Arapuca previsível, a terrível armadilha da “transição” causa desgastes
desnecessários ao Presidente eleito Jair Bolsonaro. Intrigas, fofocas,
factóides, “fogo amigo” no PSL e indicações “fake” de futuros ministros e
presidentes de estatais criam um clima de tensão e incerteza para um governo
que sequer começou. Aliados, assessores próximos e os filhos de Bolsonaro
ajudam a alimentar o nervosismo estrategicamente explorado pela mídia
opositora.
Já está claro que a guerra de comunicação é o primeiro e mais forte
obstáculo que o novo governo precisa enfrentar antes de assumir, em 1º de
janeiro. Se o problema não for administrado com estratégia, cautela e serenidade,
a coisa ficará mais feia ainda quando Bolsonaro efetivamente estiver com a
caneta mágica que assina as decisões publicadas no Diário Oficial da União. As
decisões, comunicados, desmentidos e recuos – anunciados via rede social da Internet
– têm causado “insegurança comunicativa”.
Além do
Presidente eleito, tem muita gente falando (bem ou mal) em nome do futuro
governo. Tal procedimento é de alto risco. A oposição midiática explora, com
maestria, o imperdoável erro tático – causado por pura ansiedade daqueles
prestes a conquistar espaços na máquina federal de poder. A fase de definição
dos ministros e dos gestores das principais “estatais” – que deve terminar até
o fim da próxima semana – tende a reduzir o clima de insegurança, especulações
e intrigas.
Bolsonaro
acabou forçado ontem a comparecer a uma reunião com a bancada eleita por seu
partido, o PSL, para dar uma acalmada nos ânimos demasiadamente exaltados. O
Presidente eleito também tomou a sábia decisão de promover um isolamento
pessoal estratégico, mudando-se do apartamento funcional de deputado para a
Granja do Torto – uma das residências oficiais do titular do Palácio do
Planalto. Bolsonaro
terá muitas bombas para desarmar. A máquina estatal, do tamanho que está, é uma
gastadora sem fim de recursos públicos. Mudar tal estrutura será uma missão
quase impossível. Será inevitável o imenso desgaste de mexer com o destino
pessoal de servidores públicos. Os descontentes afetados sabotarão,
previamente, o novo governo. Não se pode esperar nada diferente de uma máquina
aparelhada pelo petismo & afins por mais de 13 anos...
O
“baronato” bem remunerado do serviço público não quer mudanças nos seus
privilégios. [???] Assim, o orçamento público federal não fechará as contas. A dívida
pública não será controlada com meras decisões de contabilidade criativa.
Estados e municípios em estado falimentar farão governadores e prefeitos agirem
como pedintes de instável fidelidade política. Temas como reforma da
previdência, desestatização e mexidas tributárias causarão discussões tensas –
que tendem a atingir impasses insuperáveis. Não será
fácil manter a euforia do mercado com o novo governo. Bolsonaro já é cobrado,
implacavelmente, antes de assumir. Imagina como será a partir de janeiro. O
futuro Presidente terá de definir uma estratégia de comunicação equilibrada –
que consiga administrar a ansiedade de tantos “superministros” interessados em
mostrar serviço rapidamente. A “imprensa” já sinalizou que jogará pesadamente
contra. Comunicação direta, via redes sociais ajuda, porém não faz milagre.
Um grande
mistério é como vai fluir o relacionamento entre a Vice-Presidência, a Casa
Civil, o Gabinete de Segurança Institucional e a Secretaria Geral da Presidência
– que acumula muito poder: Programa de Parceria de Investimentos (PPI), a
Secretaria de Comunicação da Presidência (responsável pela comunicação oficial
e pela distribuição de verba para a mídia) e a Empresa Brasil de Comunicação,
além do programa de desburocratização e do GovTech (Governo Eletrônico).
Bolsonaro precisa
ser Presidente da República – e não gestor de previsíveis conflitos de poder em
uma estrutura muito próxima a ele, porém com atribuições que tendem a provocar
“bateção de cabeças”... Parece que Bolsonaro precisará de um “Mediador Geral do
Governo”. Parece que Antônio Hamilton Mourão é o sujeito com jogo de
cintura e legitimidade do voto para cumprir a missão tão espinhosa de
atuar acima e segurar a onda dos puxa-sacos, sabotadores e
fogueteiros-amigos... Tudo indica que este será o papel estratégico do
vice no governo...
[óbvio que Jaiminho Haddad não tomou tão brilhante decisão sozinho; contou com a 'assessoria' brilhante do Zanin.
Perguntas que não querem calar: do que 'jaiminho' vive? quais são as fontes de recurso que o sustentam e aos familiares?]
Só
será fundamental sempre lembrar que o povo que elegeu Jair Bolsonaro e
Antônio Mourão deu um ultimato: deseja economia crescendo, menos
impostos, mais emprego e melhores salários, com Segurança Pública. O
povão não quer saber qual será o resultado da guerra intestina entre os
poderosos no governo...