Não
resta dúvida de que o PT foi trazido de volta ao poder para cumprir seu
destino histórico e destruir o país.
Eu sabia – já escrevi tanto a
respeito! – mas era consequência do que podia ler nos fatos; agora, Lula
verbalizou tudo, audível e claramente, aos amigos da sua Pátria Grande
reunidos no Foro de São Paulo. Disse ele: “Aqui no Brasil nós
enfrentamos o discurso do costume, o discurso da família, o discurso do
patriotismo, ou seja, o discurso de tudo aquilo que a gente aprendeu
historicamente a combater”.
Qual a
principal trincheira desse combate?
Onde a frente ampla da desgraça
nacional avança sem encontrar resistência alguma?
Onde, num total
desequilíbrio de forças se estabelece o domínio dos corações e das
mentes?
É nas salas de aula do país, convertidas em crematório do futuro
ao longo de toda a cadeia produtiva do ensino.
Não
surpreende o entendimento entre o MEC e o Ministério da Defesa – sim,
você leu certo – que acabou com as escolas cívico-militares criadas em
2019.
Afinal, os três inimigos contra os quais a liderança esquerdista
do continente “aprendeu historicamente, etc., etc” estão presentes
nesses educandários:
1º) as famílias, que junto com os professores, em assembleia e por votação decidem adotar esse modelo;
2º) os bons costumes,
porque traficantes, malfeitores e desordeiros mantêm distância e os
alunos são orientados para condutas civilizadas voltadas ao aprendizado;
3º) o patriotismo, porque nessas escolas, o sadio e produtivo amor à pátria não é reprovado, mas estimulado.
De um modo
gradual, elas serão absorvidas pela mesmice de um sistema cujos péssimos
resultados gritam nas aferições internas e rankings internacionais que
avaliam o desempenho escolar em todos os níveis de ensino. “É que não se
faz Educação sem dinheiro!”, exclamarão em coro as salas de
professores.
No entanto, em 2019, o Brasil ocupava o 6º lugar no
investimento em Educação, medido na proporção com o PIB, perdendo apenas
para os países nórdicos e para a Bélgica.
Mas é só isso
que a esquerda no poder combate historicamente e põe as escolas
cívico-militares de joelhos com a nuca exposta? Não, tem muito mais.
Ela
substitui o moralmente correto pelo “politicamente correto”, a História
por um elenco de narrativas capciosas, a solidariedade pelo
antagonismo, o amor ao pobre pelo ódio ao rico.
Essa esquerda
combate a estrutura familiar pela condenação do suposto patriarcado,
como se a paternidade fosse apenas poder e não amor, responsabilidade,
serviço e sacrifício.
A sala de aula não pode ser o vertedouro das
frustrações de quem detém o toco de giz.
Ela
desrespeita a inocência das crianças. Contra a vontade unânime dos
parlamentos do país, introduz pela janela a ideologia de gênero nas
salas de aula enquanto os valores saem pela porta.
Como alavanca
ideológica, não estimula o respeito à propriedade privada, nem o
empreendedorismo, nem o valor econômico do conhecimento e das
competências individuais.
Poderia
prosseguir pois nada há de meu apreço que não seja combatido pela
esquerda em sua guerra cultural ou contra o Ocidente, ou por uma nova
ordem mundial. O desejado pluralismo de ideias é substituído pela
exclusão da divergência.
O Estado que deveria servir a sociedade põe a
sociedade a seu serviço.
O Estado e a política que os camaradas da
Pátria Grande querem precisa dos necessitados de seu auxílio, sem os
quais desaparecem politicamente.
Vejam o
quanto essa esquerda é dependente de um sistema de ensino que não
ensine, cujo foco não esteja no aluno e sua aprendizagem, mas em difusos
e sinistros objetivos político-ideológicos.
Tal sistema, quando fala em
escola de tempo integral, mais me assusta do que me alegra!
PS – Os muitos bons e valiosos professores têm meu louvor e sabem contra o que também se empenham.
Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores
(www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país.
Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia;
Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.