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segunda-feira, 13 de junho de 2022

Ciro e seu adversário - Percival Puggina

Nestes dias que antecedem o início da campanha eleitoral presidencial, os marqueteiros dos candidatos, especialmente os de Bolsonaro e Lula, estão selecionando suas armas de guerra e suas estratégias para a campanha eleitoral. Todo esse material será convertido em peças publicitárias e serão disparadas desde as respectivas trincheiras, tanto para fragilizar o adversário diretamente quanto para suprir munição aos próprios eleitores e candidatos apoiadores nas eleições proporcionais.

A posição de Ciro Gomes, candidato mais forte fora da dupla, já parece bem definida. Conhecido como homem de esquerda, por não medir palavras e por seu gênio explosivo, Ciro sabe que precisa reconstruir sua imagem e tirar muitos votos de alguém para somar ao que tem como eleitorado próprio e chegar ao segundo turno. Isso significa que até o dia 2 de outubro (1º turno), seu adversário é Lula. 
Ciro precisa conquistar os votos do eleitor de esquerda que perdeu a confiança no ex-presidiário e está fazendo o seu trabalho, dando trancos em Lula ciente de que isso será lido como elogio a Bolsonaro nas comparações que faz.

Ao mesmo tempo, transformou-se num gentleman, num “Cirinho paz e amor” empenhado em “pacificar e unir o país”. Há um prêmio disponível a quem conseguir imaginar Ciro Gomes pacificando algum ambiente conflituoso. Mas é por essa trilha que ele pretende ocupar o lugar de Lula no 2º turno da eleição presidencial.

Já em relação a ele, a estratégia dos candidatos que ponteiam a corrida não inclui embate frontal. Em outubro, precisarão buscar esses eleitores, não convindo, então, confrontá-lo desnecessariamente. Vida mansa para suas estratégias de campanha nos próximos meses.

Na minha perspectiva, porém, o Brasil que eu quero de volta não virá com um retorno à esquerda, seja pelas mãos de quem for. Tanto para a nação brasileira quanto para o importante papel que o país precisa desempenhar na geopolítica destes tempos desarvorados, isso seria desastroso. 

 Home - Fique Sabendo   - Percival Puggina 

 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Soft power - O mar, os rochedos e o marisco

Análise Política

A aguda demanda global por vacinas anti-Covid-19 é uma bela oportunidade para o exercício do soft power. Mas mesmo isso tem um limite: a óbvia premência de os países produtores atenderem em primeiro lugar suas próprias populações. Ter amigos mundo afora é sempre bom, essencial até, mas quem coloca ou derruba os governos são em última instância seus próprios povos.

Porém a oportunidade de soft power é real, e vem sendo mais bem aproveitada por três jogadores: Índia, Rússia e China. E o motor fundamental nessa disputa em escala mundial é a capacidade de fornecer vacinas na quantidade e velocidade desejadas, diante das circunstâncias. A partir daí, talvez seja precipitado achar que esses países vão sonegar o imunizante para fazer política (leia).

Mais provável é os três concorrerem entre si para ver quem faz mais amigos mundo afora com a vacina.  E a janela de oportunidade está aberta também pela situação do presidente americano hoje empossado, Joe Biden. O principal desafio dele no curto prazo é vacinar em massa nos Estados Unidos, país mais afetado em números absolutos pelo SARS-Cov-2. Não é demais suspeitar que ele vai gastar pelo menos uns 20 a 25% deste mandato quebrando a cabeça em torno do assunto.
E segurando o que puder de vacinas para aplicar lá mesmo.
 
O mar, os rochedos e o marisco
Segundo a Reuters, a Índia começa amanhã exportar a vacina AstraZeneca/Oxford para países que contrataram o imunizante. Começando por Brasil e Marrocos. Na sequência, África do Sul e Arábia Saudita. É a boa notícia do dia (leia).

Todo esse episódio das vacinas para a Covid-19 deveria levantar um debate. Já faz algum tempo, os países depositam a segurança do abastecimento farmacêutico na conta da neutralidade da divisão técnica internacional do trabalho. Faz sentido economicamente. O problema é que a geopolítica não segue estritos critérios econômicos, ainda mais em tempos de fricção crescente entre as potências pela hegemonia planetária. Por isso, recordando o antigo adágio, vem o risco de na briga entre o mar e os rochedos quem acabar se dando mal é o marisco.

[outro que vai se dar mal - aliás, fracassar é seu destino - é o Joãozinho, o Doria.
Sem que o presidente Bolsonaro necessite mover uma palha que seja - aliás, o presidente é acusado pelos seus inimigos de ser omisso; se houve alguma omissão foi por imposição, não por desejo do presidente.
O Doria via ficar desmoralizado e conhecido como o homem que prometeu vacinar e não cumpriu o prometido.
 
Nada temos contra as vacinas  - reafirmamos que muitos dos nossos passaram de século e milênio, saudáveis, pela dádiva Divina das vacinas que recebemos há algumas dezenas de anos.  
Porém, todos reconhecem que a vacina do governador paulista é um pouco enrolada. Não duvidamos de sua segurança e eficácia, mas a maioria há de concordar que é melhor em 100 vacinados 78 ganharem imunidade do que em 100 apenas 50 ficarem imunes. 
 
Um  outro complicador é que a vacina da Fiocruz depende do IFA que está na China, mas na fábrica da AstraZeneca/Oxford, que tem o compromisso com o Brasil de enviar o IFA ou a vacina pronta.
Já o IFA da vacina chinesa/Butantan  está na China, só que em uma fábrica chinesa.
Foi brilhante o ilustre articulista quando lembra:
"Mais provável é os três concorrerem entre si para ver quem faz mais amigos mundo afora com a vacina."]

Não dá para cada país produzir tudo do que precisa, é lógico. Mas tampouco é razoável que países da dimensão do nosso sejam tão dependentes de importar coisas tão estratégicas. Infelizmente, é mais uma consequência de quase quatro décadas de desindustrialização. Ou, pelo menos, de falta de atenção à industrialização.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

 

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Bolsonaro diz que eleição dos EUA corre risco de ingerência externa

Presidente afirma que o Brasil também pode sofrer interferências no pleito de 2022. Segundo ele, potencial agropecuário do país e domínio sobre Amazônia despertam interesses políticos de outras nações

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nas suas redes sociais, na manhã desta terça-feira (3/11), que a eleição presidencial dos Estados Unidos corre o risco da "ingerência de outras potências". Além disso, o mandatário opinou que, no próximo pleito presidencial do Brasil, em 2022, o país pode sofrer o mesmo tipo de interferência externa.

De acordo com Bolsonaro, "as eleições norte-americanas despertam interesses globais, em especial, por influir na geopolítica e na projeção de poder mundiais" e, por isso, "há sempre uma forte suspeita da ingerência de outras potências, no resultado final das urnas". Na publicação, o chefe do Palácio do Planalto destacou que o potencial agropecuário do Brasil é um forte motivo para que as eleições presidenciais de 2022 sejam manchadas pelos interesses políticos de outros países. "No Brasil, em especial pelo seu potencial agropecuário, poderemos sofrer uma decisiva interferência externa, na busca, desde já, de uma política interna simpática a essas potências, visando às eleições de 2022", escreveu. 

Ele citou a Amazônia como outro tema que pode influenciar os resultados das urnas do Brasil em 2022. Desde o ano passado, Bolsonaro é criticado pela sua política ambiental e sobretudo pela falta de uma resposta contra as queimadas no bioma. "Nosso bem maior, a liberdade, continua sendo ameaçado. Nessa batalha, fica evidente que a segurança alimentar, para alguns países, torna-se tão importante e aí se inclui, como prioridade, o domínio da própria Amazônia", ponderou.

O presidente também analisou que isso é um alerta não só para o Brasil, mas para toda a América do Sul, que, segundo ele, está sendo dominada pela esquerda. "Devemos nos inteirar, cada vez mais, do porquê, e por ação de quem, a América do Sul está caminhando para a esquerda."

Correio Braziliense

Foto do perfil de jairmessiasbolsonaro

*- Nossas riquezas, nosso futuro.*

“ - É inegável que as eleições norte-americanas despertam interesses globais, em especial , por influir na geopolítica e na projeção de poder mundiais;

*- Até por isso, no campo das informações, há sempre uma forte suspeita da ingerência de outras potências, no resultado final das urnas;*

- No Brasil, em especial pelo seu potencial agropecuário, poderemos sofrer uma decisiva interferência externa, na busca, desde já, de uma política interna simpática a essas potências, visando às eleições de 2022;

*- Não se trata apenas do Brasil. Devemos nos inteirar, cada vez mais, do porquê, e por ação de quem, a América do Sul está caminhando para a esquerda;*

- Nosso bem maior, a liberdade, continua sendo ameaçado. Nessa batalha, fica evidente que a segurança alimentar, para alguns países, torna-se tão importante e aí se inclui, como prioridade, o domínio da própria Amazônia.”


*- Presidente JAIR BOLSONARO.*

domingo, 7 de junho de 2020

Sara Winter: ‘Usamos o medo quando uma autoridade comete atos ilegítimos’ - VEJA - Política


Qual a proposta do grupo? 
Entendemos que aqui no Brasil não existe uma militância organizada de direita. Então, nossa proposta é criar a primeira. A gente conseguiu colocar um presidente no poder, mas todas as instituições continuaram aparelhadas pela esquerda. Os movimentos políticos estão caminhando para um autoritarismo, principalmente por parte do STF e de algumas atitudes dos presidentes da Câmara e do Senado. Percebi que sair todos os finais de semana na rua, vestindo verde-amarelo com a família, com o cachorrinho, com esse clima festivo, não vai coagir as autoridades a fazer o que o povo quer. O povo tem que ser soberano. Seria muito interessante se os nossos ministros do STF e os presidentes do Legislativo não fossem nossos inimigos, mas eles estão se comportando como inimigos do povo brasileiro. Nós queremos governabilidade, queremos que o Executivo consiga governar. O Executivo tem boas propostas, mas, toda vez que é proposto algo pelo presidente, pelo fato de ele ser o Bolsonaro,  elas são barradas. Esse jogo político tem como objetivo atrapalhar e derrubar o presidente.

Qual a intenção do ato em frente ao Supremo? Por que usar máscaras e tochas?
 Eu tive uma inquietude muito grande em relação ao que estava acontecendo. Sou católica e busquei uma resposta na Bíblia, pensando que quem está me fazendo mal é um juiz. Então, eu fui buscar em juízes na Bíblia. E lá tem a história dos trezentos de Gideão e há a menção de tochas acesas. Eu tive uma inspiração divina.

Mas há alguma relação com a Ku Klux Klan?
Claro que não. As máscaras eram para dar medo mesmo, e também pedi para todo mundo ir de preto. Foi um sucesso. Assustou, é o que a gente quer. A gente trabalha com o medo quando entende que uma autoridade comete atos ilegítimos e que a gente não pode mais contar com respeito. E é um medo gerado por uma ação não-violenta. Olha o poder disso. Eu não preciso bater em ninguém. Eu só coloquei uma roupa preta e segurei uma tocha, e as pessoas já ficaram assustadas. E, obviamente, há uma narrativa de toda a imprensa de que tudo o que nós fizermos será nazista. A esquerda atribuiu a palavra nazismo e fascismo no sentido de que ‘tudo o que eu não concordo é nazismo ou fascismo’. Para eles, ser apoiador do Bolsonaro é automaticamente ser nazista ou fascista. Para você ver: os evangélicos colocam a mão em cima da cabeça do Jair Bolsonaro para orar, e logo falam que estão fazendo Sieg Heil [a saudação nazista].
Ele bebe leite para homenagear a ministra da Agricultura, é nazista. A gente acende tochas de luau, e é nazista. Não é algo que nos atinge. Com comunista não se dialoga, comunista se humilha. Essa é uma tese do professor Olavo de Carvalho.

(.....)

Como é o treinamento de vocês?
O treinamento é baseado em desobediência civil e técnicas de ação não-violenta. Tivemos instrução sobre investigação, inteligência, estratégia. Tivemos alguns professores, que preferem ter seus nomes resguardados, no campo da estratégia, da inteligência e da geopolítica. O treinamento foi um dia todo. Fizemos dois treinamentos, os dois começando de manhã e terminando ao fim do dia.

Onde fica o ‘QG’?
Não vou dizer, é segredo. Para ninguém ir lá e tacar um coquetel molotov. A gente não pode colocar a vida das pessoas em risco. Nós estamos sendo ameaçados de morte, estupro e espancamento. Se a gente mostra o lugar, está abrindo mão da nossa segurança e das pessoas que ali frequentam. Não tem como.

Houve algum treinamento paramilitar?
Não, nenhum. Quando você fala em paramilitar, quer dizer que há uma milícia armada. Aqui nós tivemos um treinamento de militância não-violenta, o que é exatamente o oposto. Sabemos ter postura, como segurar um cartaz, como chamar atenção da imprensa para os nossos protestos, como se portar diante de uma ocasião em que há uma pessoa do outro espectro político.

Como se portar, por exemplo, se houver um encontro entre manifestantes de direita e de esquerda? Assim: todos os meninos vão para a frente, as meninas ficam atrás. Se tiver de proteger alguma coisa, fazemos um cordão de isolamento, igual ao da polícia. E a gente fica sempre na defesa, nunca no ataque. Sempre manter a prudência, a temperança. Nunca, de maneira alguma, por mais que xinguem, pôr a mão, principalmente se for mulher. É uma prática comum da esquerda colocar as mulheres para provocar, que é para estimular a agressão do outro lado. Eu já deixo tudo avisado. A esquerda também deixa menores de idade sempre expostos, que é para alguém do lado oposto bater num menor de idade e se encrencar.

(.....)
Quando a senhora falou em trocar socos com ministro Alexandre de Moraes, não mostra justamente o contrário? 
Não, porque eu expressei um desejo e uma vontade, e não um fato expresso. Eu disse: ‘Como eu queria estar em São Paulo, porque, se estivesse, iria na frente da casa dele e convidá-lo a trocar socos comigo’. Não disse que ia à casa dele bater no ministro. Sei muito bem as coisas que eu falo, sou muito policiada. Expressei um desejo, um sentimento, uma vontade. Principalmente depois que ele instrumentalizou a Polícia Federal para vir na minha casa num inquérito ilegal, criminoso, inconstitucional. Eu estava sem roupa, tive os meus direitos humanos e fundamentais violados, sofri constrangimento, tive de fazer xixi com um agente da Polícia Federal me olhando, coisa que não acontece nem na cadeia. Eu não sou criminosa, sou uma jovem mãe. Pegaram até o meu dinheiro, sendo que no mandado de apreensão falava claramente que iriam pegar itens eletrônicos.

A senhora vai prestar depoimento?
Não vou. Isso é desobediência civil. Eu recebi uma ordem absurda de uma autoridade que, para mim, é ilegítima.

(.....)

Não há armas? A senhora já disse que havia. Há pessoas que compõem o nosso grupo de organização de apoiadores que são seguranças privados, que são policiais militares ou de outras polícias, que são atiradores, caçadores, colecionadores. Mas que compõem o nosso grupo de organização. No acampamento, não posso dizer se tem ou não. Se eu disser que tem armas, vem um juiz querer fechar. 
Se eu disser que não, vem um ‘antifa’ querer nos matar porque estamos desarmados. Mas, para esclarecer, qualquer pessoa neste acampamento que possa estar armado tem a sua arma expedida pela PF ou nos devidos órgãos competentes. Não existe nenhuma arma ilegal aqui e nós não trabalhamos com resistência armada.

Essa iminência da prisão não causa um certo receio?
 Não. No treinamento que eu fiz na Ucrânia, eu sofri coisas muito ruins que tiveram como consequência a ausência do medo no meu psicológico.

Como se prepara para não ter medo?
Na Ucrânia, eu apanhei muito. Inclusive de homens, com tapas na cara. Tapas para humilhar, para a gente aprender a não sorrir, a não chorar e a ser forte. São treinamentos baseados na desmoralização também. De te despir, literalmente, de toda a sua dignidade. Eu fiquei quatro horas nua com outras meninas que estavam passando pelo treinamento, em posição de sentido, repetindo: ‘Eu sou uma puta’. Depois de um tempo, deixou de ser algo bizarro e ofensivo para parecer uma coisa legal. Eu escutei muitas vezes que a gente não era militante, mas, sim, militar. E o ensinamento era o de que a gente não usaria armas de fogo. As ferramentas eram econômicas, políticas, midiáticas e ideológicas. São algumas coisas desse tipo que estou trazendo para a direita, mas com balizas morais e cristãs. Não vou colocar ninguém pelado para repetir alguma coisa e não vou bater em ninguém.
Como a senhora avalia os protestos nos Estados Unidos gerados pela morte de George Floyd?
 Todas as vidas importam. .... Eu vi ‘antifas’ brancos espancando policiais negros. Qual é o objetivo disso?

Em VEJA - Política - Entrevista Completa


sexta-feira, 6 de março de 2020

O tesouro de Ali Babá - Nas entrelinhas

“Não existe transparência nas negociações nem ampla divulgação da destinação das emendas,  num histórico de desvios de recursos públicos e formação de caixa dois eleitoral

Na noite de quarta-feira, velhas raposas políticas se reuniram na casa do ex-senador Heráclito Fortes em Brasília, ponto de encontro de bombeiros e conspiradores, dependendo das circunstâncias. Um ex-deputado que hoje integra a assessoria do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), resumiu o paradoxo político do momento: “Não entendo tantos desentendimentos, nenhum governo liberou mais emendas parlamentares do que o atual e nunca um presidente teve tanto apoio do Congresso para aprovar suas reformas quanto Bolsonaro”.

Paradoxos desafiam a opinião concebida e compartilhada pela maioria. É esse o caso. Bolsonaro não somente liberou dinheiro a rodo para os deputados do chamado Centrão durante o ano passado, como endossou todos os acordos anteriormente feitos com a Comissão de Orçamento, que é dominada pelo bloco de partidos conhecido como Centrão da Câmara (PSL, PL, PP, PSD, MDB, PSDB, Republicanos, DEM, Solidariedade, PTB, Pros, PSC, Avante e Patriota). Sem esses partidos, Bolsonaro põe em risco a própria governabilidade e não tem a menor possibilidade de dar continuidade às reformas do ministro da Economia, Paulo Guedes. Tanto que fez um novo acordo para a manutenção dos seus vetos, cuja concretização dependerá da aprovação de três projetos de lei que mandou para o Congresso regulamentando a liberação das emendas parlamentares. Pelo acordo, haverá uma “rachadinha” dos R$ 30 bilhões.

Nas redes sociais, porém, Bolsonaro jogou pesado contra o Congresso, que acusou de usurpar suas atribuições e avançar além da conta no Orçamento, ao atribuir poderes ao relator-geral da Comissão, Domingos Neto (PSD-CE), para estabelecer prioridades de aplicação dos R$ 30 bilhões e fixar um prazo de 90 dias para a execução das emendas, ou seja, antes das eleições. Bolsonaro ganhou a batalha da comunicação contra o Congresso, que foi demonizado na figura do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), enquanto o relator fazia cara de paisagem em toda a crise. A Comissão de Orçamento foi tratada como uma espécie de caverna dos 40 ladrões. Quem não conhece a história de Ali Babá? Era um pobre lenhador árabe que descobriu o segredo de um grupo de 40 ladrões: um tesouro escondido numa caverna. Sem que soubessem, Ali Babá ouviu as palavras mágicas que abriam e fechavam a caverna. Quando os ladrões saíram, entrou na caverna e levou o que podia carregar do tesouro para casa.

O conto está descrito nas aventuras de Ali Babá e os Quarenta Ladrões, que faz parte do Livro das Mil e Uma Noites ou Noites na Arábia. Essa imagem cavernosa da Comissão de Orçamento vem desde o Escândalo dos Sete Anões, que resultou na CPI do Orçamento. O fato de elaborar as emendas ao Orçamento da União confere aos integrantes da comissão um poder extraordinário no Congresso, que sofre a influência de lobistas de toda espécie, desde as corporações do serviço público aos mais diversos interesses empresariais. As emendas geralmente buscam atender a base eleitoral de cada parlamentar e seus aliados políticos, principalmente governadores e prefeitos. Como nem sempre coincidem com as prioridades da equipe econômica, isso gera uma crise de relacionamento do Congresso com o Executivo. A prerrogativa de aprovar o Orçamento, porém, é do Legislativo. O problema é que não existe transparência nas negociações nem ampla divulgação da destinação das emendas parlamentares, além de um histórico de desvios de recursos públicos e formação de caixa dois eleitoral.

Geopolítica
No ano passado, além de trabalhar com Orçamento que herdou do governo Temer, Bolsonaro não tinha as mesmas prioridades de um ano eleitoral, a principal motivação de seu enfrentamento com o Congresso, pois a liberação das emendas fugiria ao seu controle. Vem daí a crise com o Centrão. O senador Renan Calheiros (MDB-AL), velha raposa política fez, ontem, uma denúncia que pode servir de paradigma do conflito de interesses: a distribuição do Bolsa Família passou a obedecer aos critérios geopolíticos, e não econômico-sociais.


Por exemplo, o número de novos benefícios concedidos em Santa Catarina, que tem população oito vezes menor que o Nordeste e é governada por Carlos Moisés (PSL), aliado de Bolsonaro, foi o dobro do repassado à região nordestina inteira, [o eleitor que vota em governador da oposição - especialmente sendo o candidato petista - tem que estar pronto a arcar com o ônus do seu gesto irresponsável.] cujos governadores são da oposição. A série histórica mostra que houve um pico de novas concessões do Bolsa Família em janeiro, que se refletiu em todas as regiões, exceto o Nordeste. Nas eleições de 2018, a Região Nordeste foi a única que votou  majoritariamente no candidato do PT, Fernando Haddad. No segundo turno, o petista teve 69,7% dos votos válidos, ante 30,3% de Bolsonaro. Nas demais regiões, o atual presidente foi o vencedor. No Sul, conseguiu a maior vantagem: 68,3% ante 31,7% de Haddad.

Os dados mostram que o Nordeste tem ficado para trás nas novas concessões do Bolsa Família, enquanto aumenta o número de famílias que aguardam para ingressar no programa. Entre junho e dezembro, a concessão de novos benefícios despencou a uma média de 5,6 mil por mês. Antes, passavam de 200 mil mensais. Entretanto, o governo encontrou espaço em janeiro para incluir no programa famílias que estavam à espera do benefício. Foram 100 mil contempladas: 45,7 mil delas no Sudeste, 29,3 mil no Sul, 15 mil no Centro-Oeste e 6,6 mil no Norte. O Nordeste recebeu 3.035 novos benefícios. “Os números mostram um favorecimento no pagamento do benefício aos eleitores de regiões fiéis ao presidente Bolsonaro. Cabe aos presidentes da Câmara e do Senado pedirem explicações para manter a eficácia do programa”, critica Calheiros.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense


terça-feira, 23 de julho de 2019

Embaixador nos EUA - Por maioria simples no Senado, o cargo será de Eduardo

Por maioria simples no Senado, o cargo será de Eduardo

Se o pai, Jair Bolsonaro, mantiver a indicação do filho Eduardo (PSL-SP) e se o deputado não escorregar na sabatina de maneira imperdoável até mesmo para os governistas, as chances de ele ser aprovado, tanto na Comissão de Relações Exteriores como no plenário do Senado, são cada vez maiores. A sensação no Legislativo é de que não se vetaria um pedido pessoal do presidente sob pena de um desgaste em dimensões únicas — seria um recado direto ao capitão reformado. Mas as votações, na comissão e no plenário, são por maioria simples e secretas, o que facilita a vida de Eduardo e do pai. “Só um governo completamente incompetente perde uma votação por maioria simples”, provocou um parlamentar governista, numa referência à gestão Dilma Rousseff, que teve vetada, por um voto, a indicação do embaixador Guilherme Patriota para a Organização dos Estados Americanos (OEA) em 2015. Enquanto a situação de Eduardo não é definida, restam as piadas.

Levantamento da Levels Inteligência em Relações Governamentais mostra que a viralização de memes satirizando a suposta falta de capacitação de Eduardo para o cargo ocupa a maior parte da rede monitorada (cerca de 33%). A afirmação de que teria fritado hambúrguer no período em que fez intercâmbio nos EUA é o principal alvo dos internautas. Os dados foram coletados no final da semana passada.

Meu garoto…
Mesmo com a decisão de indicar o filho, o presidente Bolsonaro aguarda uma melhor avaliação sobre as chances efetivas de Eduardo ser aprovado no plenário, dado o fato de que a Comissão de Relações Exteriores do Senado vale apenas para a sabatina.
Com os parlamentares de férias no Congresso, é quase impossível medir a temperatura e a quantidade de votos do atual deputado. Assim, o Planalto tenta ganhar tempo para cravar a indicação.

…Meu papai
Por mais que a aprovação de Eduardo Bolsonaro seja dada como certa na Comissão de Relações Exteriores, há um claro constrangimento até mesmo dos senadores ligados ao Planalto. “O mais impressionante é que essa não é uma pauta nem do governo nem da oposição”, disse à coluna um parlamentar que preferiu não se identificar.
O voto secreto facilita a vida dos envergonhados em votar a favor do filho do presidente.

Entrou por uma perna de pinto…
O PT estuda pedir para que a votação da indicação de Eduardo Bolsonaro seja aberta, tanto na comissão como no plenário. O partido usa, assim, a tática dos oposicionistas ao senador Renan Calheiros (PMDB-AL), quando o alagoano disputou a presidência da Casa. Renan, inclusive, é um dos suplentes na Comissão de Relações Exteriores.

Saiu por uma perna de pato…
A oposição não deve partir para questionamentos sobre o nível de inglês ou mesmo sobre questões envolvendo geopolítica durante eventual sabatina de Eduardo Bolsonaro. A avaliação geral é de que o tiro pode sair pela culatra.

Faltaria aos senadores da oposição mais cancha com assuntos internacionais, por mais preparados que venham a ser por assessores. “A saída da oposição será pela política, por questões envolvendo símbolos como o nepotismo ou a relação de subserviência a Donald Trump”, adiantou um parlamentar petista


Coluna Brasília-DF - Correio Braziliense
 
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