Quem
assistiu, atentamente, ao vídeo da cerimônia de lançamento ao mar do submarino
Riachuelo constatou o quão maquiavélico é o Presidente Michel Temer. Chamou
atenção o modo carinhoso, quase bajulador, com o qual ele tratou o Presidente
eleito Jair Bolsonaro – que parecia uma pessoa tímida diante do salamaleque
temerário. O ex-vice que derrubou a Dilma apenas comprovou que sabe jogar o
jogo. O estilo
Temer, cativante e super educado nas aparições públicas, combinado com alta
capacidade de articulação política nos bastidores, teve seu ápice, mais tarde,
quando ele assinou a extradição do assassino italiano Cesare Battisti – por
enquanto um ilustre foragido da Polícia Federal. Temer poderia ter deixado a
decisão para Bolsonaro, que a tomaria com o máximo prazer. No entanto, preferiu
dar a prova pública de que é um estrategista que consegue ganhar força no fim
do curto mandato que foi menos pior que o da Dilma.
Bolsonaro participou do Lançamento do Submarino Riachuelo.
Armado com torpedos e mísseis, o submarino poderá espalhar minas navais
nas rotas de outras embarcações.
O primeiro de uma frota de quatro novos submarinos de ataque da Marinha
do Brasil. O lançamento do S-40 Riachuelo teve a presença do presidente
Michel Temer, Jair Bolsonaro e 23 autoridades dos três poderes além dos
convidados.
Temer criou
todas as facilidades na transição para Bolsonaro. Discretamente, conseguiu até
emplacar muita gente que atuou em seu governo para continuar jogando na equipe
de Bolsonaro. Uma dúvida já está lançada no ar: Será que Bolsonaro vai arrumar
algum lugarzinho com foro privilegiado para Temer ficar protegido da “perseguição”
do Ministério Público Federal – que o acusa de crimes ligados à corrupção? O
Presidente eleito já declarou, tempos atrás, que teria nada a ver com isso...
Será que ele continua pensando do mesmo jeito, depois da camaradagem tática de
Temer durante a transição arrumadinha?
É
importante avaliar se a tática temerária na transição vai seduzir – ou não – o
futuro Presidente Jair Bolsonaro. Ainda mais porque os inimigos dele já agem
com a máxima competência para plantar futuras armadilhas de desgaste político.
Sem entrar no mérito do certo ou errado, está clara que a orquestração
midiática para atingir o deputado estadual e futuro senador Flávio Bolsonaro
tem como alvo real o pai dele. Com tanta insistência, as mancadas cometidas na
Assembléia Legislativa do RJ podem, no médio e longo prazos, gerar embaraços
para a família Bolsonaro. Por isso,
uma eventual futura “ingratidão” contra o “civilizado” Michel Temer pode não
ser recomendável a Bolsonaro. O estilo “doa a quem doer” é muito bonito e
honrado na retórica. Porém, quando e se a água podre ultrapassa a altura do
pescoço, pouco ou nada adianta o discurso moralista. Bolsonaro, que hoje ainda é
franco atirador, a partir de 1º de janeiro se torna uma vidraça que o Mecanismo promete atingir – não se sabe com
que eficácia, eficiência e efetividade.
Uma coisa
Bolsonaro deveria aprender com Michel Temer. A sobrevivência política só é
possível no Brasil se o Presidente tiver o máximo de jogo de cintura e
articulação, nos bastidores políticos, econômicos, legislativos e judiciários.
O jogo requer muita frieza, racionalidade e cálculo estratégico. Arroubos
emocionais e conflitos inúteis (com inimigos reais e aliados próximos) podem
custar a cabeça do titular do Palácio do Planalto. Resumindo:
a única saída é um Bolsonaro sereníssimo e, preferencialmente, superaliado ao
seu vice Antônio Mourão, que demonstra ter um imenso jogo de cintura político,
além da competência técnica para lidar com as armadilhas da burocracia federal.
Bolsonaro e Mourão têm a vantagem de serem pessoas verdadeiras, diretas,
humildes e sem frescuras no trato interpessoal.
Por isso, é
inaceitável que qualquer um dos dois caiam no joguinho burro das intrigas em
torno do ilusório poder palaciano. Neste cenário de conflitos inúteis, é
concreto o risco de isolamento político e pessoal. Os diferentes núcleos de
poder em torno de Bolsonaro precisam acionar o módulo “pacificação”, apertando,
imediatamente, o botão “tolerância”. O momento é acionar outro botão: “Cautela”.
Fechar a boca, principalmente evitando fofoquinhas via imprensa, é básico para
conter um clima autodestrutivo de cizânia. Resumindo,
de novo: Se não parar com a viadagem interna, o novo governo nascerá com
prazo de validade vencido. Isto é tudo que a esquerda e os bandidos esperam que
aconteça... Eles são péssimos de governo, porém craques na oposição...
Jorge Serrão - Alerta Total