Grupo
de jovens brasileiros havia jurado lealdade ao grupo terrorista e se organizava
para comprar armas
A Polícia
Federal faz nesta quinta-feira (21) a Operação Hashtag para prender
dez pessoas suspeitas de planejar um atentado terrorista durante a Olimpíada,
no Rio de Janeiro. A operação secreta
é executada pela Divisão Antiterrorismo da Polícia Federal contra o
grupo que, até aqui, é considerado a maior ameaça aos Jogos. Além dos mandados para a prisão temporária de dez pessoas,
a Justiça Federal em Curitiba emitiu dois mandados de
condução coercitiva e 19 de busca e apreensão no Amazonas, em Minas
Gerais, no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Paraná e no Rio Grande do Sul.
Os presos
são considerados pelos investigadores uma célula do Estado Islâmico no
Brasil. Com autorização judicial, a Divisão Antiterrorismo da PF monitorou diálogos
do grupo, autointitulado “Defensores da Sharia” (a
série de princípios religiosos, comportamentais e de costumes expressos nos
textos sagrados muçulmanos e que influenciam do modo de vida às constituições
de alguns países), em redes sociais, sobretudo via Facebook e Twitter, e
por aplicativos de troca de mensagens. O grupo seguia o mesmo roteiro dos
terroristas envolvidos nos atentados em Orlando, nos Estados Unidos, e em
Paris, na França: foram recrutados pela internet e alguns deles juraram lealdade
ao Estado Islâmico. Dias atrás, o grupo comemorou o atentado em Orlando, no qual um atirador matou
50 pessoas em uma boate.
Nas
mensagens, a PF descobriu que o grupo
ainda era embrionário. Os integrantes não se conheciam pessoalmente, conversavam por mensagens via aplicativos como WhatsApp e Telegram, nas quais compartilhavam simpatia pelo Estado
Islâmico, falavam em treinar artes marciais e se preparavam para ações. Eles
usavam as redes sociais para contatos com o Estado Islâmico. Os investigadores
descobriram, ainda, que um dos integrantes havia jurado lealdade ao Estado
Islâmico. Além do plano para, possivelmente, organizar um atentado terrorista
na Olimpíada, eles relatavam a
compra de armamento. Um dos integrantes fez contatos para adquirir um fuzil
AK-47 no Paraguai. Dois deles já cumpriram pena por homicídio.
Em
contatos com a organização, os integrantes comentaram
que o Brasil não fazia parte da coalização de países que combate a organização
na Síria, mas receberia um número considerável de estrangeiros desses
países durante a Olimpíada e começavam a discutir possíveis alvos. Esses três
fatores, somados à proximidade do evento, fizeram a Polícia Federal deixar a
ação monitorada e ir a campo para prendê-los. A Polícia Federal mantém os nomes
e os detalhes do ataque sob sigilo. Há um menor de idade entre os envolvidos.
Ao
contrário de ameaças dos chamados “ratos
solitários”, a PF descobriu uma
estrutura que começava a se organizar. O perfil dos alvos, segundo
investigadores da área de inteligência, encaixa-se no grupo que é hoje
considerado o de maior risco entre os brasileiros investigados:
recém-convertidos ao islamismo, que se frustraram com o tom pacifista das
mesquitas brasileiras e partiram, então, para a internet em busca do
radicalismo propagandeado pelo Estado Islâmico. No total, a inteligência brasileira trabalha com 50 alvos. Todos os presos pela
PF estavam nessa lista.
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