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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

A tuiteira Gleisi [também senadora e ré] precisa ser trancada no banheiro

A senadora paranaense anda enxergando mensagens imaginárias de apoio ao grupo criminoso que preside

A senadora Gleisi Hoffmann, em seu pronunciamento de despedida da Casa para assumir o ministério da Casa Civil (Wilson Dias/ABr/VEJA)
Essa mulher é desorientada mesmo e depois que está ciente que será presa, sem mandato e sem foro privilegiado, perdeu o pouco de noção que ainda lhe restava 
 
Medo de cadeia faz mal à cabeça, e pode levar ao colapso mentes prejudicadas desde sempre por severas avarias. É o caso de Gleisi Hoffmann, rebatizada com os codinomes “Amante” e “Coxa” pelo departamento de propinas da Odebrecht. Há poucas semanas, por exemplo, Gleisi enxergou uma homenagem ao ex-presidente Lula numa faixa exibida pela torcida do Bayern de Munique. Demorou algum tempo para descobrir que a inscrição “Forza Luca”, e não Forza Lula, era endereçada a um italiano ferido numa briga entre torcedores.

Agora, de novo pelo Twitter, a senadora paranaense viu uma homenagem ao seu partido no título de Vai Dar PT, cantada por Leo Santana no Carnaval da Bahia. Ao saber que as duas consoantes eram as iniciais da Perda Total a que se refere a letra, tentou não perder o rebolado: em outro tuíte, garantiu que a expressão aludia ao governo Michel Temer. E tentou colocar no colo dos que ridicularizaram a gafe o filhote concebido por Lula e amamentado por Dilma Rousseff. Foi o chefão condenado a 12 anos e 1 mês de cadeia quem decidiu que o vice do poste seria Temer, em quem a tuiteira doidona votou em 2010 e em 2014.

Ministro das Relações Exteriores do governo Jânio Quadros, Afonso Arinos dizia que o presidente teria desistido da renúncia se fosse trancado no banheiro até que o surto passasse. É o que deve ser feito sempre que Gleisi enxergar alguma inexistente mensagem de apoio ao grupo criminoso que preside. Convém trancafiá-la antes que saque o celular da bolsa e recomece o show de besteirol triunfalista.

 Blog do Augusto Nunes - VEJA

 

domingo, 21 de janeiro de 2018

Ensandecida e com medo de perder o foro privilegiado, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ofende a Justiça e incita a violência às vésperas da condenação de Lula

Gleisi perde as estribeiras: “Vai ter que matar gente”

Desde que seu nome surgiu na Lava Jato como destinatária de R$ 1 milhão do Petrolão, a senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, parece ter perdido o eixo e também o juízo. Nos últimos dias, com a proximidade do julgamento do ex-presidente Lula marcado para a quarta-feira 24, ela pirou de vez. Ao tentar convencer a militância da inocência do líder petista, a parlamentar paranaense foi além de divulgar notícias falsas em sua rede social. Num grave sinal de insensatez, a ex-ministra-chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff declarou guerra à Justiça. Em entrevista a um site, ela afirmou: “Para prender o Lula, vai ter que prender muita gente, mas, mais do que isso, vai ter que matar gente. Aí, vai ter que matar”.
GLEISI SELVAGEM Sob ameaça de condenação na Java Jato, a senadora surta à espera de um milagre: que Lula seja eleito e a nomeie ministra (Crédito:Wilton Junior )
Diante da forte repercussão negativa, Gleisi Hoffmann tentou consertar o estrago feito com a frase, usando sua conta no Twitter. Na nova versão mais adocicada, na impossível tentativa de dar o dito pelo não dito, ela explicou que foi “força de expressão”. Mas, em seguida manteve o tom destemperado e ameaçador: “Como não se revoltar com a condenação sem prova?”. Fica claro o estado de desespero da presidente do PT com a provável decisão do TRF-4 de impedir o petista de disputar a eleição e também de levá-lo à prisão.

MATÉRIA COMPLETA, clique aqui


quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

PT pode decidir prisão domiciliar de Gleisi no dia 24; ela fica vendo o teipe do jogo Bayern de Munique X Bayer Leverkusen

Os capas-pretas do PT correram a pôr panos quentes — ou frios! — na declaração estúpida da senadora [e ré]  Gleisi Hoffmann (PR), presidente do partido, que chegou a prever “mortes” — sim, mortes! — caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva venha a ser preso. Ela própria teve de vir a público para dizer tratar-se apenas de “força de expressão”, mantra repetido por toda a turma do “deixa disso”.

A ordem para esfriar a conversa partiu do próprio Lula, que ficou furioso com a estupidez da “companheira”. Assessores mais próximos estavam perplexos. Consideram que Gleisi está intimidando a Justiça e que a fala valeu por uma espécie de desafio aos desembargadores. Pré-declaração, numa escala de zero a 10, o temor da cúpula do partido de que Lula pudesse ter a prisão preventiva decretada era igual a zero. Agora, diz um dirigente, tudo pode acontecer.

A primeira voz a desautorizar Gleisi foi Paulo Okamotto, que preside o instituto que leva o nome do chefão petista e que atua como seu porta-voz. Okamotto chegou a fazer uma pilhéria, como informa a Folha: Disse ele: “Haverá uma comoção social. Vamos ficar chateados. Eu mesmo, se o Lula for preso, vou morrer do coração. Mas não haverá uma revolução, infelizmente”.

Até Paulo Pimenta (RS), líder da legenda na Câmara, que não chega a ser um inglês do Século 19 em matéria de modos, deu um chega pra lá na sua “presidenta”. Mandou ver sobre a fala: “Não tem sentido literal; não tem relevância”. Seu colega de bancada, Carlos Zarattini (SP), chegou a sugerir que Gleisi é meio abestada. Segundo o parlamentar, ela passou a sofrer de “ansiedade cibernética”, numa tentativa de se mostrar “proativa” na Internet. Ou seja: é meio boba. [mais adequado: boba e meio.]
 
Como se vê, os próprios petistas estão tratando a senadora como uma inimputável. No sábado, ela protagonizou um episódio patético. Leu “Forza Lula” numa faixa em que estava escrito “Forza Luca”. Explica-se: “Luca” é o nome de um torcedor italiano que se feriu em novembro, na Itália, num confronto de torcidas e está em coma. Faixas lhe desejando “força” passaram a ser exibidas em estádios Europa afora. Escreveu ela no Twitter: “SHOW DE TORCIDA!! Um apaixonado por futebol como @LulapeloBrasil merece mesmo o carinho e a homenagem de torcedores no mundo todo. Recebi esta imagem, que mostra uma faixa ‘FORZA LULA’ na torcida do Bayern de Munique, ontem, na partida contra o Bayer Leverkusen, pela Liga Alemã”.

Por que diabos um torcedor do Bayern de Munique levaria ao estádio uma faixa desejando “força” a Lula? Só a mente perturbada de Gleisi seria capaz de explicar. Ela não explicou e ainda atacou o veículo que divulgou sua mensagem ridícula.

Lula pode se irritar o quanto quiser, mas não pode reclamar, né? Paga o preço de suas escolhas. Ele fez de Dilma Rousseff a sua candidata à Presidência da República. Deu no que deu. E foi também ele quem ungiu Gleisi “presidenta” do PT. Se há coisa que a gente aprende, né?, desde os primeiros passos da vida adulta, é que jaqueira dá jaca. Quem quiser colher amoras ou maçãs tem de fazê-lo em amoreiras e macieiras… Será que a senhora Gleisi Hoffmann poderia oferecer algo diferente? Acho que não… Ela faz o que sabe e o que está a seu alcance.

Quando ela própria tentou se justificar, explicando a sua antevisão de que haveria mortes, mergulhou definitivamente no patético: Usei uma força de expressão para dizer o quanto Lula é amado pelo povo brasileiro. É o maior líder popular do país e está sendo vítima de injustiças e violência que atingem quem o admira. Como não se revoltar com uma condenação sem provas?”
Entendi. Quando Gleisi fica indignada, ela pensa em cadáveres.

Ao menos uma consequência positiva houve do destrambelhamento de Gleisi. O comando partidário resolveu reforçar o seu próprio sistema de segurança — e todas as manifestações contam com pessoas que cuidam dessa área — para evitar ao máximo confronto com a Polícia ou com manifestantes contrários a Lula. A última coisa de que o ex-presidente precisa são milícias truculentas tentando intimidar juízes.

A área de “Inteligência” do PT chega mesmo a avaliar que o risco de decretação de uma prisão preventiva de Lula é diretamente proporcional à truculência das manifestações. E, se querem saber, acho que a avaliação está correta. Talvez seja o caso de o partido decretar, nesse dia, uma espécie de “prisão domiciliar” de Gleisi, administrada pela própria legenda. O que acham? Deixo aqui a minha sugestão, sempre no intuito de colaborar com os companheiros, é claro… Ela ficaria em sua casa, assistindo ao videoteipe da partida entre o Bayer Luverkusen e o Bayern de Munique…

Blog do Reinaldo Azevedo

 

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

A ré Gleisi Hoffmann é o fracasso materializado o que torna maravilhoso que ela presida o PT e torça pelo 'coisa ruim' Lula da Silva

O fim de semana que Gleisi adoraria esquecer

No mesmo dia, a presidente do PT foi derrotada na Alemanha e fracassou em Maringá

Uma notícia vinda da Alemanha, transmitida a Gleisi Hoffmann por uma fonte não identificada, fez a presidente do PT acreditar que viveria um fim de semana. Já entusiasmada com o lançamento em Maringá do “Comitê em Defesa da Democracia, do Estado Democrático de Direito e do Direito de Lula ser Candidato”, ela soube no sábado que a torcida do Bayern de Munique, durante o jogo contra o Bayer Leverkusen, havia homenageado o ex-chefe de governo brasileiro condenado por corrupção e lavagem de dinheiro.

“Show de torcida!!”, começou a mensagem no Twitter reproduzida pelo Antagonista e ilustrada por uma foto de parte da plateia. “Recebi esta imagem, que mostra uma faixa FORZA LULA”, decolou a tuiteira. Analfabeta também em futebol, nem desconfiou que enxergara um segundo L onde havia um C, encoberto pelo corpo de um espectador. Tampouco lhe ocorreu que, se estivessem apoiando Lula, os alemães se expressariam em português. Usaram Forza de vez de Força porque o alvo da homenagem era o italiano Luca Farnesi, 44 anos, gravemente ferido durante uma briga entre torcidas rivais. Confira a derrapagem:


A vigarice difundida por Gleisi já era um notável sucesso de público e um retumbante fracasso de crítica quando foi apagada e trocada por uma sopa de letras que tentou transferir a culpa para a imprensa. 

Confira:
 
Derrotada na Alemanha, Gleisi certamente imaginou que iria à revanche no duelo programado para o mesmo sábado no interior do Paraná. Convocados pela presidente do partido, milhares de militantes agrupados nos comitês que fundou transformariam 13 de janeiro no “dia do esquenta nacional das manifestações favoráveis ao ex-presidente Lula”. Os atos de protesto contra a provável condenação do chefão em segunda instância deveriam chegar ao clímax em Maringá, onde nasceu o juiz Sérgio Moro. Milhares de conterrâneos mostrariam publicamente que os crimes atribuídos a Lula não passam de “perseguição política”.

Num vídeo gravado para garantir o êxito da manifestação na terra de Moro, Gleisi capricha no palavrório da grife 171. “Compareça lá, você que defende a democracia e sabe o quanto isso é importante pro nosso país, pra nossa história, pro nosso povo. Vá lá, dê sua força para depois reproduzir esses comitês, não só por Maringá, mas por todos os municípios que nós temos aí, na região norte do Paraná”. Deu tudo errado. Os petistas agrupados no comitê couberam no plenário da Câmara de Vereadores.
Protesto contra Lula em Maringá 
 
Como atesta o vídeo acima, bem mais musculosa foi a manifestação que, anabolizada por boatos de que Gleisi e Roberto Requião estariam na cidade, foi às ruas de Maringá para exigir a prisão de Lula e seus quadrilheiros, rechaçar a discurseira malandra do PT e berrar palavras de ordem fortemente críticas aos dois senadores. Nenhum deles deu as caras por lá.


Gleisi pode ter evitado a viagem por cautela. Deve ter visto a foto acima, que mostra a reunião inaugural do comitê de Maringá, realizada em 10 de janeiro. Os militantes se reuniram na varanda de uma casa. Caberiam numa van. Forza Gleisi: o que está ruim tem tudo para piorar.

Blog do Augusto Nunes - VEJA 

domingo, 31 de janeiro de 2016

A bola fora do Neymar, pode lhe render até cinco anos de prisão. E responde processos também na Espanha - país em que as penas são mais severas

Neymar e o Fisco: a bola fora do craque

O Ministério Público Federal denuncia o atacante e seu pai e empresário à Justiça por sonegação fiscal e falsidade ideológica, crimes que têm pena prevista de até cinco anos de prisão. 

É o mais novo lance em uma jogada que ameaça, fora de campo, o mais brilhante astro do futebol brasileiro da última década e expõe o lado nebuloso do esporte mais popular do mundo

AS ACUSAÇÕES CONTRA O PAI DE NEYMAR - Empresário do atacante, Neymar Santos ocupa lugar de destaque na denúncia do Ministério Público. Ele é suspeito de ser o principal organizador da estratégia utilizada para pagar menos impostos, ao transferir os ganhos da pessoa física para a jurídica, e de adulterar contratos para incluir dados que não existiam na época em que foram firmados(VEJA.com/VEJA)
 
Aos 23 anos, Neymar está no auge da carreira. Há três semanas, ficou pela primeira vez entre os três melhores do mundo, feito que nenhum jogador brasileiro tinha alcançado nos últimos oito anos. Em oito meses, no ataque do Barcelona, conquistou a Liga espanhola, a Copa do Rei, a Liga dos Campeões e o Mundial de Clubes. Na seleção, já é o quinto maior goleador da história, com 46 gols. Isso tudo dentro de campo. Fora dele, o atacante tem colecionado uma derrota atrás da outra. Na Espanha, é alvo de dois processos, um cível e o outro criminal, acusado de corrupção e estelionato em uma investigação que apura se ele forjou contratos para esconder parte do dinheiro que recebeu ao trocar o Santos pelo Barcelona.

Segundo a estimativa do Fisco espanhol, o brasileiro deixou de pagar 9 milhões de euros (39,4 milhões de reais, no câmbio atual) em impostos. Nesta semana, ele deve depor na Justiça espanhola sobre as acusações na área penal. No Brasil, os problemas também estão no seu encalço. Em setembro, a Justiça determinou o bloqueio de 188,8 milhões de reais do jogador, valor da multa aplicada pela Receita por sonegação de impostos entre 2011 e 2013 em contratos com o Santos, com empresas para fazer publicidade e na transação que o levou para a Espanha. Mas o golpe mais duro contra o maior astro do futebol brasileiro veio na semana passada. O Ministério Público Federal denunciou à Justiça Neymar e seu pai e empresário, Neymar Santos, sob as acusações de falsidade ideológica e sonegação fiscal. Além dos dois, foram denunciados o ex-presidente do Barcelona Sandro Rosell e o atual, Josep Maria Bartolomeu. A pena para esses dois crimes pode chegar a cinco anos de prisão.
Marcação cerrada - O ídolo do Barcelona pode se tornar réu na Justiça brasileira(Matthew Ashton/AMA/Getty Images)

De acordo com a denúncia sigilosa feita pelo procurador Thiago Lacerda Nobre na quarta-feira passada, a que VEJA teve acesso com exclusividade, Neymar pai e Neymar filho criaram empresas de fachada e adulteraram documentos para pagar menos impostos. O mecanismo utilizado é simples: para escaparem dos 27,5% da mordida do Leão sobre pessoas físicas, o jogador e seu pai criaram empresas para receber a maior parte de seu salário no Santos e dos contratos de publicidade e, assim, pagar uma alíquota menor, o que significou um abatimento de mais de 50% no imposto a pagar.

Em seis anos, eles abriram três empresas: a Neymar Sport e Marketing, a N&N Consultoria Esportiva e a N&N Administração de Bens. Nenhuma delas, segundo a denúncia da Procuradoria, possuía "capacidade econômico-financeira, gerencial ou operacional" para administrar a carreira de Neymar - os sócios eram o pai e a mãe de Neymar e havia apenas dois funcionários, que trabalhavam como seguranças. De 2010 a 2013, Neymar recebeu 43,78 milhões de reais do Santos, mas só 8,1 milhões em forma de salário, como pessoa física. O restante foi por meio dos "contratos de imagem" firmados com suas empresas. 

Apenas em 2011, as companhias dos Neymar também selaram ao menos onze contratos com patrocinadores, que somaram quase 75 milhões de reais. Afirma o procurador, que trabalhou em conjunto com a Receita Federal: "Fica muito claro que Neymar e seu pai constituíram as empresas com o único objetivo de receber por elas os valores dos contratos e assim pagar menos impostos". A assessoria de Neymar disse que ele e seu pai não vão se manifestar, pois não foram notificados e não têm ciência dos fatos.

O caso de Neymar é o mais ruidoso, seja pelos valores, seja por envolver o mais brilhante jogador de futebol do país na última década, porém está longe de ser o único. A marcação sobre esse tipo de arranjo tem se tornado mais cerrada nos últimos anos, mas sempre existiu. No ataque, a Receita, que no caso do craque do Barcelona e da seleção brasileira fez tabelinha com o Ministério Público. Na defesa, advogados tributaristas que alegam tratar-se de uma prática legítima.

Entre 2012 e 2015, outros 88 jogadores foram autuados pela Receita Federal. Afirma Kleber Cabral, vice-presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco): "Nesses casos, acreditamos que o direito de imagem foi utilizado para substituir o salário do jogador. Assim, tanto o atleta quanto o clube pagam menos impostos. Só que, na verdade, há uma relação trabalhista mascarada como prestação de serviços".

Os tributaristas contrários à interpretação da Receita afirmam que o principal problema é a rigidez do Fisco na análise da legislação. Diz Felipe Dutra, professor do Ibmec: "A discussão correta é: faz sentido ou não que a empresa exista? Se o jogador nunca usou sua imagem fora do gramado, não. Mas Neymar é uma grife, com contratos de publicidade, que traz rendimentos para o clube. Pode alegar, com razão, que precisa de uma estrutura empresarial para melhorar a gestão de sua marca". Um empecilho para essa interpretação é o fato de as empresas em questão não terem nenhuma estrutura. Afirma o advogado Felipe Ferreira Silva, autor do livro Tributação no Futebol: Clubes e Atletas: "Sem funcionários, colaboradores ou sede, não há como provar o propósito negocial da empresa. Hoje em dia é comum, inclusive em outros países, que os fiscos cobrem multas e impostos quando as firmas são constituídas com o fim único de reduzir ou não pagar tributos".

É por isso que, ao lado de Neymar, outros craques que entrariam facilmente numa seleção dos melhores do mundo também enfrentam problemas na Justiça. No gol está o ex-goleiro do Real Madrid Iker Casillas, hoje no Porto: em 2014, ele fez um acordo com a Receita espanhola e pagou 2 milhões de euros por "discrepância na interpretação das normas". O meio-­campo é formado por Xabi Alonso, do Bayern de Munique, investigado por crimes fiscais por usar empresas no exterior para receber direitos de imagem entre 2010 e 2012, quando jogava no Real Madrid, e pelo argentino Javier Mascherano, volante do Barcelona, condenado na semana retrasada a um ano de prisão e a pagar uma multa de 815 000 euros por sonegar 1,5 milhão de euros entre 2011 e 2012. No ataque, ao lado de Neymar, encontra-se o argentino Lionel Messi, acusado, juntamente com o pai, de fraudes fiscais entre 2007 e 2009 que somariam 4,1 milhões de euros. No julgamento, que começa em maio, o Ministério Público pedirá pena de 22 meses de prisão, além de pagamento de multa sobre o valor devido.

Os problemas do atacante brasileiro não se resumem à interpretação da Receita. Ele também é acusado pelo Ministério Público Federal de fraudar documentos para pagar menos tributos. Em vários casos, a investigação constatou que os contratos das empresas de Neymar com o Santos e com patrocinadores são anteriores à criação delas. Funcionava assim, segundo a denúncia: o atacante e seu pai fechavam o contrato entre a sua empresa e as outras partes, mesmo antes de ela ter sido registrada e ter um CNPJ

Depois, quando esses documentos já haviam sido obtidos, eles inseriam os dados nos contratos com data anterior. Um exemplo: em 10 de maio de 2006, uma das empresas, a Neymar Sport, fechou um contrato com o Santos para a exploração do direito de imagem do craque, em que já constava o seu CNPJ. O problema é que esse número ainda não existia - ele só foi emitido doze dias depois, em 22 de maio. Conclui o procurador na denúncia: "Trata-se de documento antedatado e cujos negócios jurídicos foram simulados".

Um dos grandes lances da investigação é a parte referente à venda de Neymar para o Barcelona, uma negociação que foi anunciada com o valor de 57 milhões de euros, mas que na verdade envolveu cerca de 90 milhões de euros. A investigação reconstituiu passe a passe os bastidores do acerto. Em 6 de dezembro de 2011 - quando Neymar ainda tinha contrato com o Santos até agosto de 2015 e o Barcelona estava proibido pela Fifa de contratar jogadores por ter negociado com menores de 18 anos -, o clube espanhol fez um contrato com uma de suas empresas, a N & N Consultoria, para conceder um "empréstimo" de 10 milhões de euros. Na época, a N & N não tinha nenhum funcionário e nenhum centavo de capital social. Alguns dias depois, o então presidente do Santos escreveu uma carta em que encurtava o contrato de Neymar para julho de 2014, quando ele se tornaria free agent, ou seja, não precisaria pagar mais nada ao Santos nem aos detentores de seu passe. Coincidentemente, a mesma data acertada com o Barcelona para a transferência do atacante ao clube. O dinheiro saiu, sem avalista nem garantia, no dia 15 de fevereiro do ano seguinte. Não só jamais foi pago como, a título de "indenização", a N & N recebeu outros 30 milhões de euros, por outro contrato, pagos em 2013 e 2014. Para o Ministério Público, nunca houve empréstimo ou indenização, mas apenas uma "mera simulação" para esconder um adiantamento do Barcelona ao jogador a fim de garantir a sua transferência dali a três anos. 

Ouvido em depoimento pelo procurador, o pai de Neymar foi de uma sinceridade ausente do futebol desde os tempos em que os jogadores davam entrevistas sem treinamento de especialistas para repetir que "o grupo está unido" e "nosso principal objetivo é sair daqui com os 3 pontos". Explicou Neymar pai: "Sabe o que o Barcelona está fazendo agora? O Barcelona ficou dois anos sem poder contratar (punido pela Fifa por negociar jogadores menores de 18 anos). Sabe qual a gerência que eles estão estudando? A nossa". E continuou: "É só não registrar, não tem problema. Eu não registro, mas eu posso fazer um contrato e executo lá na frente". O arremate vem em seguida: "Você quer esse moleque? Não, só entrego daqui a dois anos. Adianta uns '10 milhão aí', como a título de empréstimo, legaliza". A jogada tinha tudo para ser um golaço, mas pode se transformar na maior bola fora da carreira do craque. E quem sabe ajudar a limpar um dos últimos campos onde a corrupção ainda corre solta, os gramados de futebol.

Com reportagem de Pieter Zalis

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