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terça-feira, 20 de junho de 2023

PIB - Depois de xingar o agro, Lula usa sucesso do campo para se promover - Gazeta do Povo

Vozes - Alexandre Garcia

PIB

PIB
Agronegócio ajudou a impulsionar o PIB do primeiro trimestre.| Foto: Michel Willian/Gazeta do Povo/Michel Willian/Gazeta do Povo

Pois é: Lula chamou o agro de fascista, de negacionista, mas se aproveitou do agro para o seu governo dizer que estamos crescendo. É que o agro cresceu 23% no primeiro trimestre, com tudo aquilo que foi plantado no ano passado, e com isso subiu o PIB. 
Por enquanto, são consequências, principalmente, da política monetária do Banco Central, de proteger a moeda e o crédito. Essa é a função dele. Está mantendo a taxa Selic enquanto houver sinais de inflação em outros países
Nos Estados Unidos, o banco central de lá, o Fed, aumentou a taxa de juros por dez reuniões consecutivas e agora, pela primeira vez, está mantendo para observar
Os juros lá estão entre 5% e 5,25%, o que é muito alto para os EUA. Já o Banco Central Europeu está com taxa de 4%, que também é altíssima. Todo mundo sabe que lá na Europa os bancos praticamente não pagam juros, porque o juro é baixíssimo. 
Esta é a mais alta taxa dos últimos 22 anos na Europa, imaginem só.
 
Mas o Congresso também fez sua parte impedindo loucuras como voltar a estatizar a Eletrobras, acabar com o Marco do Saneamento, mexer no Banco Central, agora o governo está querendo a maluquice de desfazer a reforma trabalhista
Estão falando menos nisso tudo porque não se brinca com dinheiro. 
Dizem que o dinheiro não aceita desaforo. É uma questão de credibilidade.
 
Acho que poucos vão lembrar do milagre brasileiro. Eu lembro muito bem porque eu trabalhava no setor de Economia do Jornal do Brasil e cobri o milagre econômico. Delfim Netto era o mago das finanças. 
O presidente Médici entrava no Maracanã e sua presença era anunciada no alto-falante, porque ele recebia um aplauso incrível por causa do milagre brasileiro. Estava todo mundo empregado, o Brasil crescia 11,2% em média por ano – houve um ano em que cresceu 14%.  
Conto isso porque infelizmente não estamos vendo agora – ao menos eu não estou vendo o fator que provocou o milagre brasileiro: otimismo e entusiasmo.  
O que estou vendo é o contrário, principalmente no agro, que está sentindo essa história de marco temporal, ameaça fundiária, apoio ao MST, Marina vetando tudo, declarações do presidente da República contra os que semeiam suor...  
E o segundo grande setor do PIB, o de serviços, também é atingido na área urbana, eu vejo o cuidado.  
Depois não vamos dizer que nos surpreendemos. Não se brinca com credibilidade, o dinheiro não aceita desaforo. 
Ainda bem que o Congresso reagiu, e é bom que o Congresso continue pensando a respeito disso.

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Juíza que substituiu Moro enfim se livra da Lava Jato
A juíza Gabriela Hardt, que substituiu Sergio Moro e depois foi substituída por esse Eduardo Appio, que está sob investigação por andar fazendo ameaças, enfim se livrou da Lava Jato
Ela não aguentava mais; deve ser decepção com essas coisas que nos decepcionam também. 
Hardt queria ir para Florianópolis, mas não conseguiu; agora, foi para a 3.ª Turma Recursal do Paraná, ainda em Curitiba. 
E para a 13.ª Vara Federal de Curitiba (eu acho que o número 13 caiu direitinho em cima) vai o juiz Fábio Nunes de Martino, de Ponta Grossa.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Alexandre Garcia, colunista -Gazeta do Povo - VOZES

 

 

domingo, 14 de julho de 2019

O capitão e os generais - Bernardo de Mello Franco

O Globo

Há quatro anos, uma editora avisou José Murilo de Carvalho de que não tinha planos para sua obra “Forças Armadas e política no Brasil”, então sumida das livrarias. “Eles pensaram que o problema já estava resolvido”, brinca o historiador, um dos principais convidados da 17ª Flip. Com a ascensão da família Bolsonaro, ele decidiu relançar o livro pela Todavia. No prefácio à nova edição, explica por que o assunto voltou à tona.
“A origem militar do presidente eleito em 2018, amplamente alardeada por ele próprio, e a inédita e massiva presença de militares em postos-chave do governo fizeram ressurgir em alguns setores da população o receio de regresso a uma nova ditadura. Justificado ou não, o temor trouxe de volta o interesse pelo tema da relação entre Forças Armadas e política”, escreve.

Bolsonaro na posse do novo ministro da Defesa - Sergio Lima/AFP

Para o imortal da Academia Brasileira de Letras, que faz 80 anos em setembro, a presença de militares no poder não permite dizer que estamos diante de um regime parecido com o de 1964. “Ironicamente, o pouco de sensatez e equilíbrio em meio a posturas radicais e desastrosas do presidente, incentivado por seus apoiadores mais fanáticos, tem sido devido aos generais em posições-chave”, observa. “O curioso é que agora os generais têm que obedecer a um capitão indisciplinado”, acrescenta, em conversa com a coluna em Paraty. [esclarecendo o óbvio: a intenção de enxovalhar os militares, a pretexto de malhar o presidente da República Federativa do Brasil, JAIR BOLSONARO, é tamanha que fingem esquecer que o 'capitão indisciplinado' - absolvido de todas as acusações pelo Superior Tribunal Militar, instância máxima da Justiça Militar da União,e que os generais não obedecem ao capitão e sim ao presidente da República, que é o comandante supremo das FF AA.]
 
Ex-professor da Escola de Guerra Naval, Carvalho pondera que os oficiais de hoje não são iguais aos que lideraram o golpe contra João Goulart. Mesmo assim, ele se diz preocupado com novos episódios de interferência militar na política. Um dos mais barulhentos foi o tuíte do general Eduardo Villas-Bôas em abril de 2018, na véspera de um julgamento do Supremo Tribunal Federal que poderia libertar o ex-presidente Lula. O então comandante escreveu que o Exército estava aliado aos “cidadãos de bem” e “atento às suas missões institucionais”.

“Aquilo foi uma clara ameaça ao Judiciário. E surtiu efeito”, diz Carvalho. Em janeiro, Villas-Bôas deixou a ativa e virou assessor do governo Bolsonaro. Ele dá expediente no Gabinete de Segurança Institucional, chefiado por outro general de quatro estrelas.
Ao atualizar o livro, o historiador notou que a atribuição de papel político aos militares está em cinco das nossas sete Constituições. A atual diz que as Forças Armadas são organizadas “sob a autoridade suprema do presidente da República” e podem ser acionadas pelos Três Poderes a pretexto da garantia “da lei e da ordem”.
“Isso é uma contradição em termos. E se o presidente resolver fechar o Congresso?”, questiona o historiador. “Parece haver um acordo tácito em torno da ideia de que a República ainda precisa dessa bengala”, critica.
Embora as pesquisas mostrem que as Forças Armadas são a instituição mais respeitada pelos brasileiros, Carvalho diz que as trapalhadas do presidente podem afetar a imagem dos militares. “Com toda a maluquice do Bolsonaro, eu esperava que ele aprendesse alguma coisa no cargo”, comenta. A última “asneira”, nas palavras do historiador, foi a indicação do filho para chefiar a embaixada do Brasil em Washington. “O familismo é típico de governos autoritários”, sentencia. [caso o acadêmico esteja certo, Rodrigues Alves que nomeou um civil para o cargo de embaixador em Washington, cometeu uma asneira, Getulio, incorreu no mesmo erro, Castelo Branco, idem, todos nomearam pessoas de fora da carreira para aquele cargo.]

Bernardo Mello Franco

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Três ideias de hospício numa canetada só ou Supremo uma confraria de juízes sem juízo

Com uma canetada só, Marco Aurélio Mello acrescentou três ideias de hospício a um quadro político que implora por sensatez. A primeira foi a invenção do impeachment do vice. A segunda transfere do Congresso para o Supremo Tribunal Federal deliberações sobre pedidos de impeachment. A terceira estabelece que uma mesma pedalada pode ser criminosa ou não. Depende de quem pedala.  Marco Aurélio repete há meses que as pedaladas bandalhas de Dilma Rousseff não servem como justificativa legal para o afastamento da presidente.  

Mas resolveu nesta manhã que Michel Temer precisa ser julgado por pedaladas que só o ministro enxergou. Ainda bem que as inovações sem pé nem cabeça, como constatou o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, serão sepultadas pela maioria do STF.

Ainda assim, é perturbador constatar a expansão da epidemia de maluquice no cume do Poder Judiciário. Se não for contida, acabará reduzindo o Supremo a uma confraria de juízes sem juízo.

Fonte: Coluna do Augusto Nunes