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terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Duro na queda: Entenda por que iPhone que caiu de avião da Alaska Airlines não foi danificado

 O Estado de S. Paulo

Aparelho foi “sugado” do avião da Alaska Airlines após ficar sem porta em pleno voo

O iPhone é conhecido por muitas coisas - sobreviver a uma queda de 16 mil pés (quase 5 quilômetros) de um avião não é uma delas. 
Mas, no último sábado, um usuário de rede social chamado Sean Bates encontrou um iPhone enquanto caminhava pela Barnes Road, perto da Highway 217 em Portland, Oregon. O celular estava caído no chão, no modo avião, com a bateria pela metade. A tela, totalmente intacta, mostrava um recibo de US$ 70 para duas malas despachadas no voo 1282 da Alaska Airlines.

“Sobrevivi a uma queda de 16.000 pés”, Bates tuitou. Quando ligou para o National Transportation Safety Board (NTSB), a agência federal que investiga o incidente, para informar sobre o telefone, ficou sabendo que “era o segundo telefone a ser encontrado”, escreveu ele.

Quando um plugue da porta de um avião da Alaska Airlines explodiu minutos após a decolagem na noite de sexta-feira, 6, deixou um buraco em forma de porta no Boeing 737 Max 9. Vários objetos foram sugados para fora do avião que estava a 16.000 pés no céu. O iPhone encontrado por Bates era provavelmente um deles, disse o NTSB aos meios de comunicação. A aeronave fez um pouso de emergência e, embora tenha havido danos extensos no interior do avião, todos a bordo sobreviveram.

Embora as telas (e demais componentes) dos smartphones tenham se tornado muito mais resistentes ao longo dos anos, a sobrevivência desse telefone provavelmente se deve à física. “A resposta básica é a resistência do ar”, disse Duncan Watts, pesquisador de pós-doutorado do Instituto de Astrofísica Teórica da Universidade de Oslo. “Acho que o que é contraintuitivo aqui é que um iPhone caindo do céu não acaba se movendo tão rapidamente por causa da resistência do ar.”

Qualquer objeto que esteja caindo em direção à Terra chegará a um ponto, conhecido como sua velocidade terminal, em que a força da gravidade não poderá mais acelerá-lo devido à resistência do ar na atmosfera.“Se o telefone estiver caindo com a tela voltada para o chão, haverá bastante arrasto, mas se o telefone estiver caindo em linha reta, haverá um pouco menos”, disse Watts. “Na realidade, o telefone estaria caindo dando pequenas cambalhotas e receberia bastante vento, o que essencialmente daria uma força para levá-lo cima.”

A velocidade terminal de um iPhone com tela virada para baixo, de acordo com Watts, seria de cerca de 48,2 km/h. “Quanto maior o iPhone, menor a velocidade terminal”, disse ele. “O máximo é cerca de 160,9 km/h, mas isso só aconteceria se a tela do telefone estivesse perpendicular ao chão.”

Watts disse que, quando deixamos cair um telefone da altura da cintura, ele atinge o solo a cerca de 16 km/h, enquanto um telefone jogado do topo de um avião provavelmente atinge apenas 80,4 km/h. Watts ressaltou que o telefone certamente teria sido danificado se tivesse caído em pedra ou pavimento, mas a grama ou folhagem sobre a qual parece ter caído amorteceu a queda. “Se o iPhone tiver caído na grama, ele definitivamente pode ter sobrevivido à queda”, disse Watts. “Se o telefone estivesse virado para baixo, ele teria passado de cerca de 48,2 km/h para 0 km/h em uma superfície relativamente confortável, com um pouco menos de força do que se eu decidisse pisar nele.”

De acordo com a Apple, a empresa que criou o iPhone, o aparelho pode ser danificado se cair. O guia do usuário da Apple não especifica a que altura de queda o iPhone pode sobreviver. "Manuseie o iPhone com cuidado. Ele é feito de metal, vidro e plástico e possui componentes eletrônicos sensíveis em seu interior”, diz o guia. “O iPhone ou sua bateria podem ser danificados se caírem, forem queimados, perfurados ou esmagados, ou se entrarem em contato com líquidos.”

Em um vídeo do TikTok carregado no domingo por Bates, que não respondeu a um pedido de comentário na segunda-feira, 8, ele disse que encontrou o telefone sob um arbusto enquanto fazia uma caminhada para procurar coisas que poderiam ter caído do avião. A princípio, ele estava “um pouco cético” quanto ao fato de o celular pertencer a um passageiro da Alaska Airlines.

Depois de abri-lo, ele encontrou a confirmação de viagem para o voo da Alaska Airlines e foi quando ligou para o NTSB, disse ele. “Ela ainda estava bem limpa”, disse ele. “Não tinha arranhões.”

Aparentemente, essa não é a primeira vez que um iPhone sobrevive a uma queda do céu. Em junho de 2023, um usuário do TikTok chamado Hatton Smith publicou um vídeo em que dizia que seu iPhone sobreviveu depois de ter voado de seu bolso enquanto saltava de paraquedas a 14 mil pés.

O telefone aterrissou em uma área gramada e lamacenta, como pode ser visto na entrada do vídeo em seu TikTok. Em ambos os casos, se o iPhone tivesse caído no concreto, provavelmente não teria sobrevivido.“Se ele caísse em um solo úmido, eu o veria com cerca de 2,5 cm de amortecimento”, disse Watts. “Talvez seja essa uma sensação próxima a de cair de uma cadeira.”

Este conteúdo foi produzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.

 
Gadgets - O Estado de S. Paulo

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Cresce a pressão para que a Suprema Corte dos EUA elabore um Código de Ética interno, para superar as críticas que vem recebendo

O Globo

Poder contestado

A aparente crise entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso é uma disputa de poder que ocorre nas democracias, inclusive nos Estados Unidos, cujos pais fundadores buscaram na teoria da separação de poderes de Montesquieu a base da elaboração da Declaração de Independência de 1776. 

No momento, cresce a pressão para que a Suprema Corte dos Estados Unidos elabore um Código de Ética interno, para superar as críticas que vem recebendo por atitudes de alguns integrantes.

Essa possibilidade vem sendo discutida há anos, sempre que o Congresso americano ameaça regulamentar as atividades da Suprema Corte a partir de um Código de Ética elaborado pelos parlamentares. Recentemente, a ministra Elena Kagan apoiou a criação de um código, reforçando o grupo de ministros que entendem importante tal conduta diante das acusações que vêm surgindo.

O ministro Clarence Thomas admitiu que deixou de declarar viagens consideradas “luxuosas” durante os últimos 20 anos com o bilionário Harlan Crow, transações imobiliárias, inclusive a da casa onde mora sua mãe, e o pagamento de US$ 6 mil mensais à universidade de um sobrinho-neto. 

O ministro Samuel Alito contestou a necessidade de declarar viagem ao Alasca a bordo de um avião particular do bilionário Paul Singer. 
Além de alegar que, se ele não fosse, o lugar no avião ficaria vazio, Alito se apoiou na legislação que diz que os ministros não são obrigados a declarar “hospitalidade pessoal”, a mesma argumentação de Thomas.

A partir de março deste ano, porém, houve mudança na legislação, e ambos tiveram de declarar essas e outras vantagens, como viagens para palestras e seminários em universidades e instituições privadas

Há também por lá politização das ações de alguns ministros, como Sonia Sotomayor, acusada de vazar a decisão da Corte sobre a restrição ao aborto para tentar revertê-la com o apoio da opinião pública. Sotomayor, aliás, foi muito criticada por ter recebido de uma editora US$ 3 milhões por direitos autorais de uma biografia que não teria vendido tanto.

Aqui no Brasil, uma decisão recente do Supremo permitindo que juízes atuem em casos de clientes de parentes, desde que em processos distintos, causou mal-estar na opinião pública, assim como a presença de ministros em palestras de instituições privadas no país e no exterior. Recentemente, tivemos a repetição de mal-entendidos durante essas apresentações, como a exposição do presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, num seminário em Paris.

O que teve a intenção de ser elogio deixou Barroso em má situação. Depois de ouvi-lo, o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy disse que Barroso estava pronto para “outra presidência”, referindo-se claramente à Presidência da República no Brasil. Para sustentar seu elogio, Sarkozy salientou que a palestra de Barroso era “um discurso de orientação política forte, muito mais que um discurso de orientação jurídica”.

Na mesma ocasião, outro ministro do Supremo presente, o decano Gilmar Mendes, disse em entrevista que, “se hoje nós temos a eleição do presidente Lula, isso se deveu a uma decisão do STF”. Tomada ao pé da letra, como foi pelos bolsonaristas, a frase parece “uma confissão de culpa”. Se lembrarmos que, recentemente, o ministro Barroso afirmou, numa reunião da UNE, que “nós derrotamos o bolsonarismo”, veremos que declarações de ministros do Supremo fora dos autos têm provocado muitos mal-entendidos políticos.

Gilmar se referia a sua luta contra a Operação Lava-Jato, que culminou com a decretação pelo Supremo da parcialidade do ex-juiz Sergio Moro e provocou a anulação de todas as condenações e processos contra Lula, permitindo que disputasse a eleição presidencial
E Barroso se referia ao que chamou de “extremismo golpista”, que culminou nos ataques de 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes em Brasília. 
 
Merval Pereira, colunista - Blog em O Globo

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Sumiço da aeronave F-35 levanta debate sobre os limites da ciberguerra - Gazeta do Povo

Vozes - Daniel Lopez

F-35B Lightning II
Um F-35B Lightning II Joint Strike Fighter – que custa 150 milhões de dólares e é capaz de realizar decolagens curtas e pouso vertical – simplesmente desapareceu.| Foto: Donald R. Allen/ U.S. Air Force

Geopolítica cibernética

Alguns especialistas levantaram a hipótese de que o avião dos fuzileiros navais desaparecido pode ter sido hackeado

Novamente a Lockheed Martin retorna a esta coluna
Desta vez, a causa não é sua divisão Skunk Works, seu setor de armamentos avançados e de fabricação de “aeronaves de plataformas exóticas”. 
Nesta semana, um F-35B Lightning II Joint Strike Fighter – que custa 150 milhões de dólares e é capaz de realizar decolagens curtas e pouso vertical – simplesmente desapareceu após o piloto se ejetar do avião no último domingo. Foi reportado que, como o aparelho estava em piloto automático, ele continuou voando e desapareceu.
 
Mas como poderia uma aeronave como essa “desaparecer”?  
Segundo informado, o transponder do avião não estava funcionando, por uma razão misteriosa. 
Além disso, ela possui tecnologia stealth, que a torna “invisível” aos radares
E isso gerou uma situação um tanto quanto vexatória: a Base Aérea Conjunta Charleston, na Carolina do Sul, pediu ajuda ao público para localizar o avião. Além disso (o que foi ainda mais estranho), os EUA ordenaram que todas as aeronaves dos fuzileiros navais ficassem em solo por 48 horas, tanto dentro quanto fora dos Estados Unidos.

    Abandonar os sistemas analógicos e tornar máquinas de guerra completamente dependentes da tecnologia pode trazer perigos inimagináveis.

O mistério terminou quando os destroços do avião foram encontrados na tarde desta segunda-feira (18), na região de Indianatown, também na Carolina do Sul. Vejam a que ponto chegamos: um equipamento de última geração entra em pane e simplesmente desaparece. 
Parece que abandonar os sistemas analógicos e tornar máquinas de guerra completamente dependentes da tecnologia pode trazer perigos inimagináveis.
 
Não é a primeira vez que um F-35 apresenta problemas. Em 2018, houve uma queda também na Carolina do Sul devido a problemas no tubo de combustível. 
Porém, no caso atual, alguns analistas estão apontando a possibilidade do avião ter sido hackeado.  
Seria possível invadir o sistema de uma aeronave tão cara e avançada? Teria sido esse o motivo de o Pentágono levar 28 horas para encontrar o aparelho?

    Se realmente uma aeronave como esta puder ser hackeada, uma série de desdobramentos podem surgir.

No meio de tanto mistério e especulação, o que sabemos até agora? 
Dez anos atrás, uma matéria da Reuters afirmou que o Pentágono confirmou que foram roubadas informações sensíveis sobre o projeto de construção do F-35. 
Em 2014, o Business Insider noticiou que o FBI havia confirmado que um hacker chinês havia roubado uma enorme quantidade de dados sobre 32 projetos milhares norte-americanos. 
Em 2016, o site Vice noticiou que um homem que roubou informações sobre o F-35 e as repassou para a China havia se declarado culpado. 
Além disso, muitos analistas defendem que essas informações sigilosas ajudaram os chineses a construírem seus caças furtivos J-20 e J-31.
 
Em 2022, o diretor do FBI se disse surpreso com a quantidade de ações de espionagem chinesas contra os EUA, de maneira que a agência abre cerca de uma investigação a cada 12 horas sobre esses casos. 
Segundo o site Military.com, chineses se passando por turistas têm acessado bases norte-americanas e outros locais sensíveis. 
Não podemos esquecer dos balões chineses que sobrevoaram inúmeras instalações militares dos Estados Unidos alguns meses atrás. 
Além disso, é estranho fato de que empresas chinesas comparam mais de 153 mil hectares de terras perto de bases militares nos EUA.

    É muito estranho pensar que uma aeronave avançada como esta possa ter vulnerabilidades a hackers.

Uma matéria desta terça-feira (19) no Daily Mail  trouxe uma série de estudos e depoimentos de especialistas afirmando que o sistema operacional do F-35 possui uma série de vulnerabilidades que poderiam ser usadas como portas de acesso para hackers. 
Ainda segundo a referida matéria, os relatos de falhas sobre o F-35 remontam a 2007, citando uma ocasião em que hackers invadiram o programa de construção da aeronave e roubaram dados sensíveis sobre seu sistema eletrônico. 
O texto afirmou também que, de acordo com a lei federal norte-americana, o projeto de construção do F-35 deveria ter sido cancelado após essa invasão hacker. 
Entretanto, o senador Robert Gates teria conseguido aprovar uma renúncia à segurança nacional para mantê-lo funcionando, não apenas dobrando o orçamento, mas também estendeu o cronograma. Conclusão: o projeto apenas continuou a existir devido a um enorme lobby político.


Alguns veículos de mídia nos Estados Unidos já estão afirmando que, caso os chineses estejam envolvidos neste caso, isso já poderia ser considerado um ato de guerra. Vejam o nível de tensão cada vez mais crescente.

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Se realmente uma aeronave como esta puder ser hackeada, uma série de desdobramentos podem surgir. 
Controlada a distância, seria possível facilmente criar um evento de bandeira falsa, fazendo com que o avião realizasse alguma ação reprovável e toda a opinião pública internacional se voltasse contra os EUA. Num caso mais extremo, a aeronave poderia ser levada a realizar um ato de provocação que poderia levar o mundo à 3ª Guerra Mundial.

É muito estranho pensar que uma aeronave avançada como esta possa ter vulnerabilidades a hackers. Agora, imagine comigo: se isso acontece com um aparelho bélico de última geração dos EUA, imagine as aeronaves comerciais?

O que você acha? O F-35 foi hackeado ou trata-se apenas de um problema técnico.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

Daniel Lopez, - Jornalista e teólogo,
autor de ‘Manual de Sobrevivência do Conservador no Séc. XXI’. É doutor em linguística pela UFF


domingo, 10 de setembro de 2023

Condenados à morte - Revista Oeste

Cristyan Costa

Indígenas de São Gabriel da Cachoeira (AM) denunciam abusos e afirmam que ONGs ambientalistas não cumprem promessas

Rafael Castro, de 66 anos, com uma de suas netas, em Pari-Cachoeira (AM, 31/8/2023) | Foto: Cristyan Costa/Revista Oeste

 Em 2008, os indígenas da aldeia Pari-Cachoeira, localizada no coração da Amazônia, vibraram com a notícia de que a ONG Instituto Socioambiental (ISA) conseguira o dinheiro necessário para construir naquelas terras um criadouro de peixes bem abastecido, uma granja espaçosa e um centro para ensinar atividades culturais, além de implementar outras benfeitorias, como o saneamento básico. A grana necessária para tudo isso realmente chegou ao ISA. Passados 15 anos, contudo, as obras ou não saíram do papel ou estão abandonadas. É o que contam os moradores da vila localizada em São Gabriel da Cachoeira (AM), a mais de mil quilômetros de Manaus. Só se chega à tribo da etnia tucanos depois de sete dias de barco, partindo da capital, ou três horas de avião — e não há voos comerciais para aquele destino. 

O açude prometido pelo ISA, por exemplo, está prestes a se tornar um pântano. Os escassos peixes de pequeno porte que sobrevivem na água barrenta não garantem a subsistência dos 130 indígenas que moram ali. A vegetação proliferou ao redor, e até mesmo os nativos acostumados a andar naquele terreno tropeçam no matagal, cujo tamanho dificulta até mesmo que se enxergue a existência do local que deveria assegurar a atividade aquícola da aldeia.

(...)

Brandão conta que essas obras ajudariam a melhorar a qualidade de vida de uma aldeia que hoje depende de doações do Estado e pequenas roças, que também não são suficientes. Ao abrir a geladeira, o homem lamenta pela falta de alimentos, sobretudo de carne. Em vez de comida, panelas vazias amontoadas e poucos mantimentos, como mandioca, sacos de farinha, fubá e sal. “A maioria da nossa gente vive assim”, disse. Cabisbaixo, ele dirige o olhar para o chão de terra batida, salpicado pelos raios de sol que entram pelas frestas das paredes de barro. “As ONGs precisam sair para tomarmos o controle da nossa vida”, diz Brandão.

Parados no tempo
O cacique contou que a maioria dos moradores de Pari-Cachoeira ganha dinheiro do Bolsa Família. “Mas não queremos depender disso”, afirma. “Desejamos explorar o solo que armazena riquezas, como nióbio, ouro e diamantes. Precisamos de desenvolvimento.” A queixa de Brandão é a mesma do indígena Rafael Castro, de 66 anos, uma das lideranças dos tucanos. Coisas que para o homem da cidade são banais para os indígenas de São Gabriel da Cachoeira são um sonho inalcançável. Castro deseja um chuveiro, uma pia e um vaso sanitário dentro de casa. Há mais de 20 anos, o ISA prometeu saneamento básico para a aldeia. “Minha família faz as necessidades na floresta”, contou. Ele reclama também da inexistência do centro cultural que, entre outras atividades, ensinaria pintura e dança. “Minhas netinhas passam a maior parte do tempo em casa, vendo desenhos na TV que comprei com muito esforço.[pela vontade do cacique a TV não seria comprada e sim doada; dificil de entender é que  os indígenas recebem doações do Estado, ganham dinheiro do Bolsa Família, as terras indígenas chegam a 176 hectares por indígena - seja criança, idoso, adulto, mulher, homem.
Já milhões de brasileiros não indígenas - porém, tão brasileiros quanto aqueles - grande parte ganhando um salário mínimo (pouco mais de mil reais, após o fantástico aumento de R$ 18,00, concedido pelo 'pai dos pobres'), a grande maioria não recebendo nenhum auxílio do ATUAL DESgoverno, precisam se virar para pagar em torno de R$ 500, 00  por um aluguel de um barraco na periferia da periferia, com no máximo 50m2.
Quanto as ONGs é pacífico que a quase totalidade delas estão a serviço de governos estrangeiros.]

Segundo Castro, as ONGs nem sequer pavimentaram as vias da aldeia, como haviam se comprometido. Para chegar à residência do homem, é preciso descer uma estrada de terra tortuosa que vira um lamaçal em dias de chuva. “Nesses tempos, fica bem difícil sair de casa”, conta Castro. Ele afirma ainda que, se tivesse esperado as ONGs para conseguir energia elétrica — promessa feita há 20 anos —, Pari-Cachoeira ainda estaria no escuro. A luz que hoje ilumina as residências veio dos governos federal e estadual. “As ONGs impedem nosso progresso”, salienta Castro. “Elas inclusive não gostam que façamos casas de alvenaria, porque supostamente prejudicam o meio ambiente. Querem que moremos em residências com paredes de barro. Sinto que as ONGs preferem nos ver congelados no tempo.”

(...)

As reclamações sobre a atuação das ONGs, principalmente do ISA, não se restringem aos moradores de Pari-Cachoeira; elas atingem outras aldeias da região. Tule, um professor da etnia coripaco, afirmou que o ISA paga pouco pela pimenta produzida pelos indígenas e a revende por um preço muito maior a uma fábrica na Irlanda, sem dividir a participação nos lucros. “Ganham um bom dinheiro em cima do nosso conhecimento”, diz. O artesão Celestino Azevedo, de 63 anos, conta que fabrica peças de artesanato vendidas a ONGs que prometem fazer a mediação entre a aldeia e a cidade. Ele cobra R$ 500 por peça. Os objetos são comercializados no exterior por US$ 7,5 mil (cerca de R$ 37.500).


Nos Estados Unidos e no Canadá
Bem diferente do que acontece no Brasil,
tribos norte-americanas e canadenses há anos enriquecem com a extração de riquezas naturais do território onde vivem. É o caso da aldeia New Town, na Dakota do Norte, onde há correio, segurança policial, uma rede de hotéis, uma unidade de fast food Subway e até um cassino. Inspirado nos estabelecimentos de Las Vegas, esse negócio gerou empregos para a comunidade, tornou-se fonte de renda e foi, aos poucos, expandindo para incluir um restaurante e uma área de lazer com tobogã. Somando tudo o que é produzido na aldeia, a receita anual da reserva chega a US$ 400 milhões (quase R$ 2 bilhões). Os moradores também passaram a usar energia solar, que é mais barata, e ergueram um museu para preservar a cultura ancestral local.

O desenvolvimento também é realidade na reserva indígena Fort McKay, no Canadá, onde a população tem permissão para retirar petróleo e minério de ferro. O dinheiro das vendas ajuda inclusive a manter as tradições indígenas — algo com que as ONGs juram se preocupar. Hoje, os 800 moradores da aldeia têm controle sobre US$ 45 bilhões em petróleo (R$ 225 bilhões). A abundância de recursos per capita permitiu à comunidade um nível de prosperidade inimaginável para os brasileiros — indígenas ou não. Cada criança nascida na comunidade tem direito a dividendos dos negócios mantidos pela tribo. O jovem atinge os 18 anos com uma poupança de aproximadamente US$ 100 mil canadenses (cerca de R$ 390 mil). Se fizer um curso de educação econômica, já pode sacar metade do valor. Aos 21, ele tem o direito de retirar a outra metade.

 (...)

CPI começa a abrir a ‘caixa-preta’ das ONGs
Conforme moradores, o ISA atua na região de São Gabriel da Cachoeira desde a década de 1990. Em razão da falta de transparência e de fiscalização do governo, não se sabe ao certo como o grupo funciona. Agora, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das ONGs da Amazônia, que promete abrir a “caixa-preta” do terceiro setor que atua na floresta, rastreou a origem de valores obtidos pelo ISA e uma fonte de recursos, o Fundo Amazônia, criado em 2008 e abastecido com 80% de capital estrangeiro. Noruega e Alemanha são os maiores doadores, enquanto o Brasil injeta o restante do dinheiro administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

Ainda em fase de investigação, a CPI revelou que, nos últimos anos, o ISA recebeu aproximadamente R$ 30 milhões do fundo para realizar projetos em Pari-Cachoeira. Recentemente, a comissão descobriu também que o ISA captou mais R$ 12 milhões do fundo, entre 2016 e 2022, para um “projeto de gestão em terras indígenas”. A comissão estranha o uso de termos considerados vagos e subjetivos. “O projeto estabelece a sistematização do conhecimento e o fortalecimento de estruturas de governança locais e das organizações indígenas”, informa um trecho do documento. A comunidade de Pari-Cachoeira assegurou nunca ter visto um centavo do que foi obtido pelo ISA, muito menos as benfeitorias prometidas. A CPI acredita que os valores são muito maiores que os descobertos até o momento. Por isso, vai convocar representantes do ISA e de outras ONGs.

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Leia também “Supremas diferenças”

 

 Coluna Crystian Costa, Revista Oeste

 

A reportagem da Revista Oeste viajou para São Gabriel da Cachoeira, em um voo da Força Aérea Brasileira, a convite da CPI das ONGs, que fez uma diligência na região.

 

 


sábado, 10 de junho de 2023

O programa estratégico de Lula é atender suas próprias vontades - Gazeta do Povo

J. R. Guzzo - VOZES

O presidente Lula quer um novo avião; o que ele usa agora, com cama e quarto separado para o primeiro-casal, mais sala particular, mais outras amenidades, aparentemente já não serve para atender as suas exigências de conforto ele quer um avião maior e melhor. Essa coisa de avião tornou-se um hábito de Lula. O Brasil já deve a ele o AeroLula-1, comprado na sua primeira passagem pela Presidência; passará a dever o AeroLula-2 a partir de agora. É um tipo de ideia fixa.

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O novo jato particular de Lula não vai ficar no chão, pela amostra que se tem até agora do seu governo. Em apenas cinco meses, já fez dez viagens ao exterior – isso mesmo, dez – coisa nunca vista antes na história deste país. Mais: é quase tudo viagem para longe, para lugares como China, Japão, Abu Dhabi, com 20 horas de voo e daí para cima.
 

É um programa de diplomacia turística que ele mesmo, e a sua corte, julgam importantíssimo para os destinos do Brasil e até do mundo. (Uma das fantasias-chefe do presidente, neste terceiro mandato, é desfilar no exterior como “líder global”, fazendo cara de estadista e com despesas pagas pelo Tesouro Nacional. Um avião de paxá faz parte deste show.)

O novo avião tem tudo a ver com o atual governo Lula; é mais um retrato preciso de um presidente cujo grande programa estratégico é atender as suas próprias vontades. 
Lula já indicou o seu advogado pessoal, Cristiano Zanin, para vaga aberta no Supremo. 
Exigiu, e levou, a cassação do mandato do deputado Deltan Dallagnol como vingança pelo papel que ele desempenhou na Lava Jato. 
Colocou Dilma Rousseff, ninguém menos que Dilma, na presidência do banco dos Brics.
 
Ficou num hotel com diárias próximas aos 40 mil reais na sua viagem a Londres.  
Sua mulher comprou um sofá de 65 mil para a residência presidencial – não estava satisfeita com a decoração que encontrou. 
Montou um governo com 37 ministérios diferentes, incluindo-se um “Ministério do Índio” e um “Ministério da Reforma Agrária”
Diz, aqui e no exterior, as coisas mais esquisitas que um presidente poderia dizer – e por aí se vai. O novo AeroLula é um item a mais na lista.

J.R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


sábado, 26 de novembro de 2022

O Brasil está com hemorragia - Jorge Abeid, PhD

Um dos grandes problemas da sociedade brasileira, entre tantos outros, é não questionar e não analisar as coisas que dão errado. Afinal, como diz a minha Mônica, experiência é o nome bonito que damos aos nossos erros.

Segundo dados oficiais de 2022, nós, brasileiros que vivemos fora do Brasil, somos hoje 4,2 milhões. Este número é maior que a população do Distrito Federal e de outros 12 estados, como por exemplo Mato Grosso do Sul e Tocantins.

A situação piora quando se investiga onde vivemos:

USA 1,7 milhão; Portugal 276 mil e, em terceiro lugar, se não estiver sentado sente-se: Paraguai, com 260 mil brasileiros.

Será possível que para tanta gente, um quarto de milhão, viver no Paraguai seja melhor do que viver no Brasil? Desse povo que vive nos USA, garanto-lhes: boa parte, pessoalmente conheço alguns, vive lá ilegalmente, será possível que viver com medo da polícia é melhor do que viver no Brasil?

Eu vivo aqui na América do Norte desde 1997, sendo quatro anos nos USA e os demais aqui em Ontário,  Canada. Acompanho esse número por curiosidade pessoal. Desde então, lembro que me assustei quando o número chegou a 1 milhão, número que não para de crescer e ninguém aí fala nisso. Não se menciona uma sangria desatada dessa magnitude.

Fernando Pereyron Mocellin foi um gaúcho que, na FAB, pilotou  caças P47 em 59 missões de guerra nos céus da Itália durante a Segunda Guerra Mundial. No livro que escreveu – MISSÃO 60 – ele conta uma experiência que viveu na academia da Força Aérea dos USA quando os pilotos brasileiros do chamado “Senta a Pua” foram treinados naquele novo avião de caça, o então novíssimo Thunderbolt P47. No seu primeiro voo solo, ao aterrissar, ele espatifou o avião novinho na pista. A equipe de socorro ao chegar ao local, o encontrou em prantos, sentado sobre o que restava do avião. O comandante que acompanhava a equipe perguntou:

- Você está machucado?

- Não senhor, respondeu ele.

- E chora por quê?

- Eu destruí essa maravilha de avião que vocês me confiaram.

- Meu filho, um avião nós produzimos a cada quatro horas; um piloto, 20 anos.

Essa lição dos anos 40 ainda não foi aprendida no Brasil. Na multidão dos nossos imigrantes estão professores universitários como eu, cuja formação leva mais de 20 anos. Estão médicos, dentistas, enfermeiros, economistas e sabe-se lá mais quê.

A hemorragia de recursos humanos debilita o país.

Site Percival Puggina - Jorge Abeid - PhD


sábado, 5 de novembro de 2022

Os protestos e a intervenção militar - Deltan Dallagnol

 Gazeta do Povo - VOZES   

Justiça, política e fé

A eleição de Lula me causa profunda indignação. Lula presidente é um símbolo visível e gritante da impunidade da corrupção no Brasil. O padre Antônio Vieira já chamava atenção para essa impunidade em meados do século XVII. 
Dizia que os ladrões de galinha roubavam e eram enforcados, enquanto os verdadeiros ladrões, os governantes, roubavam e enforcavam. Mais do que garantir sua impunidade, promoviam retaliações e vinganças.

 

Protesto de caminhoneiros em São Paulo.| Foto: André Coelho/EFE
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Há várias outras razões para estar indignado com a eleição de Lula e é legítimo protestar neste momento, como sempre foi e sempre será na democracia. Isso deve ser feito dentro da Constituição e da lei, respeitando direitos e sem violência.

E podem as Forças Armadas intervir ou atuar como poder moderador no cenário atual? Muitas pessoas bem-intencionadas, que amam o Brasil e estão preocupadas com o futuro no governo Lula, têm me perguntado isso. A resposta da Constituição é claramente negativa.[não há motivo para se preocupar com o futuro do governo Lula e sim com o futuro do Brasil sob um governo Lula; assim, só nos resta exercer o direito de pensar e torcer e assim pensar e torcer para que o governo Lula não tenha presente nem futuro. Um governo Lula acabará com o Brasil que Bolsonaro estava começando a conseguir construir.]

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Cristina Graeml entrevista Deltan Dallagnol: Lula que se prepare

O artigo 142 da Constituição estabelece três objetivos para as Forças Armadas. O primeiro é defender a pátria contra agressão estrangeira.[a defesa da Pátria não alcança apenas  agressões estrangeiras - lembrem-se que em 64 a agressão era orientada e financiada por governo estrangeiro, mas era executada por maus brasileiros, traidores da Pátria, que assaltavam, sequestravam, matavam e com isso não era possível provar ser uma agressão estrangeira.] O segundo é garantir os poderes constitucionais quando um poder tenta eliminar o outro. O terceiro é garantir a lei e a ordem quando as forças de segurança pública forem insuficientes. A Constituição brasileira não atribui às Forças Armadas um poder moderador, nem permite que sejam usadas por um poder contra o outro. [o artigo 142, famoso por não ser usado, permite as mais variadas interpretações, o que exige que seja interpretado, se e quando necessário, por um Poder Judiciário isento, independente e IMPARCIAL.]

A Constituição também não autoriza que as Forças Armadas mudem decisões de um Tribunal Eleitoral ou que funcionem como árbitro nas eleições. As polícias e forças de segurança internas também não têm esse papel, nem podem se impor sobre tribunais. [uma pergunta motivada pela falta de conhecimentos jurídicos especializados e que pensamos ser a de milhões de brasileiros: e se as decisões de cada um dos Poderes, especialmente as do Poder Judiciário, forem parciais, favorecendo de forma inequívoca uma das partes, a quem recorrer? ao Papa?  
Sendo conveniente,  para fins temporais, terrenos - não religiosos -  não esquecer que o Papa é argentino.]

Por isso as Forças Armadas e seus generais têm se manifestado contrariamente à ideia de intervenção, que seria um golpe de Estado. [mesmo que para garantir a lei e a ordem quando as forças de segurança pública forem insuficientes.] Se alguém recorre a ele uma vez, o que impede de recorrer várias? Golpes resultam em ditaduras, na supressão de direitos e garantias. Basta um olhar ao redor do mundo para concluir que não há ditadura boa.

Protestar nas ruas é legítimo e mostra que as pessoas realmente se importam com os rumos do país. Estão envolvidas com a política como raras vezes no passado. Por outro lado, flertar com a intervenção como um “atalho” contra Lula ou o PT é um grande equívoco.

É a democracia que garante a mim e a você o direito de protestar, de lutar para ter outro presidente no futuro, de ir e vir ou tantos outros direitos que são fundamentais. É essa democracia que exige: o resultado da eleição deve ser respeitado, goste-se eu ou não dele.O único caminho de mudança está dentro da democracia, ainda que exija dedicação, estratégia e perseverança. [e quando cobrar das instituições, ainda que de forma  pacífica, exercendo o direito de reunião na forma permitida pela Constituição, é considerado ato antidemocrático.]  Ainda que demande cobrar das instituições que cumpram fielmente seus papeis. Ainda que seja necessário esforço para cobrar um bom trabalho dos novos deputados e senadores ou eleger melhores no futuro.

Por meio da democracia, deputados e senadores eleitos poderão fazer oposição firme e inabalável para frear os retrocessos morais e econômicos que o governo do PT queira impor. [será  que estarão imunes às tentações de um Mensalão?  afinal, os fatos mostram que no Brasil, para certas pessoa o crime compensa.]

Reformas trabalhista, previdenciária, tributária, administrativa, eleitoral e política dependem todas da aprovação do Congresso. E o Congresso deve atuar de modo independente em favor do Brasil.

O único caminho de mudança está dentro da democracia, ainda que exija dedicação, estratégia e perseverança

É hora de seguirmos unidos com fé e coragem, lembrando que todos estamos no mesmo avião. Violência, desordem, crime e desrespeito à democracia não prejudicam apenas o piloto que foi escolhido. Prejudicam a todos nós.

Eu não gosto do piloto que foi escolhido. Eu acredito que meus colegas passageiros fizeram uma escolha errada, mas eu vou lutar, como cidadão e deputado, para que o nosso voo siga pelas melhores rotas para o nosso país, em amor ao Brasil e aos brasileiros. E essas rotas estão dentro da democracia e do respeito à lei.

Este é meu primeiro artigo como colunista da Gazeta do Povo, que é acessada por 13 milhões de leitores por mês. 
A Gazeta é o quarto maior jornal do Brasil em assinaturas digitais. 
Assino a Gazeta há anos e acredito no seu compromisso firme com valores cristãos e conservadores como a defesa da família, do combate à corrupção e da liberdade de expressão.
Recentemente fui eleito o deputado federal mais votado no Paraná, por 345 mil eleitores distribuídos em todos os 399 municípios paranaenses. No Congresso, discutirei muitos temas e este é mais um canal para debater e informar a respeito de assuntos de interesse da sociedade. [Algo que quanto mais o tempo passa, mais dificil fica de entender: 
qual a explicação para quase todos que  compartilham dos ideais, dos valores do presidente Bolsonaro foram eleitos - exceto ele?]

Conteúdo editado por:Jônatas Dias Lima

Deltan Dallagnol, colunista - Gazeta do Povo
Deltan Dallagnol é mestre em Direito pela Harvard Law School e foi o deputado federal mais votado do Paraná em 2022.

 

segunda-feira, 4 de julho de 2022

FAB intercepta e dispara contra avião com 500 quilos de cocaína

 Tráfico de drogas

Após o tiro de detenção, o avião, que entrou no espaço aéreo do Brasil pela fronteira de Mato Grosso do Sul, fez um pouso forçado no estado de São Paulo, entre as cidades de Jales e Pontalinda

(crédito: SARGENTO BIANCA / CECOMSAER E DIVULGAÇÃO POLÍCIA FEDERAL)

A Força Aérea Brasileira (FAB) interceptou, por volta das 12h36 (horário de Brasília) deste domingo (3), em Mato Grosso do Sul, um avião de pequeno porte que entrou no espaço aéreo brasileiro sem autorização. Na operação, foram usadas duas aeronaves de defesa aérea Super Tucano (A-29). Os pilotos da FAB fizeram contato, mas não obtiveram resposta.

A partir de então, o avião foi considerado suspeito, sendo ordenadas a mudança de rota e o pouso obrigatório em aeródromo específico. Como o piloto ignorou ordem dada, foi realizado um tiro de aviso. Ainda sem retorno, a aeronave foi considera hostil, sendo feitos os procedimentos de tiro de detenção.

Pouso forçado
Após o tiro de detenção, o avião, que entrou no espaço aéreo do Brasil pela fronteira de Mato Grosso do Sul, fez um pouso forçado no estado de São Paulo, entre as cidades de Jales e Pontalinda.

Acionada, a Polícia Federal foi até ao local indicado pelos pilotos da FAB, mas só encontrou o avião abandonado, e, em seu interior, foram vistos cerca de 500 quilos de pasta base de cocaína. O piloto e mais um homem fugiram do local, antes da chegada dos policiais federais. "De acordo com o Comando de Operações Aeroespaciais (Comae), os radares identificaram a aeronave entrando no espaço aéreo brasileiro. O avião, sem contato com o controle, descumpriu todas as medidas de policiamento realizadas, mostrando-se hostil. A ação faz parte da Operação Ostium, visando coibir ilícitos transfronteiriços, na qual atuam em conjunto a Força Aérea Brasileira e a Polícia Federal", informou a FAB.

*Com informações da Força Aérea Brasileira


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Falar em garimpo é falar em descoberta de riquezas

Falar em garimpo, tão hostilizado por certos intelectuais da cidade, é falar em descoberta de riqueza, em soberania, em economia, em questão social

Antes de embarcar para Moscou, o presidente assinou decreto que instituiu um programa de apoio ao garimpo. No mesmo dia, recebi da região do Cripuri, que é um afluente do Tapajós, imagens de um helicóptero atacando com foguetes incendiários as instalações de um garimpo. Eram imagens que fazem lembrar napalm no Vietnã.

Isso no mesmo dia do anúncio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Mineração Artesanal e em Pequena Escala. Um nome comprido para não confundir com atividade mineradora industrial. O objetivo do programa é tirar o garimpo da ilegalidade e, com isso, controlar as áreas, fiscalizar de forma transparente o meio ambiente, legalizar o comércio do ouro, prestar assistência de saúde e educação às famílias de garimpeiros. O decreto regulamenta o que ficou fora da lei de 1989, que tratou do assunto.

Já andei em garimpo, onde só se chega de avião em pista improvisada. A vida por lá é duríssima, e arriscados os resultados. Os ambientalistas e as forças policiais vêm batendo nos garimpeiros. [a maior parte dos ambientalistas e suas ONGs defendem,servem a interesses estrangeiros - são uns vendidos.] 
No entanto, a História mostra que devemos a eles a expansão do nosso território. A eles, aos bandeirantes e às patas do boi. 
Os Estados Unidos se tornaram potência por chegarem à costa do Pacífico por causa da corrida do ouro, a ponto de tirar a Califórnia dos mexicanos. E ficaram com poder no Atlântico e no Pacífico
No Brasil, além do boi, foi o ouro das Minas Gerais, as esmeraldas de Goiás, os bandeirantes que entraram por São Paulo e para o Sul, até as Missões jesuíticas espanholas
Os garimpeiros brasileiros, há séculos, marcam a nossa soberania na Amazônia.
 
Falar em garimpo, tão hostilizado por certos intelectuais da cidade, é falar em descoberta de riqueza, em soberania, em economia, em questão social. Em geral, são nordestinos, para realizar sonhos. Gente boa, trabalhadora, cumpridora de palavra
Enquanto fechamos os olhos para uma realidade como alerta o vice -presidente Mourão —, índios vendem diamantes via Bolívia, por exemplo. O ex-ministro Aldo Rebelo, que já foi do PCdoB, afirma que algumas das maiores jazidas do mundo em diamantes estão nas margens do rio Roosevelt, reserva dos Cintas-Largas, em Rondônia
E o Brasil nada ganha com isso. Todo mundo sabe que os garimpeiros que estão em reservas já fizeram sociedade com os indígenas, mas legalizar depende de lei. Enquanto isso, as pedras brasileiras são lapidadas nos Países Baixos.

Ironicamente, enquanto era anunciado o decreto, no mesmo dia garimpeiros eram atacados pelo fogo vindo do céu, destruindo suas casas, máquinas e sonhos, como se o Brasil oficial estivesse em guerra contra eles. O ataque não foi sequer em área indígena, mas na região conhecida como Galdeano. Uma reedição do que aconteceu com 61 balsas queimadas no Rio Madeira, onde os garimpeiros moravam com suas famílias. Isso no dia do anúncio do programa de apoio ao garimpo, confirmando a Constituição, que no art. 174, §3º e 4º, determina favorecer a organização da atividade garimpeira em cooperativas. Ficou estranha a violenta ofensiva no mesmo dia do anúncio do programa. Seria para queimá-lo?

Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense


terça-feira, 29 de junho de 2021

Botucatu - Alon Feuerwerker

Análise Política

Os resultados da aplicação em massa da vacina Oxford/AstraZeneca em Botucatu (SP) foram um sucesso, como já tinha acontecido com a CoronaVac em Serrana (SP) (leia). Pouco a pouco, a vacinação em grande escala vai comprovando também aqui no Brasil, a exemplo do que vem acontecendo em outros países, a sua essencialidade no combate à pandemia da Covid-19.

Os dados colhidos das duas vacinas em ambas as cidades paulistas deveriam ser um estímulo ao protagonismo da racionalidade sobre as pendengas políticas. Mas esperar isso no Brasil de 2021 é ingenuidade, esse defeito que é um dos únicos imperdoáveis na política. 

Quem paga a conta da guerra eterna? A população. Verdade que a média móvel de óbitos entre nós parece estar contida, graças também à vacina. Mas há poucas dúvidas de que a situação poderia estar bem melhor caso tivéssemos seguido o princípio simples e objetivo de que quanto mais vacina, e mais rápido, melhor.

Há dúvidas sobre as vacinas? Claro, afinal estamos consertando o avião (a pandemia) em pleno voo. Mas mesmo em lugares onde se instalaram polêmicas sobre a eficácia delas, como no Uruguai, pouco a pouco os dados vão comprovando que vacinar é bem melhor que não vacinar (leia).

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

 

sábado, 20 de março de 2021

Bolsonaro recorre ao Supremo - Percival Puggina

É polêmica, bem polêmica, a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) interposta pelo presidente da República ao STF, através da AGU, contra medidas adotadas pelos governadores do Distrito Federal, Bahia e Rio Grande do Sul para enfrentamento da pandemia. A ação afirma que esses atos têm natureza abusiva, foram tomados mediante meros decretos, sem autorização legislativa e/ou em contradição às competências do presidente. E enfatiza a desatenção ao direito de trabalhar, à busca da subsistência e as liberdades econômicas objetos de recente legislação federal.

Antes que alguém afirme que “não é bem assim”, digo eu: o parágrafo acima não tem a pretensão de resumir as 24 páginas da ADI. O que interessa, aqui, para fins de análise, é o ato em si. Ele pode ser visto de muitas maneiras, dependendo da boa vontade ou do antagonismo do leitor em relação à pessoa do presidente.

Em reunião de ontem, virtual, que há décadas mantenho com um grupo de bons e sábios amigos, levantaram-se, como de hábito, questões interessantes. A saber:

1ª Questão
Agiu certo o presidente ao apelar ao STF? 
Quem o faz não está a legitimar a autoridade da Corte num período em que ela vem avançando sinais de modo inusitado?

São inquietações que fazem muito sentido. Ao expressar perante o judiciário sua legítima preocupação com os reflexos sociais e econômicos das decisões, pode o presidente estar, sim, legitimando indiretamente as decisões de um tribunal que o tem como inimigo a ser destruído.

O presidente não deveria, então, – conclui-se – dar ele próprio curso a esse processo de judicialização da política e da gestão pública. Apenas para exemplificar o ponto a que chegaram essas intromissões, o subprocurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União pediu ao TCU que a gestão da Saúde, da Economia e da Casa Civil sejam atribuídas ao vice-presidente Mourão (G1 18/03). Um vereador propõe lançar spray de álcool gel, por avião, sobre sua cidade e o subprocurador-geral do MP no TCU propõe isso. [antes os fósforos devem ser recolhidos.] Não é necessário ser inculto para sugerir bobagens.

2ª Questão
Não seria, a referida ADI, uma armadilha montada pelo presidente contra a Corte?
A pergunta se justifica de modo pleno. Se o STF conceder o que Bolsonaro pediu, estará suprimindo de estados e municípios aquele poder que, de mão beijada, delegou a governadores e prefeitos lá atrás, no início da pandemia. Se recusar o solicitado pela ADI, estará confirmando a perda de poder que impôs ao presidente da República, fato tantas vezes negado em manifestações de seus ministros.

Marco Aurélio Melo viu o assunto na perspectiva do item 2, acima. Indagado, respondeu assim, segundo O Antagonista: “Não sei o que deu na cabeça do Bolsonaro (…). Quem receber essa ação no Supremo pode simplesmente negar seguimento (…). O presidente quer atribuir responsabilidade ao tribunal, como ele vem fazendo(...)”.

Pelo menos outros dois ministros manifestaram entendimento semelhante. Para eles o tribunal já decidiu e não vai repetir ou mudar o que foi decidido. Já o início do comentário do ministro: “Não sei que deu na cabeça do Bolsonaro”, entra na linha do item 1 acima. 
O Marco Aurélio e, talvez, a totalidade de seus pares, olha o presidente da República de cima para baixo, como a seus subalternos e não com ao chefe de Estado brasileiro. [se a ideia iniciada pelos inimigos do Brasil da covid-19 se tornar genocídio, surge o espaço para atuação do TPI - Haia/Holanda, investigando eventual acusação de ocorrência de genocídio, e, qualquer que seja a decisão do STF, em relação a ADI, novos genocidas surgirão.]

O poder se expressa mais e melhor por ações do que por palavras. Os ministros do STF, assim como o presidente, aliás, não se ajudam muito quando falam.
 
Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Teste de resiliência - Alon Feuerwerker

Este ano de 2021 vai merecer um rótulo já bem usado: “decisivo”. Atravessar politicamente vivo é condição sine qua non para Jair Bolsonaro chegar a 2022 competitivo. E vai ser um ano daqueles. Mesmo que a vacinação se prove um sucesso, seus efeitos macro só devem ser sentidos em (muitos) meses. Um período suficientemente longo para os adversários trabalharem com afinco o desgaste presidencial.

Três ameaças rondam o Palácio do Planalto. Um agravamento da Covid-19, um repique da recessão e uma instabilidade institucional. Esta última podendo vir do Legislativo ou do Judiciário. Para atravessar o ano, o presidente e seu governo precisarão mostrar capacidade operacional e política num cenário de turbulências, em que deixar o avião no piloto automático não será opção.

Sobre o agravamento dos índices da pandemia aqui no Brasil, mesmo países com vacinações muito mais agressivas enfrentam pioras de curto prazo nos índices da Covid-19. E há as novas variações do SARS-CoV-2. E junto vêm a dúvida sobre se as vacinas produzidas a partir do vírus “velho” servem para combater os novos. Ou quanto tempo levará para adaptar os imunizantes, se isso for necessário para serem eficazes contra as novas variantes.

A segunda onda da Covid-19 terá necessariamente impacto na economia. Pois a reação natural das autoridades locais vai ser apertar o torniquete do isolamento e do distanciamento sociais. Haverá reação popular, então podem-se prever movimentos de sístole e diástole, por um período em que a única certeza será a incerteza sobre que medida governadores e prefeitos vão tomar no dia seguinte ao anúncio de novos números.[com a incompetência e insegurança dos governos estaduais e municipais, haverá um momento em que uma coordenação central, unificada se tornará indispensável. Judiciário e Legislativo não são os adequados para coordenar - o primeiro se perde em contradições, recuos (o decidido pela manhã já não vale à noite e as decisão da tarde não resiste ao transcurso de uma noite) e o segundo tumultua.]
E tem o fim do auxílio emergencial e demais medidas protetoras da economia popular na pandemia. 
Aqui, é previsível o Congresso Nacional recriar algo parecido. 
Mas os parlamentares tentarão impedir que Jair Bolsonaro, ao contrário da vez anterior, fature politicamente sozinho as benesses para o povão. A dúvida?  
Qual será a reação do mercado financeiro a um eventual furo no teto de gastos?

E a chacoalhada institucional? Ela estará contratada se os candidatos apoiados pelo presidente não vencerem as disputas pelo comando das duas Casas do Congresso Nacional. Principalmente da Câmara dos Deputados. Saberemos em dias o que vai acontecer. Mesmo vitórias oficialistas não devem impedir que a oposição, agora anabolizada pela aliança entre a esquerda e a direita não bolsonarista de olho em 2022, coloque minas prontas a explodir no campo presidencial.

Se Jair Bolsonaro sair vitorioso das votações do dia 1º, poderá contar com a pressão do empresariado para o Legislativo voltar a dar foco à agenda liberal, em vez de paralisar-se numa guerra política sem solução de curto prazo. Já os políticos, mais ainda os que disputam com o presidente o apoio do establishment, têm planos próprios e não vão dar trégua.  Também por saberem que Bolsonaro mostrou em ocasiões anteriores resiliência, capacidade de voltar à forma e ao tamanho originais depois de uma crise.
E talvez ele nunca tenha precisado tanto disso quanto vai precisar agora.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

 

 

sábado, 16 de janeiro de 2021

Sem vacinas da Índia, governo decide usar avião para entrega de oxigênio no AM

Com a negativa da Índia em entregar dois milhões de doses de vacinas da AstraZeneca/Oxford ao Brasil, o governo decidiu dar um novo destino para a aeronave que iria a Mumbai.[a decisão da Índia não foi de negativa de fornecimento das doses contratadas e sim um adiamento por problemas logísticos.
A Índia, população superior a 1.300.000.000 (1,3bi) de pessoas, sofreu  pressões internas para dar prioridade máxima à vacinação para seus habitantes,  e o embarque das doses para o Brasil, dois milhões, estava previsto para o mesmo dia do inicio da campanha de vacinação dos indianos - gerando problemas de logística,o que motivou o adiamento em dois ou três dias.]

Em nota oficial, o Ministério da Saúde informou que o avião da Azul, que está em Recife (PE), seria enviado ainda nesta sexta-feira, 15, às 23h, até Campinas (SP), para carregamento de cilindros de oxigênio que serão transportados a Manaus (AM) no sábado, 16. “A aeronave levará a capacidade máxima para esse tipo de carga. O pedido foi feito pelo Ministério da Saúde a fim de abastecer as unidades de saúde da região”, informou a pasta.

O voo será realizado pela mesma aeronave que partiria hoje para Mumbai, na Índia, uma vez que a missão foi reprogramada devido questões diplomáticas entre Brasil e Índia e deverá ocorrer nos próximos dias. A decisão da Índia frustrou a expectativa do governo federal, que havia preparado um plano para que o imunizante chegasse ao País até domingo, 17, a tempo de ser usado no início da vacinação em todo o País, prevista para quarta-feira, 20.

Após a resposta dos indianos, o Ministério da Saúde solicitou nesta sexta-feira, 15, a entrega “imediata” de seis milhões de doses da Coronavac, produzidas pelo Instituto Butantã, em parceria com a chinesa Sinovac. O Instituto Butantã, por sua vez, respondeu que vai liberar o imunizante assim que houver autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e questionou o quantitativo de vacinas que será destinado ao Estado de São Paulo, além da data e horário em que será iniciada a campanha de vacinação “simultaneamente” em todo o País.

A negociação pela vacina gerou crise entre os governos federal e de São Paulo. Bolsonaro chegou a forçar o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a recuar da promessa de compra, em outubro. Bolsonaro disse também que não compraria a vacina “pela sua origem”.[notícia requentada, visto que o suposto recuo do ministro da Saúde, ocorreu em outubro 2020.]  Ainda assim, Bolsonaro ironizou a eficácia de 50,4% da vacina, próximo do patamar mínimo exigido pela Anvisa.

Em entrevista ao programa Brasil Urgente, apresentado por José Luiz Datena, o presidente havia dito que o envio de doses pela Índia poderia atrasar “um ou dois dias”, até o início da vacinação fosse iniciada no país asiático, prevista para sábado, 16. Na nota oficial, o governo não informou a nova data do voo para a Índia. O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, chegou a telefonar na noite de quinta-feira, 14, ao chanceler da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, e reiterou o pedido para importação das vacinas. A Índia, no entanto, alegou “problemas logísticos” para liberar as doses ao Brasil.

O governo federal comprou 46 milhões de doses da Coronavac neste mês. Há ainda a opção de adquirir mais 54 milhões de unidades. A Anvisa deve decidir no domingo, 17, se libera o uso emergencial da Coronavac e da vacina de Oxford. Antes deste aval, estes imunizantes deveriam ficar sob guarda do Butantã e da Fiocruz.

Isto É

 

 

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Não é normal ter de proteger a Casa Branca com cercas em um dia de eleição - Dorrit Harazim

O Globo

Trump subverteu a ideia de América com o desmonte de instituições

É normal ver milhares de cidadãos americanos empenhados, a cada ano, em proteger suas propriedades contra a fúria sazonal de ciclones, furacões e cataclismas da natureza. Diques, barreiras e tapumes são erguidos com dexteridade já automática para prevenir o pior.
[Não surpreende que a judicialização excessiva - derrotados de ontem tentam ganhar na Justiça os votos que não receberam e a mania de protestos, protestar por tudo, incluindo o protesto por direitos que não possuem - e o mais perigoso: protestos contra autoridades de segurança (a polícia e demais autoridades precisam ser respeitadas e apoiadas quando são forçadas a usar a força necessária.)
Essa conduta desordeira, buscando estabelecer o CAOS e a DESORDEM, cria um clima de INSEGURANÇA no país, impondo pronta adoção de medidas de  segurança que podem parecer excessivas, mas são adequadas e necessárias.]
Casa Branca protegida por grades cobertos por cartazes de protesto, nas vésperas das eleições Foto: ERIN SCOTT / REUTERS
Casa Branca protegida por grades cobertos por cartazes de protesto, nas vésperas das eleições Foto: ERIN SCOTT / REUTERS

Também é normal que a Casa Branca seja uma fortaleza com mísseis capazes de derrubar todo avião mal intencionado, como os dos atentados terroristas do 11 de Setembro, em 2001.Talvez fosse até compreensível ter decretado lockdown por alguns dias depois que a Covid-19 fez da sede do governo dos EUA um mini epicentro de contágio.

Contexto: Atrás nas pesquisas, Trump aposta fichas em supressão do voto e batelada de processo


Decisão a favor do voto
Mas, definitivamente, não é normal “proteger” a Casa Branca e seu entorno com uma “cerca não escalável” contra a eleição, nem erguer barricadas interiores ou de rua em preparação a uma data que costuma(va) ser apenas de altíssima tensão comunal — o da escolha do presidente da República. Em qualquer eleição, há quem vota saltitante, outros vestem roupa de domingo; há quem vota com raiva e rancor acumulados; há quem vota com medo de que se saiba em quem votou. É assim no mundo inteiro. Mas, neste 3 de novembro, a intencional desvalorização do voto desceu ao patamar mais aviltado dos 240 anos de História do país: por pouco não se chegou ao extremo de jogar no lixo, literalmente e de público, milhares de votos já legalmente depositados.

O caso era escabroso: 127 mil votos do condado de texano de Harris depositados em urnas drive-through instituídas para atender eleitores deficientes, doentes ou receosos de se contaminar em tempos de pandemia, seriam descartados se uma ação movida por republicanos tivesse tido êxito. A alegação era de que nem “medo genérico nem ausência de imunidade para a Covid” constavam do Código Eleitoral para poder votar sem sair do carro. [por essa decisão se percebe que um poder judiciário dominado por furor legiferante não é exclusivo do Brasil. Não está na lei, mas a Justiça diz que está, passando a valer o que não existe - o texto legal é ignorado, impunemente. 
Até nos EUA o Congresso Nacional se omite diante de uma decisão do Poder Judiciário = o certo seria o Congresso no dia seguinte ao da decisão que leu um 'fantasma' no texto legal, republicasse a lei com a redação real, concreta. Mas...] 

(.......)

Garrett M. Graff, jornalista e historiador da corrida nuclear entre Washington e a União Soviética, escreveu interessante ensaio na “Wired” sobre Donald Trump ter se dedicado a destruir o que os EUA têm de mais enraizado. Ao longo da Guerra Fria, os sucessivos governos americanos produziram planos e mais planos secretos para garantir a continuidade do governo em caso de ataque nuclear. Sempre esbarravam numa questão central: o que preservar de mais crucial para a continuidade da liderança do país e da vida nacional?

Mobilização pelos ícones
Graff descobriu que, para os planejadores da época, “a América” era, antes de tudo, uma ideia. “O presidente poderia morrer, o Congresso poderia se perder, nossos templos da democracia em Washington poderiam ruir, mas enquanto permanecer a ideia de que a América vive, ela continuará viva”, escreveu. 

Especial: Esta eleição americana é a mais importante em décadas? Colunistas e especialistas respondem

O Globo, MATÉRIA COMPLETA