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terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Quando a impunidade mata

Urge que o Estado aja com firmeza para que os culpados realmente paguem pelo que fizeram – dos empresários que colocaram vidas em perigo até os funcionários públicos, que se omitiram criminosamente

O Brasil parece incapaz de punir quem age de maneira irresponsável e coloca em risco a vida de terceiros. Se o fizesse, conforme mandam a lei e os imperativos morais, quase com certeza tragédias como a ocorrida em Brumadinho (MG) não ocorreriam.

Em meio à comoção geral que esses terríveis eventos suscitam, autoridades se apressam a prometer rigor na investigação dos fatos, na identificação dos culpados e na edição de medidas para impedir que os desastres se repitam. As empresas envolvidas pedem desculpas e se comprometem a renovar seus protocolos de segurança, e o Ministério Público promete caçada implacável aos criminosos. O País já viu esse filme incontáveis vezes, sempre com o resultado da impunidade geral.
Espera-se que, ante as centenas de vítimas soterradas sob 12 milhões de metros cúbicos de lama e rejeitos de mineração, nesse desastre de proporções inéditas que cobriu o País de vergonha e indignação, os responsáveis sejam devidamente castigados, à altura do crime cometido. Pois é de crime que se trata. 

Mas o fato é que, passados alguns dias da ruptura da barragem da mineradora Vale, tudo se repete como nas tragédias anteriores. O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, pediu “desculpas a todos os atingidos, à sociedade brasileira”, embora considere o desastre “indesculpável”. Em seguida, porém, assegurou que a Vale, “uma empresa muito séria”, “fez um esforço imenso” e tomou “uma lista infindável de ações” para “deixar nossas barragens na melhor condição possível” – tudo isso, disse o executivo, “especialmente depois de Mariana”. 

A cidade mineira de Mariana virou sinônimo de tragédia ambiental em novembro de 2015, quando houve ali a ruptura de uma barragem de rejeitos de mineração, soterrando sob 43 milhões de metros cúbicos de lama vários distritos da região, matando 19 pessoas e causando o que até agora era considerado o maior desastre ambiental da história do Brasil. A barragem era de responsabilidade da mineradora Samarco, controlada por uma joint venture entre a Vale e a mineradora anglo-australiana BHP Billiton. Na ocasião, a direção da Samarco também garantiu ter cumprido todas as exigências de segurança para prevenir acidentes como aquele.

Ou as empresas envolvidas nessas tragédias faltam com a verdade quando dizem ter seguido todos os procedimentos de segurança, ou esses procedimentos são evidentemente insuficientes. Tanto em Mariana como em Brumadinho, as barragens eram consideradas de “baixo risco” de acidente pelas autoridades responsáveis pela fiscalização. Não é preciso ser especialista para concluir que há algo de errado nessas avaliações, até porque, nos dois casos, não houve acidente natural. O que houve foi a escolha deliberada de tipos de barragem de baixo custo e alto risco, acrescida de fiscalização e controle no mínimo desidiosos.

Depois do que aconteceu em Mariana, esperava-se que a comoção nacional gerasse ações concretas para impedir sua repetição. Na ocasião, constatada a insuficiência da fiscalização, foram feitas promessas de maior rigor na manutenção das barragens e garantiu-se que haveria reparação para as famílias atingidas. Três anos depois, a fiscalização continua insuficiente, poucas famílias receberam indenização e nenhum executivo ou autoridade respondeu por seus atos ou omissões.
O governo montou um “gabinete de crise” para acompanhar os desdobramentos do desastre de Brumadinho, mas a maior crise a ser administrada é moral, e isso “gabinete de crise” nenhum será capaz de fazer.

A tragédia de Mariana, os deslizamentos de terra que mataram centenas de pessoas em morros do Rio de Janeiro, o incêndio da boate Kiss, que matou 242 pessoas há cinco anos, e outras catástrofes que revoltaram os brasileiros nos últimos tempos têm algo em comum entre elas, além do grande número de vítimas: em nenhum dos casos, os responsáveis foram punidos. E a sequência dos casos sinistros é a evidência de que “fiscalização”, para o poder público, é um amontoado de letras sem qualquer significado. Agora, no caso de Brumadinho, urge que o Estado aja com firmeza para que os culpados realmente paguem pelo que fizeram – dos empresários que, além de arriscar seus capitais, colocaram vidas em perigo, até os funcionários públicos, que se omitiram criminosamente. Aí está a chave para evitar que tais desastres se repitam.

Opinião - O Estado de S. Paulo


 

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Quase dez dias após a tragédia de Mariana, governo se manifesta da forma habitual: aplicar multas e fazer promessas

Catástrofe em Mariana terá cobrança rígida do governo, diz ministra

Segundo Izabella Teixeira, a Samarco será obrigada a fazer limpeza e reconstituição integral do meio ambiente em toda a região atingida 

[finalmente o contribuinte brasileiro passa a saber que tem um Ministério do Meio Ambiente, conhece sua titular (especialista em que mesmo? ou é igual ao Lobão, ministro da energia, que só no ministério aprendeu a diferença entre interruptor e tomada?) e se torna sabedor que aquele ministério também pode aplicar multas e fazer promessas.]

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que o governo federal vai ser rígido na apuração de responsabilidades pela catástrofe na barragem de Mariana, em Minas Gerais.  Segundo a Izabella, a mineradora Samarco, controlada pela Vale e pela BHP, será obrigada a fazer toda a limpeza e reconstituição integral do meio ambiente em toda a região atingida pelo rompimento das barragens. Sobre a aplicação de multa, Izabella disse que ainda aguarda mais informações sobre as causas do acidente e ações da empresa, mas garantiu que o governo não vai flexibilizar sobre o assunto.


"Temos que verificar as condições, o Ibama está monitorando tudo e terá relatórios de danos. Se couber aplicação de multa federal, nós aplicaremos. Nós seremos rígidos. Não tem essa história de achar que a pessoa não pune. Vai ter punição. Tem que, pela legislação brasileira, restaurar ambientalmente, a empresa terá que fazê-lo. Não podemos dizer quais são as causas, mas a responsabilidade legal é da empresa", disse Izabella.

Na segunda-feira, a ministra tem um encontro agendado com os governos de Minas Gerais e Espírito Santo para discutir o tema, além de tratar de possíveis mudanças nas regras do licenciamento e fiscalização ambientais. "O governo federal atua de maneira coordenada com o Ministério da Integração e Defesa Civil. Colocamos todos os nossos insumos à disposição. Temos de verificar o caráter preventivo e se a legislação que está proposta é suficiente ou não para fazer esse enfrentamento. Minas Gerais tem sido alvo de rompimentos de barragens, e esse acidente não está associado a período de chuvas", afirmou a ministra.
No momento atual, os esforços se concentram em socorrer as vítimas, apoiar as famílias e adotar ações para garantir o abastecimento de água da região suportada pelo Rio Doce, que segue para o Espírito Santo.  "É um desastre de dimensão catastrófica. Para você ter uma ideia, se a gente comparar o volume de lama desse acidente, chega a ser até seis vezes o volume do maior acidente nacional ocorrido nos últimos dez anos. O maior incidente nesse período foi de 10 milhões de metros cúbicos, esse é de 50 milhões", comentou a ministra. 


Segundo Izabella Teixeira, os impactos na fauna são extremamente graves, envolvendo mortandade de peixes e animais de pequeno porte, além de afetar áreas da floresta de preservação permanente.


Fonte: Estadão Conteúdo 



terça-feira, 10 de novembro de 2015

Menina de cinco anos é a quarta vítima fatal da tragédia de MG



Mais uma pessoa dada como desparecida foi encontrada com vida
A prefeitura de Mariana, em Minas Gerais, informou no início da tarde desta terça-feira que uma menina de cinco anos foi identificada como a quarta morte em decorrência do rompimento das barragens de mineração no distrito de Bento Rodrigues. A vítima é Emanuele Vitória Fernandes. 

Ainda segundo a prefeitura uma senhora de 65 anos foi encontrada com vida. Com isso, o número de desaparecidos agora é de 22 pessoas. Enquanto as buscas em Bento Rodrigues continuam por tempo indeterminado, a onda de lama avança pelo leito do Rio Doce em direção ao Espírito Santo. A previsão é de que os rejeitos da mineração chegassem durante a madrugada de hoje, em Baixo Guandu, a 186 km de Vitória. Pela manhã, a lama ainda não havia aparecido, mas moradores já ocupavam uma ponte da cidade, que passa sobre o Rio Doce, movidos pela curiosidade. Enquanto isso, a Defesa Civil mobilizava carros de apoio ao abastecimento de água, e 12 escolas permaneciam fechadas.

SECRETARIA SUSPENDE LICENÇA DA SAMARCO
A secretaria estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais suspendeu a licença da mineradora Samarco, responsável pela barragens, para exercer qualquer atividade no município de Mariana.

De acordo com a secretaria, A Samarco só está autorizada a desenvolver ações emergenciais na cidade, ou seja, aquelas voltadas para minimizar o impacto do rompimento das barragens e prevenir novos danos. Ainda de acordo com o governo, a empresa só poderá retomar as atividades após a apuração e a adoção de medidas de reparo dos danos provocados pelo rompimento das barragens.

O Ministério Público do estado recomendou à Samarco que garanta ao menos um salário mínimo para cada família atingida pelo acidente a partir de dezembro, informou o promotor Guilherme de Sá Meneghin, na manhã desta segunda-feira.

Na noite de domingo, o MP entregou um documento com cinco providências a serem tomadas pela empresa. Além de uma remuneração básica mensal para cada família, a instituição pede que seja elaborada uma relação com os nomes de todas as pessoas afetadas pela tragédia, que sejam identificadas as necessidades dos atingidos, um cronograma para que os desabrigados em hotéis sejam realocados para moradias e um plano de reparação às vitimas.

Fonte: O Globo