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segunda-feira, 13 de junho de 2022

Ciro e seu adversário - Percival Puggina

Nestes dias que antecedem o início da campanha eleitoral presidencial, os marqueteiros dos candidatos, especialmente os de Bolsonaro e Lula, estão selecionando suas armas de guerra e suas estratégias para a campanha eleitoral. Todo esse material será convertido em peças publicitárias e serão disparadas desde as respectivas trincheiras, tanto para fragilizar o adversário diretamente quanto para suprir munição aos próprios eleitores e candidatos apoiadores nas eleições proporcionais.

A posição de Ciro Gomes, candidato mais forte fora da dupla, já parece bem definida. Conhecido como homem de esquerda, por não medir palavras e por seu gênio explosivo, Ciro sabe que precisa reconstruir sua imagem e tirar muitos votos de alguém para somar ao que tem como eleitorado próprio e chegar ao segundo turno. Isso significa que até o dia 2 de outubro (1º turno), seu adversário é Lula. 
Ciro precisa conquistar os votos do eleitor de esquerda que perdeu a confiança no ex-presidiário e está fazendo o seu trabalho, dando trancos em Lula ciente de que isso será lido como elogio a Bolsonaro nas comparações que faz.

Ao mesmo tempo, transformou-se num gentleman, num “Cirinho paz e amor” empenhado em “pacificar e unir o país”. Há um prêmio disponível a quem conseguir imaginar Ciro Gomes pacificando algum ambiente conflituoso. Mas é por essa trilha que ele pretende ocupar o lugar de Lula no 2º turno da eleição presidencial.

Já em relação a ele, a estratégia dos candidatos que ponteiam a corrida não inclui embate frontal. Em outubro, precisarão buscar esses eleitores, não convindo, então, confrontá-lo desnecessariamente. Vida mansa para suas estratégias de campanha nos próximos meses.

Na minha perspectiva, porém, o Brasil que eu quero de volta não virá com um retorno à esquerda, seja pelas mãos de quem for. Tanto para a nação brasileira quanto para o importante papel que o país precisa desempenhar na geopolítica destes tempos desarvorados, isso seria desastroso. 

 Home - Fique Sabendo   - Percival Puggina 

 

domingo, 29 de maio de 2022

O que sua intuição lhe diz? - Percival Puggina

A pergunta está no ar e me faz pensar muito sobre o que dizem as pesquisas e sobre o que milhões de brasileiros percebem observando as ruas e praças do país.

Em quem devo crer, se os números e curvas exibidos pelos veículos de mídia me dizem algo diferente daquilo que eu sinto e vejo? Numa opção assim, eu fico com minha intuição. Fico com o “relatório” dos meus sentimentos. E sei que conto para isso com apoio de um bom filósofo alemão chamado Shopenhauer que estudou minuciosamente essa forma de conhecimento, identificando-a como a que mais frequentemente usamos para orientar nossas ações.


 [Inserção efetuada Blog Prontidão Total]

Vamos aos exemplos.

A intuição sempre me disse que o STF de base petista iria abusar do poder que lhe está concedido pela Constituição porque é isso que o petismo sempre faz quando está no poder. Não deu outra. O STF quase bucólico dos anos petistas, que praticamente só condenou o publicitário Marcos Valério no mensalão, morreu em outubro de 2018, dando origem a esse cuja conduta observamos.

A intuição sempre me disse que o PSDB não fez sua prévia por não ter excesso de candidatos, mas por falta deles. É o que acabamos de assistir no apoio dos tucanos à candidata do MDB, que tampouco preparou alguém para carregar a legenda no futuro pleito.  Aliás, a intuição sempre me disse que a senadora pelo Mato Grosso do Sul suicidou-se politicamente ao crer que as câmeras das TVs fixadas na CPI da Covid a tornariam nacionalmente conhecida. Sim, fizeram isso. Mostraram-na como alguém que anda em muito más companhias. [também mostraram ser a candidata uma descompensada, descontrolada.]

A intuição sempre me disse que, por motivo diverso, João Dória morria politicamente a cada aparição na TV. Ele cometia o erro que os críticos de teatro chamam de overacting, erro do mau ator que exagera na representação. Estaria perfeito se fosse para representar um mau personagem dissimulando suas intenções. A intuição, aliás, sempre me disse que a Rede Globo, desde 2018, vem fazendo exatamente isso e só os tolos não veem. Não se pode confiar na intuição dos tolos.

A intuição sempre me disse que a candidatura de Sérgio Moro, apesar de empurrada pela “mídia tradicional”, para ficar com a expressão elitista do gentleman Alexandre de Moraes, não tinha espaço no mundo dos fatos. E não teve.

A intuição, por fim, sempre me disse e continua repetindo que o eleitor brasileiro não vai chamar de volta ao poder a organização criminosa apátrida, que saqueou o país, que o humilhou internacionalmente, que combate conservadores e liberais e está por trás de quase todas as ações destrutivas em curso na sociedade brasileira. [o POVO BRASILEIRO não deixará os ladrões voltarem à cena do crime.]

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

domingo, 24 de maio de 2020

O FRUSTRADO VOYEURISMO MIDIÁTICO - Percival Puggina

Se você levar em conta os galões de tinta de jornal, as toneladas de papel e as horas em rádio e TV gastas para gerar expectativa e excitar a clientela, a sessão de pornô político levada a cabo na noite de 22 de maio foi uma frustração. Entre a reunião filmada (22 de abril) e a exibição do filme rolaram inteiros trinta dias ao longo dos quais a publicidade do vídeo foi feita como num buraco de fechadura, divulgando silhuetas, fragmentos e flashes de partes íntimas.

Convenhamos, o fornecedor, depois de tanta propaganda, tinha obrigação de disponibilizar algo melhor. Filme pornô com tarjas pretas? Façam-me o favor!
Para quem aprecia palavrões, houve uma boa oferta de conteúdo, e comentá-lo foi o que, da fracassada sessão, restou à mídia. A droga do filme só conseguiu segurar a audiência de quem ainda acreditava que a parte boa haveria de chegar às últimas cenas, com o presidente saindo algemado do Palácio. Que fiasco! Registre-se, a propósito dessa frustração, o fato de o vídeo exibir uma reunião a portas fechadas, em relação à qual a obrigação de divulgar só ocorreu por determinação judicial. Quem reclama do vocabulário usado terá conhecido Bolsonaro como um gentleman que, subitamente, aprendeu a dizer nome feio aos imaculados ouvidos da nação brasileira? Não. Foi para a poltrona comendo pipoca e esperando a sessão começar.

Entende-se, hoje, o motivo pelo qual Sérgio Moro afirmou não haver acusado o presidente de crime algum. Em tese, a partir daquele momento, passado um mês inteiro, tudo mais foi política, ideologia e frustração do consumidor de más notícias. Apaga a luz do cinema e manda a moçada pra casa. O que temos de mais empolgante é um exercício retórico sobre as intenções do presidente. Trata-se, aqui, de espiar a fechadura mental do suspeito, sendo que este simplesmente quis exercer uma de suas prerrogativas constitucionais.

No sentido prático, há duas (surpresa!) perspectivas em relação à reunião, como ato de governo. Na minha avaliação, podendo a fala de Bolsonaro ser reduzida à metade, assisti a uma boa reunião, pela afirmação dos valores que movendo o presidente e seus eleitores, deveriam orientar, homogeneamente, toda a equipe de governo. Os alinhados com a banda oposta, desgostaram de tudo: do presidente, das pautas, dos ministros, e da falta de um crime.
A frustração da moçada da poltrona, que esperava um pornô político, busca consolar-se pegando o pé de Abraham Weintraub por uma frase proferida em desfavor dos ministros do STF. É o voyeurismo político com necessidade de consolo!

Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.