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domingo, 3 de novembro de 2019

O PT, o PCC e a morte de Celso Daniel - VEJA

Segundo Marcos Valério, a aproximação do partido com a organização criminosa começou nos anos 2000


Em sua edição passada, VEJA revelou o conteúdo de um depoimento sigiloso prestado por Marcos Valério em que ele cita Lula como mandante do assassinato do prefeito Celso Daniel. O ex-operador financeiro do PT também confirmou que o empresário Ronan Maria Pinto chantageara o partido e recebera 6 milhões de reais para manter em segredo o envolvimento do ex-presidente. A novidade provocou a reabertura do inquérito e reforça a tese de que o prefeito não foi vítima de um crime comum, como concluiu a polícia. De acordo com Valério, Celso Daniel foi morto depois de produzir um dossiê no qual relatava à direção do partido os múltiplos esquemas de corrupção que funcionavam na prefeitura de Santo André e arrecadavam propina de empresas de ônibus, de limpeza, de casas de bingo e até de perueiros. O dinheiro obtido financiava as campanhas eleitorais do PT e bancava as despesas pessoais de seus dirigentes.

No depoimento, Marcos Valério contou que muitos desses detalhes lhe foram narrados pelo ex-deputado Professor Luizinho num encontro que os dois tiveram, em 2004, para acertar a melhor forma de comprar o silêncio do chantagista, que ameaçava tornar público o envolvimento de Lula e de outros petistas no crime. “O Professor Luizinho disse que a arrecadação de propina na prefeitura era feita com a aquiescência da direção do PT”, afirmou Valério. Os negócios envolveriam, inclusive, uma parceria entre os petistas e o PCC, o grupo criminoso que atua dentro dos presídios. Segundo o operador, a aproximação do PT com o PCC começou nos anos 2000, quando o crime organizado passou a financiar algumas campanhas políticas do partido. Celso Daniel sabia da parceria, mas desconhecia a dimensão que ela havia atingido. “Pelo que o professor (Luizinho) me falou, esse dossiê tinha o propósito de acabar com a roubalheira”, disse Valério.

Celso Daniel foi sequestrado, torturado e morto em 2002 por assaltantes ligados ao PCC. Não seria coincidência, de acordo com o operador. O Professor Luizinho suspeitava que o prefeito tivesse sido morto por homens que estariam atrás do tal dossiê. Valério reproduziu o que teria ouvido do deputado: “‘Uma coisa, Marcos, é você ser assaltado, outra coisa, Marcos, é você ser assaltado e torturado’. Significa que eles estavam atrás de alguma coisa, na minha opinião, do dossiê”. A VEJA, o Professor Luizinho disse que nunca discutiu esse assunto com Marcos Valério. Ao reabrir as investigações do caso, o MP vai apurar se o crime teve motivação política.

Durante o primeiro governo Lula, Valério operou um caixa usado para recolher propina, subornar políticos e pagar despesas do partido e de seus dirigentes, incluindo os gastos pessoais do então presidente. Condenado a quarenta anos de prisão no caso do mensalão, atualmente cumpre pena em regime semiaberto. Entre outubro de 2018 e fevereiro deste ano, ele prestou vinte horas de depoimento, sendo três delas exclusivamente sobre o crime de Santo André. O operador disse estar convicto das ligações entre o PT e o PCC. Teve certeza disso em 2008, quando ameaçou revelar essa conexão e foi espancado dentro de um presídio em São Paulo onde estavam presas várias lideranças da organização. Apanhou tanto que perdeu os dentes
“Preciso de mais para mostrar o envolvimento do PCC com o partido?”, indagou Valério.



quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

A tuiteira Gleisi [também senadora e ré] precisa ser trancada no banheiro

A senadora paranaense anda enxergando mensagens imaginárias de apoio ao grupo criminoso que preside

A senadora Gleisi Hoffmann, em seu pronunciamento de despedida da Casa para assumir o ministério da Casa Civil (Wilson Dias/ABr/VEJA)
Essa mulher é desorientada mesmo e depois que está ciente que será presa, sem mandato e sem foro privilegiado, perdeu o pouco de noção que ainda lhe restava 
 
Medo de cadeia faz mal à cabeça, e pode levar ao colapso mentes prejudicadas desde sempre por severas avarias. É o caso de Gleisi Hoffmann, rebatizada com os codinomes “Amante” e “Coxa” pelo departamento de propinas da Odebrecht. Há poucas semanas, por exemplo, Gleisi enxergou uma homenagem ao ex-presidente Lula numa faixa exibida pela torcida do Bayern de Munique. Demorou algum tempo para descobrir que a inscrição “Forza Luca”, e não Forza Lula, era endereçada a um italiano ferido numa briga entre torcedores.

Agora, de novo pelo Twitter, a senadora paranaense viu uma homenagem ao seu partido no título de Vai Dar PT, cantada por Leo Santana no Carnaval da Bahia. Ao saber que as duas consoantes eram as iniciais da Perda Total a que se refere a letra, tentou não perder o rebolado: em outro tuíte, garantiu que a expressão aludia ao governo Michel Temer. E tentou colocar no colo dos que ridicularizaram a gafe o filhote concebido por Lula e amamentado por Dilma Rousseff. Foi o chefão condenado a 12 anos e 1 mês de cadeia quem decidiu que o vice do poste seria Temer, em quem a tuiteira doidona votou em 2010 e em 2014.

Ministro das Relações Exteriores do governo Jânio Quadros, Afonso Arinos dizia que o presidente teria desistido da renúncia se fosse trancado no banheiro até que o surto passasse. É o que deve ser feito sempre que Gleisi enxergar alguma inexistente mensagem de apoio ao grupo criminoso que preside. Convém trancafiá-la antes que saque o celular da bolsa e recomece o show de besteirol triunfalista.

 Blog do Augusto Nunes - VEJA

 

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

PCC recruta venezuelanos em prisão de Roraima e amplia frente internacional

A crise humanitária venezuelana está se somando a uma crise carcerária e de segurança pública brasileira no interior da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), a maior de Roraima, com mais de 1,2 mil presos. Integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), que dominam o presídio e há um ano foram responsáveis pela morte de 33 detentos, estão cooptando venezuelanos que chegam cada vez em maior quantidade às cadeias locais.

Desde o fim de 2016, com o recrudescimento da crise política e econômica na Venezuela, cujos impactos vão da precariedade do sistema de saúde à pouca oferta de produtos nos supermercados, os vizinhos decidiram migrar. A cidade de Pacaraima, na fronteira, e a capital Boa Vista são as que notam os efeitos do fluxo, que deixa um rastro de superlotação em abrigos públicos e um número incomum de pedintes nas ruas.

A situação tem culminado na prisão de venezuelanos que se envolvem em crimes como furto e roubo de celular, além da entrada ilegal de combustível, e tráfico de drogas. [por esse amontoado de crimes é que defendemos o imediato fechamento das fronteiras brasileiras com a Venezuela e a devolução àquele País de todos os venezuelanos;
não é questão de desumanidade e sim de preservar primeiramente os interesses dos brasileiros. O Brasil possui mais de 12.000.000 de desempregados, portanto, não pode receber refugiados - estaria distribuindo a miséria com a agravante de tal distribuição já piorar a situação de milhões de brasileiros e também elevar o índice de criminalidade em solo brasileiros.] Dados da Secretaria de Justiça de Roraima mostram que de cinco venezuelanos presos o número passou para mais de 60 em um ano. Quem se aproveitou disso foram os integrantes da facção paulista PCC, que recrutam os estrangeiros para os quadros e fortalecem a conexão internacional em busca de armas, drogas e lavagem de dinheiro.
“Observamos que muitos venezuelanos foram cooptados pelo PCC. Por meio do setor de inteligência, percebemos que esse contato com o país vizinho vem se fortalecendo e tem relação com a imigração descontrolada”, afirmou à reportagem o secretário adjunto de Justiça e Cidadania (Sejuc), capitão da PM Diego Bezerra de Souza.

A pasta, segundo Bezerra, tem um monitoramento dos integrantes da facção, catalogação que inclui presos e também aqueles que já foram soltos. Sobre os motivos que levam os venezuelanos a se aproximarem do PCC, o capitão disse existir um “conjunto de fatores”.
“Eles são intimidados e precisam se agregar a algum grupo para se fortalecer, e isso tem acontecido principalmente com o PCC. Dificilmente vemos venezuelanos entre os membros do Comando Vermelho (CV, facção do Rio de Janeiro)”, explicou.

Após o massacre em janeiro, a secretaria decidiu retirar todos os inimigos do PCC que ainda estavam presos na Pamc. Eles foram levados para a Cadeia Pública de Boa Vista, que se transformou em reduto do CV, grupo criminoso que após os assassinatos viu despencar o número de filiados.  A cônsul da Venezuela em Roraima, Gabriela Ducharne, disse nesta quinta-feira, 4, que a situação é verdadeira, mas a falta de informações fornecidas pelos presos impede que sejam tomadas providências. “Não tenho muita informação porque eles não falam muito. Mas é verdade: estão sendo obrigados a entrar nas facções, senão sofrem as consequências. Eles não falam muito, mas dizem que estão sendo incluídos. Alguns não falam que são obrigados, só que estão fazendo parte.”

Emergência
No dia 4 de dezembro, o caos migratório levou a governadora Suely Campos (PP) a decretar situação de emergência no Estado. Na justificativa, sustentou que o agravamento da situação se deu diante do “inesperado e rápido aumento do número de imigrantes que chegaram a Roraima, majorando significativamente o contingente de estrangeiros, sem que possuam meios e condições para sua manutenção”. Disse ainda que as equipes estaduais enfrentam “sérias dificuldades” para dar apoio humanitário e logístico, com riscos à saúde e segurança dos imigrantes e da população local.

A Rodovia BR-174, que dá acesso à Penitenciária Monte Cristo, é a mesma que, 200 quilômetros à frente, vai dar em Santa Elena de Uairén, principal porta de entrada dos estrangeiros em território brasileiro na região. Nas ruas de Boa Vista, a prefeitura ainda tenta impedir que venezuelanos vendam produtos e limpem para-brisas nos semáforos, cena pouco comum antes da onda migratória. Dos 726 mil detentos no sistema prisional do País, há 2,6 mil, estrangeiros, segundo relatório do Ministério da Justiça. Dos estrangeiros, 56% são do continente americano. O relatório soma dados relativos a julho de 2016, quando em Roraima havia 31 estrangeiros, 1,3% dos presos do sistema local.

Procurado, o Ministério da Justiça não se posicionou sobre a atuação do PCC em Roraima. Afirmou que o serviço de inteligência da pasta recebe informes das polícias locais.  obre as deficiências do sistema prisional de Roraima, o secretário adjunto, capitão Diego Bezerra, disse esperar melhorias ao longo de 2018, com a reforma da Pamc, construção de uma unidade em Rorainópolis, a cerca de 290 quilômetros da capital, e de uma nova cadeia. Tudo isso, conta o secretário, deverá reduzir o déficit de 1,2 mil vagas. O Estado tem um total de 2,7 mil presos.

Ele ainda atribui os problemas que persistem na Monte Cristo a “mais de 20 anos de descaso, abandono e falta de investimento na área”. “Não é da noite para o dia que se resolve o problema”. Questionado sobre o risco de novas mortes, o secretário disse não acreditar em novos episódios como o massacre de janeiro, mas afirmou que as mortes infelizmente acontecem. “Como acontecem em qualquer lugar do mundo”, afirmou. 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

O Comandante

Mais importante, a longo prazo, que as denúncias pontuais feitas ontem ao ex-presidente Lula pela Operação Lava Jato, é a caracterização dele como "o comandante máximo do esquema de corrupção da Petrobras" ou “o verdadeiro maestro dessa orquestra criminosa", palavras duras usadas pelo Procurador Daltan Dallagnol, coordenador da Força-Tarefa de Curitiba.

As denúncias podem levar, a curto prazo, à condenação de Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas é a acusação explícita de que ele é o chefe do esquema de corrupção que foi montado em seu governo desde o mensalão até o petrolão que o atinge politicamente de maneira quase letal, ao mesmo tempo que gerará a maior pena, caso seja aceita quando apresentada.


O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, que está a cargo do processo-chave sobre o esquema de corrupção, já disse em alguns despachos que Lula é o chefe do grupo criminoso. Como já escrevi aqui, a justiça brasileira levou quase 10 anos para ter condições políticas de denunciar o ex-presidente Lula como chefe da quadrilha, que todo mundo sabia que era desde o início, no mensalão.


 Agora ficou demonstrado que mensalão e petrolão são a mesma coisa – um segmento do mesmo esquema de corrupção montado pelo PT no Palácio do Planalto, que não poderia funcionar sem que Lula fosse o chefe, como sublinhou Dallagnol ontem.  A denúncia dos Procuradores de Curitiba foi contextualizada dentro de um esquema de corrupção que teria três objetivos: montar uma base política de apoio no Congresso, a perpetuação no poder, e o enriquecimento ilícito de lideranças políticas. O apartamento tríplex no Guarujá e o armazenamento de pertences pessoais de Lula por 5 anos, a cargo da empreiteira OAS, são apenas parte desse último ramo do esquema, e não apenas eles.


Lula ainda está sendo investigado pelo pagamento de palestras que os investigadores desconfiam que foram superfaturadas, e em alguns casos nem existiram, o lobby a favor de empreiteiras em países amigos, e pelo sítio em Atibaia que também teve outra empreiteira, a Odebrecht, a fazer reformas e melhorias. Essas e outras denúncias serão reforçadas pelas delações premiadas de Leo Pinheiro, da OAS, e Marcelo Odebrecht. Pinheiro já disse na delação premiada que foi anulada por Janot, que o triplex foi abatido da propina devida ao PT.

A obstrução da Justiça, para evitar a delação de Nestor Cerveró, é outra investigação que está em progresso.
Juntando-se as vantagens pessoais com o esquema de corrupção montado a partir da sua chegada ao Palácio do Planalto para comprar apoio político e manter o PT no poder o maior tempo possível, temos um retrato de um grupo político criminoso que tomou de assalto as instituições do país.


E que pode ter cometido crimes antes mesmo de chegar ao poder central.  A Operação Lava Jato está também exumando outro fato escabroso, os aspectos políticos do assassinato do ex-prefeito Celso Daniel, de Santo André. O publicitário Marcos Valério confirmou ao Juiz Sérgio Moro que foi procurado para resolver uma questão financeira envolvendo uma chantagem do empresário Ronan Maria Pinto contra líderes do PT José Dirceu e Gilberto Carvalho.


Ele confirmou que o empréstimo do Banco Sachin foi para pagar essa chantagem, e em troca o Banco ganhou uma encomenda bilionária da Petrobras para compra de sondas. Valério, no entanto, se recusou a revelar a razão da chantagem, assumidamente por receio de ser alvo de represálias. O senhor não pode garantir a minha vida”, disse a Moro.  Bruno, irmão de Celso Daniel, e outros parentes do ex-prefeito de Santo André consideram que foi crime político, ele teria sido assassinado para evitar que denunciasse esquemas de corrupção em financiamento de campanhas petistas e de aliados. O conjunto da obra não é nada favorável àquele que já foi o maior líder político deste país.


Fonte: O Globo - Merval Pereira