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quinta-feira, 14 de junho de 2018

Pontos de incerteza

A alta dos juros nos EUA agrega um ponto a mais de incerteza numa conjuntura que já tem muitas complicações. Além de subir a taxa, o Fed comunicou novas altas, o que dará mais impulso ao dólar e elevará a volatilidade. Mas a economia brasileira estaria com problemas mesmo se nada estivesse mudando no mundo das moedas e dos juros. Nunca houve uma recuperação tão difícil quanto essa.   Nas outras recessões, o país saiu do negativo para o forte positivo. Desta vez, sucessivos golpes têm atingido a economia, minando as forças necessárias para o retorno. A greve do setor de transporte de carga acabou e deixou conflitos que ainda paralisam partes da atividade econômica.

A alta dos juros americanos já era esperada e se sabe como os mercados reagem: diante do aumento da rentabilidade dos papéis do Tesouro dos EUA, os capitais saem de países emergentes e considerados de risco. Mas ontem o Fed também mudou sua comunicação e avisou que fará mais duas elevações da taxa. Tenta evitar a inflação que pode vir de um mercado de trabalho aquecido. A Fitch prevê que o desemprego nos EUA vai cair para 3,4% no ano que vem, o que, se acontecer, será o mais baixo em 65 anos. Isso produz oscilações de valor de ativos no mundo inteiro. Muito mais num país que enfrenta suas próprias dificuldades políticas e econômicas como o Brasil.

A greve dos caminhoneiros terminou, mas deixou a economia em suspenso. Negociadores permanecem tentando desfazer os nós que se formaram dentro da cadeia produtiva, mas com pouco sucesso. A Abiove, Acebra e Anec, que dizem representar “quase a totalidade da comercialização de soja, farelo de soja e milho”, divulgaram nota dizendo que não estão participando de negociações nem com o governo nem com caminhoneiros. A Associação Brasileira de Produtores de Soja entrou na Justiça contra o tabelamento. Ou seja, a notícia de que o setor de grãos tinha fechado um acordo com os caminhoneiros foi negada pelas organizações que representam uma parte importante do agronegócio. Por enquanto, o que tem acontecido é o aumento da judicialização. Na política e na economia, tudo tem ido parar na Justiça.

Há quem no governo assegure que as negociações avançam, mas o fato é que a esta altura a greve do transporte de cargas se transformou numa espécie de tremor com choques secundários. Ela parou o país, provocando desabastecimento, espalhando prejuízos aos produtores e elevando os preços. A normalização é aparente. Há combustíveis nos postos e mercadorias nos supermercados, mas há também muitos setores parados na queda de braços sobre o valor do frete. Os indicadores começam a apontar melhoras depois de terem sido unânimes em decepcionar no primeiro trimestre. Ontem, o IBGE divulgou dados positivos sobre as vendas do varejo em abril, com 1% de alta, e 1,3% no varejo ampliado. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, foi a 13ª alta consecutiva, mas foi menos acentuada. A economia vai assim contando os grãos de boas notícias, porque elas não são frequentes.

Em fevereiro, a projeção do mercado para o crescimento de 2018 era de quase 3%, e esta semana caiu para 1,94%. A inflação tinha felizmente um colchão para absorver o choque e por isso deve ficar, segundo o Banco Central, na meta. Há vários choques ao mesmo tempo: o da greve dos caminhoneiros, o do conflito do frete, o do dólar, o das incertezas políticas. Todos atingem a perspectiva de crescimento do país. É neste contexto que entra o impacto provocado pela alta dos juros americanos. Esse movimento em quatro atos do Fed está atraindo capitais para os EUA e vai provocar queda do valor das commodities, o que afetará também a economia brasileira.

Mas nada do exterior é mais forte do que os fatores internos que mantêm a economia brasileira em ambiente de crise. Um governo fraco está nos seus últimos meses e o quadro eleitoral não podia estar mais embolado. A vantagem que resta é a de o país estar em boa posição cambial, com baixo déficit em transações correntes e altas reservas para, com isso, enfrentar a turbulência.

Coluna da Miriam Leitão - Com Alvaro Gribel, de São Paulo
 

 

terça-feira, 12 de junho de 2018

Vitória do cartel

A ANP poderia ter aproveitado a oportunidade para acabar com o conluio das distribuidoras de combustível. Preferiu manter a farra das empresas que ditam as regras do mercado

Vencida a greve dos caminhoneiros, tudo voltou ao normal. O abastecimento de combustíveis foi restabelecido, mas há algo, porém, que não deverá retornar ao estágio anterior ao movimento: o preço nas bombas dos postos. Isso porque tudo retornou ao estado de antes: a lentidão da Agência Nacional do Petróleo (ANP) em combater o cartel das distribuidoras que dominam o mercado. Tão logo a greve se encerrou, a agência recuou e revogou a medida excepcional que suspendia a vinculação de marca para vendas de distribuidoras do produto líquido.

O mercado dos combustíveis distribuídos nos 40 mil postos brasileiros é dominado por três grandes empresas: Raizen/Shell, Ipiranga e BR Distribuidora, que detêm 70% do comércio de derivados de petróleo = [sob a forma de associação (disfarce para cartel) denominada Plural - e mais uma vez o MP silencia sobre o assunto; aliás, envolveu caminhoneiro, locaute de transportadoras e associação de revendedoras o MP opta pelo silêncio.]

Ou seja, tudo ficou como antes. O posto que tiver as cores da Raízen/Shell, Ipiranga ou BR Distribuidora fica impedido de comprar combustível em uma bandeira branca. Mesmo que o preço do litro seja mais baixo que o fixado pelas três gigantes do setor. Agindo assim, a ANP perde a oportunidade de livrar os empresários de postos das amarras impostas por essas empresas, que já duram uma década. Em 2008, a ANP sucumbiu ao lobby pesado do Sindicato Nacional das Empresas de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom). Na ocasião, o presidente da agência era Haroldo Borges Rodrigues Lima, nomeado pelo então presidente Lula.

Consumidor paga mais
Naquele ano, a ANP modificou uma resolução do Ministério de Minas e Energia que garantia aos postos escolher de qual distribuidora comprar combustível. Bastava apenas informar a origem na bomba. O resultado era imediato: ao comprar mais barato, a economia era repassada ao consumidor. Com a edição da nova regra, ficou vedada essa prática. Ou seja, o posto tinha de comprar combustível somente com a marca da distribuidora que estampava na fachada. Detentoras de 70% dos postos no País, a Raízen/Shell, Ipiranga ou BR Distribuidora passaram a ditar as regras – e os preços do litro dos combustíveis. O resultado foi imediato. Em dez anos, o faturamento dessas empresas saltou de R$ 78 bilhões (2007) para R$ 219 bilhões (2017).

Com a deflagração da greve, a ANP suspendeu a modificação na resolução do Ministério de Minas e Energia. Numa iniciativa de bom senso, a agência suspendeu essa vinculação entre postos e distribuidoras. A medida temporária suavizou as conseqüências do movimento grevista. Mas, como diz o ditado popular, o que é bom dura pouco: na terça-feira 5, a ANP cassou seu próprio ato, perdendo, assim, a oportunidade de fazer história.

Tudo como antes A agência controladora da política de preços dos combustíveis retrocedeu à norma anterior:
O mercado dos combustíveis distribuídos nos 40 mil postos brasileiros é dominado por três grandes empresas: Raizen/Shell, Ipiranga e BR Distribuidora, que detêm 70% do comércio de derivados de petróleo

Em 2008, diante de lobby das três companhias, a ANP, então dirigida por Haroldo Borges, determinou que os postos estavam impedidos de comprar combustíveis de uma distribuidora de bandeira branca, mesmo que os preços fossem mais baixos.
Em meio à greve dos caminhoneiros, que provocou grande crise de desabastecimento, a ANP suspendeu temporariamente, e em caráter excepcional, que os postos pudessem comprar das distribuidoras que melhor lhes atendessem, inclusive de bandeira branca, o que provocaria redução de preços

Mas foi apenas o abastecimento se regularizar, que a ANP voltou atrás e tornou a manter os efeitos nocivos do cartel
Ary Filgueira - IstoÉ

 

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Visão da população coincide com a dos especialistas sobre a piora econômica




Nos últimos três meses, aumentou para 72% o percentual de brasileiros que acham que a economia piorou, mostra pesquisa Datafolha




Nos últimos três meses, aumentou para 72% o percentual de brasileiros que acham que a economia piorou, mostra pesquisa Datafolha. Isso também está sendo dito pelos especialistas e pelos economistas nas últimas semanas. Houve uma redução das expectativas em relação ao crescimento do PIB.  Houve um momento que foi ainda pior do que este, que foi em fevereiro de 2016, no final do governo Dilma, quando o país havia se aprofundado na recessão. O auge da recessão foi o segundo trimestre daquela ano, quando, no acumulado em quatro trimestres, o PIB caiu 4,8%, um número inédito. 

Naquele momento, 80% achavam que a economia tinha piorado. Depois, houve uma melhora desse número, com a saída da recessão, que foi devagar. Mas a recuperação não melhorou o drama do desemprego, que desestabiliza as famílias, abala a confiança e o humor das pessoas. Não chega a ser o 80% do período Dilma, mas aumentou para 72%, porque de fato o desconforto econômico cresceu. A isso se soma a greve dos caminhoneiros, que mostrou o desabastecimento e o aumento dos combustíveis. Sete em cada 10 acham que a greve foi prejudicial ao país.

Em relação à vida pessoal, a visão é mais otimista, 42% acham que a situação vai melhorar. O brasileiro não perde a esperança. Em relação ao país, 32% acham que vai piorar, e só 26% acham que vai melhorar.


 

sábado, 9 de junho de 2018

Estatais à serviço do Brasil


A greve dos caminhoneiros recolocou a questão da privatização da Petrobras e — por tabela — de todas as estatais. O tema entrou na pauta meio de contrabando. Afinal, a questão envolvia diversas questões e o ataque às empresas estatais foi somente mais um pretexto na longa luta em defesa do que os liberais chamam de Estado enxuto. Os liberais brasileiros sempre foram meio fora da curva clássica: apoiaram ditaduras, fecharam os olhos às graves violações dos direitos humanos, à censura e, quando lhes convinham, à presença estatal na economia.

Não é possível falar em história do desenvolvimento econômico brasileiro no século XX sem falar do Estado. Foi ele o grande indutor da economia. Qual empresário quis fundar a Companhia Siderúrgica Nacional? E a Petrobras? E a Embraer e a Embratel? E a vale do Rio Doce? E Itaipu? A lista é quilométrica e, para economizar espaço, fico somente nessas empresas. Todas elas exigiram investimentos de longa maturação e, inicialmente, as taxas de lucros eram baixas. Tudo o que o empresariado brasileiro não gosta.

O lucro fácil é o seu principal objetivo e a história do Brasil é farta em exemplos que reforçam essa afirmação. Portanto, não estamos no terreno da ideologia, mas sim trabalhando com dados muito conhecidos e inquestionáveis.  Ao longo do tempo — e é um problema sério — as empresas estatais foram ocupando espaços que deveriam estar reservados à iniciativa privada. É um fato. Também as estatais foram perdendo seus objetivos originais e acabaram, boa parte delas, tomadas por interesses político-partidários, o que também é um fato de conhecimento geral.

O grande desafio é recolocá-las no seu papel de indutoras do desenvolvimento. Entregá-las de mãos beijadas para investidores, principalmente estrangeiros, será um crime de Lesa-pátria
Sendo assim, a questão que se coloca não passa pela privatização indiscriminada de todas as estatais, pelo grito inconsequente de privatize tudo. Não! O Estado, até por razões de segurança nacional, mas não só, tem de continuar controlando com eficiência e competência setores que são fundamentais para o País. [o único senão nessa obrigação do Estado é que tal controle não é efetuado com eficiência e competência e as estatais sempre custam mais caro que a iniciativa privada, oferecem piores serviços e desejam mais benesses - tanto para a instituição quanto para os funcionários.
Merece destaque para provar o afirmado o péssimo atendimento do Banco do Brasil (economia mista com pensamento de estatal)  da Caixa - que é autarquia (consegue ser um pouco pior que uma estatal)].  É urgente despartidarizar as estatais, limpá-las da corrupção e colocá-las à serviço do desenvolvimento nacional. Essas empresas não devem ser dirigidas com o objetivo de atender prioritariamente os investidores. Se agirem assim é melhor que deixem de ser estatais. O grande desafio é recolocar as estatais no seu papel de indutor do desenvolvimento. Entregá-las de mãos beijadas para investidores — principalmente estrangeiros — será um crime de Lesa-pátria. [o que Janot fez ao denunciar Temer, sem provas, desorganizando todo um processo de recuperação econômica do Brasil, não é também crime de Lesa-pátria?]

 Marco Antonio Villa - IstoÉ

domingo, 3 de junho de 2018

O cartel que joga contra o País

Por trás dos exorbitantes preços dos combustíveis há um conluio entre as três maiores distribuidoras, donas de 70% do mercado, que impede o alívio no bolso do consumidor. Agora, a Agência Nacional do Petróleo tem a oportunidade histórica de acabar com a farra

JOGO COMBINADO A BR Distribuidora, a Raízen/Shell e a Ipiranga pressionam para que a ANP retome resolução que os beneficiam (Crédito: Felipe Dana)
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A greve dos caminhoneiros mudou a rotina do brasileiro nas últimas semanas, que passou boa parte do dia em fila, com galão na mão à procura de algum posto para lhe vender uns míseros litros de gasolina. O governo, por sua vez, para convencer a categoria a retornar o trabalho, ofereceu descontos generosos na forma de tributação sobre o óleo diesel e, até mesmo, na isenção total de impostos que incidem sobre o produto. Mas as medidas para conter a alta do preço do combustível serão inócuas se não for atacado um problema que corre a céu aberto e à vista da fiscalização: o cartel composto pelas três grandes distribuidoras que dominam o mercado. São elas, a BR Distribuidora, a Raízen/Shell e a Ipiranga. Enquanto elas ditarem o valor cobrado pelo litro que irriga as bombas dos postos, tão cedo o consumidor não sentirá um alívio no bolso. A questão é como mudar essa lógica deletéria se a própria Agência Nacional do Petróleo (ANP), em determinados momentos, tem transigido com o conluio que deu carta branca para as três bandeiras operarem ao sabor de suas conveniências.

A pressão contra o livre mercado
Em 2008, um lobby pesado [propina pesada - no estilo da primeira corrupção da família Lula após assumir a presidência = investimento da ex-Telemar  na Gamecorps do fenomenal Lulinha, filho do presidiário Lula da Silva.] do Sindicato Nacional das Empresas de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom) junto ao então diretor da ANP, Haroldo Borges Rodrigues Lima, nomeado pelo ex-presidente Lula, hoje preso, fez uma modificação numa estratégica resolução do Ministério de Minas e Energia. Até então, ela garantia aos postos de gasolina escolher de qual distribuidora comprar combustível. Cabia a eles apenas informar na bomba o fornecedor do produto. Assim, poderiam comprar da distribuidora que oferecesse o menor preço, o que barateava o valor final para o consumidor. Com o cavalo de pau na regra, [cavalo de pau que teve um custo para as distribuidoras que formaram um cartel.]  ficou vedada a comercialização de combustíveis automotivos com revendedor varejista, que optou por exibir a marca comercial de outro distribuidor. Na prática, passou a funcionar assim: um posto com o slogan da BR Distribuidora, Raízen/Shell e Ipiranga ficou impedido de comprar combustível de uma distribuidora de bandeira branca. Somente da marca que estampa em sua fachada. Mesmo que o preço do litro dos fornecedores de bandeira branca seja bem mais barato. Com a medida, as grandes distribuidoras, detentoras de 70% de todo o combustível comercializado no País, conseguiram fidelizar 24 mil postos. Dessa forma, mais que dobraram seu faturamento em dez anos, saltando de R$ 78 bilhões em 2007 para R$ 219 bilhões no ano passado. Pior para você, consumidor.

Bom senso da ANP
Com a greve dos caminhoneiros, foi dado o primeiro passo para livrar os empresários do setor de postos das amarras impostas pelas três gigantes do setor de distribuição de diesel e gasolina. Numa iniciativa de raro bom senso, a ANP resolveu suspender em caráter excepcional, ou seja, temporário, a vinculação de marca para vendas de distribuidoras de combustíveis líquidos. O despacho foi assinado pelo diretor-geral substituto da agência, José Cesário Cecchi. Agora, a ANP tem em mãos a oportunidade histórica de corrigir um equívoco de uma década, ou seja, a partir da retomada e da normalização do abastecimento de combustível no País, tornar permanente uma medida que jamais deveria se constituir uma exceção. 

Em nota enviada à ISTOÉ, a agência se esforça para descaracterizar o “conluio”, o qual com veemência diz não existir, mas admite que os postos bandeirados de fato se comprometem em contrato a comprar combustíveis apenas da distribuidora a que se vincularem. A ANP admite ainda “estudar” a possibilidade de permitir, de maneira definitiva, que os postos de gasolina escolham de qual distribuidora comprar combustível. [o único risco que há se essa medida se tornar definitiva é que o diretor que a assinou - ironicamente, um interino - perca o emprego.] As três grandes distribuidoras do produto, a BR Distribuidora, Raízen/Shell e Ipiranga, agora reunidas na Associação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Lubrificantes, Logística e Conveniência (Plural), ameaçam reagir. Há até canelada muito abaixo da linha da cintura: representantes das empresas espalham que podem até processar diretores da ANP envolvidos na decisão de alterar a regra que os beneficiam. 

Jogo baixo, muito baixo. Que a Agência Nacional do Petróleo não repita 2008 ede novo – dobre os joelhos, em detrimento do consumidor. A sociedade está atenta.

 IstoÉ