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domingo, 25 de abril de 2021

A Constituição e o Kama Sutra - Revista Oeste

Guilherme Fiuza, jornalista 

Um togado com vontade férrea pode até dizer que o roubo do pré-sal só pode ser julgado em vara submarina

Depois que o Supremo Tribunal Federal reabilitou politicamente Lula, condenado a mais de 20 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o mundo do crime ficou mais leve. 
Não pense que é fácil você passar anos da sua vida assaltando e depois não ter paz para desfrutar tudo que você conquistou com o suor alheio. O STF resolveu essa injustiça e agora muita gente que estava vivendo nessa insegurança jurídica — na dúvida se precisa ou não continuar fugindo da polícia — está resolvendo a sua vida também.

Depois que o Supremo Tribunal Federal reabilitou politicamente Lula, condenado a mais de 20 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o mundo do crime ficou mais leve. Não pense que é fácil você passar anos da sua vida assaltando e depois não ter paz para desfrutar tudo que você conquistou com o suor alheio. O STF resolveu essa injustiça e agora muita gente que estava vivendo nessa insegurança jurídica — na dúvida se precisa ou não continuar fugindo da polícia — está resolvendo a sua vida também.

O ex-ministro Guido Mantega já obteve um bom upgrade com a turma do Gilmar — que, conforme já assinalamos, é uma turma que não entra em briga para perder. Mantega não foi ministro do sítio de Lula, mas foi ministro da Fazenda de Lula, o que não é pouco. Tomar conta do dinheiro num governo que virou quadrilha dá trabalho. E ele ainda continuou por lá com Dilma, aquela que caiu por pedalar — ou seja, por transformar contabilidade fiscal em ficção científica. Imagina a trabalheira que esse pobre ministro não teve.

Gilmar foi compreensivo e passou uma borracha nisso tudo — ou ao menos em parte disso. O recurso usado foi aquele mesmo que consagrou Lula como o ladrão mais honesto do país:  
afirmar que a tramoia foi julgada pelo juiz errado. 
É uma tecnologia fantástica que economiza um trabalhão para ficar negando crimes flagrantes que todo mundo viu. Isso é muito desgastante — mas acabou. Nem é mais preciso falar de crime. Basta falar de “competência” — e “plim”, some a dor de cabeça.
A “competência” do juízo que condenou Lula já tinha sido confirmada até em tribunal superior. 
Mas isso não é nada diante da vontade de ajudar os homens de bens. 
E vamos combinar que a sociedade está meio aparvalhada mesmo com a normalização da pancada em quem anda na rua, a assimilação do toque de recolher ditatorial como gesto de “empatia” e a onda de tarados querendo transformar em cidadão de segunda classe quem não tomar agulhada com aquela poção mágica feita na velocidade de um hambúrguer. O que é uma doce hipnose jurídica diante disso tudo? Relaxa.
Alvo da Operação Pentiti da Lava Jato, Mantega foi iluminado pelo farol de Gilmar e sua turma, que enxergaram imediatamente problemas de “competência” na investigação do ex-ministro. E lá se foi outro processo para gavetas bem mais competentes. A tese é aquela: a vara de Curitiba só pode julgar delitos relativos à Petrobras. 
Como você e todo mundo sabe, a Petrobras era só o centro de um sistema de corrupção montado no Palácio do Planalto e executado em escala nacional (e internacional). 
Mas um togado com vontade férrea pode até dizer que o roubo do pré-sal só pode ser julgado em vara submarina. 
Eles descobriram que competência territorial é um poder extraterreno. [aliás, falando em competência extraterrena, dizem as más línguas (não endossamos nem desadoçamos) que já está com o ministro especializado no STF, em competência territorial e temporal,  projeto de decisão monocrática, alterando a competência terrena do STF passará a alcançar toda a Via Láctea. O que está complicando é que esse ajuste, que envolve ano-luz, complica muito. 
Um ano luz demora demais a passar e talvez quando a decisão chegar ao extremo da Via Láctea, o estremo já tenha mudado. É complicado, mas...]

O ex-ministro de Lula era investigado, entre outras coisas, por supostamente ordenhar os arquivos de contratos da Petrobras para preparar pedidos de propina aos fornecedores. O STF está certíssimo: fornecedor da Petrobras não tem nada a ver com Petrobras. Cada um na sua — e a propina na minha, que ninguém é de ferro.

Fica combinado assim: quem tiver sido pego com dinheiro roubado na cueca deve pedir imediatamente ao STF a averiguação de competência judicial. [vai dar rolo..... o Zé Guimarães, aquele petista que inaugurou o transporte de dólares na cueca, vai pedir ao STF averiguação e vai parar tudo. Afinal, o parlamentar perda total, integra a comissão da covid-19. 

O meliante que está sendo investigado na área de jurisdição do flagrante pode pedir a suspensão do processo porque o roubo foi em outra localidade. Questão de competência. 
Mas, se o roubo tiver ocorrido desgraçadamente na mesma localidade do flagrante, não é o caso de perder a esperança: o dinheiro estava na cueca, portanto a cueca é o local do crime. Se ela for importada, o juiz natural do processo não pode estar no Brasil.

Entendeu? A diferença da Constituição para o Kama Sutra está no intérprete. No moderno direito nacional, em se plantando tudo dá.

Guilherme Fiuza, colunista - Revista Oeste 


domingo, 24 de janeiro de 2021

Mamãe, quero ser presidente

Ricardo Fiuza - Vozes

Não restam mais dúvidas: o Brasil está vivendo uma epidemia de milionários cismados com a Presidência da República. É a síndrome do “Mamãe, quero ser presidente”, muito comum entre gente mimada com o boi na sombra. O que mais poderia explicar esse surto de Dórias, Hucks, Amoedos, etc enguiçados nessa paranoia de mandar nos outros?

Veja Também: 2030 e a falsa felicidade

Sim, essa é a paranoia. Porque se fosse uma paranoia do tipo missionária, quixotesca ou algo assim, eles não tentariam atrapalhar absolutamente tudo que é feito no país – para se apresentarem como solução heroica. É a velha história: quando a criança não recebe o devido contraponto ao narcisismo primário, passará o resto da vida querendo tudo para si – e nunca estará satisfeita.

O problema dos tempos atuais é a complacência das sociedades com as emanações do narcisismo pueril delirante. Não aparece ninguém para dar uma segurada no chilique. Os adultos estão cansados ao final de um dia de trabalho e lá estão os pirracentos na sala dizendo que vão salvar a Amazônia, que vão dar aula de democracia, que tá tudo errado e a Greta tem razão: ninguém nunca fez nada que preste por este planeta e eles vieram dar a real.

São criaturas sovinas, personalistas, calculistas e gulosas que ficam recitando um teatrinho amador de solidariedade e empatia – sem que a coletividade contraponha com a dignidade e a clareza necessárias: deixe de ser ridículo, seja homem. O mais interessante é que personalidades tidas como reserva intelectual da nação, tipo um FHC, estão se desmanchando diante desses emergentes remediados. A elite culta estava chocada, perplexa, estarrecida com a ascensão política dos rudes sem compostura, sem lastro histórico e doutrinário. 
De repente cai de joelhos diante de um aventureiro de auditório
De quantas conveniências e facilidades se faz uma grande alma?
É isso. Por que insistir em chamar de política o que é só uma loja de conveniência?  
Tem prateleiras acessíveis com éticas baratinhas para tudo – ecologia, empatia, ciência, humanismo, inclusão sexual. 
É só passar no caixa – ou nem precisa, se for amigo do dono. 
Saia dali sorrindo com um abadá de preocupação social, com pulseirinha vip de macho sensível ou fêmea consciente, com camarote exclusivo na avenida das elevadas virtudes carnavalescas.
Mas nada seria possível nesse fabuloso mundo de facilidades sem uma imprensa abnegada na dura missão de transformar loja de conveniência em templo de virtudes
Não pense que é fácil se prestar ao papel de vender arregimentadores de bilionários como luminares da comiseração.  
Não despreze o custo de um rebolado até o chão para transformar frases de porta de banheiro em moderna filosofia progressista.

A contracultura libertária de hoje é um ajuntamento de nerds ricos e tarados pelo controle de cada vírgula. E você está entrando nessa democracia de cativeiro porque quer.

Ricardo Fiuza, jornalista - Gazeta do Povo  - Vozes

 

sábado, 16 de janeiro de 2021

Eficácia “Você demorou muito a comprar. Eficácia depende de rapidez” - Ricardo Fiuza

Revista Oeste

“Você demorou muito a comprar. Eficácia depende de rapidez”

“Poxa… Se eu soubesse teria comprado mais rápido. Ando muito dispersivo”

— Quanto é?
— Uma é 5, duas é 10.
— Tá. Me vê uma.
— Pra você eu faço duas por 15.
— Tá bom. Obrigado. Me vê duas, então. Funciona mesmo, né?
— Claro. 100%.

— Ótimo. Não posso ter dúvidas.
— Fica tranquilo. Os testes deram mais de 90% de eficácia.

90%? Não era 100?
90 foi nos testes. No mercado real é outra coisa.
— Como assim?
— Já ouviu a frase “treino é treino, jogo é jogo”?
— Já.
— Então é a mesma coisa. Teste é teste, mercado é mercado.
— Não entendi.
Raciocina: se um produto tem mais de 90% de eficácia na fase de testes, que não vale nada, imagina como ele vai performar quando for pra valer?

— É… Faz sentido.
Capaz até de ultrapassar 100%.
— É possível, isso?
— Se o produto for muito bom, sim.
Caso ultrapasse os 100%, posso dar o que sobrar pra um amigo?
— No caso você vai precisar cadastrar esse amigo aqui, e pagar uma taxa extra de titularidade compartilhada.
— OK. Se a eficácia não passar de 100% vocês devolvem o dinheiro da taxa?
Não.

— Por quê?
Porque esse dinheiro já terá sido investido em mais eficácia. Ou seja, você terá ajudado indiretamente outras pessoas.
— Aquele lance de empatia?
— Exatamente.
— Que legal! Eu sempre quis ter empatia!
— Pois é. É mais simples do que parece. Vai pagar em dinheiro ou cartão?
Aceita cheque?
Nem aqui nem na China. Quer dizer, na China aceitamos, mas o cliente tem que deixar uma garantia.
Qual garantia?
Ele mesmo.

Ah, tá. Aí funciona, né?
Inadimplência zero. Mas esse sistema ainda é muito moderno pra ser usado aqui.
— Por quê?
Aqui as pessoas são muito indisciplinadas. Não param quietas, querem andar por aí sozinhas, decidir as coisas por elas mesmas, sem monitoramento. Enfim, gente subdesenvolvida, sem empatia.

Então vou pagar a taxa de empatia em dinheiro e o resto no cartão.
— Perfeito. Isso aqui é seu também.
— O que é isso?
Um brinde do fabricante. Pode pregar na camisa.

“100% ciência”. Que legal! Obrigado. Vou botar agora.
— Esse broche teve 98,3% de eficácia em mesa de bar na fase de testes.
— Uau! Vou sair com ele hoje.
— Vai arrebentar, com certeza.
Somando com 100% de eficácia do produto…
75,8%.

— Como assim? Você acabou de me dizer que…
— Você demorou muito a comprar. Eficácia depende de rapidez.
— Poxa… Se eu soubesse teria comprado mais rápido. Ando muito dispersivo.
— Fica tranquilo. Ainda é uma boa taxa de eficácia, vai por mim.

Tá. Mas com essa taxa eu ainda posso usar o broche “100% ciência”?
— Claro! Em mesa de bar ninguém verifica nada.
— Mas e se eu não for direto pro bar?
— Dá no mesmo. Hoje em dia é tudo bar.
— Como assim?
— Não reparou? O mundo virou uma grande mesa de bar. E tá todo mundo bêbado. Vai com fé.
— Com fé ou com ciência?
— Dá no mesmo, bobo.

Legal! Então… 75,8% de eficácia, né?
Não. 50,5.
— O quê??
Te falei que se demorasse ia caindo…
— Droga. Me distraí de novo. Mas… 50%? Não é arriscado?
— Você não comprou duas?
— Comprei.
Então é só somar: 50,5 + 50,5 = 101%. Você fez um excelente negócio.
— Maravilha! Você teria um broche “101% ciência”?

Ricardo Fiuza, jornalística - Revista Oeste 

 

sábado, 14 de setembro de 2019

Cuidado! Silvio Santos vem aí - Isto É

Dono do SBT transforma comentários sexistas e atitudes machistas em rotina do seu programa dominical e dá a impressão de que pode falar o que quer sem ser incomodado 

Há algum tempo, o empresário Silvio Santos, de 88 anos, dono do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), está demonstrando posturas sexistas, machistas, racistas e assediando mulheres livremente no palco de seu programa. Sem freios, o apresentador não faz distinção de idade e nem se importa se a pessoa agredida gosta ou não de seus comentários. Seu último abuso ocorreu no domingo 8, tendo como alvo sua assistente de palco Lívia Andrade. “Isso é roupa de vir ao programa?”, perguntou para Lívia. “Você vem aqui só para me provocar. Você está me provocando com essa roupa. Olha a sua roupa aberta desse lado. Isso é roupa que se vista?”, prosseguiu, para, em seguida, tocar no decote da assistente. O constrangimento, claro, foi geral.

Na frente das câmeras, Silvio tem ultrapassado os limites não é de hoje. A impressão que dá é que, por causa da idade e do poder econômico, pode fazer e falar o que quer na TV. Há uma evidente conivência com seus atos, explicável pelo fato de ele ser o patrão do SBT. “Essa postura de Silvio Santos é misógina e rebaixa a condição da mulher, dentro de um ciclo de cultura de violência, preconceito e objetificação do corpo, deixando-a, simplesmente, como um objeto de prazer para o homem”, afirma a advogada Vivian Lopez Valle, professora da Escola de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. “Ele presta um desserviço à sociedade ao dar esse tipo de incentivo, prejudicando a luta pela igualdade e a valorização da mulher” Segundo ela, o artigo 220 da Constituição, que regula a comunicação social, traz valores que são incompatíveis com a conduta de Silvio. Em alguns casos, como quando fez comentários depreciativos para a apresentadora infantil Maisa Silva, em 2017, as palavras do dono do SBT feriram, inclusive, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Comparando a menina Maisa, que acabava de completar 15 anos com uma foto de uma mulher adulta, ele disparou: “Quando você vai ter um corpão desses?”.



[apesar da presente matéria não ser tema do Blog Prontidão Total, optamos por transcrevê-la e ao mesmo tempo apresentar fundadas razões para o comportamento inadequado do conhecido apresentador, ser tolerado;

1º - inexiste no Brasil a CENSURA que é algo necessário, especialmente para programas de grande audiência, exibidos em horários vespertinos ou no inicio da noite, o que faz com que sejam vistos por crianças. A CF 88 - a constituição 'cidadã' , a constituição dos direitos sem sem a contrapartida dos deveres proibiu a censura e com isso liberou geral.
Nos dias atuais se tornou comum que qualquer lixo, qualquer pornografia, qualquer programa inconveniente, possa ser veiculado, vendido, doado, imposto nas escolas, sem nenhum freio;
Faz falta no Brasil um órgão nos moldes do saudoso DCDP/DPF - Divisão de Censura e Diversões Públicas, vinculado ao Departamento de Polícia Federal.

2º - as emissoras de TV e outros meios de diversão, incluindo teatros, no afã de faturar e para tanto índices elevados de audiência/frequência são essenciais, se valem do fato de que são as TVs, teatros, casas de show, etc, que estabelecem os limites de idade e horário para os seus programas, eles apelam para horários e faixas de idade que representam uma permissividade total - se alguma autoridade tentar impor limites, é execrada, a Justiça (sujeita às normas constitucionais) libera geral e com isso os mais caros VALORES são pisoteados;

3º - no caso específico do Silvio Santos, conforme citado no segundo parágrafo da matéria, por ter 88 anos, nos parece que suas inconveniências são consideradas mero folclore - apesar de ser responsabilidade da direção da emissora conter os ímpetos dos seus apresentadores, ainda que sejam os proprietários - mas o dito no primeiro comentário (inexistência de limites, de censura) libera geral.
Jovens com idade inferior a 18 anos não podem dirigir, tirar CNH,  e um dos motivos é que são inimputáveis.
Se indivíduos com mais de 85 anos são também inimputáveis, não se pode permitir que tenham acesso a qualquer forma de cometer crimes;

4º - aqui, se dissesse em um palco, certamente me linchariam: não estou entre os que atribuem a culpa do estupro às mulheres pela forma como se vestem ou devido ao comportamento, mas, se a pessoa sabe que ao comparecer a determinado programa de TV, corre risco de ser humilhada, desacatada, não vá - já que o autor das inconveniências, é o dono da emissora, e por não existir ordenamento legal no Brasil que controle o que é veiculado em programa de auditório, ele não é punido.
Se vão, além do constrangimento, devem estar ganhando alguma coisa.]

Ofensa a crianças
Em outra ocasião, Silvio trouxe ao palco crianças acompanhadas de suas mães para uma competição de um quadro do programa. Ao premiar uma criança com dinheiro, proferiu mais um impropério. “O que você prefere: dinheiro, poder ou sexo?”, perguntou. A menina e sua mãe ficaram sem ação. Num programa anterior também com crianças, desta vez que iriam participar de um concurso de calouros, ele teceu uma observação com clara conotação racista. Dirigindo-se a uma das integrantes de um trio musical, uma menina negra, perguntou o que ela queria ser quando crescer. A resposta foi básica. “Quero ser cantora”, respondeu. Silvio Santos não se deu por satisfeito: “mas com esse cabelo?”. As declarações do patrão arrancaram aplausos da platéia e risadas múltiplas. “No geral, ele presta um desserviço a população brasileira. Tudo isso fere o ordenamento jurídico em diferentes aspectos. O Ministério Público deveria agir”, diz Vivian.

A falta de cuidado, respeito e empatia e tantos outros sentimentos na postura do apresentador e dos que o rodeiam é clara. O fato de a programação televisiva influenciar diretamente a sociedade, gerar debates e discussões intermináveis, torna a responsabilidade do apresentador muito maior. Mas Silvio elegeu o sexo, tratado de forma grosseira, como seu assunto preferido. A modelo e apresentadora Fernanda Lima, que está à frente do programa Amor e Sexo, na rede Globo, foi caracterizada por Silvio como uma mulher de “pernas finas e cara de gripe". As funcionárias do SBT, como Lívia e Helen Ganzarolli, são alvos frequentes da fúria libidinosa do apresentador. A velhice, o show de palco, o fato de ser considerado um mito da televisão lhe dão uma espécie de salvo conduto para fazer o que bem entende.

Os vitupérios do apresentador
Helen Ganzarolli
“Quantos anos você foi amante do Gugu? Estou no crepúsculo da minha vida, a coisa que eu mais quero antes de entrar pro buraco é ter você como a última das minhas pulações de cerca.

Annita
Ao ser convidado a dançar pela cantora, Silvio Santos afirmou, “não vou dançar com você porque vou ficar muito excitado”


Maísa Silva
“Quando você vai ter um corpão desses?” Isso foi dito em comparação com uma foto de uma mulher adulta. Maísa estava sendo homenageada. Na época ela completava 15 anos


Claudia Leite
“Esse negócio de ficar dando abraço me excita e eu não gosto de ficar excitado”. O comentário foi proferido durante a apresentação do programa especial Teleton


Simaria
Depois de analisar o bumbum e a vestimenta das cantoras Simone e Simaria, Silvio afirmou: “estou desconfiado de que isso é um travesseiro”


Fernanda Lima
Quando tomou conhecimento do programa apresentado por Lima, Amor e Sexo, Silvio Santos teceu esse comentário: “Com essas pernas finas e essa cara de gripe, ela não teria nem amor nem sexo”


Em IstoÉ, MATÉRIA COMPLETA, incluindo fotos




 

domingo, 5 de junho de 2016

Faroeste digital

Metade dos tuiteiros que disparavam os xingamentos mais execráveis contra mulheres era, também, mulher


Era inevitável. Antes mesmo da investigação sobre o estupro da adolescente de 16 anos em uma favela da Zona Oeste do Rio tomar qualquer rumo, o caso adquiriu uma segunda vida. Virou letra de funk, com sua variante de letras chulas de abatedouro machista e degradação da vítima. Também surgiram garotas da comunidade portando cartazes de apoio aos acusados, em manifestação seis dias após o estupro.

Na enxurrada de comentários postados nas redes sociais, nem todas foram de empatia, dor e solidariedade com a jovem. Nem era de se esperar que o fossem. O que chama atenção, porém, é o volume de vozes femininas — ou pelo menos que se identificam como mulheres nos posts — a hostilizar e xingar cruamente a adolescente. [somos radicalmente contra o estupro, tanto que defendemos para o estuprado não reincidente a pena de castração química por um período mínimo  de dez anos e no caso de reincidente castração física com extirpação completa dos testículos.
Também consideramos um absurdo que se atribua a mulher, a vítima, o estupro.
Mas, toda regra tem exceção. E o caso da jovem, apesar de condenável e repugnante, não desperta pela conduta desregrada da vítima nenhum sentimento de solidariedade a mesma. Punição rigorosa para os culpados mas nenhuma solidariedade a vitima - este é o nosso entendimento.
REGISTREM:
-  vítima usuária de ecstasy, lança-perfume, entre outras drogas;
-  mãe aos 13 anos;
- dormindo costumeiramente fora de casa, em companhia do homem que aparecesse;
- adepta de relacionamento íntimo com traficantes e outros bandidos da pior espécie e  frequentadora de bailes funk; e, resumindo: uma devassa.
Com este tipo de vida ela não é responsável por estuprada mas de forma proposital e irresponsável atrai atenção de criminosos em potencial para estrupá-la.
Não é culpada, mas adota um comportamento que facilita em muito os criminosos adeptos da prática do estupro.]  

A menor empunha uma arma em foto divulgada por traficantes: atração por bailes funk, drogas e más companhias(VEJA.com/VEJA) 

 Pelo jeito, revela um estudo divulgado dias atrás na Inglaterra, trata-se de uma tendência global. O Demos é um conceituado instituto apartidário de análises, pesquisa e formulação de políticas públicas. Fundado em Londres há mais de duas décadas por um marxista, isso não o impede de ter conselheiros até mesmo do governo David Cameron.

Seu Centro de Análises de Mídia Social (Casm) é especializado em pesquisas avançadas sobre o universo digital. A mais recente coletou e analisou 1,5 milhão de tuítes contendo as palavras “cachorra”, “puta” e “estupro” postadas ao longo de três semanas (23 de abril a 15 de maio).  Em seguida, usando algoritmos como filtros, foram separadas as postagens intencionalmente agressivas das que usavam os termos em vários outros contextos. 

Resultado da pesquisa: metade dos disseminadores da linguagem misógina mais abusiva no Twitter era mulher e garota. À deriva do seu meio social? Não, diz a pesquisa, inseridas.
O resultado confirma levantamento anterior feito dois anos atrás nos mesmos moldes, quando metade dos tuiteiros que disparavam os xingamentos gratuitos mais execráveis contra mulheres era, também, mulher.

Em nota que acompanha a divulgação da pesquisa, Alex Krasodomski-Jones, um de seus autores, encontra alento no reconhecimento político e preocupação pública (pelo menos na Inglaterra) quanto ao faroeste digital que atinge sobretudo as mulheres.  “Já se tornou evidente que, enquanto o mundo digital criou novas oportunidades para o debate público e a interação social, ele também construiu novos campos de batalha para os piores aspectos do comportamento humanos. Captamos apenas um instantâneo superficial do que pode ser uma experiência muito pessoal e traumática para mulheres”, diz ele. Sobretudo quando o tiroteio vem de todos os lados.

O estudo focou no Twitter porque a empresa se dispôs a colocar seus dados à disposição dos pesquisadores, mas sendo a misoginia prevalente em toda a mídia social, seria importante que os gigantes da indústria também se envolvessem na discussão, acredita Krasodomosky-Jones. “Não se trata de policiar a internet, e sim de lembrar que em geral somos piores cidadãos on-line do que offline”, argumenta ele.

Dawn Foster é uma jornalista inglesa voltada para temas sociais. Em recente artigo para o diário “The Guardian”, ela conta que, depois de publicar um artigo sobre abuso sofrido ao trafegar pela cidade de bicicleta, o primeiro comentário on-line que recebeu dizia “Se eu vê-la na rua algum dia, espero que leve um tiro”.

Ao longo dos dois anos seguintes, ela ocupou um cargo no jornal que considera ter sido o pior emprego de sua vida foi moderadora on-line do jornal. Os comentários não publicáveis eram tão tóxicos, racistas, homofóbicos e sexistas que lhe tiravam o sono — isso, num jornal liberal como o “Guardian”. E quando os autores disponíveis para um chat eram mulheres, a intensidade dos insultos recebidos quintuplicavam.

Não espanta, assim, o corolário de impropérios e ofensas que não cessam de brotar nas redes à menção da jovem estuprada no Morro da Barão.  O importante, para a saúde e confiabilidade da mídia neste caso, é que nas próximas semanas, meses, anos — ou o tempo que for necessário — não haja trégua na apuração miúda de um caso que tanto comoveu o país. Nenhum canto deve permanecer obscuro. A dubiedade serve apenas à manutenção da treva.

Para a consagrada escritora feminista Jessica Valenti, autora do recém-lançado “Sex Object, a Memoir”, que trata do dilema político universal das mulheres, “somos pessoas doentes sem termos qualquer doença”. Nem a inabilidade para ser vulnerável nem a recusa a ser vítima protegem a mulher, apenas encobrem o que está torto.

Para ler mais, incluindo fotos, clique aqui
 

Fonte: Dorrit Harazim,  jornalista - O Globo