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segunda-feira, 4 de abril de 2022

Duplo zero - As candidaturas da chamada ‘terceira via’ têm um problema sem solução: não existem - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo
 
Talvez não seja possível encontrar uma forma mais eficaz de perder o seu tempo, hoje em dia, do que ficar gastando atenção e neurônio com o copioso noticiário sobre um ectoplasma chamado “terceira via”.  
Trata-se das candidaturas de centro, civilizadas, equilibradas, sensatas, liberais com toques de socialismo à la Magazine Luiza, que rompem a necessidade de se escolher entre os extremos de Bolsonaro e Lula etc. etc. etc. 
 
[Queremos uma terceira via; nós, BOLSONARISTAS,  exigimos uma segunda via. Viktor Orbán, ganhou na Hungria, pela quarta vez consecutiva, tendo contra toda a oposição unida. É o que o presidente BOLSONARO quer e o Brasil precisa para o capitão vencer de forma avassaladora as próximas eleições.]
Basicamente, elas têm um problema sem solução: não existem. 
No seu momento mais alucinado, as candidaturas politicamente virtuosas dessa “terceira via” chegaram a incluir, a sério, um apresentador de televisão como o seu grande nome – para não falar, acredite se quiser, no atual presidente do Senado e no ex-presidente da Câmara. De lá para cá, a situação passou do zero ao duplo zero. 

Moro Doria Moro
As candidaturas de Doria, de Moro e outras menos faladas só existiram no campo das miragens. Foto: Alex Silva/Estadão e Carol Góes/Estadão

Os últimos dias, a propósito, revelaram o deplorável estado a que chegaram as duas candidaturas mais faladas da “terceira via” – quer dizer, as mais faladas na mídia e nas mesas-redondas entre “analistas políticos” que vão ao ar depois que termina o horário nobre. O governador João Doria renunciou à sua candidatura, depois renunciou à renúncia e acabou renunciando, mesmo, ao governo de São Paulo – a única coisa concreta que tinha. O ex-juiz Sérgio Moro saiu do partido que até cinco minutos atrás considerava ideal, desistiu da candidatura, mas pode desistir da desistência, e se proclamou um “soldado da democracia” – só que para guerrear num outro partido, um dos mais forrados do dinheiro que foi extorquido da população pelo “fundo eleitoral” de R$ 5 bilhões.

Foi o ponto mais baixo a que chegaram, tanto um como o outro. Não se entende: se os dois garantiam ao público pagante, durante esse tempo todo, que seriam os melhores nomes para ocupar a Presidência da República, por que raios querem deixar claro, com suas renúncias e contra-renúncias, que não sabem o que estão fazendo? Na verdade, dá para entender perfeitamente bem. As candidaturas de Doria, de Moro e outras menos faladas só existiram no campo das miragens
Não passaram do estado gasoso e agora, a seis meses das eleições presidenciais, revelam-se o que sempre foram dois relógios suíços fabricados em Pedro Juan Caballero. 
 
 Doria, até romper com Bolsonaro e virar, automaticamente, um herói para os meios de comunicação, as classes intelectuais e a esquerda “moderada”, era tratado por todos eles como uma ameba de baixa categoria
Moro largou Bolsonaro, largou o partido que escolheu como o seu táxi para a Presidência e já está na sua terceira turma em menos de três anos. Não dá mais para nenhum dos dois, a essa altura, trocar de alma.
 
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo
 
 

 

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Golpe petista que fracassou = havia um ponto alto

O ponto alto do golpe que fracassou

Estava tudo combinado

O plano era este: tão logo Lula fosse solto no último domingo, ele iria direto para um churrasco em Curitiba oferecido pelo Movimento dos Sem Terra (MST).

De lá, seguiria em caravana para São Bernardo do Campo, onde tem apartamento. Mas não iria para casa: tudo estava pronto para recebê-lo na sede do Sindicato dos Metalúrgicos.

Uma vez ali, diria que desta vez não se entregaria sob nenhuma condição. Quem quisesse que fosse prendê-lo. Resistiria cercado por militantes e sob o holofote da mídia.
Seria um espetáculo e tanto. [considerando que o QI de um eleitor petista é menor do que o de uma 'ameba', o presidiário petista conseguiria grande apoio popular que poderia refletir em sua hipotética candidatura.
à corja lulopetista o que mais interessa é um conflito, de preferência com  mortes, e se o golpe fosse exitoso as chances de violência seriam grandes - se necessário os próprios apoiadores do condenado cuidariam de matar inocentes.] 

 

quarta-feira, 11 de julho de 2018

Simplesmente vergonhoso [pode uma ameba se apequenar?]

O PT apequena-se ainda mais ao se vangloriar dos seus próprios erros, como no episódio de domingo, quando tentou tirar Lula da Silva da cadeia

Três parlamentares de um mesmo partido realizaram uma manobra jurídica para tentar livrar da cadeia, contra todas as regras do Direito, o líder máximo da legenda. [e um dos três deputados (no Brasil ser eleito por pessoas que elegem coisas como Lula e Dilma é fácil) foi presidente da OAB - não recordo se da seccional do Rio ou da nacional - condição que leva incautos a supor que o mesmo conheça o principio do juiz natural.]  Foi por pouco, mas as autoridades judiciais conseguiram a tempo desvelar a malandragem, pondo fim à nefasta tentativa de burlar o Judiciário em favor da impunidade do político. Uma vez revelada a tramóia, seria de esperar que o referido partido estivesse profundamente envergonhado com a atitude de seus três parlamentares. A tentativa de ludibriar o Judiciário é grave atentado contra o País e contra a moralidade pública.

Foi o que o PT viveu nos últimos dias, só que ao contrário. Em vez de ficar profundamente consternada, a legenda tem se mostrado orgulhosa da manobra dos deputados, que tentaram burlar o princípio do juiz natural a fim de tirar Lula da Silva da cadeia. Sem nenhum argumento jurídico que pudesse fundamentar a soltura do ex-presidente, eles impetraram um pedido de habeas corpus baseados tão somente no fato de que, na ocasião, o plantonista do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4.ª Região era o desembargador Rogério Favreto, cuja carreira tem fortes ligações com o PT.
Trata-se de verdadeira pirraça com o Estado de Direito. Desde domingo, lideranças petistas têm defendido a estapafúrdia ideia de que um magistrado, manifestamente incompetente para atuar no caso e manifestamente ligado ao partido, pudesse expedir alvará de soltura para o seu líder, que cumpre pena por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Com isso, o PT deu mais um passo para a desmoralização das instituições. Como se não bastasse promover o aparelhamento do Estado nos anos em que esteve no governo federal, o PT postula abertamente que as pessoas indicadas pela legenda continuem a trabalhar em seu benefício, a despeito do que a lei determina. O desembargador Rogério Favreto foi nomeado ao TRF-4 pela presidente Dilma Rousseff.

Sem solução de continuidade, o PT também pôs em andamento virulenta campanha contra as autoridades judiciais que desvelaram a manobra dos três deputados. Em completa inversão dos fatos, disseram que o juiz Sérgio Moro, que foi o primeiro a destacar que o alvará de soltura tinha sido expedido por quem não tinha direito de fazê-lo, havia agido por conta própria, o que seria a prova de seu ativismo antipetista.  Ora, foi o próprio desembargador Favreto que intimou o juiz da 13.ª Vara Federal de Curitiba a manifestar-se sobre a soltura de Lula. “Solicite-se ao juízo de primeiro grau que, no prazo de cinco dias, se entender necessário, preste esclarecimentos adicionais que reputar relevantes para o julgamento desta impetração, ressaltando que o transcurso do prazo sem manifestação será interpretado como inexistência de tais acréscimos, escreveu o plantonista no seu despacho de domingo de manhã.

Fez bem, portanto, o juiz Sérgio Moro em atender com diligência à solicitação do desembargador Favreto para que apresentasse os devidos esclarecimentos. Havia erros crassos na decisão, que necessitavam ser retificados com urgência, para evitar danos maiores. O juiz da 13.ª Vara Federal de Curitiba lembrou que o desembargador plantonista não tinha competência para atuar no processo. Moro também apontou outro erro básico contido no pedido de habeas corpus impetrado pelos três deputados petistas: tendo sido a prisão de Lula determinada pela 8.ª Turma do TRF-4, não havia como o juízo de primeiro grau ser a autoridade coatora.

O PT não parece, no entanto, interessado nos fatos e tampouco no direito. A senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, chamou de “intromissão arbitrária administrativa” a decisão do presidente do TRF-4, desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores, que pôs um ponto final à insistência do desembargador Favreto em soltar Lula. Cumprindo estritamente suas atribuições institucionais, o presidente do TRF-4 dirimiu o conflito de competência, afirmando que o caso devia ser levado ao relator, pois o plantonista não era a autoridade competente para julgar o tal pedido de habeas corpus. O partido de Lula apequena-se ainda mais ao se vangloriar dos próprios erros. O episódio de domingo não traz nenhuma glória. É simplesmente vergonhoso.

Editorial - O Estado de S. Paulo