Aluno
que matou 2 em escola de GO é filho de PMs e usou arma da corporação, diz
polícia
Mães de alunos relatam pânico após ataque a tiros em colégio em Goiânia
A mãe de uma das crianças que estava na mesma sala em que ocorreu o tiroteio que deixou dois mortos e quatro feridos no colégio Goyases,
em Goiânia, nesta sexta-feira, contou que a filha, de 13 anos, relatou
momentos de pânico na sala de aula após os disparos. A jovem, estudante
do oitavo ano, disse que em um primeiro momento achou que o barulho dos
tiros era de estalos de bombinhas. Depois, quando viu a arma, que
segundo ela seria uma pistola, saiu correndo do local.
Colégio Goyases após ataque a tiros - Reprodução / Facebook
Os
dois mortos eram amigos da adolescente, assim como os quatro feridos.
Segundo a mãe dela, Carolina Matos, de 37 anos, a estudante está muito
nervosa e inconsolável com as cenas de violência.
— Quando minha filha viu que eram mesmo tiros, saiu correndo
da sala. Ela chegou a ver alguns colegas feridos e está muito abalada
porque perdeu dois colegas. Ao sair, ela teve tempo só de pegar o
celular e ligar para mim. Fui correndo para a escola e a encontrei muito
nervosa, houve uma comoção muito grande — disse a analista de sistemas,
que preferiu não revelar o nome da filha.
A aluna está no colégio há quatro anos e tem uma prima, do
sexto ano, que também estuda lá. Carolina disse ainda que nunca houve
uma situação semelhante dentro da escola.
DESESPERO NA SAÍDA
A
autônoma Jane Martins estava na porta do colégio para buscar a filha, do
9º ano, quando se deparou com o desespero e a correria. Segundo ela, os
estudantes da instituição só deixam o prédio se os pais se
identificarem na porta. Ela relatou que, às 11h40m, ao ver os
adolescentes em fuga
, pensou se tratar de um assalto dentro do colégio.
Com um sobrinho de 3 meses no colo, ela e uma irmã se desesperaram e
forçaram a entrada em meio à multidão que saía.
— Conseguimos entrar enquanto um menino saía baleado. Ele
levou um tiro nas costas. Me desesperei na hora. Minha filha e meu
sobrinho estudam lá, e eu achei os dois e coloquei dentro do banheiro de
uma loja. Falei para não saíram de jeito nenhum. A gente nem sabia o
que estava acontecendo. Poderia ter acontecido em qualquer lugar. É
muito triste com as vítimas — contou a mãe, que conhecia o atirador de
vista em reuniões e festas da instituição.
A aluna do 9º nono, cuja sala fica ao lado da atacada pelo
atirador, contou o horror do momento em que os estudantes notaram o
ataque.
— Estou muito abalada. Foi horrível. Eu tinha acabado de
sair de lá. Eu estudo na sala do lado. Já tinha dado meu horário, e eu
estava na quadra quando todo mundo da sala do 8º ano saiu correndo e
gritando. Eu nunca falei com ele. Só conhecia de vista. É muito triste.
Nada justifica uma coisa dessas — destacou a jovem. Segundo ela, uma
amiga confirmou que o atirador era criticado por supostamente cheirar
mal. Alunos teriam dito que levariam desodorante para ele.
VÍTIMA DE BULLYING, ATIRADOR ERA CONSIDERADO TRANQUILO
De acordo com a irmã de Carolina Matos, Juliana Gomes, que também tem uma filha no Colégio Goyases, o atirador era visto como um jovem tranquilo.
— Não o achava assustador, nada indicou que ele pudesse fazer isso — disse.
Juliana disse que sua filha estuda em uma sala bem próxima
de onde houve o ataque. Segundo ela, a menina não entendeu o que estava
acontecendo quando ouviu os disparos.
— Ela não está acostumada com essa violência. Quando vi
minha filha, ela não falou nada. Só chorou desesperadamente. Agora está
tentando absorver tudo o que aconteceu. E ainda acabamos de receber um
telefonema dizendo que o amigo delas João Vitor morreu — concluiu a mãe e
a tia das alunas do Colégio Coyazes, muito emocionada.
Ainda segundo Juliana
, a sobrinha estuda na mesma sala do
atirador costumava se sentar a duas carteiras do adolescente, que sofria
bullying na escola. Ela disse que a menina contou para a família que o
primeiro disparo foi feito dentro da mochila dele.—
Diziam que ele tinha um cheiro forte de cecê. Um colega
uma vez levou um desodorante e borrifou nele. É algo pesado. Ele deu
tiro para cima e depois mirou em um colega que estava atrás dele que
implicava muito por causa do cheiro. Um dos colegas foi atingido na
costela e a professora orientou para que todos saíssem e evitassem o
tumulto. Na sala da minha filha também houve essa orientação, mas alguns
quiseram buscar os irmãos da ala da educação infantil. Quando eu
cheguei, estavam todos sentados no muro em volta da escola — afirmou.
Fonte: O Globo