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quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Sumiço da aeronave F-35 levanta debate sobre os limites da ciberguerra - Gazeta do Povo

Vozes - Daniel Lopez

F-35B Lightning II
Um F-35B Lightning II Joint Strike Fighter – que custa 150 milhões de dólares e é capaz de realizar decolagens curtas e pouso vertical – simplesmente desapareceu.| Foto: Donald R. Allen/ U.S. Air Force

Geopolítica cibernética

Alguns especialistas levantaram a hipótese de que o avião dos fuzileiros navais desaparecido pode ter sido hackeado

Novamente a Lockheed Martin retorna a esta coluna
Desta vez, a causa não é sua divisão Skunk Works, seu setor de armamentos avançados e de fabricação de “aeronaves de plataformas exóticas”. 
Nesta semana, um F-35B Lightning II Joint Strike Fighter – que custa 150 milhões de dólares e é capaz de realizar decolagens curtas e pouso vertical – simplesmente desapareceu após o piloto se ejetar do avião no último domingo. Foi reportado que, como o aparelho estava em piloto automático, ele continuou voando e desapareceu.
 
Mas como poderia uma aeronave como essa “desaparecer”?  
Segundo informado, o transponder do avião não estava funcionando, por uma razão misteriosa. 
Além disso, ela possui tecnologia stealth, que a torna “invisível” aos radares
E isso gerou uma situação um tanto quanto vexatória: a Base Aérea Conjunta Charleston, na Carolina do Sul, pediu ajuda ao público para localizar o avião. Além disso (o que foi ainda mais estranho), os EUA ordenaram que todas as aeronaves dos fuzileiros navais ficassem em solo por 48 horas, tanto dentro quanto fora dos Estados Unidos.

    Abandonar os sistemas analógicos e tornar máquinas de guerra completamente dependentes da tecnologia pode trazer perigos inimagináveis.

O mistério terminou quando os destroços do avião foram encontrados na tarde desta segunda-feira (18), na região de Indianatown, também na Carolina do Sul. Vejam a que ponto chegamos: um equipamento de última geração entra em pane e simplesmente desaparece. 
Parece que abandonar os sistemas analógicos e tornar máquinas de guerra completamente dependentes da tecnologia pode trazer perigos inimagináveis.
 
Não é a primeira vez que um F-35 apresenta problemas. Em 2018, houve uma queda também na Carolina do Sul devido a problemas no tubo de combustível. 
Porém, no caso atual, alguns analistas estão apontando a possibilidade do avião ter sido hackeado.  
Seria possível invadir o sistema de uma aeronave tão cara e avançada? Teria sido esse o motivo de o Pentágono levar 28 horas para encontrar o aparelho?

    Se realmente uma aeronave como esta puder ser hackeada, uma série de desdobramentos podem surgir.

No meio de tanto mistério e especulação, o que sabemos até agora? 
Dez anos atrás, uma matéria da Reuters afirmou que o Pentágono confirmou que foram roubadas informações sensíveis sobre o projeto de construção do F-35. 
Em 2014, o Business Insider noticiou que o FBI havia confirmado que um hacker chinês havia roubado uma enorme quantidade de dados sobre 32 projetos milhares norte-americanos. 
Em 2016, o site Vice noticiou que um homem que roubou informações sobre o F-35 e as repassou para a China havia se declarado culpado. 
Além disso, muitos analistas defendem que essas informações sigilosas ajudaram os chineses a construírem seus caças furtivos J-20 e J-31.
 
Em 2022, o diretor do FBI se disse surpreso com a quantidade de ações de espionagem chinesas contra os EUA, de maneira que a agência abre cerca de uma investigação a cada 12 horas sobre esses casos. 
Segundo o site Military.com, chineses se passando por turistas têm acessado bases norte-americanas e outros locais sensíveis. 
Não podemos esquecer dos balões chineses que sobrevoaram inúmeras instalações militares dos Estados Unidos alguns meses atrás. 
Além disso, é estranho fato de que empresas chinesas comparam mais de 153 mil hectares de terras perto de bases militares nos EUA.

    É muito estranho pensar que uma aeronave avançada como esta possa ter vulnerabilidades a hackers.

Uma matéria desta terça-feira (19) no Daily Mail  trouxe uma série de estudos e depoimentos de especialistas afirmando que o sistema operacional do F-35 possui uma série de vulnerabilidades que poderiam ser usadas como portas de acesso para hackers. 
Ainda segundo a referida matéria, os relatos de falhas sobre o F-35 remontam a 2007, citando uma ocasião em que hackers invadiram o programa de construção da aeronave e roubaram dados sensíveis sobre seu sistema eletrônico. 
O texto afirmou também que, de acordo com a lei federal norte-americana, o projeto de construção do F-35 deveria ter sido cancelado após essa invasão hacker. 
Entretanto, o senador Robert Gates teria conseguido aprovar uma renúncia à segurança nacional para mantê-lo funcionando, não apenas dobrando o orçamento, mas também estendeu o cronograma. Conclusão: o projeto apenas continuou a existir devido a um enorme lobby político.


Alguns veículos de mídia nos Estados Unidos já estão afirmando que, caso os chineses estejam envolvidos neste caso, isso já poderia ser considerado um ato de guerra. Vejam o nível de tensão cada vez mais crescente.

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Se realmente uma aeronave como esta puder ser hackeada, uma série de desdobramentos podem surgir. 
Controlada a distância, seria possível facilmente criar um evento de bandeira falsa, fazendo com que o avião realizasse alguma ação reprovável e toda a opinião pública internacional se voltasse contra os EUA. Num caso mais extremo, a aeronave poderia ser levada a realizar um ato de provocação que poderia levar o mundo à 3ª Guerra Mundial.

É muito estranho pensar que uma aeronave avançada como esta possa ter vulnerabilidades a hackers. Agora, imagine comigo: se isso acontece com um aparelho bélico de última geração dos EUA, imagine as aeronaves comerciais?

O que você acha? O F-35 foi hackeado ou trata-se apenas de um problema técnico.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

Daniel Lopez, - Jornalista e teólogo,
autor de ‘Manual de Sobrevivência do Conservador no Séc. XXI’. É doutor em linguística pela UFF


domingo, 27 de março de 2022

Não existe censura do bem - O Globo

Em outubro de 2020, em plena campanha eleitoral americana, uma reportagem do jornal New York Post sugerindo que o filho de Joe Biden fazia tráfico de influência na Ucrânia foi impedida de ser compartilhada no Twitter e sua distribuição foi reduzida no Facebook. A reportagem se baseava em e-mails encontrados num laptop de Hunter Biden, que havia sido deixado para conserto e não foi buscado de volta.

A reportagem foi considerada sem respaldo em fatos e, por isso, sua difusão foi bloqueada nas mídias sociais. Agora, mais de um ano depois, o New York Times, o mais prestigioso jornal americano, reconheceu a autenticidade dos e-mails do filho do presidente. Com esse reconhecimento, ficou evidente a arbitrariedade das plataformas, cuja ação pode ter surtido efeitos eleitorais.

Mais recentemente, outras medidas questionáveis tomadas pelas plataformas no contexto da guerra na Ucrânia mostram que elas têm usado com muita discricionariedade seu poder de moderação, em desrespeito ao princípio da neutralidade
Não importa se a parte prejudicada — Trump ou Rússia — é boa ou ruim. Supressão de ideias no debate público, em desrespeito às regras, é censura, censura privada. E não existe censura do bem.

No caso dos e-mails de Hunter Biden, a ação mais extrema foi tomada pelo Twitter. Não podendo alegar que os e-mails eram forjados o que demandaria apuração por uma agência de checagem —, a plataforma alegou que a reportagem do Post era “prejudicial” porque violava a regra que impede compartilhar material hackeado. Só que não se tratava de material furtado, mas de uma reportagem a partir de informação vazada.

O Globo - Continue lendo - Pablo Ortellado

 

 

segunda-feira, 29 de julho de 2019

Moro do Twitter desmente Moro do Senado - Folha de S. Paulo

Leandro Colon 

Ao contrário do que disse a senadores, ministro teve acesso a investigação sobre hackers

Os registros de áudio e das notas taquigráficas do Senado —um arquivo oficial, autêntico e não editado— guardam as palavras do ministro Sergio Moro (Justiça) aos senadores no depoimento de 8 horas e 30 minutos em 19 de junho. Disse o inistro às 9h36 sobre o caso dos hackers: “A investigação está sendo realizada com autonomia pela Polícia Federal. Eu já disse mais de uma vez no passado: o meu papel, como ministro da Justiça, é um papel estrutural, apenas para garantir também a autonomia dos órgãos vinculados ao Ministério da Justiça. Então, eu não acompanho, pari passu, cada um desses acontecimentos.”

 [salvo um equívoco, improvável, de nossa parte, o ilustre colunista da Folha se confundiu com as datas - engano que atribuímos a um equívoco.

Em 19  junho, Moro - que apesar de seu prestígio popular, sua competência e ser integrante do governo Bolsonaro, é um ser humano e não advinha o futuro -  declarou por várias vezes que o inquérito sobre os crimes que motivaram seu comparecimento ao Senado Federal, era atribuição da Polícia Federal e não estava acompanhava, pari passu, os acontecimentos do seu ministério.

Em 23 de JULHO - mais de um mês após as várias declarações de junho - a PF efetuou prisões e no decorrer dos interrogatórios apurou que celulares de uso do senhor presidente da República tinham sido hackeados. Por envolver autoridade máxima da República, o assunto se tornou da SEGURANÇA NACIONAL e,  por óbvio, o presidente da República teria que ser avisado, com urgência, e por questões de hierarquia, caberia a PF informar o ministro Moro e este informar ao presidente da República.

Assim, Moro não mentiu nos depoimentos nem nas declarações que prestou em junho, visto que só tomou conhecimento do inquérito (apenas da relação das autoridades cujos celulares foram invadidos) em julho.]

Ele voltou ao assunto às 11h32. “Relativamente à investigação, são duas questões: a investigação é sigilosa. Então, não se pode informar fatos relativos a essa investigação, sob risco de ineficácia; e, dois, eu, como ministro da Justiça, não tenho o papel de, vamos dizer assim, atuar nessas investigações diretamente. Meu papel é mais estrutural”, afirmou.

Às 16h48, Moro declarou aos senadores: “Eu, de todo modo, estou afastado, vamos dizer assim, da condução concreta desse inquérito. Essa é uma atribuição da Polícia Federal.”


Na terça-feira (23), depois de ser preso,  [- 23 de JULHO de 2019 ] - Walter Delgatti Neto prestou depoimento à PF em que confessou ser o autor dos ataques aos celulares das autoridades e a fonte que repassou os dados ao The Intercept Brasil. Às 14h09 do dia 24, [24 de JULHO ] Moro postou em sua conta no Twitter: “Parabenizo a Polícia Federal pela investigação do grupo de hackers, assim como o MPF e a Justiça Federal. Pessoas com antecedentes criminais, envolvidas em várias espécies de crimes. Elas, a fonte de confiança daqueles que divulgaram as supostas mensagens obtidas por crime.”

Na quinta (25), [TAMBÉM de JULHO] às 14h04, ele escreveu: “Pelo apurado, ninguém foi hackeado por falta de cautela”. O ministro telefonou para informar autoridades que foram atacadas e anunciar a destruição das mensagens. Ele não se afastou da investigação e ainda repassou fatos dela. O Moro do Twitter desmentiu o do Senado.
Leandro Colon - Folha de S. Paulo