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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

A república dos encalacrados

O Supremo Tribunal Federal (STF) vai analisar uma denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República em 2013 contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). O parlamentar é acusado de peculato, uso de documento falso e falsidade ideológica tudo isso por conta de um constrangedor escândalo que envolveu Renan, sua ex-amante e uma empreiteira camarada. Se o Supremo transformar o senador em réu, o Congresso Nacional, já suficientemente desmoralizado, se verá na desconfortável situação de ter os presidentes de suas duas Casas – Renan Calheiros no Senado e Eduardo Cunha na Câmara – prestando contas à Justiça.

A notícia de que o ministro do STF Luiz Edson Fachin resolveu dar andamento ao processo tirou o sossego de Renan no momento em que o senador se julgava a salvo do escândalo do Petrolão no qual também está envolvido – graças a seus conchavos com a presidente Dilma Rousseff, de quem se tornou o principal aliado na expectativa de ser blindado.

O caso que o STF vai julgar, embora seja célebre por envolver picantes segredos de alcova do senador, está longe de ser mero mexerico. Trata-se de exemplo de manifesta desfaçatez não apenas por parte de Renan, mas também de seus pares no Senado, que jogaram no chão a reputação da Câmara Alta. Conforme a denúncia da Procuradoria-Geral, um lobista da empreiteira Mendes Júnior pagou, entre janeiro de 2004 e dezembro de 2006, a pensão que Renan devia à jornalista Mônica Veloso, com quem o senador teve uma filha. O valor mensal era de R$ 16,5 mil, entregue sempre em dinheiro vivo, segundo a acusação.

O senador obviamente negou tudo e disse que os recursos saíam do seu próprio bolso, mas teve de se empenhar para provar que tinha de onde tirar o dinheiro, porque seus vencimentos, na época, não passavam de R$ 13 mil mensais. Apresentou documentos fiscais e bancários que, declarou Renan, atestariam que os recursos eram resultado de investimentos em gado, cuja lucratividade, segundo ele alegou, chegou a impressionantes 85%. A Polícia Federal e a Procuradoria-Geral não tiveram muito trabalho para concluir que os papéis eram falsos. [ainda tem pessoas capazes de questionar os lucros fantásticos obtidos pelo deputado Eduardo Cunha com a comercialização de carne bovina enlatada.
Aliás, tudo é mais fácil para o Renan - a acusação de agora foi apresentada em 2013, quando o procurador-geral da República não era o Rodrigo Janot, que só é rápido quando se trata de atacar o Cunha.]

Além disso, segundo a denúncia, Renan pegou dinheiro da empresa de um primo que supostamente prestava serviços para seu gabinete no Senado. O senador alegou que se tratava de “empréstimo” – que, três anos depois, quando o escândalo veio à tona, ainda não havia sido quitado. Para a Procuradoria-Geral, tratou-se de desvio da verba indenizatória, que deveria ser usada apenas para despesas parlamentares, o que configura peculato.

O escândalo estourou em 2007, quando Renan presidia o Senado. Ao longo de 100 dias, o senador desdobrou-se em explicações e justificativas, mas não convenceu o Conselho de Ética da Casa, que recomendou sua cassação por quebra de decoro. No entanto, Renan foi salvo em plenário pelos seus colegas 40 senadores votaram contra a sua cassação e 6 se abstiveram, numa articulação liderada pelo governo Lula para ajudar seu caro aliado.

Até o final daquele ano, porém, Renan enfrentaria mais acusações de corrupção e uma nova ameaça de cassação. Renunciou à presidência do Senado e, outra vez, escapou de perder o mandato. Em nota, disse que se tratava de uma “vitória da democracia”.  Já em 2013, quando Renan se preparava para voltar a presidir o Senado, a Procuradoria-Geral encaminhou a denúncia que agora o Supremo vai analisar. Na ocasião, o senador disse que o processo “possui natureza nitidamente política”.

Se o Supremo levar o processo adiante, Renan terá de se defender sozinho, pois no tribunal não poderá contar com o tradicional obséquio da bancada governista, que já o salvou tantas vezes, ao arrepio dos mais comezinhos princípios éticos. Caso finalmente o principal aliado da presidente Dilma seja punido, será grande o prejuízo para um governo já sem rumo e sem liderança. Mas a condenação, se vier, certamente restituirá um pouco de decência a um Congresso hoje presidido por políticos que, em detrimento dos interesses do país, só pensam em maneiras de se safar.

Fonte: Editorial do Estadão

 

domingo, 8 de março de 2015

Depois da lista, chega a hora das provas

  Frase do dia

Estou cagando e andando, no bom português, na cabeça desses cornos todos

João Leão, do PP, vice-governador da Bahia, cujo nome faz parte da lista de políticos a serem investigados por envolvimento com a corrupção na Petrobras 

João Leão (PP-BA), foi eleito vice-governador na chapa de Rui Pimenta (PT) (Foto: Reprodução/Facebook)

João Leão soltou duas notas sobre sua inclusão na Lista de Janot
A primeira - sexta-feira à noite - João foi mais eloquente e assim se manifestou:
“Não sei por que meu nome saiu. Nem conhecia esse povo. Acredito que pode ter sido por ter recebido recursos em 2010 das empresas que estão envolvidas na operação. Mas, botar meu nome numa zorra dessas? Não entendo. O que pode ser feito é esperar ser citado e me defender. Estou cagando e andando, no bom português, na cabeça desses cornos todos. Sou um cara sério, bato no meu peito e não tenho culpa. Segunda-feira vou para Brasília saber por que estou envolvido. Recebi recursos da OAS [em 2010], mas quem recebeu recursos legais, na conta, tem culpa?”

Já no sábado, dia 7, no Facebook, talvez aconselhado que não ficaria bem a um acusado de corrupção ter que explicar os motivos de chamar de corno  uma porção de brasileiros, incluindo várias autoridades,  Leão foi mais moderado: 
 

Ainda não se sabe o que o procurador-geral, Rodrigo Janot, botou dentro daquilo que o ministro Marco Aurélio Mello chamou de “o embrulho” 

Qualquer lista sem Renan Calheiros e Eduardo Cunha será uma coroa sem brilhantes. Por mais que esse tipo de revelação estimule sentimentos e satisfações, listas sem provas valem nada.

O processo dos marqueses do fôro especial será confuso e demorado. Já o do juiz Sérgio Moro, em Curitiba, será rápido e até simples. Nele há 15 cidadãos colaborando com a Viúva na exposição das propinas passadas por empreiteiras a burocratas e políticos. Essa ponta da questão parece elucidada. Foram rastreadas transferências de dinheiro para o círculo de relações do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Ele diz que foi um empréstimo amigo. A ver.

No caso dos marqueses do fôro especial, ainda não se conhecem as trilhas do ervanário. Sem elas, pode-se caçar bruxas, mas não se pode levá-las ao fogo. Percebe-se a essência da tarefa do ministro Teori Zavascki recuando-se para 2007. O senador Renan Calheiros tivera uma filha fora do casamento, e a namorada tinha contas pagas pela empreiteira Mendes Júnior.

Sustentando que dispunha de meios para ajudar a senhora, Renan apresentou notas fiscais referentes a venda de bois de sua fazenda em Alagoas.  Em 2007, como hoje, ele se dizia vítima de uma perseguição política. (O vice-presidente da Mendes Júnior está na carceragem de Curitiba, por outras empreitadas.)  Ainda não se sabe o que o procurador-geral, Rodrigo Janot, botou dentro daquilo que o ministro Marco Aurélio Mello chamou de “o embrulho”.

Há provas de que o dinheiro saiu das empreiteiras e chegou aos políticos, mas falta a última milha da maratona, com a demonstração de que a mala chegou ao patrimônio dos marqueses. No lance da namorada, Renan contou que vendeu bois. Caberá a Teori Zavascki acreditar, ou não.

Fonte: Elio Gaspari, jornalista - O Globo