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domingo, 18 de novembro de 2018

Crimes de ódio, lá e aqui

Os números são impressionantes. Os crimes de ódios relatados nos Estados Unidos cresceram 17% de 2016 para cá, e vêm aumentando de maneira regular e consistente desde a eleição do presidente Donald Trump. No ano passado, 7.100 crimes desta natureza foram registrados, sendo que três em cada quatro ocorreram por questões raciais ou étnicas. Religião e orientação sexual são as outras duas motivações mais importantes de crimes de ódio, segundo relatório do FBI publicado na quarta-feira pelo jornal The New York Times.

Os dados divulgados estão com certeza subestimados. Apenas 12,6% das delegacias e outras instituições policiais relataram ao FBI crimes de ódios em suas jurisdições. Os departamentos de polícia de Miami e Las Vegas, por exemplo, não notificaram um caso sequer em 2017, o que é claramente impossível. Por outro lado, crimes que ficam apenas no campo da agressão verbal ou física muitas vezes não são sequer denunciados pelos agredidos, que não acreditam que a sua notificação vá resolver alguma coisa.

O elemento que causou o aumento expressivo nesse tipo de crime foi a crescente tensão política no país desde a posse de Trump. Nenhuma dúvida sobre a enorme mudança de clima, em se comparando o governo do presidente Barack Obama com o do seu sucessor. Os Estados Unidos pularam de um estado de espírito tranquilo e quase passivo, sob Obama, para um de permanente excitação, com Trump. O exemplo americano pode ser muito útil no Brasil, que, em 45 dias, inaugura novo governo que, sob todos os aspectos, quer se parecer com o de Donald Trump.  Um chefe de estado que transpira intolerância, como é o caso do presidente americano, contamina todo o tecido social. Se o presidente pode ser agressivo e destilar ódio, por que o cidadão não pode? A pergunta é ridícula, mas ela é sistematicamente feita nos Estados Unidos por pessoas suscetíveis, de perfil psicológico frágil e limitadas cognitivamente. E as respostas aparecem nesses dados coletados pelo FBI.

O presidente eleito do Brasil vem moderando de maneira consistente seu velho e conhecido discurso de ódio e intolerância. Se Bolsonaro tivesse mantido o mesmo tom, correríamos altíssimo risco de ver prosperar no país a mesma onda que atravessa os Estados Unidos desde a chegada de Trump. Também arriscamos trilhar o mesmo caminho se o futuro presidente tiver uma recaída e retomar seu antigo e antiquado perfil, hipótese que não pode ser de maneira alguma descartada. É cedo para dizer que Bolsonaro mudou.
São raras no Brasil agressões geradas por motivação política, como a do atentado contra o próprio Bolsonaro e o assassinato do petista Moa do Katendê. O que temos por aqui, e em abundância, são as agressões de natureza racial e de gênero, e os crimes em razão da orientação sexual do agredido, que são quase banais no Brasil. Esses crimes podem aumentar ainda mais se o futuro líder da nação não consolidar esta sua mudança de estilo.

 Não discriminar e não deixar que se discrimine qualquer um e em nenhuma hipótese. Repudiar a agressão e o agressor. Deter, julgar e prender o agressor. Promover práticas de inclusão, investir, apoiar e priorizar as minorias. [alguém cite um único motivo, uma miserável razão, para priorizar as minorias???]  Bolsonaro deverá não apenas suavizar o seu discurso, mas efetivamente mudá-lo. O brasileiro saberá agradecer um sinal de grandeza de seu presidente. Mesmo os que o apoiam, os que votaram nele, e que são hoje a maioria no Brasil, vão aceitar e aplaudir um líder mais moderado.

Ascânio Seleme - O Globo
 

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Programa de Bolsonaro no rádio fala em 'amigos do comunismo'; Haddad cita ataques de crimes de ódio pelo país



[Bolsonaro alerta para os planos de Haddad de governar sob principios bolivarianos e com isso transformar o Brasil em uma Venezuela;

 Haddad, estupidamente e sem o menor sentido a apoiar sua versão,  tenta atribuir a Bolsonaro responsabilidade por um assassinato cometido na periferia de Salvador,  alegando que o assassino usava uma camisa da campanha de Bolsonaro.]


Candidatos fizeram chamados aos eleitores sobre dramas de Venezuela e Cuba e ameaça à democracia e intolerância política; PT esconde Lula



No primeiro programa eleitoral do segundo turno exibido na manhã desta sexta-feira no rádio, os candidatos a presidente da República,  Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), utilizaram os cinco minutos a que têm direito a partir de hoje até a antevéspera da eleição para alertar os eleitores do "perigo" que correm com o resultado das urnas:  A volta "dos amigos do comunismo" ou o retorno da ditadura e de "fascistas" ao poder. A intolerância política e o relato de crimes de ódio também deram o tom do programa do PT, que  não cita o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em nenhum momento. 


A propaganda de Bolsonaro inicia relacionando um discurso de Lula, no qual o ex-presidente apoia  o Foro de São Paulo (encontro de movimentos de esquerda da América Latina - com forte destaque a hegemonia do bolivarianismo - o que f ... A Venezuela e outros países da América Latina.)  e diz que um dia os governos de esquerda da região "chegarão ao poder". "Pode ser a volta do comunismo após a queda do Muro de Berlim em 1990", diz o narrador. Cita Fidel como responsável, ao lado de Lula, por "plantar em nossa pátria" a semente do comunismo, e a ditadura de Cuba e Venezuela "devastada, tão admirada por Lula, Dilma e Haddad". E afirma que o "vermelho jamais foi a cor da esperança, e sim um sinal de alerta para despertar o Brasil". 

O programa de Bolsonaro usa ainda falas de personagens que se intitulam "pobres e mulheres negras" para dizer "PT nunca mais" e que nossa bandeira é "verde e amarela" e que "nosso partido é o Brasil". 

Vasectomia revertida
Ao final da exibição, o narrador anuncia com tom dramático que "tentaram tirá-lo de combate", mas "chegamos até aqui com a verdade, opiniões firmes e Deus, acima de tudo". Em seguida, é apresentada uma breve biografia de Bolsonaro que "serviu com orgulho o Exército brasileiro entre 1971 e 1988" e termina com um relato do candidato no qual faz "uma confissão". Depois de dizer que Bolsonaro é casado e tem cinco filhos, o candidato começa a contar sua revelação na qual cita o nome da "pequena Laura" e chora. Após pausa de alguns segundos, ele retoma a sua fala para dizer que já tinha decidido não ter mais filhos e que "pela manutenção do casamento" resolveu fazer no Hospital Central do Exército a reversão da vasectomia.
"A realização de grande parte das mulheres é ter filho. Então, eu desfiz a vasectomia", diz ao soltar em seguida uma risada alta e dizer "te amo, filha. E o meu beijo como é que fica?!". O programa é encerrrado com seu pedido de voto. "Vamos eleger um presidente que vai fazer a nação crescer, pois precisamos de políticos honestos e patriotas". 

'12 Facadas'
Já a propaganda de Haddad abre com a narrativa sobre a morte do mestre de capoeira Moa do Katendê, atacado após uma discussão política na madrugada de segunda-feira, em Salvador . Figura pública na capital baiana, o capoeirista foi morto com 12 facadas por um homem que se diz apoiador de Bolsonaro.  [o argumento estúpido, imbecil e sem fundamento do Haddad é acusar Bolsonaro pelo fato do assassino do capoeirista usar uma camisa da campanha de Bolsonaro] E alerta: "Nossa democracia está em risco".[Nossa  democracia está em risco se Haddad se tornasse presidente, é indiscutível que ele segue os princípios do Foro de São Paulo e considera o bolivarianismo - que f ... a Venezuela o melhor regime de governo e pretende implantar tal regime no Brasil.] 
 
Em seguida entra um áudio de Bolsonaro repetidas vezes no qual diz "vamos fuzilar a petralhada",  dito por ele durante uma campanha no Acre no 1º turno. O narrador volta ao caso de violência contra o capoeirista e diz que "mataram um pai porque ele estava de camisa vermelha. "1,2,3,4,5...12 facadas".[se Bolsonaro pretendesse fuzilar a petralhada, certamente não usaria faca - aliás, Bolsonaro foi vítima de um cruel e covarde ataque a facada e que até hoje não está bem esclarecido.
Se conseguiu sobreviver e realizar o atentado sem apoio nenhum e ganhando nas poucas vezes que trabalhou, salário de servente de pedreiro, o esfaqueador Bispo deve ser chamado - Haddad ganhando - para ser ministro da Fazenda do poste petista.]

O programa cita também  além ataques contra uma placa em memória da vereadora do PSOL Marielle Franco. [Os ataques não foram realizados contra Marielle, apenas alguns cidadãos ao presenciarem o resultado de uma ação criminosa - psolistas arrancaram uma placa oficial, que denominava uma rua do Rio e em seu lugar colocaram uma placa clandestina, sem aval da prefeitura, homenageando a vereadora.
Os cidadãos indignados com mais um desrespeito as leis, arrancaram a placa pirata restabelecendo o nome oficial da rua.]  
 
Na sequência é apresentada uma breve biografia do candidato do PT na qual ressalta sua experiência como educador, intelectual e prefeito premiado. [Haddad é tão excelente administrador que tentou a reeleição em 2016 e foi derrotado pelo novato Doria ainda ano primeiro turno.] Haddad termina sua participação agradecendo aos eleitores, a Deus, e pede paz. "Queremos paz e paz se constrói garantindo direitos. É hora de olhar para frente, mesmo que você tenha votado em outro candidato no primeiro turno, agora é a vez da democracia e dos direitos do povo".
No rádio, o horário de propaganda terá início às 7h e às 12h; na televisão, o primeiro bloco do horário eleitoral começa às 13h e o segundo bloco às 20h30. As emissoras e canais também devem reservar 25 minutos diários, de segunda-feira a domingo, para inserções dos candidatos à Presidência. 

O Globo