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domingo, 11 de setembro de 2022

Eleição sem povo - O Estado de S. Paulo

 J. R. Guzzo

A ira contra o que aconteceu no dia 7 diz muito sobre o que a esquerda acha do povo brasileiro

 A comemoração dos 200 anos de independência do Brasil no dia 7 de setembro, para dizer as coisas como elas são, foi um gigantesco comício nacional em favor da candidatura do presidente Jair Bolsonaro à reeleição as maiores demonstrações de massa que o Brasil já teve desde o 7 de Setembro de 2021, quando multidões equivalentes já tinham ido para a rua com o mesmo propósito. 

Não houve, desta vez, as tentativas de usar fantasias sobre a quantidade de pessoas presentes para anular as realidades visíveis a olho nu. 
As fotos e os vídeos, feitos de todos os ângulos e perspectivas, substituíram as “análises políticas” sobre o que as pessoas estavam vendo – ficaram presentes, apenas, as imagens e o fato indiscutível de que a praça transbordou no dia 7 de setembro.  
Foi muita coisa. Em poucos lugares no mundo, na verdade, pode acontecer algo parecido hoje em dia.
 
A tempestade enfurecida de rancor, de despeito e de ressentimento que as manifestações despertaram junto ao ex-presidente Lula, à sua campanha e à esquerda em geral é o certificado mais instrutivo sobre a vitória que a candidatura de Bolsonaro teve no 7 de Setembro.  
Não deu para dizer que o público não foi para a rua. O público foi acusado, então, de ir para a rua. 
“Deprimente”, “dia triste para o Brasil”, “motivo para chorar”, “retrocesso político”, “ato contra a democracia”, “reunião da Ku Klux Klan”, segundo disse Lula [atualizando: o descondenado petista, por ignorância, pronuncia "cuscuz can".] – e por aí se vai, numa condenação explícita à liberdade das pessoas em manifestar sua opinião, apoiar o seu candidato e fazer as suas escolhas políticas. 
Mas não deveria ser exatamente assim, numa democracia de verdade? Qual é essa tragédia toda que estão vendo no fato de mais de 1 milhão de pessoas, possivelmente, ter participado de manifestações de massa em todo o País sem violência, sem incidentes, sem provocar um único BO policial? 
A ira contra o que aconteceu no dia 7 de setembro – essa, sim, é trágica. Ela diz muito, ou diz tudo, sobre o que a esquerda nacional realmente acha do povo brasileiro
- uma massa de gente desqualificada e sem vontade própria, que não se comporta como prescrevem os analistas políticos, totalitária e incapaz devotar corretamente numa eleição para presidente da República.
 
Por que a esquerda, em vez de ficar odiando a multidão que foi à rua para dizer que quer votar em Bolsonaro, não faz uma manifestação igual? 
Esta é a questão que continua sem resposta
Estão querendo uma eleição sem povo – só com os ministros Moraes, Barroso e Fachin, advogados com influência no TSE, briguinhas no horário eleitoral e mais do mesmo
O 7 de Setembro veio para atrapalhar.
 
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo

domingo, 24 de abril de 2022

Mais inimigos - O Supremo Tribunal Federal, na verdade, está colhendo a tempestade que semeou - O Estado de S. Paulo

J.R. Guzzo

[quem procura acha;e,nem sempre encontra o que buscava ou esperava.]

O choque, esperado há muito tempo, enfim aconteceu. De um lado está o STF, que, com a condenação do deputado Daniel Silveira, tinha acabado de introduzir no Brasil um novo sistema de punição penal – o linchamento. Não há o capuz dos carrascos da Ku Klux Klan, por exemplo, e a pena não é a forca num galho de árvore;  
no Brasil de hoje, o vestuário é a toga preta e o castigo é a prisão fechada por períodos de quase nove anos – tempo sem nenhuma relação coerente com o fato punido, e só aplicado, em geral, para os piores criminosos. 
 
O crime, agora, não é ser negro. É ser de direita e entrar na lista de inimigos de um tribunal que rompeu com o cumprimento das leis, passou a violar abertamente a Constituição Federal e instalou uma ditadura judiciária no Brasil. 
Do outro lado está o presidente Jair Bolsonaroque, após três anos e meio de guerra aberta com o STF, anulou os efeitos da condenação com um decreto de perdão em favor do deputado e desafiou os ministros para uma prova direta de força. Foi um “basta”. 
 
A reação do presidente foi a principal demonstração, até agora, de que há mais de um jogador nesse jogo até agora só o STF estava em campo. E como fica daqui para a frente? 
Fica que os dois Poderes continuam mais inimigos do que eram antes.  
A possibilidade de consenso, quanto ao perdão, é zero. Bolsonaro, pela lei, tem o direito de dar a “graça” que deu; não precisa, legalmente, apresentar justificativas para a sua decisão. Mas os seus adversários, aí, acham que a lei “não se aplica”; a discussão não vai fechar nunca. De qualquer jeito, complicou para o STF.  
O ministro Alexandre de Moraes, num perdão dado pelo presidente Michel Temer em 2018 para condenados da Lava Jato, disse que o indulto, individual ou coletivo, é legítimo; pode-se gostar ou não, afirmou, mas a decisão tem de ser cumprida. Fica difícil, agora, dizer o contrário – a menos que o STF queira romper de vez com o estado de direito. 
 
O STF, na verdade, está colhendo a tempestade que semeou. A condenação do deputado, por ofensas verbais feitas ao STF e aos seus ministros, foi a pior agressão cometida contra as leis brasileiras desde a imposição do Ato Institucional número 5 – pelo qual as Forças Armadas proibiram a Justiça de julgar quaisquer ações do Poder Executivo. 
Não há, em todo o processo, nada que seja legal; sua conclusão, com um castigo que lembra a punição-padrão da Rússia de Stalin – dez anos no campo de concentração –, é uma violência que nem o AI-5 chegou a cometer. O caso começou errado, dentro da aberração geral que transformou o STF num centro de militância política. Tinha de acabar errado.
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo

domingo, 20 de agosto de 2017

Charlottesville: Stalin ganha mais uma

 (Existe, na verdade, apenas um único partido político com alguma significância nos Estados Unidos… Os republicanos e os democratas são, na realidade, dois ramos do mesmo partido [secreto].)

There is really one only political party of any significance in the United States… the Republicans and Democrats are in fact two branches of the same (secret) party.
Arthur C. Miller
The Secret Constitution and the Need for Constitutional Change, 1987

 O ministro alemão das Relações Exteriores, Joachim Von Ribbentrop (à esquerda.), o líder soviético Joseph Stalin (no meio, rindo) e seu ministro das Relações Exteriores, Vyacheslav Molotov (à direita, no canto), assinam o pacto no Kremlin em 23 de agosto de 1939.

As ocorrências em Charlottesville, Virginia, tem raízes mais profundas e antigas do que as interpretações apressadas podem alcançar. Essas últimas se baseiam apenas nas aparências que nada mais são do que cortina de fumaça de desinformação. Ao assistir, quase ao vivo, as manifestações, deu-me uma sensação dupla: de deja vu e de uma mise en scène, algo preparado e ensaiado. Vejamos:
  1. um grupo da organização Antifa pedira a remoção de uma estátua do General Robert Lee, Comandante do Exército Confederado;
  2. outro grupo de neo-nazistas e integrantes da KKK pedira autorização para uma manifestação em defesa da permanência da estátua;
  3. o prefeito primeiro autoriza, depois desautoriza, volta atrás e como que magicamente surge o outro grupo, a polícia se retira, contrariando todos o cânones de controle de distúrbios;
  4. fecha o tempo, inclusive com um carro providencial que criou o que todos esperavam: uma vítima;
  5. o Presidente Trump condena os dois lados do conflito e desencadeia uma tempestade universal de protestos acusando-o de “defender a direita radical, por igualar moralmente os nazistas aos que protestam contra eles”. Trump cai na armadilha, meio que volta atrás e depois reafirma o que dissera. David Duke, com intenção óbvia de por lenha na fogueira, elogia a atitude de Trump.
Ora, há muito já se sabe que estes grupos agem de comum acordo, só enganando quem acredita ainda na oposição entre esquerdistas e direitistas. Alguém que se considere analista político e ainda acredita nisto só pode ser um idiota disfarçado de imbecil! O Partido secreto referido por Miller, o deep state, jamais esteve tão evidente como desde a vitória totalmente inesperada de Donald Trump. Obama foi durante oito anos o representante do deep state e Hillary seria sua natural seguidora. Trump foi um golpe nos planos tão duramente elaborados.
Para entender como se chegou a esse ponto é preciso retroceder ao fim da I Guerra Mundial.

A aliança teuto-soviética, o Pacto Molotov- Ribbentrop e o destino da Europa ([1])
No final da guerra Lloyd George já antevia: “O maior perigo do momento consiste no fato da Alemanha unir seu destino com os Bolcheviques e colocar todos os seus recursos materiais e intelectuais, todo o seu talento organizacional, ao serviço de fanáticos revolucionários cujo sonho é a conquista do mundo pela força das armas. Esta ameaça não é apenas uma fantasia”. 

Realmente, já em 1919, os dois países – chamados “párias de Versalhes” – iniciaram diálogos secretos de uma aliança para tornar letra morta o Tratado de Versalhes com vistas ao reerguimento da Alemanha e, simultaneamente, a reconstrução do Exército russo, levando em maio de 1933 – portanto já em pleno regime nazista – o General Mikhail Nicolayevitch Tukhachevsky, vice-comissário e Chefe do Estado-Maior do Exército Vermelho, a afirmar: “(…) vocês e nós, Alemanha e URSS, podemos ditar nossos termos ao mundo todo se permanecermos juntos”.

Era a época em que comunistas e nazistas se esmeravam em destruir todas as manifestações uns dos outros (Antifa x Neo-Nazis?), porém, juntos, rebentavam as manifestações de outros partidos, principalmente no maior inimigo de ambos, o Partido Socialista Alemão.

Muito antes do início da Segunda Guerra Mundial, Stalin genialmente elaborou o plano de fazer de Hitler a ponta de lança da contra as democracias ocidentais, culminando no Pacto Molotov-Ribbentrop de agosto de 1939. Antes disto, nos conhecidos “processos de Moscou”, eliminou Tukhachevsky e todos os demais que estabeleceram a cooperação anterior, para manter o segredo.

Ribbentrop e Stalin dão risadas juntos, enquanto Molotov assina o pacto macabro.
 
 MATÉRIA COMPLETA, em Mídia Sem Máscara, clicando aqui

Por: Heitor de Paula



O mundo somos nós

Qualquer pessoa pode fazer diferença. Podemos melhorar o que nos cerca. O prédio. A cidade. O país 

Quando decidi ser jornalista, nos anos 1970, me perguntaram se eu queria mudar o mundo. Respondi que não tinha essa ambição. Queria conhecer o mundo, a trabalho. Escolhi o jornalismo internacional, para depois voltar a meu Rio de Janeiro. Hoje, penso que, nos meus 19 anos, havia uma sabedoria inocente na resposta. Para mudar algo, é preciso conhecer. Entender. Perguntar, mais que responder.

>> Mais colunas de Ruth de Aquino

Quando o jornalista revela uma injustiça, um malfeito – ou, na outra ponta, joga luz num bom exemplo e conhecimento num fato histórico –, ele espera que a sociedade reaja. E a sociedade somos todos nós. Por pressão nossa, todos juntos, a criação do Fundo da Vergonha de R$ 3,6 bilhões para as campanhas eleitorais de 2018 balança e naufraga. O mesmo aconteceu com o aumento indecente de 16,7% para procuradores e juízes.
Nada disso resolve a crise moral e fiscal do Brasil. Mas ajuda saber que a pressão pode mudar rumos. O juiz de Mato Grosso que recebeu no contracheque meio milhão de reais, entre salários e benefícios, pode ser um personagem em extinção no país. A imprensa o mostrou. O juiz Mirko Giannotte disse: “Não estou nem aí”. É justo, dentro da lei. Pessoal, nós precisamos mudar muitas leis para o Brasil reduzir o abismo social e enfraquecer o regime de castas. Vamos fazer mais pressão.

Esta edição de ÉPOCA, o número 1.000, é dedicada a reportagens que ajudaram de alguma forma a mudar o mundo para melhor. Não é fácil. Hoje, quando todas as tragédias chegam ao vivo a nossos celulares 24 horas por dia, sem filtro ou análise prévia, as redes sociais incham de indignação, impotência e também de intolerância. São os terroristas islâmicos que matam turistas com uma van nas Ramblas, em Barcelona, ou os neonazistas armados que atropelam judeu, negro ou branco antirracista em Charlottesville, nos Estados Unidos. Tudo numa semana só.

No Rio de Janeiro, além dos arrastões nas vias expressas, vemos uma explosão de moradores de rua e favelas sitiadas por tiroteios e pelo tráfico pesadamente armado. Em São Paulo, vemos as cracolândias e as comunidades fixas de sem-teto sob viadutos, num estado que sofre um roubo a cada 30 segundos, muitos deles seguidos de morte.  Como mudar tudo? Como, se Brasília é uma ilha da fantasia em que a nutricionista e a roupeira da primeira-dama, Marcela Temer, desfrutam apartamentos funcionais e privilégios? A imprensa denuncia. E sua pressão pode influenciar sim .[a nutricionista e a roupeira da primeira-dama, são funcionárias públicas (ainda que não sejam concursadas e sim comissionadas - a lei permite que alguns funcionários sejam contratados na condição de comissionados, portanto, demissíveis, 'ad nutum' ), mas, enquanto não são demitidos são funcionários públicos e desde que atendam requisitos fixados em leis tem o direito de ocupar imóvel funcional.
O fato das duas exercerem suas funções na assessoria da primeira-dama não as torna funcionárias de segunda classe e uma delas atendeu aos requisitos e recebeu o imóvel funcional.
A outra, salvo engano, não atendeu os requisitos e não foi beneficiada.
Trabalhar na assessoria pessoal do presidente da República não é motivo para o funcionário ser punido.]
O mundo não é amistoso ou pacífico. Nunca foi. Ditaduras, guerras e genocídios sempre existiram. Hoje, vemos o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, complacente com movimentos racistas como a Ku Klux Klan. Vemos o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, ameaçando o mundo com um ataque nuclear. Testemunhamos o êxodo forçado dos sírios, com crianças órfãs, feridas, mutiladas ou mortas pela guerra insana de ditadores. Vemos as mortes e prisões na Venezuela de Nicolás Maduro, a fuga em massa para escapar da miséria e de mais de 700% de inflação. 


Vemos mulheres mortas por ser mulheres. Homossexuais mortos por ser homossexuais. Vemos a ganância que destrói o meio ambiente e torna nosso ar irrespirável – e, pior, continua impune, como os criminosos que mataram um rio e uma cidade em Minas Gerais. Vemos o uso da fé para extorquir e para alimentar projetos de poder político.  Tudo isso exige de nós um esforço sobre-humano para resistir e melhorar o entorno. Vimos o jovem médico brasileiro que voltou às Ramblas após o atentado, para socorrer os feridos. A van branca vinha em sua direção e a gritaria o empurrou para se abrigar numa cafeteria. Ele não fez mais que sua obrigação de médico ao voltar? Bernard Campos, de 26 anos, seguiu sua consciência. Levou uma asiática de 30 anos para o hospital porque as ambulâncias demoravam. Fez das mãos dele um colar cervical e pediu soro. “Vou ter de esquecer isso”, disse. Não esqueça que você contribuiu para um mundo melhor, Bernard. 

Qualquer pessoa pode fazer diferença. Não é preciso ser jornalista ou exercer um cargo influente. Se não mudarmos por dentro, nada mudará por fora. A atitude individual conta. A comunitária também. Podemos melhorar o que nos cerca. Primeiro, a família e nossa casa. A relação com os amigos próximos. Os vizinhos. Os colegas de trabalho. O prédio. A rua. O bairro. A cidade. O estado. O país.  Podemos mudar a forma de encarar o mundo. E a forma de agir. Escuto que somos a média das cinco pessoas com quem mais convivemos. São pessimistas, resignadas ou inconformistas? Podemos cultivar as semelhanças, em vez das diferenças. Podemos ter uma causa, uma paixão, podemos ser indignados otimistas. Parabéns aos jornalistas que fazem sua parte. E a você, que faz sua parte como cidadão.

Fonte: Revista Época - Ruth de Aquino

 

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Entenda: quem são os supremacistas brancos nos Estados Unidos?

Saiba o que querem os diferentes segmentos da direita radical americana

A cidade de Charlottesville, no estado da Virgínia nos Estados Unidos, foi o epicentro de um protesto da extrema direita americana organizado por grupos de ideologia supremacista branca no fim de semana. Homens carregando bandeiras dos Estados Confederados da América, que representa os estados sulistas nos EUA na época da Guerra Civil, caminharam lado a lado com simpatizantes neonazistas e da Ku Klux Klan contra a retirada de uma estátua do general Robert E. Lee, herói de movimentos escravocratas, de um parque da cidade. 


 Supremacistas brancos carregam tochas na Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos, em protesto contra a remoção de uma estátua em homenagem a escravocrata americano - STRINGER / ALEJANDRO ALVAREZ/NEWS2SHARE

O evento foi nomeado pelos participantes de “Unir a direita”, como uma tentativa de reunir conservadores radicais contra o avanço de ideais progressistas. As manifestações foram tomadas por violência, e o governador do estado, Terry McAuliffe, declarou estado de emergência. Mas quem são os nacionalistas brancos e o que querem?

O QUE É NACIONALISMO BRANCO?
O termo surgiu como um eufemismo para supremacia branca: a crença de que pessoas brancas são superior a outras etnias e, portanto, deveriam dominar a sociedade, segundo Oren Segal, diretor da Centro sobre Extremismo da Liga Antidifamação. Os apoiadores da ideia também atuam sob outros nomes, como “alt-right” (direita alternativa), identitários e realistas raciais — as nominações são apenas “um novo nome para esse velho ódio”, afirma.

Richard Spencer, presidente do Instituto de Política Nacional, é conhecido por conceber o termo “alt-right”.  — Não uso o termo nacionalista branco para me descrever — esclarece. — Gosto do termo “alt-right”. Há uma abertura a isso, e é imediatamente compreensível. Viemos de uma nova perspectiva.

Outros grupos supremacistas brancos incluem a Ku Klux Klan e neonazistas. Mas a maioria dos supremacistas não são afiliados a grupos organizados, indica Segal. Alguns evitam se distanciar de associações reconhecidas como grupos de ódio, como a KKK. Segundo o especialista, isso dificulta o rastreamento desses indivíduos e indica uma tendência a flexibilidade desses grupos extremistas.

Apesar das diferenças, o objetivo é o mesmo: construir um Estado branco onde haja separação étnica, já que, para eles, a diversidade é uma ameaça. Especialistas destacam a vitimização como elemento-chave dos movimentos supremacistas: — Há uma sensação de que os brancos estão sob cerco e sendo deliberadamente despojados por elites hostis que esperam guiar uma nova ordem multicultural — indica George Hawley, cientista político da Universidade de Alabama.



QUE IDEAIS DEFENDEM?
Segundo Heidi Beirich, diretora do Projeto de Inteligência do Southern Poverty Law Center, que monitora grupos de ódio e extremistas, supremacistas brancos defendem genocídio e limpeza étnica sob um sistema de governo tirânico. Para ela, a visão de futuro desses indivíduos para os Estados Unidos se parece com o que o país era por volta de 1600, ou até antes.  — Todos os direitos civis para não-brancos seriam removidos — indica a especialista em entrevista à CNN. — Todo poder político estaria nas mãos de pessoas brancas, em particular homens brancos porque esse movimento é extremamente masculino e, muitos diriam que é um movimento toxicamente masculino. Eles têm visões bem retrógradas sobre o que as mulheres devem fazer.

Segundo especialistas, a possibilidade de uma sociedade assim realmente se desenvolver é extremamente remota:  — Uma liderança política real está tão longe da realidade que não se encontra muito na maneira como documentos de políticas da “alt-right” detalham instruções sobre diferentes agências governamentais — avalia Hawley.

QUE TIPO DE AMEAÇA REPRESENTAM?
Como muitos não se afiliam a grupos organizados, é difícil mensurar a dimensão da ameaça que os supremacistas representam. A direita alternativa, por exemplo, não tem organização formal, e muitos atuam de maneira anônima e virtual, segundo Hawley. Já Segal indica que o movimento parece crescer, com mais adesões ao engajamento na internet que resultam na promoção de eventos como a marcha em Charlottesville. De acordo com Beirich, há mais de 900 grupos de ódio nos Estados Unidos, ante 600 em 2000.  Eles querem ganhar vantagem no atual clima político, que sentem que é sem precedentes para dar boas vindas a suas visões de mundo — indica Segal. — O resultado da marcha de Charlottesville e outros eventos este ano vão dar uma ideia clara do quão bem recebidas essas visões são, e vão, sem dúvida, ajudar a moldar os planos para os próximos meses.


Ele afirma que extremistas de todos os tipos são sempre uma ameaça, “mas quando qualquer grupo extremista se sente encorajado, isso é um sério motivo para preocupação. Muitos dos participantes do 'Unir a direita' se sentem representados pelos comentários controversos do presidente americano Donald Trump sobre imigrantes, muçulmanos e mexicanos. Os supremacistas se sentem validados e de que podem fazer parte do sistema político."


 



— A história das últimas décadas de supremacia branca no país é de que eles viam tanto republicanos como democratas como uma perda de tempo. Em outras palavras, a política era um fim morto para eles. Mas tudo mudou com Trump — afirma Beirich.  O presidente fez comentários sobre a violência em Virgínia que foram alvos de críticas, pois ele não condenou especificamente os ataques supremacistas:  “Nós condenamos nos termos mais fortes possíveis essa escandalosa demonstração de ódio, intolerância e violência de muitos lados, muitos lados” disse o presidente no sábado.


Fonte: O Globo



Cruz de fogo. Símbolo do terror do Clã - Arquivo

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Supremacista, Dylann Roof inaugura pena capital federal por crimes de ódio

O autor de um massacre em 2015 que deixou nove mortos em uma igreja negra da Carolina do Sul foi condenado à pena de morte pelo crime. 
O jovem Dylann Roof, autoproclamado supremacista branco, é o primeiro condenado no sistema federal a sofrer pena capital por crimes de ódio. Ele enfrentava 33 acusações e se representou no tribunal, não demonstrando arrependimento e nem pedindo abrandamento de sentença.
Dylann Roof queima a bandeira dos EUA em uma das fotos do site - Reuters
 
Roof abriu fogo na histórica igreja metodista episcopal africana Madre Emanuel, em Charleston, na Carolina do Sul, na noite de 17 de junho de 2015. Nove pessoas morreram, incluindo o pastor da igreja, na ação que foi considerada um crime de ódio contra negros. O suspeito foi preso no dia seguinte, na Carolina do Norte.
Durante a fase final do julgamento, Roof teve aval para representar a si mesmo como advogado. No encerramento do julgamento, nesta terça-feira, disse que não se arrepende de nada que fez, após ser considerado culpado em dezembro pelas 33 acusações que pesavam sobre ele, entre elas crime de ódio.

— Ninguém me obrigou — afirmou ele.
Em sua defesa, Roof disse que o ódio sentido contra ele pelas famílias das vítimas, pessoas em geral, e pelo procurador é similar ao sentimento que ele teve para com os fiéis. E acrescentou, em um discurso pouco coerente, que sua atitude foi um impulso natural. — Acredito que possamos dizer que ninguém em sã consciência quer ir a uma igreja matar pessoas. O que digo é que ninguém que odeie alguém tem uma boa razão para fazer isso — afirmou. — Tenho o direito de pedir a vocês prisão perpétua, porém não sei de que forma isso serviria. Só um de vocês precisa estar em desacordo com o resto do júri.

Pessoas visitam a igreja metodista de Charleston, na Carolina do Sul, onde nove pessoas foram assassinadas em um massacre - John Moore / AFP / 15/07/2015

TENTATIVA DE JUSTIFICAR RACISMO
O réu disse, em confissão gravada após sua detenção, que o ataque foi uma represália pelos supostos crimes cometidos pelos negros contra os brancos. "Alguém tinha que fazê-lo porque, sabe, os negros estão matando os brancos toda hora na rua e estão violentando as mulheres brancas", disse Roof, calmo e sem demonstrar emoções, ao oficial do FBI que o interrogou.
Três pessoas sobreviveram ao massacre na igreja que era símbolo da luta dos negros contra a escravidão. "Ele os executou porque acreditava que não eram mais que animais", disse o assistente da promotoria, Nathan Williams, em suas alegações finais, esta quinta-feira, em um tribunal federal de Charleston. "Suas ações na igreja são o reflexo da imensidão do seu ódio".
Dylann Storm Roof foi após matar nove pessoas em uma igreja da comunidade negra de Charleston, na Carolina do Sul - REUTERS
O agente do FBI Joseph Hamski testemunhou que Roof tinha visitado meia dúzia de vezes a igreja nos meses que antecederam o ataque, antes de fazer o download de um livro da organização racista Ku Klux Klan. Roof documentou estas viagens com fotos, nas quais posou em locais históricos vinculados à época da escravidão. O jovem publicou muitas imagens em sua página na internet, que continha um manifesto racista contra negros e minorias. "A segregação não era ruim", escreveu. "Era uma medida defensiva. Não só nos protegia de interagir com eles e sermos feridos, mas também nos protegia de cair ao seu nível".
 [a legislação penal dos EUA permite inúmeros recursos e pedidos de clemência dos condenados à pena de morte.
Com tal prática é comum condenados permanecerem por dezenas de anos no 'corredor da morte'.]

Fonte: O Globo