Vão vetar tudo o que, também no seu entendimento, possa favorecer a candidatura do presidente Jair Bolsonaro
Resumo dessa ópera ruim: prepare-se para uma campanha eleitoral em
que você só vai ver nas redes sociais o que o Facebook, Instagram,
WhatsApp, YouTube, Google e etc. deixarem que seja visto — ou, mais
precisamente, o que quiserem que você veja.
E o que as big techs
querem? Basta chamar de novo a mesma criança de 10 anos. Elas não vão
permitir, para encurtar a conversa, que saia publicado nada do que, no
seu entendimento, venha a prejudicar o “campo progressista” de Lula e
similares.
Automaticamente, ao mesmo tempo, vão vetar tudo o que, também
no seu entendimento, possa favorecer a candidatura do presidente Jair
Bolsonaro. Vão conseguir? Não vão conseguir tudo, é claro; ninguém
consegue “tudo”. Mas é algo tão parecido com um controle externo sobre o
noticiário que, na prática, acaba dando mais ou menos na mesma. É o que
comprova a experiência recente.
O presidente já foi chamado de
“genocida”. Já disseram que milícias criminosas do Rio de Janeiro
comandam o seu governo. Já foi acusado de “conduzir experiências
abomináveis” com seres humanos. Já mostraram seu rosto com a cara de
Hitler, a suástica e a saudação nazista. Já foi denunciado pelo crime de
“cloroquina”. Em nenhum desses momentos, nem uma única vez, as
operadoras das redes sociais disseram uma sílaba sobre fake news
— tudo vale, se é para atirar em Bolsonaro. De maneira absolutamente
simétrica, nada vale, quando o tiroteio vai para o lado de Lula. Aí é
tudo “notícia falsa”, e as big techs aplicam censura contra quem abriu a boca.
Se uma pessoa vota em Bolsonaro, essa pessoa é obrigatoriamente um “nazista”
Os controladores dessas empresas formam uma nova raça no panorama
político mundial — a dos milionários de esquerda. É gente que, depois de
se chapar de dinheiro, descobriu que é muito mais negócio aparecer em
público como “progressista”: a mídia, os artistas e as classes
intelectuais ficam encantados, o sujeito ganha outros milhões e ninguém
corre o menor risco de nada.
O que poderia ser mais fácil neste mundo do
que viver como um paxá, com salário de US$ 5 milhões ao ano (isso para
os apenas remediados), casas na Califórnia e comidas orgânicas, fora o
jatinho e o resto? É o que fazem os donos das redes.
Sua cabeça é uma
espécie de Diário Oficial do que passa, hoje, por “pensamento”
da esquerdagem gratuita: são, 24 horas por dia, contra o “racismo”, a
“homofobia”, a “masculinidade tóxica”, a “desigualdade”, os “ricos em
excesso” e os caminhoneiros canadenses; são a favor da vacina
obrigatória e de tudo o mais que você já está cansado de saber. Nesse
mundo considera-se que os eleitores de Bolsonaro, no fundo, não têm o
direito de votar nele.
Se uma pessoa vota em Bolsonaro, essa pessoa não
pode, no entender das mentes iluminadas deste país, ser um democrata; é
obrigatoriamente um “nazista”, e o bom, mesmo, seria que o TSE
inventasse um sistema pelo qual a cada vez que o eleitor apertasse a
tecla “Jair Bolsonaro” na urna o sistema registrasse automaticamente
“voto nulo”.[com a adoção do voto impresso, caso a manobra tenha sido inventada, não poderá ser implantada.]
Se essas empresas são a favor de Lula e contra Bolsonaro, consideram o
ministro Alexandre de Moraes o salvador da democracia brasileira com o
seu “inquérito” para descobrir “atos antidemocráticos”, e outras
bobagens desse tipo, tudo bem — é problema delas. Mas submeter um
“tribunal” brasileiro aos seus interesses, com a desculpa de que estão
ajudando na limpeza das eleições, é um disparate. Ao mesmo tempo, é o
curso natural das coisas, quando se toma o rumo que o ministro Barroso e
o TSE tomaram: o que se pode esperar de um órgão público que faz uma
campanha publicitária, paga integralmente com o seu dinheiro, querendo
provar que o “voto eletrônico” é muito bom porque o Brasil tem “8,5
milhões de quilômetros quadrados de superfície” e apenas “1,5 milhão de
quilômetros” de estradas? Hein? Como é que é mesmo?
E que raio uma coisa
tem a ver com a outra? Quer dizer que se o Brasil tivesse mais estradas
o voto eletrônico seria menos necessário?
Ou será que 1,5 milhão de
quilômetros de estradas não são suficientes para as pessoas votarem?
Alguém sabe de algum brasileiro que não esteja conseguindo ir de um
lugar para outro, nas áreas que concentram 95% da população brasileira,
por falta de estrada?
O voto eletrônico pode ser a coisa mais necessária
dessa vida, mas nunca porque o Brasil é grande; precisa porque é assim
que se faz hoje no mundo inteiro.
Essa campanha não é apenas o triunfo
conjunto da cretinice e da recusa em pensar mais do que 30 segundos
sobre alguma coisa. É também uma trapaça, ao dar a entender que “o
governo” defende a volta do “bico de pena” quando ninguém, em nenhum
momento, está sugerindo nada parecido com isso.
Eis aí o grau de honestidade que se pode esperar dos encarregados de garantir eleições limpas neste país.
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J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste