Em resposta às agressões e ofensas disparadas pelo presidente
da República, ministros da Corte mencionam "crime de responsabilidade",
além de "respeito às instituições" e à "honra de seus integrantes".
Em uma escalada de acusações e ameaças de atos
autoritários, o presidente Jair Bolsonaro vem desafiando o Poder
Judiciário. Ao longo da semana passada, o
chefe do Executivo afirmou reiteradas vezes que ocorreram fraudes nas
eleições de 2014, e alega que Aécio Neves venceu o pleito. No entanto,
convocado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para apresentar provas
do que diz, Bolsonaro ainda não se manifestou e ameaça atuar para
aplicar um golpe, barrando as eleições de 2022. O comportamento do
presidente é visto no Supremo Tribunal Federal como um ato de desespero
diante da queda de sua popularidade. [queda de popularidade? desespero, se houver, é da parte dos inimigos do Brasil, dos que querem afastar o presidente Bolsonaro do cargo para o qual foi eleito pela vontade soberana de quase 60.000.000 de eleitores. O desespero deles é tamanho, que fingem ignorar que a queda de popularidade do capitão é passageira, com o fim da PANDEMIA - que, para desespero dos que são contra o presidente e o Brasil, está indo embora - e a volta do crescimento econômico, redução do desemprego e outras benesses que cairão sobre o Brasil e os brasileiros, logo a popularidade do presidente retornará aos níveis anteriores. Sugerimos que esqueçam o restante do mandato do presidente e concentrem suas preocupações em impedir que ele seja reeleito em 2022.
Imagine... ter que engolir Bolsonaro por mais quatro anos a parte de 2023.]
Entre os ministros do Supremo, as ameaças de que “pode
não ter eleição em 2022” caso não seja implantado o voto impresso
situam-se no limite entre a liberdade de manifestação e a conduta
criminosa, que enseja crime de responsabilidade. O custo da impressão
das cédulas seria de R$ 2,5 bilhões ao longo de 10 anos, além dos riscos
para o sigilo do voto. Na sexta-feira, o ministro Alexandre de Moraes,
que vai conduzir o TSE durante as eleições gerais do ano que vem, reagiu
de maneira contundente. “Os brasileiros podem confiar nas Instituições,
na certeza de que, soberanamente, escolherão seus dirigentes nas
eleições de 2022, com liberdade e sigilo do voto. Não serão admitidos
atos contra a Democracia e o Estado de Direito, por configurar crimes
comum e de responsabilidade”, escreveu ele nas redes sociais. [a escolha soberana, com liberdade e sigilo do voto, já existe - o que preocupa é se o que o eleitor escolhe soberanamente e sob sigilo, no momento do voto, é computado sem desvios = só o voto impresso pode garantir que o voto que seguiu para o cômputo digital é cópia fiel do que o eleitor digitou.]
O presidente do Supremo, ministro Luiz Fux, respondeu
aos ataques com um tom mais institucional, mas deixou claro que excessos
não serão tolerados. Em nota, afirmou que o tribunal “rejeita
posicionamentos que extrapolam a crítica construtiva e questionam
indevidamente a idoneidade das juízas e dos juízes da Corte”. O
presidente do STF demarcou, ainda, os limites da convivência entre os
Poderes da República. “O Supremo Tribunal Federal ressalta que a
liberdade de expressão, assegurada pela Constituição a qualquer
brasileiro, deve conviver com o respeito às instituições e à honra de
seus integrantes, como decorrência imediata da harmonia e da
independência entre os Poderes”, escreveu.
Além de provocar desgaste institucional, as declarações
do presidente Jair Bolsonaro podem gerar desdobramentos, inclusive na
Justiça. O capitão da reserva do Exército chegou a dizer que o ministro
Barroso se articula pessoalmente contra o voto impresso, e acusou-o de
defender a prática de pedofilia, além de chamá-lo de “idiota” e
“imbecil”. “Se nós queremos uma maneira a mais para mostrar
transparência, por que o Barroso é contra? Ministro do Supremo Tribunal
Federal, uma vergonha um cara desses estar lá. Não é porque ele defende
aborto não, não é porque ele quer defender redução da maioridade por
estupro de vulnerável. Com 12 anos de idade, tenho uma de 10 em casa,
isso não é estupro, pode ser consentindo, segundo a cabeça dele. Um cara
que quer liberar as drogas, um cara que defendeu um terrorista
assassino italiano, Cesare Battisti. Esse é o perfil de Barroso que está
à frente das eleições”, disparou o presidente. [o direito de ser contra o voto impresso e de apontar eventuais articulações realizadas por ministros do TSE, que podem prejudicar a imparcialidade que se espera dos magistrados, deve ser respeitado. (IMPORTANTE: O presidente Bolsonaro pode até ser acusado de ter se excedido, só que causa estranheza é que o criminoso Lula disse com todas as letras que o Supremo estava acovardado. E, ninguém protestou, o silêncio foi total. Já o excesso verbal do presidente Bolsonaro é criticado de forma implacável.) Mas, é INADMISSÍVEL, REPROVÁVEL, que ofensas pessoais sejam feitas contra ministros, juízes,magistrados e a qualquer pessoa. O ofendido tem o DIREITO, até mesmo o DEVER, buscar reparação junto ao Poder Judiciário, cabendo ao OFENSOR o DEVER, a obrigação inarredável, de provar o que afirmou ou suportar as consequências.]
Barroso respondeu com ironia, ao postar na rede social
um poema, falando sobre “insulto”, “mal” e recomendando a música Cálice,
de Chico Buarque. No entanto, Rodolfo Tamanaha, professor de direito
constitucional do Ibmec Brasília, afirma que o magistrado pode inclusive
reagir na Justiça. “As declarações contra o ministro Barroso, por
exemplo, poderiam caracterizar crime contra a honra, como calúnia,
difamação, injúria, e o ministro poderia propor uma ação contra o
presidente Bolsonaro por este tipo de crime. Mas seria inusitado, pois
seria julgado pelo próprio Supremo, em razão da natureza do cargo
envolvido”, diz.
Ele destaca que, em relação às acusações de fraude, o
TSE pode responder como instituição. “Quanto ao voto impresso, o TSE tem
função ativa, fiscalizatória e jurisdicional. Ele julga, normatiza as
resoluções sobre as eleições e tem ação fiscalizatória por monitorar
crimes eleitorais. Ele pode trazer para a opinião pública que o sistema
eletrônico não tem falhas relevantes”, completa.
Eduardo Galvão, analista político, aponta que as
relações entre os Poderes frequentemente passam por situações de crise, o
que não representa rompimento democrático. “Ataques de presidentes ao
STF não são exclusividades do nosso momento atual. O ex-presidente Lula
disse, quando estava no governo, que o Supremo estava acovardado. A
harmonia entre os Poderes sempre é tensa. Os poderes democráticos têm
suas funções típicas e atípicas, como fiscalizar os excessos dos demais.
É uma relação em que sempre há uma observância. Isso não quer dizer, de
forma alguma, que exista risco para as eleições. As eleições são base
do sistema democrático, com instituições fortes”, destaca.
Novo ministro A série de críticas ao sistema eleitoral disparadas por Jair Bolsonaro ocorrem na iminênci
a da indicação de um substituto para o
ministro Marco Aurélio Mello, que deixa a Corte nesta segunda-feira, ao
completar 75 anos de idade. A tendência é de que o próximo indicado à
Corte seja o atual advogado-geral da União, André Mendonça. Apesar de
ter se envolvido em polêmicas, ao usar a Polícia Federal e a Lei de
Segurança Nacional para perseguir opositores do governo, [Mendonça se limitou a cumprir o principio basilar do 'estado democrático de direito' de que as LEIS se aplicam a todos e a LSN é uma LEI em PLENA VIGÊNCIA e qualquer pessoa que a desobedeça, opositor ou apoiador do Governo deve ser investigada, processada e julgada. Mendonça tem a OBRIGAÇÃO de cumprir a LSN e qualquer outra lei e, por ser uma autoridade constituída tem o DEVER de fazer cumprir toda e qualquer lei vigente.] Mendonça tem
boa aceitação entre os integrantes do Supremo. “A avaliação é de que ele
sempre atuou para reduzir o impacto das declarações e colocar panos
quentes no que o presidente fala”, diz um interlocutor de magistrados do
Supremo.O próprio ministro Marco Aurélio declarou publicamente apoio ao ingresso
de Mendonça na vaga que ele deixa na Corte. As ações do presidente até
agora eram interpretadas como “bravata” para tentar manter o apoio de
eleitores mais radicais e discurso político de inovação. Ele foi eleito
declarando oposição ao que chamou de “velha política”. No entanto, ao
ser eleito, além de manter alianças com o Centrão, derrapou em suas
propostas e protagoniza uma agenda de escândalos de corrupção, como
supostas fraudes envolvendo a compra de vacinas contra a covid-19. As
alegações de irregularidades nas eleições seriam uma maneira de manter
apoio dos eleitores.
Correio Braziliense