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domingo, 5 de junho de 2016

A história completa do estupro que chocou o Brasil

VEJA reconstituiu o enredo do infame crime cometido contra uma garota de 16 anos no Rio de Janeiro. A vítima estava inconsciente desde o início da agressão sexual 

[destacando que essa inconsciência foi fruto do comportamento da própria vítima - o que não reduz em nada a gravidade do crime de estupro.]
A menor empunha uma arma em foto divulgada por traficantes: atração por bailes funk, drogas e más companhias(VEJA.com/VEJA)
 
Encoberta pela sombra da vergonha, do medo, da culpa e da negação da própria vítima, a violação do corpo de uma mulher é, na imensa maioria dos casos, um ato inconfessado, tolerado e envolto em dúvidas. Foi assim no sábado 21 de maio, em que uma menina de 16 anos foi estuprada por pelo menos nove homens durante horas deitada sobre um colchão sujo de uma casa no Morro da Barão, Zona Oeste do Rio de Janeiro. A primeira rea­ção da sociedade ao tomar conhecimento do caso que repercutiu em todo o mundo foi de choque diante da violência. Em seguida, veio a incômoda constatação: no ambiente frequentado pela adolescente, de criminalidade e valores tortos, violências sexuais abomináveis são constantemente confundidas com relações sexuais aceitáveis.

Em casos como esse, não deveria haver relativismo algum, compreensão com o que é intolerável. O sexo sem consentimento é crime - ainda que nem mesmo a moça, cevada em um ambiente de permissividade, tenha entendido de imediato que fora estuprada. Uma minuciosa reconstituição desta tragédia feita por VEJA comprova que a adolescente estava inconsciente desde o início da agressão. Quando o estupro coletivo aconteceu, a menina vinha de seis horas seguidas embaladas a bebida e drogas em um baile funk que a deixaram fora de si. 

Ainda fez sexo com um parceiro, num alojamento de bandidos do morro, e não teve forças para ir embora. Ali foi encontrada, sozinha e inerte, e levada por um marginal para outro imóvel. No "abatedouro", como é chamado, seria violentada pelo bando, que estava na área por acaso: planejava atacar uma facção rival, mas a ação fora abortada. Quando enfim voltou para casa, a garota tomou banho e foi dormir. Não lhe passou pela cabeça denunciar seus agressores. Em conversas com psicólogos, ela explicou por que não fez nada. Primeiro, por não saber direito o que tinha acontecido. Depois, porque na favela isso é normal. "A lei deles é outra", disse.

Com reportagem de Cecília Ritto e Maria Clara Vieira

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Faroeste digital

Metade dos tuiteiros que disparavam os xingamentos mais execráveis contra mulheres era, também, mulher


Era inevitável. Antes mesmo da investigação sobre o estupro da adolescente de 16 anos em uma favela da Zona Oeste do Rio tomar qualquer rumo, o caso adquiriu uma segunda vida. Virou letra de funk, com sua variante de letras chulas de abatedouro machista e degradação da vítima. Também surgiram garotas da comunidade portando cartazes de apoio aos acusados, em manifestação seis dias após o estupro.

Na enxurrada de comentários postados nas redes sociais, nem todas foram de empatia, dor e solidariedade com a jovem. Nem era de se esperar que o fossem. O que chama atenção, porém, é o volume de vozes femininas — ou pelo menos que se identificam como mulheres nos posts — a hostilizar e xingar cruamente a adolescente. [somos radicalmente contra o estupro, tanto que defendemos para o estuprado não reincidente a pena de castração química por um período mínimo  de dez anos e no caso de reincidente castração física com extirpação completa dos testículos.
Também consideramos um absurdo que se atribua a mulher, a vítima, o estupro.
Mas, toda regra tem exceção. E o caso da jovem, apesar de condenável e repugnante, não desperta pela conduta desregrada da vítima nenhum sentimento de solidariedade a mesma. Punição rigorosa para os culpados mas nenhuma solidariedade a vitima - este é o nosso entendimento.
REGISTREM:
-  vítima usuária de ecstasy, lança-perfume, entre outras drogas;
-  mãe aos 13 anos;
- dormindo costumeiramente fora de casa, em companhia do homem que aparecesse;
- adepta de relacionamento íntimo com traficantes e outros bandidos da pior espécie e  frequentadora de bailes funk; e, resumindo: uma devassa.
Com este tipo de vida ela não é responsável por estuprada mas de forma proposital e irresponsável atrai atenção de criminosos em potencial para estrupá-la.
Não é culpada, mas adota um comportamento que facilita em muito os criminosos adeptos da prática do estupro.]  

A menor empunha uma arma em foto divulgada por traficantes: atração por bailes funk, drogas e más companhias(VEJA.com/VEJA) 

 Pelo jeito, revela um estudo divulgado dias atrás na Inglaterra, trata-se de uma tendência global. O Demos é um conceituado instituto apartidário de análises, pesquisa e formulação de políticas públicas. Fundado em Londres há mais de duas décadas por um marxista, isso não o impede de ter conselheiros até mesmo do governo David Cameron.

Seu Centro de Análises de Mídia Social (Casm) é especializado em pesquisas avançadas sobre o universo digital. A mais recente coletou e analisou 1,5 milhão de tuítes contendo as palavras “cachorra”, “puta” e “estupro” postadas ao longo de três semanas (23 de abril a 15 de maio).  Em seguida, usando algoritmos como filtros, foram separadas as postagens intencionalmente agressivas das que usavam os termos em vários outros contextos. 

Resultado da pesquisa: metade dos disseminadores da linguagem misógina mais abusiva no Twitter era mulher e garota. À deriva do seu meio social? Não, diz a pesquisa, inseridas.
O resultado confirma levantamento anterior feito dois anos atrás nos mesmos moldes, quando metade dos tuiteiros que disparavam os xingamentos gratuitos mais execráveis contra mulheres era, também, mulher.

Em nota que acompanha a divulgação da pesquisa, Alex Krasodomski-Jones, um de seus autores, encontra alento no reconhecimento político e preocupação pública (pelo menos na Inglaterra) quanto ao faroeste digital que atinge sobretudo as mulheres.  “Já se tornou evidente que, enquanto o mundo digital criou novas oportunidades para o debate público e a interação social, ele também construiu novos campos de batalha para os piores aspectos do comportamento humanos. Captamos apenas um instantâneo superficial do que pode ser uma experiência muito pessoal e traumática para mulheres”, diz ele. Sobretudo quando o tiroteio vem de todos os lados.

O estudo focou no Twitter porque a empresa se dispôs a colocar seus dados à disposição dos pesquisadores, mas sendo a misoginia prevalente em toda a mídia social, seria importante que os gigantes da indústria também se envolvessem na discussão, acredita Krasodomosky-Jones. “Não se trata de policiar a internet, e sim de lembrar que em geral somos piores cidadãos on-line do que offline”, argumenta ele.

Dawn Foster é uma jornalista inglesa voltada para temas sociais. Em recente artigo para o diário “The Guardian”, ela conta que, depois de publicar um artigo sobre abuso sofrido ao trafegar pela cidade de bicicleta, o primeiro comentário on-line que recebeu dizia “Se eu vê-la na rua algum dia, espero que leve um tiro”.

Ao longo dos dois anos seguintes, ela ocupou um cargo no jornal que considera ter sido o pior emprego de sua vida foi moderadora on-line do jornal. Os comentários não publicáveis eram tão tóxicos, racistas, homofóbicos e sexistas que lhe tiravam o sono — isso, num jornal liberal como o “Guardian”. E quando os autores disponíveis para um chat eram mulheres, a intensidade dos insultos recebidos quintuplicavam.

Não espanta, assim, o corolário de impropérios e ofensas que não cessam de brotar nas redes à menção da jovem estuprada no Morro da Barão.  O importante, para a saúde e confiabilidade da mídia neste caso, é que nas próximas semanas, meses, anos — ou o tempo que for necessário — não haja trégua na apuração miúda de um caso que tanto comoveu o país. Nenhum canto deve permanecer obscuro. A dubiedade serve apenas à manutenção da treva.

Para a consagrada escritora feminista Jessica Valenti, autora do recém-lançado “Sex Object, a Memoir”, que trata do dilema político universal das mulheres, “somos pessoas doentes sem termos qualquer doença”. Nem a inabilidade para ser vulnerável nem a recusa a ser vítima protegem a mulher, apenas encobrem o que está torto.

Para ler mais, incluindo fotos, clique aqui
 

Fonte: Dorrit Harazim,  jornalista - O Globo

terça-feira, 31 de maio de 2016

Onde o trem bala passa de marreta...



Quando o delegado, responsável pela apuração do estupro por mais 30 homens contra uma – uma só! - jovem de 16 anos, escreve em rede social que “o único crime seria a divulgação do vídeo”, temos uma sociedade doente. O “único crime” foi um vídeo virilizado na internet onde os “inocentes”, expondo o corpo nu de uma garota inconsciente, alardeiam: Essa aqui mais de 30 engravidou. Entendeu ou não entendeu?

Para não haver dúvida do entendimento, a turma de “inocentes” exibe o sexo da garota e complementa: Olha como é que tá. Sangrando. Olha onde o trem bala passou de marreta... Mas o delegado tem uma certeza: Ela (a desacordada do vídeo) teve relação consentida!  Por isso achou melhor não prender ninguém, entende? Vai ver teve pena dos inocentes produtores do vídeo e raiva (muita raiva!) da messalina de 16 anos que frequenta a comunidade, consome drogas, tem “envolvimento claro com pessoas ligadas ao tráfico” e nem virgem é mais – teve um filho aos 13 anos.

Portanto, vadia, bandida, cachorra, vaca! Como muitos escrevem em redes sociais, comentam nas ruas e nas mídias ou, mais comedidos, pensam. O delegado Alessandro não está só na sua convicção do “ela teve relação consentida”.  Ainda que desmaiada, drogada, inconsciente. Com aquele histórico, a menina procurou e achou, têm certeza. Os inocentes só deram a bobeira de filmar e divulgar o after – o ”único crime” segundo o delegado e um sem número de componentes da sociedade doente, onde, 50 mil mulheres são estupradas por ano.

Estima-se que, no Brasil, uma mulher é violentada a cada 11 minutos. Também se estima que apenas 30% dos casos são denunciados. Assim, pode ser que, de verdade, ocorra um estupro a cada minuto.  No Rio de Janeiro, até este maio, foram 507 as queixas de estupro. Em 2015, no mesmo período, foram 670. Muita vadia procurando e achando, devem pensar, por exemplo, seguidores Bolsonaro, aquele que, sem cerimônia, disse para a colega deputada Maria do Rosário: você não merece nem ser estuprada.

Jair, o boçalnaro, expôs assim todo o seu desprezo por aquela feminista-esquerdista, representante de outras milhares “do mundo feminino” que, ao contrário, devem sim ter o merecimento de estupro. A menina do Rio, inclusive. E as feministas todas, particularmente. [Maria do Rosário merece realmente ser desprezada; afinal, ela é a favor do assassinato de seres humanos inocentes e indefesos = aborto.]  

Os 8% de intenção de votos para presidente declarados ao Jair Bolsonaro, são termômetro da febre de preconceitos e violência que assola, em movimento crescente, o Brasil de hoje.  (Sem esquecer, claro, o aplaudido relato televisivo de estupro a uma mãe de santo). Trevas. Medo.

Nesse universo retrógado e machista, além dos boçalnaros, alessandros e frotas, há também uma multidão de colegas de gênero. Mulheres que cerram fileiras com eles. Tontas, nem percebem que acentuam e prolongam a tacanha divisão do mundo em dois – deles e delas.  Com prejuízo pra todos.

Na cega ignorância, acreditam – e declaram – ser “frescura” esse negócio de cobrar presença de mulheres em ministérios de repúblicas democráticas. - Querem cota, agora? E temos que desenhar: senhoras, não é cota, é respeito e reconhecimento. É avanço, signo da igualdade garantida por lei - e por direito - e que devemos ter - de fato.

E segue o desenho: estupro é o oposto do sexo consentido. Estupro é violência, não sexo. Se você, por exemplo, apanhar com uma pá, será jardinagem ou violência? No Brasil violento deste começo de século, mulheres (particularmente, negras), crianças e adolescentes são vítimas “preferenciais” dos estupros. A maioria, 56,6%, ocorre na faixa etária de 15 a 17 anos.

A menina estuprada do Rio tem 16 anos. Foi mãe aos 13. Frequenta baile funk da comunidade, usa drogas. É prato cheio para o entender do machismo que, somado aos preconceitos todos, ganha fôlego entre nós. [onde está o machismo? Frequentar baile funk é inadequado também para homens, menores de idade; usar drogas é crime também para homens.] 

Não importa que, desacordada, tenha sido usada e abusada por um ou por 30. Não houve estupro. De alguma forma – e pelo seu histórico – foi sexo consentido, entende o delegado Alessandro, que não está sozinho nesse pensar. O mundo feminino, como divide o presidente interino da república, tá no sal. Somos a maioria da população e dos eleitores brasileiros, somos mais de 30% dos chefes de família. Estamos em todos os campos de trabalho e de conhecimento.

Aqui e lá fora, chegamos até ao comando do país – a presidência. [pelo amor de Deus; as mulheres sensatas devem esconder que chegaram ao comando do país, a presidência, com Dilma. É algo que avilta e deveria envergonhar todas as mulheres.]  Mas ainda somos seres de outro mundo – o “das mina”. Tipo segunda categoria, entende? E, aqui como na Índia, de acordo com a vontade “dos trem”, “as minasão sujeitas a serem sangradas, amassadas, passadas de marreta por um ou por mais de 30. 

Entendeu?

Século 18 no século 21, entende?

Fonte: Tânia Fusco – Blog do Noblat