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sábado, 4 de novembro de 2023

Agora a corrupção é legalmente permitida para quem está do lado do “sistema” - J. R. Guzzo

Gazeta do Povo - VOZES
 
 Juscelino Filho

Auditoria encontrou irregularidades em contratos para pavimentação na cidade de Vitorino Freire, governada por irmã de Juscelino Filho.| Foto: reprodução/Facebook Juscelino Filho
 
O ministro Juscelino Filho é um desses fenômenos que, somados uns aos outros, vão se transformando numa grife dos governos Lula
Não existe registro público de que tenha feito alguma coisa, qualquer que seja, para melhorar as comunicações no Brasil – a única função que poderia justificar a sua presença no serviço público. 
Em compensação, em apenas dez meses de governo, já apareceu três vezes na crônica policial da baixa política brasileira.
 
Esteve envolvido numa história sobre uso de verbas federais para asfaltar uma estrada a 500 metros de sua fazenda no Maranhão – o Maranhão, mais uma vez. 
Depois foi flagrado usando um jato da Força Aérea Brasileira para ir a um leilão de cavalos de raça em São Paulo. 
Em sua última aparição no noticiário, é acusado de transferir 13,4 milhões de reais do “orçamento secreto” para a própria irmãque já esteve metida em problemas com a Polícia Federal e foi afastada, entre acusações de corrupção, do cargo de prefeita de uma cidade do mesmo Maranhão. (Já está de volta, por ordem do ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal.)
O Brasil tem um novo ordenamento penal. Segundo as regras hoje em vigor, ninguém ligado a Lula ou apoiado por ele pode ser preso por corrupção.
É a terceira confusão em menos de um ano; nesse ritmo, quantas ele vai ter acumulado até o final do governo Lula-3? 
Uma coisa é certa: pode fazer quantas quiser que não vai acontecer nada com ele, assim como não aconteceu com a irmã. 
Juscelino tem o apoio fechado do presidente – que mal fala com ele, como não fala com a maioria dos ministros, mas não assina a sua demissão. Mais ainda do que isso, conta com a absolvição prévia, automática e plenária do STF, faça lá o que fizer. Está, nesse caso, em plena segurança da multidão.
 
Desde que a “suprema corte” tirou Lula da cadeia onde cumpria pena pelos crimes de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro, anulou todos os processos contra ele e o colocou na Presidência da República (como diz o ministro Gilmar Mendes), o Brasil tem um novo ordenamento penal. Segundo as regras hoje em vigor, ninguém ligado a Lula ou apoiado por ele pode ser preso por corrupção. 
Nem o ex-governador Sérgio Cabral, que estava condenado a 400 anos de prisão e foi solto?
A coisa toda vai muito além disso. Na verdade, o Brasil vive no momento uma situação extraordinária: não há nenhum corrupto preso, o que deveria nos colocar entre os países mais honestos do mundo em termos de vida pública. 
Deveria, mas nem uma criança com 10 anos de idade seria capaz de acreditar nisso. 
A ausência de corruptos no sistema penitenciário nacional prova exatamente o contrário – prova que a corrupção, para efeitos práticos, é legalmente permitida no Brasil, desde que o ladrão esteja do lado certo do “sistema”.
 
O ministro não tem de se preocupar com nada
Só tem de ficar acordado, 24 horas por dia, para não lhe tirarem a cadeira no tiroteio cada vez mais bravo por verbas e cargos no governo. 
Pode ir para o espaço em dois palitos, como já foram a ministra do Esporte, o ministro dos Portos, a presidente da Caixa e sabe-se lá quantos outros que virão pela frente. Lula, aí, não vai nem atender o telefone.
 
Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
 

J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


domingo, 24 de setembro de 2023

O governo da desordem - J. R. Guzzo

Revista Oeste

Lula não preside nada. Sua prioridade é ficar fora do país, numa volta ao mundo permanente com a mulher, em hotéis sete estrelas e com cartão de crédito da categoria 'sem limite'

 

Lula, após a cerimônia de posse, com seus ministros (1°/1/2023) | Foto: Ricardo Stuckert/PR [a foto está desatualizada, não mostrando a composição atual do que chamam de 'ministério', - composto em sua maioria por um amontoado de sumidades em NADA -  visto que ministros e ministras já foram expelidos, entre outros absurdos que ocorreram.] 

O governo Lula é um caso raro. Acabou antes de começar e nunca mais conseguiu, nem por 24 horas seguidas, produzir sinais mínimos de que está vivo para exercer as suas funções de organizar a vida em sociedade no Brasil. 
O governo acabou porque nunca chegou a ser montado. O presidente da República, colocado no cargo por uma junta de magistrados que toma todas as decisões de alguma relevância para a condução do país, não se interessou em nenhum momento em montar um governo. Para quê? 
O que importava para ele, acima de qualquer outra coisa, era manter a parceria com quem realmente manda no Brasil de hoje
- o consórcio de tribunais de Brasília que deu a si próprio o direito exclusivo de criar, anular ou mudar as leis em vigor no país, e que faz isso porque tem as Forças Armadas e a polícia sob o seu comando. 
Garantido o seu acordo, 100% certo de que nunca mais será condenado por nada do que fizer, e com acesso livre aos R$ 3 trilhões que o cidadão brasileiro vai pagar de impostos este ano, mandou o resto para o espaço.
 
Lula montou um Ministério com pessoas que não têm nenhum tipo de responsabilidade perante seus deveres ou os cargos que receberam; só têm interesses, políticos ou materiais. 
Não têm a competência elementar que se exige para o exercício de uma função pública — o ministro da Economia, que em tese é o mais importante, declarou sem a menor preocupação que não entende “nada” de economia
Em nenhum momento agiram como uma equipe. 
Não têm nada que remotamente se pareça com um projeto. 
Não entendem que deva existir relação entre os seus cargos e a produção de algum tipo de resultado. 
O Ministério de Lula, para simplificar, não é fruto de opções coerentes, programas de governo e seleção de prioridades — e muito menos da qualificação técnica ou intelectual dos nomeados.
Vem do tiroteio entre quadrilhas que foi a “equipe de transição”, uma turba de quase mil desesperados dispostos a matar a mãe e o pai para arrancar um baronato no governo, de preferência “com verba”
Os sobreviventes são os ministros de Lula. 
 
O resultado prático é a situação de anarquia em que funciona hoje o governo, da hora em que abre à hora em que fecha o expediente de cada dia; na verdade, há os sintomas clássicos de que a coisa toda simplesmente não está funcionando. 
Essa desordem é o ambiente ideal para o avanço de três doenças. 
A primeira é a privatização da máquina pública, num ritmo cada vez mais alarmante, em favor dos interesses particulares de quem pode influir em alguma coisa nas decisões de governo.  
A segunda é trocar a solução de problemas reais pela devoção a causas imaginárias; falam o tempo todo em “igualdade de gêneros”, isolamento dos índios e proteção aos mangues, mas não diminuem em cinco minutos a fila do SUS
A terceira, consequência direta das duas outras, é a absoluta ausência de qualquer tipo de obra útil para a coletividade — ou de qualquer ação concreta que possa ajudar o desenvolvimento econômico ou o aumento real de oportunidades para os que têm pouco ou nada.

Governar, para o presidente, quer dizer uma coisa só: entregar dinheiro para deputado ou senador, ou prometer que vai entregar, em troca de votos para aprovar os desejos do governo

Passados apenas oito meses, o governo de Lula dá a impressão de uma escola de samba na fase de dispersão na Praça da Apoteose. 
Continua a todo vapor, é claro, para quem se segura lá dentro e está a caminho do seu primeiro bilhão de reais, ou alguma coisa assim. 
Mantém intacta a sua capacidade de dar prejuízo, tomar as piores decisões e explorar o binômio pobreza-ignorância para se dar bem. Pode liquidar qualquer esperança, para milhões de brasileiros, de terem uma situação um pouco mais cômoda ainda nesta vida. Mas virou, e não tem como desvirar, uma combinação de filme-catástrofe com a escola Godzilla de cinema. O reator principal desse derretimento é o próprio Lula. Ele não preside nada, nem dá sinais de que queira presidir; talvez não possa mais. 
Sua prioridade é ficar fora do país, numa volta ao mundo permanente com a mulher, em hotéis sete estrelas e com cartão de crédito da categoria “sem limite”. 
Uma vez por mês, por aí, vem ao Brasil.  
Não foi capaz, até hoje, de dizer uma única frase inteligente ou que sirva para alguma coisa. Não pode ser normal.
 
(...) 
 
Não há, da parte de Lula, a menor preocupação com o julgamento dos seus atos — um sinal infalível de governos que se sustentam unicamente sobre a força das armas, e não o consenso dos cidadãos. 
Não há povo no governo de Lula. 
Há, ao contrário, uma aversão aberta a tudo que possa significar povo. Lula, o STF e a esquerda sabem perfeitamente que o brasileiro comum não gosta deles. 
Se valem do TSE e das “pesquisas de opinião” que estão a seu serviço para vender as miragens segundo as quais contam com a maioria da população, mas nem eles acreditam nisso. 
Há muito tempo, por sinal, deixaram de se importar com o assunto — se o povo não gosta da gente, problema dele. 
Nós também não gostamos desse povo que só atrapalha, jamais dá um aplauso espontâneo e quer votar nos adversários. 
O fato, impossível de se contestar, é que o presidente da República não pode, jamais, sair às ruas do seu próprio país.  
Vive, cada vez mais, num mundo de carros blindados, vidros à prova de balas, escoltas com metralhadora, auditórios sanitizados, aviões de uso privativo — e sem gente de carne e osso. 
Virou o retrato de um ditador latino-americano. 
 
Uma das sínteses mais sugestivas dessa realidade é o último vídeo da equipe de produção que acompanha Janja pelo mundo afora. 
A primeira-dama aparece, com cara de nova rica deslumbrada, olhando para os luminosos da Times Square, em Nova York. Em sua volta só aparece um tipo de pessoa: seus próprios seguranças. 
Não há, nunca, a presença de ninguém disposto a aplaudir; quando aparece alguém, é para dar vaia e dizer “Lula ladrão, seu lugar é na prisão”. O presidente não pode sair à rua no Brasil? No exterior também não. 
É óbvio que um governo que tem esse pavor do povo só pode tomar medidas que prejudicam diretamente a maioria dos cidadãos e favorecem a minoria. 
Lula vive dizendo, até na ONU, que é preciso “colocar os pobres no orçamento”; alguém lhe disse isso, e desde então ele não para de repetir. Mas, na vida real, passou os últimos oito meses só fazendo coisa contra o pobre.[constate um exemplo de como o ignorante que preside o Brasil coloca o povo no orçamento - Matéria do Estadão.]

All Amazônia na Times Square. É urgente o planeta prestar atenção à Amazônia, à mudança climática e à proteção ambiental. É o Brasil em Nova York. É a Amazônia falando para o mundo! pic.twitter.com/tpobNMt5uy

— Janja Lula Silva (@JanjaLula) September 20, 2023


Lula aumentou em R$ 18 o salário mínimo; 
- acaba, neste momento, de orçar R$ 650 milhões para gastar com propaganda de si próprio no ano que vem, além dos R$ 360 milhões previstos para 2023
Fez um ministro do STF, que age como seu advogado de defesa, anular todas as provas de corrupção que existem contra os bilionários da empreiteira Odebrecht. 
Ressuscitou a extorsão do “Imposto Sindical” obrigatório, morto desde 2017, em operação conjunta com o mesmo STF; 
- os sindicatos começam a cobrar até 12,5% do salário dos trabalhadores. (A alíquota máxima do Imposto de Renda é de 27,5%.) 
E o direito de não pagar? O trabalhador tem só dez dias para se opor, tem de preencher uma declaração do próprio punho e fazer horas de fila na frente do sindicato — além de pagar uma taxa de R$ 150. É a imagem definitiva do “governo dos pobres” que Lula está fazendo.


CLIQUE AQUI, MATÉRIA NA ÍNTEGRA


Leia também “Comitê Central de Justiça”

 
Coluna J. R. Guzzo - Revista Oeste

 

domingo, 29 de maio de 2022

Até quando? - Ana Paula Henkel

Revista Oeste

O que aconteceu nesta semana em Uvalde, no Texas, e em outras ocasiões semelhantes na história norte-americana vai além do raso debate “mais armas ou menos armas" 

Cruzes com os nomes das vítimas do tiroteio em Uvalde, no Texas, são colocadas do lado de fora da escola Robb Elementary | Foto: Jae C. Hong/AP/Shutterstock
Cruzes com os nomes das vítimas do tiroteio em Uvalde, no Texas, são colocadas do lado de fora da escola Robb Elementary | Foto: Jae C. Hong/AP/Shutterstock

Qualquer tragédia que arrebata vidas humanas é devastadora. Mas uma tragédia que ceifa vidas de crianças inocentes é algo tão avassalador que deixa marcas profundas em todos nós. É difícil sequer imaginar o que os pais e os familiares das 19 crianças mortas nesta semana por um atirador em uma escola no Texas podem estar passando. Como alguém pode cometer uma atrocidade dessa magnitude? E aqui, antes de seguirmos com a nossa conversa semanal, peço, por gentileza, que fechem os olhos por alguns segundos e façam uma prece para essas famílias.

Como sempre fazem, as almas vazias do mundo aproveitaram a tragédia para empurrar suas agendas políticas. Durante uma coletiva de imprensa das autoridades do Texas, com a presença de policiais, do prefeito da cidade de Uvalde e do governador, Gregory Abbott, todos visivelmente abalados pelo terrível evento, o candidato democrata ao governo do Estado, Beto O’Rourke, um dos que participaram das primárias democratas em 2020, resolveu se levantar e ir até a mesa “cobrar” uma resposta do governo sobre o banimento de armas, pauta de seu partido. De maneira desprezível e oportunista, O’Rourke usou a tragédia para impulsionar sua candidatura ao governo do Estado e continuar sob os holofotes.

Enquanto as autoridades do Texas identificavam as vítimas do massacre, avaliavam suas consequências e tentavam, dentro do humanamente possível, cuidar dos familiares das vítimas do massacre, o ex-presidente Barack Obama divulgou uma mensagem no Twitter invocando a morte de George Floyd, assassinado pelo policial Derek Chauvin, em Minneapolis, durante uma prisão, em 25 de maio de 2020. Em um malabarismo insensível e bizarro, Obama conectou o tiroteio da escola em Uvalde ao segundo aniversário do assassinato de Floyd: “Enquanto lamentamos os filhos de Uvalde hoje, devemos ter tempo para reconhecer que dois anos se passaram desde o assassinato de George Floyd sob o joelho de um policial. Sua morte permanece com todos nós até hoje, especialmente aqueles que o amavam”, tuitou o ex-presidente. Narcisismo e psicopatia em estado puro.

Mais armas X menos armas
Longe das abjetas tentativas de usar a inimaginável dor de pais e mães para as agendas políticas, é preciso abordar de maneira honesta e com maior profundidade alguns pontos importantes que podem estar mudando os perfis da sociedade norte-americana, principalmente dos adolescentes. O que aconteceu nesta semana em Uvalde e em outras ocasiões semelhantes na história norte-americana vai além do raso debate “mais armas ou menos armas”. A própria expressão “tiroteio em massa” (mass shooting), usada em eventos como esse, já carrega em si uma ansiedade difícil de ser controlada. Nos Estados Unidos, existem várias definições diferentes, mas comuns, de “tiroteios em massa”.

O Serviço de Pesquisa do Congresso define tiroteios em massa como incidentes múltiplos, com arma de fogo e homicídio envolvendo quatro ou mais vítimas em um ou mais locais próximos uns dos outros. A definição do Federal Bureau of Investigation (FBI) é essencialmente a mesma. Muitas vezes há uma distinção entre tiroteios em massa privados e públicos, como uma escola, um local de culto ou um estabelecimento comercial. Os tiroteios em massa realizados por terroristas estrangeiros não estão incluídos, não importa quantas pessoas morram ou onde o tiroteio ocorra. Essas formulações são certamente viáveis, mas o limite de quatro ou mais mortes é arbitrário. Há também exclusões importantes. Por exemplo, se 20 pessoas são baleadas, mas apenas duas morrem, o incidente não é um tiroteio em massa. Mas nada disso importa quando essas tragédias acontecem. O fato é que, em menos de duas semanas, Salvador Ramos, 18 anos, matou 19 crianças e dois professores em uma escola primária no Texas, e Payton Gendron, também de 18 anos, assassinou dez pessoas em um supermercado em Buffalo, Nova Iorque.

Ambos, Gendron e Ramos, tinham sérios distúrbios mentais. As pessoas ao seu redor sabiam disso. Família, amigos, escolas. Ambos os assassinos disseram a outras pessoas que planejavam cometer um tiroteio em massa e então o fizeram. O atual sistema de alerta em vigor não está funcionando. O que, de fato, está acontecendo com muitos jovens? 
Uma pessoa que tem a intenção de cometer violência é muito difícil de ser parada em qualquer circunstância. 
Um ato do Congresso norte-americano não vai fazer isso, nem o controle de armas, nem a extinção da Segunda Emenda. 
Há mais armas nos Estados Unidos do que pessoas, cerca de 400 milhões. Sempre houve. 
Seja qual for sua opinião sobre esse fato, os norte-americanos nunca se disporão de suas armas. 
A Constituição proíbe isso e uma nova guerra civil provavelmente seria desencadeada se a proposta fosse adiante.
 
Sobre controle de armas, quer você concorde com ele ou não, isso não impedirá o próximo Payton Gendron ou Salvador Ramos de agirem, e toda pessoa racional sabe disso. 
Quem puxa o gatilho, esfaqueia, queima, atropela são pessoas, e a única maneira de parar muitos desses assassinatos é descobrir por que a sociedade norte-americana (assim como a brasileira) está produzindo tantos jovens violentos. 
Há uma razão pela qual eles estão agindo dessa maneira. Qual é esse motivo? 
E não são apenas atiradores em massa na América, esses que aparecem diabolicamente de tempos em tempos na televisão. 
Nos Estados Unidos e também no Brasil, são bandidos armados com armas ilegais, ladrões de carro, de estabelecimentos e residências. 
Por que estão agindo assim? 
Essa deveria ser uma das principais perguntas em todo esse contexto. Obviamente, é um dos pontos que democratas odeiam abordar, porque cavar soluções dentro de problemas complexos acabaria por enterrar as agendas políticas.

Armas, big techs e big pharmas
Poucas horas depois de 19 crianças terem sido assassinadas, o presidente dos Estados Unidos fez um pronunciamento na televisão e o tom não foi de união ou elevação do espírito de uma nação profundamente ferida e em agonia.  
Em vez disso, ele aproveitou a oportunidade para mais uma vez discutir com quem não votou nele, e o fez, como sempre, de maneira vergonhosa. Biden disse: “Como nação, temos de perguntar: ‘Quando, em nome de Deus, vamos enfrentar o lobby das armas? Quando, em nome de Deus, saberemos dentro de nós o que precisa ser feito? Para que, em nome de Deus, você precisa de armas, exceto para matar alguém?’ É simplesmente doente e os fabricantes de armas passaram duas décadas comercializando agressivamente armas, o que os torna maiores e com maior lucro. Pelo amor de Deus, temos de ter a coragem de enfrentar a indústria”.
 
As crianças estão morrendo porque o lobby das armas está lucrando. A desonestidade chega a ser inacreditável. E irracional também. Logo após o terrível tiroteio, o New York Times publicou a mesma ideia sobre o lobby das armas. Só não contaram que a National Rifle Association (NRA) declarou falência no ano passado, enquanto as big techs gastaram mais de US$ 70 milhões fazendo lobby no Congresso. 
As big pharmas gastaram US$ 92 milhões também fazendo lobby em Washington apenas no primeiro trimestre de 2021, enquanto a NRA gastou US$ 2,2 milhões em todo o ano de 2020, ano de eleições presidenciais. Seja qual for o problema, não é o lobby das armas que está matando pessoas inocentes. Este é um assunto muito sério para bobagens como essa, empurrada pela assessoria do Partido Democrata, ou a velha imprensa norte-americana, como preferirem.
 
Segundo uma pesquisa feita pela ABC News, “cerca de 11% dos crimes violentos na cidade de Los Angeles envolveram um sem-teto em 2018, 13% em 2019 e 15% em 2020”
Tenha em mente que os moradores de rua representam cerca de 1% da população total de Los Angeles, mas estão envolvidos em quase um quinto de todos os crimes violentos na cidade. 
Ah, mas não há nada para ver aqui. Circulando, circulando. 
Todos aqui em Los Angeles sabem que isso está acontecendo porque esses números aumentam a cada ano. 
E o que está acontecendo nas ruas também acontece nas escolas.

O que mudou?
O diretor-executivo da Associação Nacional de Oficiais de Recursos Escolares, Mo Canady, disse recentemente em uma entrevista que as escolas estão “vendo mais agressão em termos de brigas e roubos”. Segundo Canady, isso não costumava acontecer, mas está acontecendo agora em grande intensidade. Por quê? Não são armas. Não é sobre o lobby de armas
Mais famílias norte-americanas tinham armas em casa há 50 anos do que agora. De acordo com a Rand Corporation, 45% dos lares norte-americanos tinham uma arma em 1980. Em 2016, isso caiu para 32%. Então o problema não é que estamos mais armados do que estávamos. O problema é que as pessoas mudaram. Os jovens mudaram e estão mais violentos. Por quê?

Essa deveria ser a conversa bipartidária aqui nos Estados Unidos e a que deveria unir políticos de todos os espectros no Brasil. Mas ela vem sendo abafada por lunáticos que buscam atenção e que esperam apenas ganhar a próxima e a próxima e a próxima eleição, sem se preocupar, de fato, com as raízes profundas de problemas que não são simples.

Mais de 107 mil norte-americanos morreram de overdose de drogas em 2021. Esse é o maior número anual de mortes já registrado e um aumento de 15% em relação ao ano anterior

Provavelmente existem muitas causas para essas dificuldades e transtornos em adultos e adolescentes. O uso de antidepressivos nos Estados Unidos — como no Brasil — está aumentando dramaticamente. Entre 1991 e 2018, o consumo total de Selective serotonin reuptake inhibitors (SSRIs), ou inibidores seletivos da recaptação de serotonina, aumentou nos EUA em mais de 3.000%. Esses inibidores deveriam reduzir doenças mentais, mas algo não está indo na direção correta. No Canadá, as prescrições de antidepressivos financiadas pelo Estado para jovens dobraram na última década
Durante os lockdowns da pandemia, as prescrições dos inibidores aumentaram ainda mais. Um grupo de farmácias chamado “Express Scripts” relatou que as prescrições de antidepressivos aumentaram mais de 20% durante a pandemia de covid. De acordo com os números mais recentes, mais de 40 milhões de norte-americanos estão tomando drogas psicoativas. Isso é aproximadamente uma em cada dez pessoas!

Mostrei esses dados a uma amiga médica que está no campo da psiquiatria há quase 30 anos, e ela relatou que está assustada com o movimento dos antidepressivos na América. O objetivo dessas drogas é tornar o indivíduo mentalmente mais saudável, reduzir o suicídio e a violência, mas, ainda assim, as taxas de suicídio e violência estão aumentando. Não sabemos se isso é causalidade, mas precisamos encarar esse assunto com profissionalismo e preocupação. Novos números divulgados nesta semana pelo Centers for Disease Control and Prevention, o hoje famoso CDC, mostram como as overdoses de drogas aumentaram durante a pandemia. Mais de 107 mil norte-americanos morreram de overdose de drogas em 2021. Esse é o maior número anual de mortes já registrado e um aumento de 15% em relação ao ano anterior.

O isolamento humano através das telas digitais
Mas, então, as pessoas estão usando mais drogas, estão mais instáveis, estão se matando com maior frequência e, em outros casos, matando outras pessoas. O problema é tentar encontrar a raiz da mentalidade de quem mata crianças em uma escola primária! A pessoa deve estar tão terrível e profundamente desconectada de outros seres humanos que isso pode parecer normal, como uma regra que se aplicaria a todos nós. O que poderia estar aumentando o sentimento de desconexão que temos um do outro? Pesquisando alguns dados na internet, encontrei que, em 2020, os adultos nos Estados Unidos passavam em média oito horas todos os dias nas mídias e nas plataformas digitais olhando para uma tela. Os lockdowns eternos pioraram, e muito, essa situação. É claro que não estou apontando para uma, duas ou qualquer causa certa para insanos possuídos matarem pessoas, não acredito que haja uma única causa, mas não é difícil ver que esse isolamento humano através das telas digitais pode estar pesando mais do que imaginamos. Em relação a 2019, esse aumento foi de 20%.

Charles Krauthammer, proeminente escritor norte-americano, comentarista político, médico psiquiatra por Harvard e colaborador-chefe do terceiro Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (falecido em 2018), disse, após um tiroteio em massa no Washington Navy Yard, em setembro de 2013, que há muitos doentes mentais em nossa sociedade e que precisamos parar de ignorá-los, especialmente quando políticos travestem esse isolamento covarde e vil com vestes de falso amor e cuidado. Krauthammer, vencedor do Prêmio Pulitzer em 1987, disse: “Ele (o atirador) precisava de ajuda. Há 30 anos, os policiais o teriam levado para uma sala de emergência psiquiátrica. Ele provavelmente teria recebido antipsicóticos e provavelmente teria sido hospitalizado por algumas semanas. Era assim que se fazia nos anos 1970, quando eu exercia a psiquiatria, mas hoje isso não acontece. Os policiais foram embora e ele foi deixado sozinho. Ele era um homem que não deveria estar sozinho. Ele deveria ter o Estado cuidando dele e acabou matando pessoas. Olha, você quer respeitar as liberdades civis de todos, mas há um ponto em que, se você não assumir o controle de pessoas que estão claramente fora da realidade, você está prejudicando essas pessoas, expondo-as e, claro, expondo tragicamente muitos inocentes ao seu redor”.

No rescaldo de tragédias como a desta semana no Texas, e outras como Columbine, Parkland, Sandy Hook, os norte-americanos ouvem as características compartilhadas dos atiradores: normalmente são jovens do sexo masculino que obtiveram uma arma normalmente de maneira ilegal, usaram drogas ou estão fazendo uso de antidepressivos pesados, abandonaram a escola e cometeram ou planejaram suicídio como o grand finale para seus assassinatos, além de sérios problemas familiares com lares sem pais.

A mente humana é complicada. Fato. Mas paramos de falar de pessoas para dar lugar ao coletivismo macabro que ignora o indivíduo, seus problemas e as consequências muitas vezes diabólicas de seus atos. O que esses assassinos têm em comum? A resposta aos tiroteios em massa nos Estados Unidos ou à criminalidade no Brasil não pode ser a sempre fácil e rasa retórica de confisco universal de armas. A falsa bondade em ignorar doentes mentais ou viciados em drogas, sejam as ilícitas, sejam as com prescrição médica, pode ter um preço alto demais e sem volta. Foi assim que, nesta semana, a pequena cidade de Uvalde, no Texas, mudou para sempre.

Leia também “O ativismo judicial e a barbárie”

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Miliciano Adriano da Nóbrega tentou fugir horas antes de ser morto, atingido por dois tiros; saiba como foi a ação - O Globo


Vera Araújo e Felipe Grinberg

Ex-capitão usou uma picape branca para ir até a chácara do vereador Gilsinho da Dedé, filiado ao PSL  

Horas antes da operação das polícias da Bahia e do Rio para tentar capturar o ex-capitão Adriano da Nóbrega, o miliciano fugiu da fazenda em que estava escondido. A bordo de uma picape branca Hylux, ele percorreu oito quilômetros e chegou à chácara do vereador Gilsinho da Dedé, que é filiado ao PSL, onde tentou se esconder. Ao iniciar a operação, os policiais descobriram que Adriano havia fugido com um carro em nome de terceiros. Na ação do Bope da Bahia, que mobilizou cerca de 70 agentes, três PMs dispararam, e dois tiros acertaram o miliciano, que morreu.

Na semana passada, polícia chegou a resort onde Adriano estaria se escondendo na Bahia: lá, foi encontrada uma identidade falsa usada pelo miliciano Foto: Reprodução
Na semana passada, polícia chegou a resort onde Adriano estaria se escondendo na Bahia: lá, foi encontrada uma identidade falsa usada pelo miliciano Foto: Reprodução

LEIA: Polícia apreendeu com Adriano da Nóbrega 13 celulares e 7 chips de diferentes operadoras
Gilsinho da Dedé (PSL), dono da propriedade, conta que está de viagem em Recife e soube da operação através de um telefonema de um vizinho, durante o tiroteio:  — Não sei como ele conseguiu entrar lá. Soube do tiroteio por vizinhos e, depois, que vi na imprensa que ele tinha morrido lá. Não o conheço e nunca fui apresentado a ele.

A ação
De acordo com a polícia, a operação mobilizou cerca de 70 agentes do Bope da Bahia. Os militares se separaram para cobrir toda a área e impedir uma possível fuga do miliciano na região. Na abordagem à casa, numa área isolada, três PMs formaram um triângulo. O primeiro policial, na frente, segurou um escudo e arrombou a porta. Em seguida, segundo a polícia, Adriano atirou e houve confronto. O ex-capitão da PM, então, foi atingido por dois tiros. Levado ao hospital, ele não resistiu.

O segredo para encontrar um dos principais nomes da lista da Interpol, o ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega, não é revelado pela polícia. No entanto, a apreensão de 13 celulares e sete cartões de chip explica como o ex-militar conseguia se manter escondido sem ser rastreado. A Polícia Civil do Rio quase não tem conversas dele grampeadas, porque Adriano usava somente o sinal de wi-fi para fazer as ligações, além de trocar com frequência os chips, de operadoras diferentes, geralmente usados uma única vez. Como ex-integrante da tropa de elite da PM, ele sabia muito bem como monitorar criminosos.

Esconderijo
Segundo fontes da Polícia Civil do Rio, Adriano estava escondido, num primeiro momento, no Parque Gilton Guimarães, uma fazenda que também é área de vaquejadas. O local pertence a Leandro Guimarães, que também organiza outros torneios na região e, há dez dias, sediou um concurso com premiação total de R$ 60 mil. Durante a ação deste domingo, Leandro foi preso por posse ilegal de armas — duas espingardas e um revólver 38.

Na fazenda, que fica na área rural de Esplanada, foram apreendidas quatro armas, todas com numeração aparente, que estavam em diversos cômodos da casa. O sítio possui 12 edificações, sendo que, na área principal, há quatro construções, entre elas a casa onde o ex-capitão estava. Procurado pelo GLOBO, Guimarães não respondeu aos pedidos de esclarecimentos.

Na região, há diversas fazendas de alto padrão, inclusive de políticos. No Parque Gilton Guimarães, a 170 quilômetros da capital Salvador, também foi encontrada uma carteira da Polícia Militar, com o nome de Adriano. A identidade era uma forma de o ex-PM passar por blitzes nas estradas. No local também foram achados emblemas do Bope.
O ex-caveira também usava identidades falsas, como a deixada para trás no primeiro esconderijo estourado pelas polícias Civil do Rio e da Bahia, há uma semana, na Costa do Sauípe, também na Bahia. Segundo a polícia, Adriano fugiu do local cinco minutos antes da chegada dos agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Bahia. Os investigadores descobriram que ele mantinha as janelas abertas para escapar, se a casa fosse invadida, o que acabou acontecendo. A escolha do imóvel, com diária de R$ 1 mil, foi estratégica. A residência dá fundos para uma lagoa, e o ex-militar teria fugido pelo mangue. 

O Globo 

terça-feira, 1 de outubro de 2019

A pena de Lula começa somente agora: terá que trabalhar !!! - Sérgio Alves de Oliveira


  

Já que o ex-Presidente Lula da Silva, através dos seus advogados, não tomou nenhuma providência até agora  para fazer jus ao regime de progressão de regime, ou prisional semiaberto, onde teria que  trabalhar durante o dia e se recolher ao respectivo  presídio durante  à noite, certamente pela ojeriza  que sempre teve  à palavra “trabalho”, os procuradores da Lava Jato de Curitiba acabaram fazendo essa  tremenda “sacanagem” para “Sua Excelência”.

Invocando o “bom comportamento” de Lula durante o período em que esteve preso ,e após ter cumprido 1/6 da pena,  condições necessárias para  decretação desse benefício, mais parece que  no “fundo” os referidos procuradores  tiveram a iniciativa de postular a progressão de regime para Lula como  uma “desforra” ao “tiroteio” contra a Operação Lava Jato que está partindo do Congresso Nacional e do próprio Supremo Tribunal Federal.

Lula está fazendo um “charminho” muito interessante  no sentido de não se mostrar simpático à sua progressão de regime, pretendendo com isso  que a sua condenação pelo Juiz Sérgio Moro  seja anulada pelo STF, ou pelo TSJ, por intermédio de  qualquer uma das dezenas  de “manobras jurídicas” e “chicanas processuais”,que  simultaneamente tramitam nos tribunais.

Mas a ambição maior de Lula está lá em 2022, onde as anulações das suas condenações o deixariam “ficha limpa” e apto a concorrer  novamente à Presidência da República, convencido que a sua “força política” e “prestígio eleitoral” não teriam sido abalados, apesar de provadas e  tornadas públicas todas as falcatruas  que cometeu, direta, ou indiretamente, durante o regime de mando do PT.

Em síntese, Lula recusa-se a  trocar a vida de “rei” que sempre teve  na Superintendência da Policia Federal de Curitiba -  que custa ao erário a exorbitante quantia de DEZ MIL  REAIS/DIA - e onde  desfruta de mordomias somente  acessíveis aos mi/bilionários, por uma vida “comum”, em que teria que fazer o extremo  “sacrifício” de trabalhar, como todos, e não só governar  um país  fazendo “politicalha” e roubando tudo que encontra pela frente.       

Sérgio Alves de OliveiraAdvogado e Sociólogo