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sábado, 9 de dezembro de 2023

Em defesa das escolas cívico-militares - Percival Puggina

         Como era e se esperar, as escolas cívico-militares estão sendo atacadas por várias frentes. Sou inteiramente a favor delas!  
E não é por serem “cívicas”, nem por serem “militares”. 
Eu as quero em todo o país, no maior número possível, simplesmente porque funcionam muito melhor do que as outras
E os motivos são óbvios.
 
A educação brasileira é um fiasco! E uma tragédia social. Entre os 65 países avaliados pelo PISA ficamos na posição 54.  
E não é diferente no levantamento mais amplo do World Population Review (posição 90º entre 185 países) ou nas análises da OCDE. 
Nem nas tantas avaliações internas, como as do Ideb, do Enade ou no que se percebe nas provas do ENEM. Ainda temos 10 milhões de analfabetos e quase 30% de analfabetos funcionais com severas dificuldades para entender o que leem ou perante qualquer problema matemático que vá além das quatro operações.
 
O incrível disso é não se perceber reação dos setores envolvidos na operação do sistema. [fácil entender a falta de reação = entre as sumidades em NADA escolhidas pelo presidente 'da Silva' temos o ministro da Educação, petista, que se enrola nas quatro operações. CONFIRA: Ministro da Educação - petista = pt, perda total - erra contas; sua professora foi a Dilma.]
 
 
Por quê? Pergunte isso a Paulo Freire e aos pedagogos paulofreireanos! 
 No entanto, faça a pergunta ciente de que vão enrolar na resposta porque apresentarão o responsável bem distante, fora da cadeia produtiva da Educação. 
Será o capitalismo, será o mercado e será o Governo, sempre que o governo não for petista.

O problema, no entanto, é político e ideológico. Ressalvadas as exceções, as salas de aula foram invadidas por professores que não ensinam e estudantes que não estudam. “Passam” de ano mesmo que não tenham aprendido coisa alguma porque o objetivo do sistema é preparar militantes motivados para combater qualquer coisa que não tenha sido canonizada pela esquerda.

Um sistema assim só pode dar às Escolas Cívico-Militares o mesmo tiro na nuca que dão no homeschooling e em qualquer iniciativa que lhe suprima uma vítima sequer.

Em resumo: contra as Escolas Cívico-Militares operam os defensores das Escolas Político-Ideológicas, moldadas pela pedagogia paulofreireana. Essa pedagogia está alinhada com os objetivos políticos, a visão de mundo, o marxismo e as referências políticas que Paulo Freire encontrou entre os grandes ditadores comunistas de seu tempo e é, hoje, abraçada por seus continuadores.

Cabe às comunidades proteger sua juventude dos fazedores de cabeças e promover uma educação que cultive hábitos de estudo e favoreça o desenvolvimento de talentos.

Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

 

 

segunda-feira, 17 de julho de 2023

Apesar da decisão de Lula - Maioria dos governadores pretende manter escolas cívico-militares - Gazeta do Povo

Alexandre Garcia - VOZES

Escola pública do DF onde foi implementado o modelo cívico-militar.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.
 
A maior parte dos governadores já confirmou que vai manter todas as escolas cívico-militares e vai assumir aquelas sob responsabilidade federal que estão sendo encerradas pelo MEC
Estão dizendo que o Ministério da Defesa não assinou isso, não sei se é verdade. 
E que vão inclusive ampliar o programa, porque o ato do governo federal, com cheiro de revanche, acabou por sacudir pais, prefeitos, gente que está vibrando com os resultados dessas escolas.

Eu fiquei muito feliz ao ouvir o governador de Rondônia, Marcos Rocha (União Brasil), dizer que pela primeira vez falava no Instagram, porque foi provocado por mim. E foi para dizer que as escolas continuarão, uma vez que ele, quando capitão, participou de uma dessas escolas em Rondônia.

São poucos os Estados cujos governadores ainda não se manifestaram, inclusive o Rio Grande do Norte, onde tivemos uma escola maravilhosa que resultou até na eleição de um PM como senador, senador Styvenson Valentim (Podemos), a Escola Estadual Professora Maria Ilka de Moura, com excelentes resultados.

Aliás, em todas elas, acabou a droga, acabou o traficante na porta, acabou a sujeira, acabou a bagunça, acabou a depredação, melhorou o desempenho escolar, melhorou a presença, despencou a evasão e os resultados são sensacionais. Por isso os pais estão preocupados com o encerramento.

Fico satisfeito em saber que está preservada a escola cívico-militar de Cachoeira do Sul. Eu ajudei o prefeito de lá, meu amigo, a obter essa escola e que ainda tem o nome de uma maestrina que eu conheci, Dinah Néri Pereira, que trabalhava com a minha tia pianista. Questões pessoais envolvidas.

Muita gente ficou brava comigo, porque eu não mencionei o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Foi por esquecimento, o Tarcísio foi um dos primeiros a se manifestar, mas enfim parece que está faltando só Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe e Amapá. [o RN sendo governado por uma petista, está contaminado e não deve aderir - ficará sozinho, apesar de não ser surpresa se os outros três estados também não aderirem.]   Até o Rio Grande do Sul, que estava meio hesitante em se manifestar, entrou.

Barroso poderá assumir a presidência do STF?
Bom, uma outra questão, a grande pergunta: o ministro Luís Roberto Barroso será mesmo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) em outubro? É uma questão até prática. 
Como é que ele vai presidir um julgamento? 
Ou votar uma questão que envolva o bolsonarismo que ele diz ter derrotado em companhia de outros? [BOA PERGUNTA; LEMBRANÇA OPORTUNA.]
Porque o pronome "nós" significa "eu", o sujeito, mais outros. 
Eu não sei com quem, se foi “eu e o TSE”. 
 Hoje um ministro de tribunal superior me mostrou: “Olha, o TSE proibiu a propaganda de Bolsonaro de dizer que Lula é amigo de Maduro e de Ortega”. E o próprio Lula se manifesta amigo de Ortega e de Maduro.
 
Proibiu Bolsonaro dizer que Lula é a favor do aborto e o próprio Lula voltou àqueles atos que tinham sido suspensos por Bolsonaro em relação a aborto.  
Bom, mas se ele vai então presidir vai poder presidir alguma sessão que julgue alguém do bolsonarismo. 
Outra coisa, ele fez essa manifestação numa reunião política. 
A UNE é eminentemente política e vinculada ao Partido Comunista do Brasil, tanto que estava lá o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), do Partido Comunista, estava lá o ministro da Justiça, Flávio Dino, ex-PCdoB. Foi uma reunião político-partidária, sem dúvida. 
E ele estava lá, muito à vontade. Disse isso, deixando de lado aí características como sobriedade, moderação, reserva, comedimento que deve caracterizar os juízes.
 
Ainda essa semana, naquela memorável sessão da Comissão de Segurança Pública do Senado, o desembargador aposentado Sebastião Coelho disse que os juízes estão envergonhados do Judiciário
Eu não vou nem falar no “perdeu, mané” e outras coisas da linguagem, apenas perguntar, "nós quem"? 
A quem ele se referia como responsável por derrotar o bolsonarismo.
 
O Supremo tentou dizer que os derrotados foram voto popular, piorou. 
Ele próprio tentou corrigir dizendo que se referia ao extremismo golpista, ou seja, na cabeça dele, extremismo golpista e bolsonarismo são sinônimos. 
Então, é preciso agora responder. Pode esse ministro presidir o Supremo, participar de julgamento que envolva aquele que ele se jactou ter derrotado para que a democracia voltasse, como disse a frase dele?
 
Por fim, só para registrar, surpresa nenhuma a dificuldade de um ministro do Supremo, de circular por cidades brasileiras e pelo mundo. Depois desse episódio, que não está bem explicado, ocorrido no aeroporto de Roma, quando o ministro estava embarcando de Roma para um outro destino europeu com a mulher e um filho. [com base no 'perguntar, não ofende' continuamos indagando: quem está bancando a viagem, agora parece que de turismo? e acrescentamos: o ministro está de férias?
 
Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
 
 
 

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

ESCOLAS CÍVICO-MILITARES - por Percival Puggina

No Brasil, um bom teste para saber se certa ideia é boa consiste em identificar quem a ela se opõe. Tal é o caso, por exemplo, das escolas cívico-militares, que encontram resistência entre pedagogos paulofreireanos. No entanto, o governo federal, que lançou o programa no final do ano passado, vai atender, neste ano, menos de 10% da manifestação de interesse de quase 700 municípios brasileiros.

 O interesse das administrações locais expressa o desejo de muitos pais que acompanham a vida escolar de seus filhos. Pais sabem o quanto a disciplina e a ordem cobradas em educandários com esse formato resultam saudáveis e se expressam em resultados positivos no aprendizado e na vida dos jovens. Então, logicamente, querem isso para os seus filhos. Acompanho há muitos anos os fatos relacionados à Educação em nosso país. Minha mulher foi professora e, durante longo período, diretora de escola estadual do ensino fundamental. Viveu na experiência cotidiana as questões disciplinares e conheceu de perto os problemas que lhe dão causa. Eles se situam entre dois extremos: o abandono pela família e a sacralização dos pequenos rebeldes. Em 2020, o Ministério da Educação canalizará R$ 54 milhões para 54 escolas cívico-militares, distribuídas entre as regiões do país e tem planos para alcançar 216 escolas até 2023. O projeto-piloto prevê gestão compartilhada entre professores civis e militares.

Reportagem da revista Veja, de 31 de agosto de 2018, relata que uma em cada cinco crianças de até oito anos, submetidas à Prova Brasil, que compõe o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), diante de uma imagem de pipoca, identificaram-na como piloto, pijama ou pirata. Outro tanto se atrapalhou ao contar nove balões na mão de um palhaço. Os dados da Prova Brasil, informa a matéria, mostram que “apenas 5% dos alunos brasileiros se encaixam na faixa adequada, ou seja, possuem o conhecimento esperado para sua série”.

Os dados, aliás, tornam difícil entender que as escolas cívico-militares encontrem resistência por parte daqueles profissionais dos ambientes sindical e acadêmico que acompanham os fatos e os dados, com o toco de giz na mão dos outros... A propósito, leio no site Último Segundo reclamação contra o governo federal por, de um lado, demonizar o pedagogo Paulo Freire, que preconizava uma educação política, orientada para a conscientização dos alunos sobre sua condição social e, de outro, enaltecer o modelo cívico-militar, baseado na ordem e na disciplina”. Disso deduz que tal opção “reforça uma orientação autoritária e uma vontade de impor uma visão de mundo unificada e conformista.” 

Enquanto a Educação disponibilizada fica tão aquém do necessário para a inserção proveitosa do estudante no conjunto das relações sociais e econômicas, a educação paulofreireana não se importa com o insucesso nas avaliações contanto que o produto da sala de aula responda aos anseios políticos do “patrono” da educação brasileira.

Não, não têm algo melhor do que isso para dizer. No vazio de ideias em que orbita a Educação em nosso país, não há lugar para ordem e disciplina

Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.



 

sábado, 18 de janeiro de 2020

Cai o secretário, fica o projeto - Míriam Leitão

O Globo
O secretário se foi, mas todo o projeto ficou. A questão central é simples: Roberto Alvim não estava só, nem falava sozinho

Roberto Alvim caiu. O ex-secretário de Cultura era até caricato. Não apenas plagiou Joseph Goebbels, o ideólogo de Hitler, ele imitava seus trejeitos, seu penteado e o reverenciava em objetos na sala. Alvim estava à vontade na transmissão da noite da quinta-feira, ao lado do presidente Jair Bolsonaro, que o elogiou. Ele não é mais o secretário. Foi derrubado pela imprudência de ter copiado e colado a fala de Goebbels. O projeto que ele estava colocando em prática permanece e não era só dele. A ideia de que a cultura possa ser limitada, censurada, dirigida e usada para alavancar uma delirante e perigosa visão de mundo, de país e de poder continua nos editais, decisões e nas ideias de muitos integrantes do atual governo.
 [o inacreditável é que quando a 'arte' a 'cultura' parte da esquerda, dos comunistas, dos lulopetistas, e mais ainda se for representada pela pornografia e agressão a símbolos religiosos, qualquer movimento no sentido de conter abusos é considerado censura a tão decantada 'liberdade de expressão';
mas, se a arte, a cultura, o comentário, o discurso pro´vem dos que estão ao lado do Brasil, por extensão,  ao lado do Presidente Bolsonaro, imediatamente a censura é liberada e até grandes articulistas caem em cima com acusações infundadas, absurdas.
Vejam que agora há propostas até para censurar Richard Wagner - ouvi-lo, pode se tornar crime contra a Lei de Segurança Nacional.]

Goebbels era o ministro da mentira. Ele sabia a força estratégica da mentira e a usou para deflagrar perseguições contra os adversários políticos. Ele foi o agente que criou o ambiente social em que o nazismo prosperou e que permitiu a mais hedionda das tragédias do século XX: o assassinato em massa dos judeus em campos de concentração. O que aconteceu aos judeus no holocausto afeta cada pessoa, seja de que etnia ou credo for e em que país esteja. É a lição mais cara que a História nos deixou. Não se brinca com um crime dessa dimensão. Jamais. Não é aceitável ouvir o que ouvimos na boca de um integrante do governo brasileiro. A lei 9.459 de 1997 pune com a pena de dois a cinco anos a divulgação de símbolos do nazismo. [também a apologia ao nazismo; 
mas, permite apologia ao comunismo, a foice e o martelo, símbolos comunistas, são permitidos.] A liberdade de expressão é total numa democracia, mas isso está na categoria do inadmissível. [quem decide o que é admissível e inadmissivel?]

O fato de ele ter sido demitido, após a natural comoção que provocou no país, não elimina as muitas dúvidas que nos rondam. Roberto Alvim não tinha evidentemente a força que teve o ministro da propaganda de Adolf Hitler, mas a dúvida é: o que quer um governo em que um secretário se sente à vontade para fazer a evocação de um notório genocida? E isso logo depois de ser coberto de elogios pelo presidente da República.  — Ao meu lado, o Roberto Alvim, o nosso secretário de cultura. Depois de décadas, agora temos sim um secretário de cultura de verdade. Que atende o interesse da maioria da população brasileira. População conservadora e cristã. Muito obrigado por ter aceito essa missão. Você sabia que não ia ser fácil né? — disse Bolsonaro, tendo de um lado o então secretário de Cultura e do outro o ministro da Educação. Os dois braços de qualquer projeto totalitário.

A transmissão inteira da quinta-feira à noite com Weintraub e Alvim foi deprimente. O ministro da Educação defendeu, sendo ecoado pelo presidente, as escolas cívico-militares como se fossem a única e milagrosa solução para todos os complexos problemas da educação brasileira. Alvim contou ao presidente que lançaria ao final de fevereiro um edital de cinema. “Cinema sadio, ligado aos nossos valores, aos nossos princípios.”

Tanto na transmissão, quanto no video em que declamou Goebbels, o ex-secretário fez um movimento recorrente neste governo, que é se apropriar politicamente do sentimento de família, do amor à pátria e da devoção a Deus. Como se Deus, a família, e o país fossem monopólios do atual governo e só agora estivessem sendo defendidos. Esta é a estratégia mais perversa para falar com uma parte grande da população, capturar evangélicos, manipular as pessoas como se esse governo fosse a encarnação dos valores do cristianismo.

A arte, como disse a imensa Fernanda Montenegro, resistirá nas catacumbas. Ela é múltipla, ela é diversa, ela explode, frutifica e surpreende. Mas o que Alvim estava dizendo, quando foi interrompido, é que existe um plano para despejar milhões em obras encomendadas. O que Bolsonaro disse na transmissão foi em reescrever a história do Brasil, como todos os projetos totalitários fizeram. “Vamos contar a história verdadeira do Brasil de 1500 até agora”, disse Bolsonaro, ao lado de Alvim. O ex-secretário repetiu: “Vai ser a maior política cultural do seu governo e ouso dizer uma das maiores políticas de incentivo à cultura da história do Brasil. É um edital que vai patrocinar em várias categorias obras inéditas. Vamos escolher e lançar.” A cultura sob encomenda, a arte fabricada para um projeto de poder, a história reescrita e num governo que exalta torturadores. O secretário se foi, mas todo o projeto ficou. A questão central é simples: Roberto Alvim não estava só, nem falava sozinho. [o projeto é necessário para o crescimento, para o progresso do Brasil e do seu povo e precisa ser executado.
Chega de tudo que é a favor do brasileiro é simplesmente desprezado, esquecido.]
 
Míriam Leitão, jornalista - Blog em O Globo, com Alvaro Gribel, de São Paulo