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sexta-feira, 7 de julho de 2023

STF enterra mais provas da corrupção de políticos - Gazeta do Povo

Vozes - Deltan Dallagnol

Justiça, política e fé

Em 2017, o mundo político brasileiro aguardava, em suspense e com ansiedade, o que aconteceria após a assinatura do acordo de leniência da Odebrecht, que carregava o explosivo apelido de “delação do fim do mundo”. O ex-presidente da República José Sarney, um ano antes, resumiu com perfeição os temores da classe política com a delação da rainha das empreiteiras, ao ser flagrado em gravação dizendo ao também delator Sérgio Machado que a “Odebrecht vem com uma metralhadora de ponto 100”.

O pavor dos políticos não era sem razão: a Odebrecht entregou provas dos crimes cometidos contra a Petrobras e outras estatais. 
Houve 78 executivos da empresa que também fecharam delação. 
A empreiteira mencionou 415 políticos de 26 partidos - quase um terço dos ministros e senadores e quase metade dos governadores de então. 
As famosas planilhas da Odebrecht com os codinomes dos políticos se tornaram célebres e entraram no imaginário popular.
 
A culpa de cada um no cartório, é claro, depende da avaliação dos supostos fatos e, em seguida, eventual investigação, acusação, condenação e trânsito em julgado, tudo isso depois de infinitos recursos em quatro instâncias - ou seja, nunca. 
Contudo, os apelidos geraram constrangimentos. 
Além disso, quando os apelidos eram associados a pagamentos feitos pelo “Setor de Operações Estruturadas” - departamento de pagamento de propinas -, havia um indício inicial de ilícito que merecia ser investigado, quer para confirmá-lo, quer para afastá-lo.

    O pavor dos políticos não era sem razão: a Odebrecht entregou provas dos crimes cometidos contra a Petrobras e outras estatais. Houve 78 executivos da empresa que também fecharam delação

Na lista de apelidos que se tornou pública tinha o “Atleta” ou “Justiça”, vinculado a Renan Calheiros; o “Babel” era Geddel Vieira Lima, aquele do apartamento com malas e caixa com cinquenta milhões em dinheiro vivo; a “Amante” era Gleisi Hoffmann; o “Amigo”, Lula; o “Belém” ou “M&M”, Geraldo Alckmin; o “Brigão” ou “Piloto”, Beto Richa; o “Caranguejo”, Eduardo Cunha; o “Caju”, Romero Jucá; o “Esquálido”, Edison Lobão; o “Guerrilheiro”, José Dirceu; o “Italiano”, Palocci, enquanto o “Pós-Italiano”, Guido Mantega; o “Mineirinho”, Aécio Neves; o “Proximus”, Sérgio Cabral e havia muitos mais apelidos e personagens.

Dentre as provas entregues pela Odebrecht, estavam cópias dos sistemas Drousys e MyWebDay, em que o Setor de Operações Estruturadas registrava codinomes, valores, contas bancárias e datas de entrega de supostos repasses bilionários de propinas que teriam feito a festa (e as campanhas eleitorais) de caciques de todo o Brasil. No entanto, 5 anos depois da delação do fim do mundo, as provas entregues pela Odebrecht dos pagamentos de propina têm sido sistematicamente anuladas pelo STF de modo equivocado, o que tem beneficiado políticos investigados de todas as cores e bandeiras partidárias.

Apenas na semana passada, o ministro Dias Toffoli anulou as provas da Odebrecht em 21 casos diferentes, em decisões que beneficiaram, entre outras pessoas, políticos como Beto Richa e seu irmão Pepe Richa, o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho, o ex-presidente do Instituto Lula Paulo Okamotto e até mesmo quatro delatores da própria Odebrecht, que confessaram seus crimes para a Justiça. Curiosamente, o próprio Dias Toffoli tinha na empreiteira o apelido “amigo do amigo de meu pai”, dado por Marcelo Odebrecht, conforme revelado em 2019 pela Revista Crusoé.

Ao anular as provas entregues pela Odebrecht, o ministro Dias Toffoli aparenta estar continuando à perfeição a missão iniciada pelo ex-ministro do STF favorito de Lula e do PT, Ricardo Lewandowski, que foi quem primeiro anulou as evidências incriminadoras do Drousys e do MyWebDay. As decisões de Lewandowski inicialmente beneficiaram - finja surpresa - o hoje presidente Lula. Em seguida, foram sistematicamente estendidas para diversos políticos, como Geraldo Alckmin, Antonio Palocci, Paulo Skaf, Eduardo Paes, Paulo Bernardo, Edison Lobão, além de outras figuras carimbadas do cenário político e empresarial brasileiro.

Na discussão aprofundada do caso feita em fevereiro de 2002, o que gerou o precedente que está sendo estendido a rodo hoje, os argumentos para anular provas tão importantes de corrupção e lavagem de dinheiro foram esdrúxulos e venceram por apertada maioria de três votos a dois. Anularam as provas os ministros Lewandowski, Gilmar Mendes e Nunes Marques. Opuseram-se André Mendonça e Fachin. Este último fez uma longa análise do caso, afastando cada alegação daqueles que enterravam as provas de corrupção.

    Apenas na semana passada, o ministro Dias Toffoli anulou as provas da Odebrecht em 21 casos diferentes

Um dos pontos debatidos no julgamento foram supostas “tratativas irregulares” entre procuradores brasileiros e estrangeiros, por conta de conversas e mensagens trocadas que não foram formalizadas em documentos. Balela pura: o acordo de leniência da Odebrecht foi formalizado em conjunto com autoridades dos Estados Unidos e da Suíça, que participaram das conversas feitas do mesmo modo, e as provas obtidas no acordo até hoje são válidas e embasam investigações e condenações em países como Equador, Peru e Panamá. Apenas no Brasil, que faz questão de fazer tudo ao contrário do resto do mundo democrático civilizado, essas provas são anuladas para garantir a impunidade dos corruptos.

Além disso, a conversa e troca de informações entre autoridades estrangeiras por telefone, e-mail ou outros meios tem base legal em tratados internacionais e é recomendada por todos os manuais de cooperação internacional. O que se exige é que as provas, quando são usadas nas investigações e processos formais contra suspeitos e acusados, sejam enviadas e recebidas por “canais oficiais”, como o Ministério da Justiça, a Procuradoria-Geral da República ou o Ministério das Relações Exteriores, como de fato sempre foi feito.

É preciso distinguir claramente conversas investigativas e o trâmite de documentos pelos “canais oficiais”. Imagine-se que a polícia portuguesa toma conhecimento do transporte de drogas que estão ingressando num porto brasileiro. O que ela faz? Contata diretamente a polícia brasileira e passa a informação, para acompanhamento dos suspeitos e apreensão do material. O contato pode ser por telefone ou mensagens. Seria absurdo exigir o envio de uma carta, ou a formalização de uma ata sobre a conversa, e a tramitação burocrática disso pelos Ministérios da Justiça de ambos os países. Se assim fosse, após vários carimbos e medidas burocráticas, a carta seria inútil porque a droga já teria ingressado e desaparecido no Brasil.

O que a lei exige é que, em regra, eventuais documentos ou testemunhos que se pretenda utilizar em inquérito ou processo sejam enviados formalmente, num segundo momento, por meio dos “canais oficiais”. Assim, é normal que não se documentem contatos investigativos, embora a produção de provas, num segundo momento, fique sujeita à burocracia. No próprio Supremo, os ministros conversam com advogados, policiais, procuradores e outras autoridades todo tempo sobre assuntos oficiais sem formalizar os contatos. A formalização acontece quando a lei exige, como, por exemplo, quando o advogado pretende que o ministro decida sobre um pedido, o qual deve ser documentado.

Nunca vi uma operação internacional de combate ao tráfico ser anulada com o argumento usado no caso Odebrecht. Ah, é claro, no caso Odebrecht não se está tratando de criminosos de rua. Está-se tratando dos criminosos do colarinho branco e, para eles, a lei é outra, ou então se muda a lei. Por eles, acaba-se com prisão em segunda instância, muda-se a Justiça que julga corrupção política e tudo pode ser alterado para que tudo fique como está.

E esse é justamente o problema do Brasil. O Estado de Direito é fraco e o Estado de Pessoas é forte. O império da lei é suplantado pelo império de pessoas. 
O Direito já foi pelo ralo com a Constituição e a Lei. 
O Brasil tem dono, os donos do poder. 
A metralhadora ponto 100 da Odebrecht não contava com as muitas proteções para os corruptos que existem no Brasil. 
Nesse contexto, vem à mente outra gravação feita pelo delator Sérgio Machado, desta vez com Romero Jucá, em que falaram sobre a necessidade de “mudar o governo para poder estancar essa sangria” causada pela Lava Jato. Machado falou então num “grande acordo nacional”. E Jucá completou: “com o Supremo, com tudo”.

Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

Deltan Dallagnol, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quinta-feira, 29 de junho de 2023

Pantaleão a as visitadoras no bordel chamado Brasil - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Mario Vargas Llosa, Nobel de Literatura, deve ter sido o autor de ficção que mais li na vida.  
E um dos seus livros mais divertidos é Pantaleão e as visitadoras. 
Escrito no começo da década de 1970, o romance se baseia em fatos e relata o "serviço de visitadoras" organizado pelo Exército peruano para desafogar as ânsias sexuais das guarnições amazônicas.
 
Pantaleão Pantoja é um capitão recém-promovido que recebe essa missão inesperada: criar o serviço de prostitutas para as Forças Armadas peruanas na Amazônia. 
Mas o homem é um militar tão organizado, eficiente e meticuloso em suas funções que coloca "ordem no bordel", digamos assim.
 
O experimento funciona tão bem que Pantoja, fiel marido, acaba se transformando no maior fornecedor de prostitutas do Peru. 
O sujeito trabalha às madrugadas, bebendo em bares infectos, cuidando do empreendimento com personagens insólitos. 
Missão dada, missão cumprida.
 
Lembrei do livro ao ler a coluna de Malu Gaspar no Globo hoje, sobre a festa em Lisboa das elites brasileiras, incluindo grandes empresários, ministros supremos e políticos poderosos. 
Pensei em orgia, em bacanal, em suruba, em promiscuidade, e daí me veio à mente o divertido livro de Vargas Llosa.
 
Colocar um alemão certinho para tomar conta de um bordel pode ser um perigo: o bordel pode ficar tão profissional que toma conta de tudo! Melhor manter a esculhambação mesmo, talvez? Não sei dizer. 
Só sei que o Brasil sempre foi essa bagunça, e é complicado mexer demais nisso, pelo visto.

Talvez o destino dos países latinos abaixo da Linha do Equador seja nunca se transformar em nação séria, republicana, dotada de um império das leis. Talvez nossa "sensualidade", nosso "jeitinho", seja mesmo um fatalismo inescapável. Talvez o errado seja gente certinha, que sonha e luta para transformar bordel em convento.

"Se a farinha é pouca, meu pirão primeiro". "Instaure-se a moralidade ou nos locupletemos todos"
Os bordões e aforismos que sobreviveram ao teste do tempo devem atestar uma verdade imutável, vai saber. 
O Brasil é o país da malandragem mesmo, da turma se lambuzando na coisa pública e deixando o povo na privada
.
Agora nosso Exército vai treinar com capangas do ditador Daniel Ortega, que persegue cristãos e oponentes em Nicarágua.  
O TSE não deixou a imprensa lembrar da proximidade entre Lula e seus companheiros tiranos, mas a eleição já acabou, né? 
Maduro foi recebido como estadista, e Ortega vai mandar soldados para o Brasil. Não é para criar um serviço de prostitutas. Infelizmente, pois seria menos pior...
 
A nossa salvação talvez esteja em nossa maldição
Ao ler os relatos feitos por Malu Gaspar, ficamos com a nítida sensação de que nosso país é uma zona mesmo. 
Mas se por um lado isso é lamentável, por outro lado talvez seja o obstáculo mais insuperável da turma de Dirceu. 
Como impor a ordem ditatorial comunista numa zona? 
Como desafiar tantos grupos poderosos, organizados e acostumados com esse prostíbulo? 
O sistema é esse. 
Não há Pantoja capaz de organizar o bordel chamado Brasil...


Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


domingo, 25 de junho de 2023

Os meninos precisam de um caminho para a masculinidade - Ideias

Hadley Heath Manning - National Review

Dizem que "meninos serão meninos", mas dizem isso com desdém. 
Não queremos que os meninos sejam apenas meninos quando a infância masculina é associada a comportamentos ruins, imaturidade, bagunça e barulheira. 
Da mesma forma, a mensagem da sociedade sobre o que realmente queremos para os homens adultos e o que esperamos deles frequentemente é confusa e muitas vezes negativa.
 
Precisamos mudar isso se quisermos abordar a crise masculina. Os homens estão ficando para trás em relação às mulheres — e em relação aos homens de gerações anteriores — em educação, trabalho e vida. 
Hoje em dia, mais homens estão deprimidos, incapacitados, isolados, violentos e viciados do que nunca. Na cultura e na política, os Estados Unidos têm se preocupado com a pergunta "O que é uma mulher?" Mas, igualmente importante, precisamos ser capazes de articular a resposta para a pergunta "O que é um homem?" e, mais especificamente, para as perguntas "O que é um homem bom?" e "Como é possível se tornar um?".
 

 Meninos disputando o Lima Games Week, em Lima, no Peru, no ano 2019| Foto: EFE/Mikhail Huacán

Estou interessada em soluções para a crise masculina porque sou esposa de um homem e mãe de um menino. E entendo que os interesses de homens e mulheres estão interligados. Mas, fora isso, não sou especialista em masculinidade ou em como renová-la.

Então busquei o conselho de dois homens ao escrever este artigo, e não são homens quaisquer, mas estudiosos dos problemas enfrentados pelos homens: Richard Reeves, autor do livro recente "Of Boys and Men" [Sobre meninos e homens, em tradução livre], e Brad Wilcox, diretor do Projeto Nacional do Casamento, da Universidade de Virginia. Tanto Reeves quanto Wilcox enfatizam que não há uma única solução para a crise masculina. Reeves argumenta que os problemas enfrentados pelos homens (e as soluções) — na educação, renda, relacionamentos e saúde mental — estão "interligados". Wilcox também prescreve diversas reformas.

Os dois estudiosos também concordam com a tese de que precisamos, além de reformas de políticas concretas, de uma mudança na narrativa. E não basta categorizar a masculinidade como "tóxica" ou "saudável". Isso não é útil. Reeves coloca dessa forma: "Para os homens, parece que a esquerda está dizendo para serem mais como suas irmãs, e a direita está dizendo para serem mais como seus pais".

Para pessoas com pais maravilhosos (como o meu), a segunda prescrição não soa tão ruim. Mas se isso for um direcionado para um estereótipo ultrapassado de masculinidade emocionalmente distante ou dominadora, então sim, devemos nos afastar disso. A questão é: como podemos oferecer aos homens uma terceira opção, uma visão renovada de seu papel único?

Isso começa com a aceitação de que as diferenças de gênero são inerentes, não meramente construções sociais. Não podemos simplesmente mudar a forma como socializamos os meninos e esperar que seja uma solução milagrosa. Em vez disso, precisamos direcionar as inclinações naturais e os desejos dos meninos para o bem, tanto individual quanto coletivo.

Os homens precisam de uma missão. "Para o cara comum, não há missão mais importante do que ser marido e pai", observa Wilcox. "Portanto, se pudéssemos aumentar a proporção de homens jovens que estão se casando e tendo filhos, isso daria a muitos caras comuns esse senso de missão e propósito que frequentemente lhes falta".

Uma maneira de fazer isso, segundo Wilcox, é contar uma história mais verdadeira e positiva sobre o efeito do casamento e da vida familiar nos homens. Conservadores criticaram Reeves por enfatizar menos o casamento. Ele acredita que o foco deveria ser mais na criação dos filhos e na paternidade (e que isso também traria bons resultados para o casamento e para os homens). "Meu medo é que, para a direita, a mensagem às vezes pareça ser 'Sim, os pais são importantes, desde que estejam casados'", diz Reeves. E a mensagem para os homens não casados é "'Você já falhou'. Mas igualmente, para a esquerda, há essa sensação de 'Os pais importam?'"

Parece que a solução aqui exigirá que as pessoas de direita pensem de forma criativa e inclusiva sobre os milhões de pessoas que não estão em lares de casais casados. Sem dúvida, seria melhor se mais homens se casassem (e permanecessem casados) com as mães de seus filhos. Essa é uma mudança cultural de longo prazo pela qual vale a pena lutar. Mas ainda podemos trabalhar para encorajar (ou exigir) que muitos homens que não fizeram isso assumam a responsabilidade como pais e elogiar aqueles que o fazem.

A solução exigirá que as pessoas de esquerda enfrentem a realidade de que mães e pais importam. Mães e pais não são intercambiáveis; assim como mulheres e homens.

Recentemente, houve muito foco nos espaços para mulheres: esportes femininos, fraternidades, prisões, abrigos, banheiros, vestiários. Entendemos que a privacidade e a segurança das mulheres são importantes e que, quando homens invadem os espaços das mulheres, é uma violação. Mas espaços exclusivos para um único sexo têm a ver com mais do que privacidade e segurança. Eles se tratam de trazer certos comportamentos — e uma certa autenticidade — em homens e mulheres, ou meninos e meninas, que não se manifestam em grupos ou espaços mistos. Escolas, clubes e organizações exclusivamente para um único sexo podem atender às forças, necessidades e características de cada sexo.

Espaços exclusivamente masculinos — incluindo escoteiros e organizações cívicas, equipes esportivas, grupos religiosos, fraternidades e clubes — são tão importantes para os homens quanto os espaços exclusivamente femininos são para as mulheres. Historicamente, a exclusão das mulheres de certos espaços caminhou lado a lado com a exclusão de oportunidades educacionais ou no mercado de trabalho. Podemos ter espaços exclusivamente masculinos sem ser injustos com as mulheres? Precisamos encontrar uma maneira, ou estaremos falhando com os homens.

Reeves descreve o que ele percebe como apoio a espaços exclusivamente femininos "quase sagrados" e desconfiança em relação a espaços exclusivamente masculinos, e afirma que essa assimetria não é mais defensável. Ele chama a integração dos Escoteiros de "um momento cultural interessante e infeliz" e enfatiza que esportes exclusivamente masculinos e outras atividades extracurriculares podem ser uma boa saída para os meninos.

Os homens continuarão buscando espaços exclusivamente masculinos ou dominados por homens, mesmo à medida que as opções tradicionais diminuem. Isso significa que, hoje, muitos homens ou meninos são atraídos para comunidades online que são predominantemente masculinas, como os videogames, o fórum conspiracionista e, às vezes, preconceituoso 4chan, ou o canal misógino de Andrew Tate no TikTok.

Embora muitas pessoas considerem a tecnologia e as mídias sociais como pragas particulares para adolescentes mulheres (e realmente são), Wilcox destaca como o aumento do tempo que os jovens homens passam jogando videogame está contribuindo para seu declínio. Quanto mais tempo os adolescentes ou jovens adultos do sexo masculino passam jogando videogame, menos tempo dedicam a atividades que os ajudam a se desenvolver como homens fisicamente e mentalmente saudáveis. Como pais, podemos combater isso limitando o tempo que nossos filhos — e nós mesmos! — passam olhando para telas e redirecionando-os e a nós mesmos para atividades mais saudáveis.

Em última análise, os homens não estão encontrando verdadeiros vínculos masculinos online. Assim como as mulheres também sabem, as redes sociais são um substituto pobre para a amizade na vida real. Hoje, todos estão mais solitários do que nas gerações anteriores, mas a amizade masculina está especialmente em crise.

De acordo com o Centro de Pesquisa sobre a Vida Americana, a porcentagem de homens com pelo menos seis amigos próximos caiu pela metade entre 1990 e 2021, de 55% para 27%. A porcentagem de homens sem amigos próximos aumentou de 3% para 15%, um crescimento de cinco vezes. E entre os homens solteiros, até um em cada cinco relata não ter amigos. Essa falta de conexão social representa uma mudança alarmante. O isolamento social está associado a uma infinidade de efeitos negativos na saúde e na saúde mental, e pode também ajudar a explicar por que os homens são mais propensos a cometer crimes violentos e se envolver em outros comportamentos antissociais.

A solução para a epidemia de solidão não é fácil. A longo prazo, precisamos de melhores instituições comunitárias para promover a conexão social. Mas, a curto prazo, todos podemos cuidar dos homens e meninos em nossas vidas e incentivá-los a fazer coisas como... jogar boliche, mas não sozinhos.

A maioria das "soluções" para a crise masculina são culturais e relacionadas à criação dos filhos, não políticas. No entanto, existem mudanças políticas concretas que as instituições governamentais, especialmente as escolas, podem fazer para melhorar a situação dos homens e meninos.

 Reeves recomenda que os meninos comecem a frequentar a escola um ano depois. Isso daria mais tempo para o desenvolvimento de seus cérebros e poderia melhorar os resultados acadêmicos dos meninos. De fato, muitas famílias com condições financeiras para isso já estão fazendo seus filhos atrasarem o início do jardim de infância, na esperança de lhes dar uma vantagem na escola.

Ele também recomenda que façamos mais para recrutar e reter professores do sexo masculino, devido ao efeito positivo que têm sobre os alunos do sexo masculino. Wilcox menciona incentivar os professores e administradores a dedicarem mais tempo para o recreio e movimento físico, adotar mais conteúdo que atraia os meninos, fazer menos trabalho em grupo e oferecer mais projetos que apelem para os instintos competitivos dos meninos.

Reeves e Wilcox concordam que as escolas também podem fazer mais quando se trata de treinamento vocacional. Muitos alunos, incluindo muitos meninos, não têm a intenção de ir para a faculdade, mas poderiam aprender habilidades difíceis e comercializáveis, como soldagem, carpintaria ou eletricidade, ainda no ensino médio.

No entanto, os resultados das reformas educacionais de qualquer tipo levarão décadas para se concretizarem. O que pode ser feito agora para ajudar mais homens a voltarem ao jogo quando se trata de trabalho estável e produtivo (o que está associado a uma melhor saúde mental, estabilidade financeira, capacidade de se casar e inúmeros outros benefícios)?

Wilcox argumenta que nossos programas de assistência social devem ser reformados. Nos últimos anos, houve um aumento alarmante no número de homens recebendo benefícios por incapacidade. Embora devamos sempre trabalhar para garantir que aqueles que não podem cuidar de si mesmos não sejam abandonados à pobreza extrema, também devemos proteger a rede de segurança social contra abusos.

Isso é importante não apenas para os contribuintes, mas também para os homens (e mulheres) que se beneficiariam do trabalho remunerado. Implementando melhores testes de elegibilidade para benefícios por incapacidade e oferecendo melhores oportunidades de transição dos programas sociais para o emprego remunerado, podemos ajudar a reverter a tendência de menor participação da força de trabalho entre os homens.

A solução — ou o tema predominante nas diversas soluções — para a crise masculina está em apreciar o que torna os homens homens e traçar um caminho claro para a masculinidade moderna.

Para os especialistas e decisores políticos, embora possa haver algumas divergências profundas entre a esquerda e a direita em relação a sexo e gênero, parece que existem áreas de acordo, como o valor da educação profissionalizante. Para pais e esposas, como eu, há motivos para esperança, especialmente devido à atenção que essa questão está recebendo. As pessoas realmente parecem se importar. Embora as mulheres e as meninas tenham sido historicamente marginalizadas, há um reconhecimento cada vez maior de que homens e meninos também podem ser vítimas de mudanças culturais, econômicas e políticas.

O primeiro passo para melhorar a vida dos meninos é aceitar e até celebrar o que os torna meninos. Afinal, isso faz parte da diversidade da humanidade. Algumas crianças são mais barulhentas, desarrumadas e propensas a correr riscos do que outras. Muitas delas são meninos.

Então, deixe os meninos serem meninos. E ame-os por isso.

Hadley Heath Manning é vice-presidente de políticas do Independent Women's Forum.

Original em inglês.
© 2023 National Review. Publicado com permissão.

Transcrito de Gazeta do Povo - Ideias

 

terça-feira, 21 de março de 2023

O Brasil pertence aos índios? - Percival Puggina

[como de hábito, estão sempre ocupados em nada nada fazer.]

         Corria o ano 2000 e a nação se preparava para festejar os 500 anos do Descobrimento. Nunca a esquerda foi tão indigenista! Cabral era vaiado nas salas de aula e na mídia
Se aparecesse alguma caravela, seria afundada. 
Aliás, fizeram uma que, de maneira muito suspeita, se recusou a navegar. Em Porto Alegre, o relógio que fazia a contagem regressiva serviu a culto indígena prestado por descendentes de europeus que copiaram performances apaches aprendidas do cinema ianque. Tocaram fogo no relógio, dançaram em torno da fogueira e foram comemorar num restaurante.

Quando escrevi criticando a representação teatral e o incêndio, que contou com proteção do oficialismo petista da época, respondeu-me um padre, reprovando minha posição. O que segue é um extrato dos argumentos que usei na réplica e atende solicitação de leitor do Instagram que, há alguns dias, me pediu informações sobre o tema.

Comecei a carta ao padre alertando para a obviedade tantas vezes mencionada por mim: o fato de o espaço físico do nosso subcontinente já estar povoado não significa que ele não tenha sido descoberto porque, de fato só se descobre o que já existe; o que não existe e passa a existir é criado ou inventado. Os portugueses descobriram algo que lhes era, em todos os seus aspectos, desconhecido.

São raríssimos os casos em que os atuais ocupantes de quaisquer áreas do globo estão nelas e as têm como suas desde os primórdios. Não era diferente aqui, antes de Cabral. As tribos disputavam o litoral, por ser mais aprazível do que o interior. Na Bahia, onde aportaram as caravelas, os tupiniquins haviam expulso os tapuias, nome que significa “índio do mato”.     

No Peru, os Chavins, os Nazcas, os Paracas, os Moches que ocupavam a costa do pacífico no século XVI, foram expulsos ou submetidos pelos Incas. E os astecas, a quantos expulsaram e sacrificaram? 
Que fizeram na Europa e norte da África, ostrogodos, visigodos, suábios, hérulos, vândalos, entre outros? 
Por ser meu interlocutor da época um presbítero, pareceu-me oportuno lembrá-lo de que nem Deus conseguiu que a Terra Prometida estivesse desocupada e disponível para o povo da Aliança quando os israelitas se retiraram do Egito. Rolou sangue, muito sangue.
 
Aliás, é bom que os cristãos devotos desse tão engenhoso quanto inútil revisionismo histórico tenham presente o que aconteceu quando Constantino decretou e impôs o fim da religião do Império Romano
Nunca vi qualquer religioso “progressista” ou conservador, reclamando do que foi feito com a civilização e a cultura romana anterior ao Cristianismo. Coitados! Num canetaço imperial lhes tomaram a fé e os templos. Quantos deuses romanos ficaram ao relento! 
Tampouco vi alguém denunciando a ação evangelizadora e restauradora da civilização empreendida por cristãos junto aos bárbaros na baixa Idade Média. 
Nem sobre os procedimentos de Clóvis, rei franco, após seu batismo.
 
Lamentar o fim da “civilização” pré-cabralina, como tantas vezes ouço, é fazer uso totalmente inadequado da palavra civilização. 
Pode-se falar em “cultura”, mas tampouco esta teve um fim. 
Há tribos que vivem até hoje como viviam ao tempo do Descobrimento. Mas será isso positivo? Será bom que essas pessoas vivam privadas dos benefícios da civilização e sirvam de laboratório para estudos antropológicos? 
 
Por outro lado, tenta-se extrair dividendo político e moral de uma suposta descoberta petista sobre os problemas dos povos originários após o Descobrimento. Não subestimem os meus professores de escolas públicas nos anos 50, lá em Santana do Livramento!  
Aprendi deles e dos mais elementares livros de história da época que os índios foram vítimas de violência, tentativas de escravidão etc. Não sei de onde saiu o suposto mérito petista de, num furo de reportagem, trazer à superfície a verdade sobre tais fatos. Novidade é a tentativa de extrair, além do impróprio dividendo moral, o lucro ideológico disso, jogando brasileiros contra brasileiros, tentando simplificar a história para reduzi-la aos termos da interpretação marxista de luta de classes. 
Novidade é entrar de martelete e picareta no relato dos acontecimentos históricos para deslegitimar todos os títulos de propriedade do país. Que eu saiba, nem Engels pensou nessa!

Na Ibero América, a esquerda católica, conhecida na Itália como “cattocomunista” parece não reconhecer o valor da conversão, do batismo e da evangelização de um continente inteiro. Chego a crer, que muitos religiosos veem com maus olhos a cruz plantada nas areias de Porto Seguro, após a primeira missa, pelos nossos descobridores que ante ela se ajoelhavam para que os nativos (na forma da carta de Caminha) “vissem o respeito que lhe tínhamos” ...

Muitas vezes, nas datas nacionais que cultuam o verde e amarelo da nossa bandeira, quando a esquerda está na oposição, seus militantes costumam proclamar do alto de sua simulada benignidade que nada há a comemorar porque as coisas não vão bem. 
A gente os conhece, mas sempre me surpreende quando quem diz isso é um religioso católico ou cristão. 
Afinal, se fossem boas essas razões, as próprias festas cristãs deveriam ser suspensas porque estamos tão longe do Reino de Deus e de seus critérios que deveríamos entoar, em todas as missas, um cântico que iniciasse com “Nada a comemorar, Senhor!”.

Eu continuo crendo no valor do batismo e convencido de que há um bem intrínseco na evangelização e na civilização. E quando vejo essas dezenas de milhões de mestiços que compõem a parcela majoritária da população do norte, nordeste e centro-oeste brasileiro, trazendo nos cabelos, nos olhos, na estatura, as marcas de suas raízes indígenas, e os encontro nas missas e na vida civilizada, me alegro pela obra dos jesuítas e de quantos para cá vieram, com os recursos da época, fazendo a história como sabiam, com a coragem que nos falta e com os conhecimentos inerentes ao período em que viviam.

Todas essas manifestações de repúdio aos brancos que se intrometendo aqui não viraram índios e não trouxeram a bordo antropólogos, sociólogos, psicólogos e filósofos me suscitam uma dúvida: onde querem chegar? Devemos voltar para a Europa, confinarmos os brancos em reservas e devolvermos tudo para os índios? 
Nos juntarmos a eles no mato? Des-descobrir? Desconstruir? Desevangelizar? Deseducar? Desmestiçar? 
Retornarmos os brancos à Europa, os negros à África, os amarelos à Ásia? Não conheço pensamento mais racista do que esse.

Admito que muitos pensem diferente. Também eu preferia que essas coisas e muitas outras tivessem ocorrido de modo diverso. Mas não vou passar a vida remoendo fatos ocorridos em séculos passados, escrutinando-os anacro Terra Prometida unicamente. Menos ainda criando um impasse sem solução sobre nossa identidade nacional. Não podemos corrigir o passado, mas o futuro, sim.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


terça-feira, 14 de março de 2023

Não falta comida porque alguns comem demais - Revista Oeste

Gabriel Cesar de Andrade
 

A teoria desastrosa de Lula não é novidade. Ela foi exportada para o restante do mundo a partir dos EUA há mais de meio século

 Flávio Dino e Lula | Foto: Montagem Revista Oeste/Ricardo Stuckert/PR

Flávio Dino e Lula | Foto: Montagem Revista Oeste/Ricardo Stuckert/PR
 
 Há alguns dias, ao instituir o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Lula disse que: “Se tem gente com fome, significa que alguém está comendo mais do que deveria”. A fala foi tratada como piada nas redes sociais: 

Se por um lado o humor ajuda o brasileiro a superar momentos de desesperança política, não há como ignorar a gravidade da fala vinda do chefe do Executivo e todas as consequências econômicas que ela sugere para a política social, a agricultura e a economia.

Lula não é o inventor da tese segundo a qual se alguns comem mais, outros precisam passar fome. A teoria desastrosa foi exportada para o restante do mundo a partir dos Estados Unidos há mais de meio século. Em 1968, o livro The Population Bomb foi lançado, por dois respeitados professores de Stanford, e previa uma catástrofe global pelo crescimento populacional desenfreado e a fome generalizada.

Um dos autores, o ambientalista radical Paul Ehrlich, previu dois anos depois do lançamento de seu best-seller que, “em algum momento nos próximos 15 anos, o fim chegaria”.  
Segundo Ehrlich, 65 milhões de norte-americanos e 4 bilhões de pessoas em outras partes do mundo morreriam de fome até o fim da década de 1980.
Livro The Population Bomb | Foto: Divulgação

Desnecessário dizer que tais previsões se mostraram totalmente infundadas, apenas servindo como combustível para um movimento mundial de violação de direitos humanos no México, na Bolívia, no Peru, na Indonésia, em Bangladesh e na Índia, onde mais de 6 milhões de homens foram esterilizados num único ano.

Hoje, a população global é o dobro da que existia na época dessas previsões catastróficas, e a porcentagem dos que vivem em situação de miséria caiu de 25% para 10%, na média global. E não são os países ricos que estão liderando essa “cura da fome” mundial, mas, sim, os países em desenvolvimento, onde 20% da população passou a ter o que comer desde 1970.

Fonte: FAO

Com esses números, já é possível saber que a tese do ambientalista radical Paul Ehrlich estava errada, afinal a população continuou crescendo e a taxa de famintos reduziu drasticamente. Mas e quanto à tese de Lula, de que se alguém passa fome é porque alguém está comendo demais?

Processos agrícolas modernos, com aumento da produtividade das sementes, controle de pragas e uso inteligente do solo, permitiram à humanidade se alimentar muito mais do que jamais havia feito antes

Se Lula estiver correto, na série histórica em que a malnutrição do mundo desenvolvido reduziu, os mais ricos teriam deixado de comer para que os pobres tivessem acesso a alimentos. O problema é que isto também não aconteceu.

Fonte: FAO

Observando os dados, é possível verificar que, apesar das discrepâncias regionais, o mundo todo passou a consumir uma quantidade cada vez maior de calorias por dia ao longo do tempo. O que explica essa situação não é nem a tese ambientalista de Ehrlich, nem a tese socialista enferrujada de Lula. Mas, sim, a tese da globalização e do livre-comércio.

Em meio século, enquanto a área agricultável global cresceu somente 10% e a população mundial dobrou, a produção de alimentos triplicou.

Fonte: OCDE
Processos agrícolas modernos, com aumento da produtividade das sementes, controle de pragas, uso inteligente do solo, automatização e segurança jurídica para a cadeia de produção, permitiram à humanidade se alimentar muito mais do que jamais havia feito antes. 
Em meados do século 19, colher 1 tonelada de grãos levava um dia inteiro e exigia o trabalho de 25 homens. 
Hoje, uma pessoa operando uma colheitadeira consegue fazer isso em seis minutos.
 
O erro que o ambientalista norte-americano Ehrlich cometeu em sua análise apocalíptica é o mesmo que Lula comete agora: acreditar que, para alguém passar fome, existe alguém “gastando” comida demais. 
Para Ehrlich, a culpa era dos recém-nascidos e do crescimento populacional. 
Para Lula, a culpa é “dos ricos”, ou de quem come mais do que precisa. A economia mostra que ambos estão errados.

É o avanço do capital privado, em contraponto à política divisiva do nós-contra-eles, que resolve os problemas da humanidade, como a fome e a destruição em massa. O discurso enferrujado de Lula, que ignora o desenvolvimento privado e aposta num discurso sem amparo em dados, deve ser combatido com fatos.

O fato relevante para este caso é que, diferente do mercado, em que a especialização, a inovação e a troca multiplicam a produção, na relação entre Estado e cidadão, podemos falar de um “jogo de soma zero”. 
Para o Estado receber, alguém (no caso, o cidadão) tem de perder. 
E como isto se relaciona com o caso da fome?
 
Desde o início do governo Lula até a data de hoje, o Estado brasileiro arrecadou mais de R$ 550 bilhões em impostos.  
Se os mais pobres fossem realmente prioridade, como ele sempre diz, com cerca de 10% do valor arrecadado, seria possível fornecer um salário mínimo para cada beneficiário do Bolsa Família. 
Uma família de três membros receberia R$ 3,6 mil por mês — contra R$ 600 do benefício atual, seis vezes mais.
 
Se há brasileiros passando fome porque alguém está comendo demais, este alguém que come demais é o próprio governo, chefiado por Lula.  
Foi ele que escolheu o inchaço da máquina pública, com a criação de mais 14 ministérios, mais cargos e negociatas, além de se recusar a cortar despesas para escolher prioridades. 
O que se vê é o triste começo de um governo que entrou prometendo picanha e agora reclama de brasileiros que comem demais. 

 Leia também “Acredite, o mundo está melhorando” 

Gabriel Cesar de Andrade é graduado em Direito (UFSC), com foco em economia (Mises Institute)

Gabriel Cesar de Andrade, colunista - Revista Oeste


sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Presidente de conselho federal de corretores está preocupadíssimo com… a Ursal

O Globo

A atividade dos corretores de imóveis passa por período agitado, com fintechs, proptechs e outras “techs” de olho no seu filão. Mas outro assunto preocupa o presidente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Cofeci), João Teodoro: o risco de avanço da Ursal após as eleições.

O termo designaria a União das Repúblicas Socialistas da América Latina e, como se sabe, ganhou notoriedade na boca de Cabo Daciolo na campanha 2018, quando o ex-bombeiro era candidato à Presidência.

Cunhada como uma brincadeira irônica por uma socióloga crítica a movimentos de esquerda ainda em 2001, a Ursal virou teoria da conspiração no seio da extrema-direita olavista. Após ser mencionada por Daciolo, a própria esquerda se rendeu à alucinação, mas como “meme” que tirava sarro dos opositores.

Mas o presidente do Cofeci está preocupadíssimo, e acaba de fazer o alerta em artigo no site da entidade com o título “Ursal — um projeto de poder absoluto”. Escreve João Teodoro:“Com a derrocada da União Soviética, o comunismo colapsou em todo o mundo. Os raros países que ainda o sustentam o fazem com base no autoritarismo híbrido: repressão política e economia de mercado. Na América Latina, porém, uma nova onda socialista começa a se instalar. Além de Equador e Venezuela, a esquerda prosperou em países como Argentina, México, Bolívia, Peru, Chile e Colômbia. E não é por acaso! Baseada nas teorias de Gramsci, a esquerda pretende criar na América Latina uma nova União Soviética, sob a sigla URSAL”

'Brasilidade acima de tudo'
Após reconstituir a história da União Soviética em cinco parágrafos, o representante dos corretores relaciona a eventual instauração da Ursal com o resultado das próximas eleições. Ele encerra o artigo em tom enigmático: “A organização seria liderada pelo Brasil, como a Rússia liderou a extinta União Soviética. Por isso, para a esquerda, é fundamental reconquistar a Presidência do Brasil nesta eleição. Todavia engana-se quem pensa que o candidato da esquerda será o líder da URSAL. O verdadeiro destinatário do cargo é alguém mais jovem, mais inteligente e muito mais intrépido, que já se destaca como ditador. Nunca estivemos tão ameaçados! Não podemos permitir. Nosso voto é nossa arma!”[será que é quem pensamos? com certeza é mais jovem do que o eleito, mais inteligente - não por possuidor de maior inteligência é que a que possui está sendo comparada com a pouco mais de nenhuma do eleito; intrépido, talvez defina melhor sendo substituído por atrevido.]

A mesma pena de João Teodoro já cometeu outros textos recentes sobre temas de fundamental importância para o cotidiano dos corretores de imóveis, como “Brasilidade acima de tudo” e “A genialidade transversa de Antonio Gramsci”. 

Capital - O Globo

 


quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Lula mente 7 vezes em entrevista ao Flow Podcast

Petista distorceu declarações do presidente Jair Bolsonaro e disse que o PT acabou com a fome no Brasil 

Edilson Salgueiro
 
Em participação no <i>Flow Podcast</i>, Lula disse ter criado o Fies
Em participação no Flow Podcast, Lula disse ter criado o Fies | Foto: Divulgação/Ricardo Stuckert

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato ao Palácio do Planalto nas eleições de 2022, mentiu sete vezes durante entrevista ao Flow Podcast. Em conversa com Igor 3K, na terça-feira 18, o petista fez declarações falsas sobre o legado dos governos do PT.

Ao contrário do que disse Lula, o Brasil não foi o último país a legalizar o voto feminino. Argentina (1947), Chile (1949), Peru (1955) e México (1995), por exemplo, garantiram esse direito depois de 1932, ano em que as mulheres brasileiras começaram a votar.

O ex-presidente disse que o Brasil é o maior produtor de proteína animal do mundo. Segundo a Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO) da Organização das Nações Unidas (ONU), no entanto, a China é quem lidera o ranking. O país asiático produziu mais de 90 mil toneladas de carnes em 2021, enquanto o Brasil praticamente atingiu a marca de 30 mil toneladas.

O petista afirmou ter criado o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Contudo, essa política foi elaborada durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1999, e instituída em 2001.

De acordo com Lula, 90% das categorias organizadas conquistaram aumento real no salário ao longo de seu governo. No entanto, esses números foram registrados apenas em três anos: 2006, 2007 e 2010. O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese) mostra que, em 2003, 2004, 2005, 2008 e 2009, menos de 80% das categorias tiveram aumento real no salário (acima da inflação).

Os governos petistas não acabaram com a fome no Brasil, ao contrário do que disse o ex-presidente. Apesar de o menor índice de insegurança alimentar grave ter sido registrado durante a administração de Dilma Rousseff (PT), os governos do PT não resolveram o problema da fome. Desde 2004, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) iniciou as pesquisas sobre insegurança alimentar, o Brasil registra milhões de pessoas na categoria “grave”. Na prática, isso significa que muitos brasileiros ainda não têm o que comer. O melhor desempenho foi registrado em 2013: 3,6% da população, ou 7,2 milhões de pessoas.

É mentira que Lula cresceu 15 pontos porcentuais nas pesquisas de intenções de voto depois de sua prisão, em 2018. Nenhum dos levantamentos divulgados pelos institutos de pesquisas aprovados pelo “consórcio de imprensa” registrou tal variação naquela época. Datafolha e Ibope, por exemplo, mostravam que o petista tinha entre 30% e 31% das intenções de voto em abril de 2018, depois de sua prisão. Três meses antes, em outubro de 2017, Lula tinha entre 35% e 36%. As intenções de voto caíram entre 4% e 6%.

O petista afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) reconheceu, durante entrevista ao canal Paparazzo Rubro-Negro, a necessidade de mentir para conseguir governar. É falso. Na ocasião, o atual presidente da República disse ter sido aconselhado diversas vezes a mentir, mas não teria seguido a sugestão.

Edilson Salgueiro - Revista Oeste

 

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Os que nunca aprendem… - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino


Meu pai sempre me dizia que existem duas formas de aprender as coisas na vida: a inteligente, e a burra. Na forma inteligente, observamos no nosso entorno o que funciona e o que não funciona, absorvendo lições valiosas com os erros alheios. Na forma burra, aprendemos levando as próprias cacetadas. Meu pai só não me explicou naquela época que tem gente que jamais aprende na vida, nem mesmo apanhando.

Vide o caso dos eleitores da esquerda. Se olharem para os lados, verão a Argentina mergulhada no completo caos, com miséria galopante, hiperinflação chegando a 100% ao ano e perdas das liberdades básicas. 
O presidente foi apoiado por Lula e também apoia Lula. A ex-presidente petista Dilma Rousseff chegou a dizer que a volta da esquerda ao poder na Argentina era uma “luz no fim do túnel”, um “alento” para os que “lutam pela democracia”. A luz no fim do túnel era o trem socialista vindo na direção dos pobres argentinos. É isso que o PT quer para o Brasil…
 
Um presidente lulista assumiu o comando do Peru também. E as crises políticas constantes têm produzido enorme instabilidade econômica, com acelerada fuga de capitais. 
Lula comemorou a vitória do marxista Pedro Castillo, que agora se vê envolto em denúncias de corrupção. A esquerda lulista vem causando enorme estrago no Peru também. No Chile não é diferente. 
O país até então mais estável do continente vive desaceleração da economia e recessão técnica deve marcar o segundo semestre. 
E claro, nem precisamos mencionar a Venezuela, país dilacerado pelo governo lulista de Nicolás Maduro.

(...)

Aqueles com 16 anos podemos até perdoar por inocência, mas quem é adulto e deseja a volta disso só pode ser um masoquista, ou então alguém que pretende ser cúmplice da volta do ladrão à cena do crime, como alertava Geraldo Alckmin antes de ingressar no projeto petista. Alguém inteligente jamais votaria no PT, assumindo honestidade. Mas até mesmo os burros podem aprender algumas lições. Não é preciso nem mesmo muito estudo para observar o potencial destrutivo desse modelo lulista. Basta uma simples olhada para a Argentina...

Por isso mesmo a nossa velha imprensa, que quer ser parceira na pilhagem petista, resolveu fingir que a Argentina nem mais existe!

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Lula e o PT querem fazer do Brasil um novo “Peru” - Gazeta do Povo

J. R. Guzzo - VOZES

De uma coisa ninguém vai poder reclamar quando se constatar, para a surpresa chocada das almas de boa-fé, que o governo estará querendo violar a Constituição para impor um outro regime ao Brasil, caso Lula ganhe as próximas eleições presidenciais: falta de aviso. Ele próprio, Lula, já disse, repetiu e vai dizer de novo que o Brasil, sob a sua direção, será um país “socialista”. A eleição de outubro não é para isso — sua função é escolher um presidente da República para o período de 2023 a 2027, e não impor um novo regime político, econômico e social à sociedade brasileira.

Mas e daí? Lula e o PT estão convencidos que uma eventual vitória na eleição vai autorizá-los a transformar o país em mais um “Chile”, ou “Peru”, ou “Bolívia” (não falam em “Venezuela” e “Cuba”, mas nem precisa), com a economia entregue “ao Estado” e o resto da ladainha que tem sido tentada através do mundo nos últimos 100 anos — e jamais deu certo, em lugar nenhum.

É espantoso que um candidato a presidente da República, com todo o incentivo das forças que o apoiam, tenha como projeto de governo criar um “Peru” no Brasil, ou coisa que o valha — mas são eles mesmos, e ninguém mais, que estão dizendo isso. Peru? A esquerda brasileira já teve planos mais ambiciosos para o país.

Para piorar as coisas, Lula, em pessoa, já disse que o Brasil vai precisar também de uma ditadura; o modelo que promete impor, caso ganhe, é o da China. Na sua opinião, é o que está faltando para nós: um “Estado forte”, com um “partido forte”, que vai dar as ordens, mandar na sua vida e decidir o que é bom e o que é ruim para todos. A China, diz Lula, é o que há; é disso que o Brasil precisa.

O candidato sempre diz para o eleitorado aquilo que, em seus últimos cálculos, mais pode interessar a ele próprio; está achando, no momento, que ser da “esquerda” radical rende mais votos. 
Já o seu ex-ministro José Dirceu, que ele vendeu por dois mil-réis quando quis salvar o próprio couro, no escândalo do mensalão, mas que hoje está de novo “prestigiado”, parece ter ideias mais precisas que o chefe. Dirceu, dentro do bonde PT/intelectuais/centristas liberais/empresários “progressistas”/advogados criminais — etc., etc. que trafega atrás de Lula, é o que parece ter mais noção do que está falando. O que está falando só piora o que Lula já fala.

Dirceu tem teorias próprias sobre o novo regime. A economia tem de ser estatal, diz ele. Vai se admitir, no máximo, empresas “público-privadas” ou seja, muita Odebrecht, muito Eike Batista, muita vendedora de sonda para a Petrobras, etc. É preciso novas estatais — e a volta dos bancos do governo. Segundo Dirceu, a economia brasileira está “totalmente dolarizada”, e isso precisa mudar. Não se sabe o que ele sugere a respeito: uma economia baseada no real, talvez? E quem quer saber de real? Nem em Cuba, e nem com a intervenção pessoal de Dirceu ou qualquer outro, vão aceitar vender um cacho de banana a troco de real. Mas o que se vai fazer? Os banqueiros de esquerda, os empresários angustiados com a injustiça social e as classes intelectuais acham que Lula e o seu regime socialista são a solução. Deve ser por aí mesmo, se o modelo é o Peru.

Quanto à democracia, é bom começar já ir se despedindo. Lula quer uma China para nós todos. É o que ele vai fazer — ou, pelo menos, o que promete fazer. Dá na mesma.

J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES