos de ideologia supremacista branca no fim de semana. Homens carregando bandeiras dos Estados Confederados da América, que representa os estados sulistas nos EUA na época da Guerra Civil, caminharam lado a lado com simpatizantes neonazistas e da Ku Klux Klan contra a retirada de uma estátua do general Robert E. Lee, herói de movimentos escravocratas, de um parque da cidade. 


 Supremacistas brancos carregam tochas na Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos, em protesto contra a remoção de uma estátua em homenagem a escravocrata americano - STRINGER / ALEJANDRO ALVAREZ/NEWS2SHARE

O evento foi nomeado pelos participantes de “Unir a direita”, como uma tentativa de reunir conservadores radicais contra o avanço de ideais progressistas. As manifestações foram tomadas por violência, e o governador do estado, Terry McAuliffe, declarou estado de emergência. Mas quem são os nacionalistas brancos e o que querem?

O QUE É NACIONALISMO BRANCO?
O termo surgiu como um eufemismo para supremacia branca: a crença de que pessoas brancas são superior a outras etnias e, portanto, deveriam dominar a sociedade, segundo Oren Segal, diretor da Centro sobre Extremismo da Liga Antidifamação. Os apoiadores da ideia também atuam sob outros nomes, como “alt-right” (direita alternativa), identitários e realistas raciais — as nominações são apenas “um novo nome para esse velho ódio”, afirma.

Richard Spencer, presidente do Instituto de Política Nacional, é conhecido por conceber o termo “alt-right”.  — Não uso o termo nacionalista branco para me descrever — esclarece. — Gosto do termo “alt-right”. Há uma abertura a isso, e é imediatamente compreensível. Viemos de uma nova perspectiva.

Outros grupos supremacistas brancos incluem a Ku Klux Klan e neonazistas. Mas a maioria dos supremacistas não são afiliados a grupos organizados, indica Segal. Alguns evitam se distanciar de associações reconhecidas como grupos de ódio, como a KKK. Segundo o especialista, isso dificulta o rastreamento desses indivíduos e indica uma tendência a flexibilidade desses grupos extremistas.

Apesar das diferenças, o objetivo é o mesmo: construir um Estado branco onde haja separação étnica, já que, para eles, a diversidade é uma ameaça. Especialistas destacam a vitimização como elemento-chave dos movimentos supremacistas: — Há uma sensação de que os brancos estão sob cerco e sendo deliberadamente despojados por elites hostis que esperam guiar uma nova ordem multicultural — indica George Hawley, cientista político da Universidade de Alabama.



QUE IDEAIS DEFENDEM?
Segundo Heidi Beirich, diretora do Projeto de Inteligência do Southern Poverty Law Center, que monitora grupos de ódio e extremistas, supremacistas brancos defendem genocídio e limpeza étnica sob um sistema de governo tirânico. Para ela, a visão de futuro desses indivíduos para os Estados Unidos se parece com o que o país era por volta de 1600, ou até antes.  — Todos os direitos civis para não-brancos seriam removidos — indica a especialista em entrevista à CNN. — Todo poder político estaria nas mãos de pessoas brancas, em particular homens brancos porque esse movimento é extremamente masculino e, muitos diriam que é um movimento toxicamente masculino. Eles têm visões bem retrógradas sobre o que as mulheres devem fazer.

Segundo especialistas, a possibilidade de uma sociedade assim realmente se desenvolver é extremamente remota:  — Uma liderança política real está tão longe da realidade que não se encontra muito na maneira como documentos de políticas da “alt-right” detalham instruções sobre diferentes agências governamentais — avalia Hawley.

QUE TIPO DE AMEAÇA REPRESENTAM?
Como muitos não se afiliam a grupos organizados, é difícil mensurar a dimensão da ameaça que os supremacistas representam. A direita alternativa, por exemplo, não tem organização formal, e muitos atuam de maneira anônima e virtual, segundo Hawley. Já Segal indica que o movimento parece crescer, com mais adesões ao engajamento na internet que resultam na promoção de eventos como a marcha em Charlottesville. De acordo com Beirich, há mais de 900 grupos de ódio nos Estados Unidos, ante 600 em 2000.  Eles querem ganhar vantagem no atual clima político, que sentem que é sem precedentes para dar boas vindas a suas visões de mundo — indica Segal. — O resultado da marcha de Charlottesville e outros eventos este ano vão dar uma ideia clara do quão bem recebidas essas visões são, e vão, sem dúvida, ajudar a moldar os planos para os próximos meses.


Ele afirma que extremistas de todos os tipos são sempre uma ameaça, “mas quando qualquer grupo extremista se sente encorajado, isso é um sério motivo para preocupação. Muitos dos participantes do 'Unir a direita' se sentem representados pelos comentários controversos do presidente americano Donald Trump sobre imigrantes, muçulmanos e mexicanos. Os supremacistas se sentem validados e de que podem fazer parte do sistema político."


 



— A história das últimas décadas de supremacia branca no país é de que eles viam tanto republicanos como democratas como uma perda de tempo. Em outras palavras, a política era um fim morto para eles. Mas tudo mudou com Trump — afirma Beirich.  O presidente fez comentários sobre a violência em Virgínia que foram alvos de críticas, pois ele não condenou especificamente os ataques supremacistas:  “Nós condenamos nos termos mais fortes possíveis essa escandalosa demonstração de ódio, intolerância e violência de muitos lados, muitos lados” disse o presidente no sábado.


Fonte: O Globo



Cruz de fogo. Símbolo do terror do Clã - Arquivo

Internautas se mobilizam para expor supremacistas em marcha dos EUA

Perfil no Twitter promove campanha para tirar racistas do anonimato

Internautas se mobilizaram em identificar racistas e expor suas identidades nas redes sociais. Os alvos eram os supremacistas brancos, cuja marcha em Charlottesville detonou a maior onda de violência racial no governo Donald Trump. A ideia é tirar do anonimato os intolerantes que marcharam com bandeiras de intolerância neste fim de semana. 
 Um perfil no Twitter, nomeado de "Yes, You're Racist" (Sim, Você é Racista), se dedica desde 2012 a apontar mensagens de intolerância — desta vez, mirou nos defensores da extrema-direita que tentavam esconder suas posições extremistas em meio à multidão.

Um dos homens que carregava uma tocha na manifestação da "alt-right" (a direita alternativa americana), Cole White perdeu o emprego em um restaurante depois de ser flagrado e exposto nas redes sociais. Após internautas colocarem a foto dele e o identificarem no perfil do Twitter, o estabelecimento pendurou uma placa à porta na qual condenava as visões supremacistas do ex-funcionário.

A iniciativa tomou força depois que um motorista atropelou uma multidão que protestava contra a marcha supremacista. James Fields, de 20 anos, foi preso por matar uma consultora jurídica e ferir outras 19 pessoas na ocasião.  "Se você reconhece algum desses nazistas marchando em Charlottesville, me mande os perfis e os nomes e vamos fazê-los ficarem famosos", anunciou o perfil, que passou a compartilhar contribuições de outros usuários e destacar nomes e Facebook dos homens fotografados na marcha. [nos Estados Unidos vigora em toda a plenitude o direito de expressão, assim, a medida proposta pelos internautas em constranger os supremacistas não surtirá efeito.
Surte algum efeito no Brasil, por ser o único País em que defender, elogiar, promover o comunismo - regime que matou mais de 100.000.000 de pessoas - é considerado politicamente correto.]

Fonte: O Globo