VOZES - Gazeta do Povo
A segunda-feira começou com a prisão do ex-bombeiro Maxwell Corrêa. Ele foi preso pela segunda vez, e já estava cumprindo pena em prisão domiciliar. Foi encontrado no mesmo domicílio que ele informou à Justiça. Muitas pessoas pensaram que, como haviam reaberto o processo da Marielle Franco, apareceria não sei o quê, mas no fim foi tudo mais do mesmo, nada que já não soubéssemos.
Houve uma delação premiada, do motorista que está preso desde março de 2019, o ex-PM Elcio Queiroz, e ele disse o que já era sabido: que Ronnie Lessa o chamou para dirigir o carro e matou Marielle para resolver uma questão pessoal. [o caso da vereadora, desde seu inicio se destaca pelo exagero da mídia em apresentar narrativas que maximizam situações sem importância; logo no inicio, o jornal O Globo criou a figura da testemunha chave - caiu em desuso. Agora supervalorizam depoimentos/delações sem valor, de pessoas presas desde a década passada - delações que apenas melhoram a qualidade da narrativa, mas nada acrescentam de válido. Os ex-PMs estão presos há muito, sem julgamento - nos parece que a falta de provas que realmente os incrimine não estimula a que sejam submetidos a julgamento - se foram absolvidos, desmoraliza de vez. Assim, o mais conveniente é mantê-los presos - ao que sabemos possuem longa ficha corrida o que torna razoável usar um motivo infundado para que permaneçam presos - usam uma acusação,sem substância, para puni-los por outros crimes.]
Interessante que esse Maxwell já tinha sido condenado por atrapalhar a Justiça: o que ele fez foi jogar fora a arma usada, uma submetralhadora. Fazia a vigilância naquela operação de assassinato. Pegou quatro anos, que estava cumprindo em regime aberto. O ministro da Justiça anunciou como se fosse novidade, ficou parecendo que era novidade, muita gente imaginou mesmo que fosse novidade, mas é tudo mais do mesmo.
O ministro da Justiça disse que a operação da morte foi elucidada, mas, em vez de encerrarem a investigação, ainda vão continuar.
Ele não disse abertamente, mas quer ver se encontra um mandante.[outra falta de novidade é que a mídia militante no afã de maximizar a importância da prisão dos que já estavam presos, atribui ser fundamental para a democracia o esclarecimento do caso Marielle; mais uma vez atribuem a nossa democracia uma fragilidade extrema; tal classificação nos coloca diante da alternativa que segue: - ou o assassinato da vereadora é algo de uma importância extraordinária - dificil, em um país que a cada ano milhares de pessoas são assassinadas = de março 2018 para hoje morreram assassinados, calculando por baixo, mais de 200.000 seres humanos = iguais a vereadora = e mais de 100.000 mortes permanecem impunes - ou a importância daquele homicídio é exatamente igual a dos mais de cem mil ainda não esclarecidos. Situação que nos leva a considerar que identificar os mandantes do assassinato da edil é tão importante para a democracia do que identificar a autoria de qualquer um dos mais de cem mil que permanecem impunes. É o que pensamos.]
E o mandante do Adélio Bispo, não vão investigar?
Falando em mandante, todo mundo quer encontrar é o mandante do Adélio Bispo. Ou pelo menos o deputado que autorizou um álibi para dizer que o Adélio Bispo não estava em Juiz de Fora naquele 6 de setembro de 2018, mas visitando um parlamentar na Câmara dos Deputados.
Ninguém entra na Câmara, ninguém fica registrado na entrada sem que o gabinete de um deputado tenha autorizado.
Também queremos saber isso, saber como apareceu advogado de toda ordem tão rapidamente, como é que ele estava hospedado em Juiz de Fora não tendo renda nenhuma, estando desempregado, mas com computador, celular e aquela faca para matar o candidato que estava na frente da campanha eleitoral.
Era para Bolsonaro ter morrido em dez minutos, de hemorragia; só não morreu porque estava em Juiz de Fora, perto da Santa Casa, onde havia um centro cirúrgico pronto, cheio de médicos competentes.
Tomara que continuem investigando a morte de Marielle, para procurar o mandante, mas reabram o caso do Adélio Bispo para procurar o mandante também: quem está por trás, quem apoiava, quem propiciou a logística, quem fez o pedido.
Todos empenhados em fazer o brasileiro esquecer logo do que Barroso disse na UNE
Esse anúncio do caso Marielle, agora, parece feito para encobrir alguma outra notícia.
Foi muito importante politicamente, e muito nociva para o Poder Judiciário, a presença de um ministro da suprema corte num congresso da UNE, fazendo aquela declaração “nós derrotamos o bolsonarismo”. Não sei se é isso, mas logo depois houve o suposto xingamento ao ministro Alexandre de Moraes em Roma, que também ocupou o noticiário. Era como se tentassem fazer o povo não prestar atenção às palavras do ministro Barroso.
O presidente Lula tem feito tudo para manter essa questão ativa. Ele passou pelo hospital em São Paulo e depois foi ao ABC, ao Sindicato dos Metalúrgicos, para fazer discurso. Se fosse programa de televisão do Max Nunes seria muito divertido, mas eu fico me perguntando o porquê disso tudo. Ele disse o seguinte: “mesmo que não se goste de outra pessoa, não se pode xingar ou ofender, como aconteceu com o ministro Moraes”. Ele dá uma pausa e diz “esse canalha não só ofendeu como bateu no filho dele”. Parece piada. [o filho do ministro tem quase 30 anos e o senhor que segundo o boquirroto presidente, bateu nele, tem 75 anos???]
Lula ainda não teve nenhum constrangimento em contar para os metalúrgicos que ele entregou o nome do Roberto Mantovani ao chefe de governo da Alemanha, porque ele diz ser representante de uma empresa alemã no Brasil.
Deve ser para pressionar a empresa, para ele deixar de ser representante, ou então ver se ele está mentindo.
O governo alemão deve ter ficado é assustado por saber que tem um presidente da República metido nisso, numa questão de juizado de pequenas causas.
E Lula ainda omitiu fatos; disse que Mantovani foi expulso do PSD, pelo qual ele tinha sido candidato; mas não mencionou que Mantovani havia sido candidato em 2004 e fez propaganda com a foto de Lula ao lado dele, porque o vice na sua chapa era do PT.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos
Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES