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quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Os negros são de direita - Revista Oeste

Cristyan Costa

Resultado das eleições sepultou a tese segundo a qual apenas a esquerda representa as minorias

Candidatos negros eleitos dos partidos de direita | Foto: Montagem Revista Oeste/Redes Sociais/Reprodução 

Candidatos negros eleitos dos partidos de direita | Foto: Montagem  Revista Oeste/Redes Sociais/Reprodução

Por meio de um longo processo de cooptação cultural, a esquerda monopolizou uma série de bandeiras. 
Preservação do meio ambiente, combate ao analfabetismo e defesa das mulheres, dos pobres, dos gays e dos negros, por exemplo, são vistos por muitos como pautas defendidas exclusivamente pelos autodenominados progressistas. 
Nas escolas e nas universidades, militantes fantasiados de professores ensinam todos os dias que esses são os únicos porta-vozes das “minorias”. Já a “direita” é apresentada como reacionária, egoísta, fascista e preconceituosa, sobretudo com pessoas discriminadas e em vulnerabilidade.

Contradizendo essa narrativa, as eleições deste ano mostraram o Brasil real. Os partidos de direita foram os que mais elegeram candidatos que se autodeclararam pretos ou pardos para a Câmara dos Deputados. Somadas, as legendas conservadoras, de centro e de esquerda registraram a vitória de 135 candidatos desse público (108 pardos e 21 pretos), o equivalente a 25% da Casa. Brancos são 387, totalizando 75% dos representantes. Diferentemente do que diz a esquerda sobre a “falta de interesse” desse público por política, o número de candidatos negros aumentou. Neste ano, foram 4,8 mil, ou cerca de 50% dos pouco mais de 10 mil postulantes. Em 2018, foram 3,5 mil (42% de 8,6 mil).

Em 2018, deputados federais negros eleitos eram 123 (102 pardos e 21 pretos) e corresponderam a 24,5% na formação da Casa. Os dados sobre a cor dos candidatos começaram a ser coletados em 2014. Naquele ano, a composição da Câmara dos Deputados pós-votação ficou em 20% de negros e 80% de brancos. A regra que prevê maior distribuição do fundo partidário às siglas que conseguissem mais votos para negros e pardos ajudou a influenciar no aumento da representatividade no Congresso.[ninguém pode obrigar o eleitor a votar em candidato que ele não queira;  
mas, os partidos políticos, especialmente os nanicos, podem na busca por mais dinheiro do fundo partidário, dificultar que candidatos não pardos e não pretos se candidatem. 
É um 'sistema de cotas' que restringe a liberdade do leitor de escolher seu candidato - a escolha só pode ser efetuada entre os registrados em um partido político.]


A representatividade em números

O maior número de parlamentares negros eleitos neste ano é do Partido Liberal (PL), do presidente Jair Bolsonaro, diariamente chamado de racista pelos adversários
A sigla do chefe do Executivo conseguiu garantir 25 assentos para parlamentares desse segmento na Casa. O deputado Hélio Negão (RJ) é um deles. “Eleitores conservadores elegem mais negros porque a direita não enxerga a cor da pele”, constatou o congressista. “A direita vota em quem pode melhor representá-la, e isso, naturalmente, leva à escolha de negros, brancos e de indivíduos miscigenados, todos eleitos sem ter a cor da pele como cabo eleitoral.”
Hélio Lopes, deputado federal reeleito | Foto: Carolina Antunes/PR

Segundo Hélio, a sociedade aumentou a sua representatividade real no Congresso porque, finalmente, encontrou figuras que falaram aquilo que resume a vontade da maioria, diferentemente do discurso propagado pela esquerda. “Há mais parlamentares que pensam, lutam, votam e atuam como esperam aqueles que lhes conferiram os seus mandatos”, afirmou Hélio.Seremos como anticorpos aos partidos de esquerda”, prometeu. Eles pretendem nos levar, progressivamente, à barbárie, atacando a vida, a propriedade, a família, a religião, a liberdade e querem saquear o bolso de todos os brasileiros.”

A deputada Silvia Cristina (PL-RO) é outra parlamentar negra eleita por um partido de direita. Segundo ela, os eleitores não aprovam a tese de que só a esquerda cuida das minorias. “Os brasileiros entenderam que o combate ao racismo, por exemplo, é também uma bandeira da direita”, observou. “Os eleitores conservadores e liberais podem representar as minorias.” Na mesma linha de Hélio, Silvia afirma que os eleitores queriam um posicionamento mais claro das pautas, e isso foi bem identificado pela direita, que conseguiu traduzir melhor o sentimento da maioria, até para receber membros de outras siglas que perderam identidade.

Ex-PDT, Silvia deixou a legenda por não encontrar espaço para a divergência de ideias. “Fui bem recebida no PL e sinto-me bem para expor minhas ideias”, disse. “Quando estive no PDT e fiz votações contrárias, ficou ruim, porque eu queria que eles entendessem a minha regionalidade”, lembrou Silvia. “Levaram isso como uma afronta aos interesses da cúpula, mas eu estava defendendo o meu eleitorado. Cheguei a responder um processo disciplinar. Já no PL, fui bem acolhida e tratada de maneira respeitosa.”

“A nova bancada de negros na Câmara mostrou que não somos pets na coleira da esquerda”

Também o Republicanos registrou uma vitória expressiva de candidatos pretos ou pardos para a Câmara. Foram 20 nesta disputa, sendo um deles a deputada Rosângela Gomes (RJ). Na sequência, outras legendas que se põem à direita do espectro político e elegeram negros foram o União Brasil (17) e o Partido Progressistas (15).

Maior representante da esquerda na próxima legislatura, o PT terá menos de um quarto de parlamentares pretos ou pardos entre seus novos integrantes na Câmara (23%). A sigla de Lula, que reivindica para si o protagonismo da defesa das minorias, elegeu 16 deputados federais negros, ocupando o quarto lugar quando o assunto é eleger esse público. O desempenho é mais vergonhoso nas demais siglas de esquerda. Seis candidatos pretos ou pardos foram eleitos para a Câmara pelo PDT, quatro pelo PCdoB, dois pelo PV, dois pelo PSB e um pela Rede Sustentabilidade.

Legendas de centro tiveram uma contribuição relativamente melhor que os satélites do PT. As urnas mostraram que negros e pardos conseguiram oito vagas pelo MDB, seis pelo PSD e cinco pelo Podemos. Na sequência, dois foram eleitos pelo Avante, dois pelo Pros e um pelo Solidariedade. Cidadania, Novo, Patriota, PSC, PSDB e PTB não elegeram nenhum deputado pardo ou preto. Proporcionalmente, entre as maiores bancadas, o Republicanos é o partido com maior presença de pessoas declaradas negras em sua lista de eleitos (49%), seguido de PP (32%), União (29%) e PL (25%).

Perda de força e de identidade
Desde a Lava Jato, o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e a eleição de Jair Bolsonaro, a esquerda brasileira vem perdendo força no cenário político. A desidratação é nítida no Parlamento. Sem pautas nem representatividade, os partidos “progressistas” juntaram-se em federações para sobreviver no Congresso. 
A maioria dos nomes que a esquerda elegeu neste ano é da velha guarda. Os políticos tradicionais esperam ainda a volta de Lula para continuar com os aparelhos ligados na UTI.

O cientista político Márcio Coimbra, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, afirma que a esquerda diminuiu por perder controle sobre núcleos da sociedade que dominou no passado, em virtude de alguns fatores sociais, a partir dos protestos em 2013. “Aos poucos, com maior abertura do processo político e com a entrada da direita no poder, houve a penetração do espectro político nesses grupos”, disse. Segundo o especialista, essa perda de poder ficou mais acentuada com a Operação Lava Jato e o fortalecimento do sentimento antipetista. “Mulheres, gays e negros começaram a procurar outras ideologias políticas”, observou Coimbra. “A direita aprendeu a dialogar.”

“Os partidos de direita souberam organizar-se”, afirmou Manuel Furriela, cientista político e professor da FMU. “A direita fez uma análise muito bem-feita da sociedade, identificando os aspectos religiosos e econômicos de seu público.” O especialista disse que a onda de direita não é uma jabuticaba brasileira. “França e Itália, por exemplo, são países que escolheram representantes com plataformas econômicas pró-mercado. Esse espectro político soube fazer uma análise mais aprofundada da sociedade e mostrou que veio para ficar.”

Negro, o pastor e produtor musical Wesley Ros, crítico do racismo estrutural e um dos poucos a divergir do pensamento do establishment de esquerda, diz esperar que a onda conservadora no Congresso seja uma tendência. “A esquerda usa as minorias na intenção de dividir e conquistar”, observou Ros. “Uma vez que nos unimos, desmontamos a arquitetura que existe dentro da ‘senzala ideológica’. A nova bancada de negros na Câmara mostrou que não somos pets na coleira da esquerda.”

Leia também “O Congresso é a cara do Brasil”

Cristyan Costa, colunista - Revista Oeste

 

segunda-feira, 2 de maio de 2022

Perseguição implacável - Gilberto Simões Pires

CORTE FURIOSA
Ontem, 28, o Supremo Tribunal Federal de Exceção, deu continuidade à interminável e implacável perseguição que tem por objetivo exterminar, já no nascedouro, toda e qualquer medida proposta pelo atual governo. Desta vez, a CORTE FURIOSA se reuniu para DERRUBAR E SEPULTAR TRÊS DECRETOS que restringiram a participação popular e de governadores em órgãos ambientais federais. Mais: na mesma sessão, cheios de ódio do povo brasileiro, trataram de proibir, por unanimidade (10 votos a zero), a concessão automática de LICENÇAS AMBIENTAIS a empresas que representam, no entender exclusivo da Corte, risco médio ao meio ambiente.

PLEITOS IDEOLÓGICOS
O que mais chama a atenção, certamente, já não é o constante ÓDIO DESTILADO pela maioria dos ministros do STF contra o presidente Jair Bolsonaro, fator determinante para que a Instituição ignore por completo o que se entende por JUSTIÇA, mas o fato de que todas as ações apresentadas por partidos de esquerda, neste caso o PSB (que não por acaso é membro do Foro de São Paulo) além de serem apreciadas com enorme celeridade são julgadas e decididas sempre com o propósito de satisfazer os pleitos ideológicos, pouco importando à que se referem.

IDEOLOGIA DO ATRASO
Como de hábito, quando o STF toma qualquer decisão que vá contra os interesses e vontade do governo, a MÍDIA ABUTRE, que se nutre e propaga a mesma IDEOLOGIA DO ATRASO, já tem a frase pronta, que diz: - O GOVERNO FOI DERROTADO -. Ora, na mais pura realidade, quem perdeu foi a sociedade brasileira, que se vê impedida de fazer o Brasil avançar e se desenvolver.

TUDO CONTRA A SIMPLIFICAÇÃO E DESBUROCRATIZAÇÃO

Pasmem: o PSB questionou a alteração feita pelo governo na Rede Nacional para a SIMPLIFICAÇÃO DO REGISTRO e da Legalização de Empresas e Negócios (Redesim), que DESBUROCRATIZA a emissão de autorizações, mas passou a conceder automaticamente alvarás de funcionamento e licenças para empresas enquadradas em atividade de grau de risco médio, sem que fosse realizada qualquer análise humana. Pode? Tem mais: o PARTIDO SOCIALISTA ainda acusou o governo de impossibilitar os órgãos de licenciamento de pedirem informações adicionais às empresas para checar a regularidade do trâmite. Duro, não?

CEREJA DO BOLO

Para terminar, aí vai a CEREJA DO BOLO, que foi colocada pela ministra-relatora, Cármen Lúcia, ao dizer que "Essa simplificação para emissão do alvará de funcionamento e de licenças de empresa nos casos em que o grau de risco da atividade seja considerado médio - OFENDE AS NORMAS CONSTITUCIONAIS de proteção ao meio ambiente, em especial o princípio da precaução ambiental". Constituição, ministra? A senhora, há muito tempo, pelas decisões que toma, simplesmente ignora a Constituição Federal! 

Ponto Crítico - Gilberto Simões Pires


quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Ambientalistas que não se importam com o meio ambiente - Revista Oeste

  Theodore Dalrymple

Eles supõem que aqueles que não compartilham suas doutrinas ou seus dogmas não se importam com o bem-estar daquilo que eles afirmam promover 

Se tem uma coisa com que os ambientalistas parecem não se importar é com o meio ambiente. Pelo menos se o meio ambiente incluir seu aspecto visual, como certamente deve ser o caso. Eles se importam tão pouco com essa questão que seria possível supor que essas pessoas acreditam que o sentido da visão é tão desimportante para o ser humano quanto é para as toupeiras. Os olhos dos ambientalistas foram substituídos por sensores de gás carbônico: eles sabem quanto dióxido de carbono existe na atmosfera, mas não notam a absoluta feiura do que instalaram para salvar o planeta.

Em Paris, a prefeita socialista Anne Hidalgo, que faz parte de uma coalisão com aqueles que se autointitulam os Verdes, está tão empenhada em encorajar os ciclistas e desencorajar os motoristas que solicitou que as ciclovias fossem isoladas por muitos quilômetros das ruas parisienses por horrendos blocos de concreto e postes de plástico sujos. De um só golpe, ruas que costumavam ser elegantes ou charmosas foram transformadas em favelas visuais.

Nem é preciso dizer que os blocos de concreto atraíram pichações como ímãs atraem limalhas de ferro. E é extremamente improvável que as emissões dos veículos motorizados tenham sido reduzidas. Na verdade, é uma punição aos motoristas, uma vez que as ciclovias congestionaram tanto as ruas que os veículos agora passam o dobro de tempo em engarrafamentos. Mas, claro, o que conta para os ideólogos é a pureza de suas intenções. Eles querem que o mundo se torne menos poluído, então suas ações precisam produzir isso.

Londres não está melhor. Recentemente, fiquei preso duas vezes, por um total de 50 minutos, em congestionamentos em uma movimentada via pública, porque uma pista larga tinha sido fechada e reservada para o uso dos ciclistas. Durante 50 minutos, vi um motociclista usar a via, o que incidentalmente atraiu palavrões da mesma forma que os blocos de concreto atraíram a pichação. É dessa forma que os ambientalistas querem salvar o planeta. Percorri os últimos metros do meu trajeto a pé, porque era mais rápido andar do que continuar no táxi.

O desenho criminalmente incompetente de Brasília
Cada vez mais o campo, até mesmo nas regiões mais bonitas da Inglaterra e da França, está sendo tomado por turbinas de vento terrivelmente feias. Elas estão se tornando não só mais numerosas, mas ainda maiores: o plano é que algumas cheguem a 240 metros de altura. É difícil não ver nisso uma aliança entre os ideólogos da ecologia e os lobistas corruptos e corrompíveis da indústria.

Pessoas comuns, que vivem no entorno, abominam as turbinas eólicas que pairam sobre elas como monstros malignos, impossíveis de ignorar ou retirar do campo de visão, que fazem um barulho horrível e matam o que resta da avifauna. Além do mais, está longe de ser uma certeza que elas reduzam as emissões de carbono. Foi estimado que as turbinas de vento na França não funcionam a mais do que um quarto de sua capacidade porque o vento não sopra o tempo todo. 

Consequentemente, o fornecimento de eletricidade precisa ser garantido por outras formas de geração de energia, cuja substituição era o propósito das turbinas. Sem contar o custo ambiental de fabricar essas coisas horríveis. Mas, mais uma vez, seu aspecto visual e sua profanação da beleza não contam para os ambientalistas. Para eles, a beleza não significa nada. A pretensa redução de monóxido de carbono significa tudo.

Vivemos em uma era de ideias. E, infelizmente, elas costumam ser ruins

Como todos os ideólogos, os ambientalistas supõem que aqueles que não compartilham suas doutrinas ou seus dogmas não se importam com o bem-estar daquilo ou daqueles que eles afirmam promover. Assim, se você fizer objeções às turbinas de vento ou aos blocos de concreto que protegem as ciclovias, eles supõem que você seja a favor da poluição industrial. Mas, na verdade, as únicas pessoas que já foram a favor dessa poluição eram os comunistas de antigamente. Em sua iconografia, eles viam fábricas expelindo fumaça preta no horizonte (do que, de outra forma, seria uma paisagem rural) como um sinal de progresso. Talvez não seja uma surpresa que, em pouco tempo, eles tenham conseguido erigir fábricas cujo principal produto parecia ser a poluição, uma vez que os bens que elas manufaturavam não eram desejados por qualquer pessoa que tivesse uma alternativa.

Sou a favor do transporte público e tento fazer uso dele sempre que possível. Não só porque ele é menos poluente, mas porque ele melhora a qualidade de vida das pessoas, especialmente as pobres. Uma das coisas que me escandalizam sobre o desenho criminalmente incompetente de Brasília é a necessidade que ele impõe às pessoas de usar transporte motorizado para ir a quase qualquer lugar ou fazer quase qualquer coisa. Isso destrói os prazeres da vida urbana, transforma a cidade em um subúrbio sem centro e acaba com a espontaneidade. [prezado articulista: moro em Brasília, gosto de Brasília, sou quase um pioneiro, mas não posso esquecer que muito de Brasília é obra de um arquiteto comunista e, por acaso, alguém já falou que os comunistas sejam  capazes de fazer alguma coisa aproveitável?
Os russos  estão de PARABÉNS por acabar com a farra daquela ONG 'MEMORIAL', sustentada com recursos estrangeiros, cuja finalidade era desfavorecer o passado da União Soviética. Sou ferrenhamente anticomunista, mas, entendo que a Pátria está acima de todos os ideais e seu passado tem que ser usado a seu favor, jamais contra.]
PARABÉNS !!! Presidente Putin.]

As grossas lentes da ideologia
Vivemos em uma era de ideias. E, infelizmente, elas costumam ser ruins. Um intelectual moderno pode ser definido como alguém que segue as próprias ideias até sua reductio ad absurdum, até sua desastrosa conclusão. Mas, em vez de se dar conta de que deve haver algo errado com suas premissas ou sua lógica, ele continua acreditando nessas ideias. Isso permite que supervalorize suas intenções em comparação com as consequências — e quase todo mundo acredita que suas próprias intenções são boas.

Pensei, equivocadamente, que o colapso da União Soviética (o que não significou a queda da KGB, mas o oposto, uma vez que seus membros foram bem posicionados para tomar o poder) colocaria um fim à ideologia como tal, já que, como Solzhenitsyn salientou, foi a ideologia que produziu a grande catástrofe. O que não antecipei com o fim da Guerra Fria é que não apenas os monopólios estatais no antigo mundo comunista seriam desmontados (e em grande parte vendidos para membros da antiga nomenklatura), mas que a ideologia no mundo ocidental também seria desmontada e, por assim dizer, balcanizada, quando não privatizada. Em vez de uma grande ideologia — o marxismo (ainda que ele tivesse variações) —, que atraiu os jovens de boa formação em busca de um sentido para suas vidas, agora temos muitas: da ecologia à transexualidade, passando pelo antirracismo, pelo feminismo e pelo islamismo.

No caso dos ecologistas, desconfio que eles não vejam as turbinas de vento e os blocos de concreto. Ou talvez, para adaptar o grande insight de Sherlock Holmes, eles vejam, mas não enxerguem. Ou talvez tenham lentes ideológicas tão grossas que a realidade mais evidente não consiga chegar a seus olhos.

Leia também O Ocidente escolheu a autodestruição

Theodore Dalrymple, coluniusta - Revista Oeste


sábado, 11 de setembro de 2021

Defesa da vida - Defesa do aborto e do meio ambiente juntos fazem sentido? - Gazeta do Povo

Cristina Graeml

É inacreditável a hipocrisia de alguns ambientalistas que se dizem tão preocupados com a vida na Terra, dedicam seus dias a discutir possíveis soluções para problemas como desmatamento, queimadas, poluição, lixo e as ameaças de tudo isso à flora, fauna e aos humanos (o que não só é legítimo, como muito bem-vindo), mas, de forma absolutamente incoerente, defendem o aborto.

Querem salvar o planeta para salvar o homem, mas defendem matar seus descendentes, os seres humanos mais indefesos, aqueles que ainda nem nasceram, estão na barriga da mãe e não têm voz para se defender sozinhos.  Esta é a pauta absurda que dezenas de “ambientalistas” querem levar para discussão na próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), que será realizada em novembro em Glasgow, na Escócia. Estão propondo que parte dos fundos de combate a mudanças climáticas seja destinada para programas de aborto.

ONGs pró-aborto infiltradas no ambientalismo
Matéria publicada na Gazeta do Povo na última quinta (2), traz o alerta para o absurdo que pode vir a tomar conta de algumas discussões da maior reunião de ambientalistas este ano, a COP26, daqui a dois meses, em Glasgow, na Escócia. ONGs vão sugerir que fundos de combate a mudanças climáticas sejam usados para financiar programas de aborto.

O primeiro absurdo aí é misturar defesa do meio ambiente, e portanto da vida, com morte. É consenso que florestas, rios, mares e a atmosfera devam ser preservados para que esteja garantida a própria sobrevivência das espécies e, portanto, a vida no planeta. Misturar isso com defesa de morte programada ou, para ser bem direta, assassinato de seres humanos, não é apenas desonesto, mas uma flagrante incoerência, para dizer o mínimo.

Tirar dinheiro que pode ajudar na preservação da vida para promover morte é algo inaceitável. É um crime duplo, já que reduz a possibilidade de preservar o planeta e a vida na Terra para bancar a morte de seres humanos.  A reportagem lembra que essa reunião vai acontecer depois da divulgação do último relatório da ONU sobre o clima, que lançou um “alerta vermelho para a humanidade”, nas palavras do próprio secretário-geral da ONU, Antônio Gutierrez.

Era de se esperar que os ambientalistas estivessem empenhados em achar soluções para desativar esse alerta e já chegassem à reunião, em novembro, com propostas palpáveis, que convencessem governos a arregaçar as mangas e começar o serviço que já deveriam estar fazendo há muito tempo. Garantir redução nas emissões de carbono, na poluição e maior combate a desmatamento, queimadas e matança de animais deveria ser a razão única de uma reunião mundial em prol do meio ambiente. Mas eis que aparecem com a “brilhante” ideia de usar dinheiro de combate ao que chamam de mudanças climáticas para financiamento do aborto.

Defesa da vida
Tenho artigos e vídeos publicados em defesa da vida, desmontando argumentos batidos do feminismo radical - como “lugar de fala” e “meu corpo minhas regras” -, como se tudo fosse uma questão de autonomia da mulher, quando na verdade há dois corpos em questão e um deles ainda em formação, sem voz para se defender.

Sempre me pergunto por que não dão “lugar de fala” a quem se dispõe a fazer o papel de advogado dos bebês ou aos pais, que têm 50% de responsabilidade na concepção e do DNA dessas vidas em formação. E por que, propositalmente, ignoram que a mulher tem a opção de se proteger para não engravidar, em vez de deixar para decidir depois que já engravidou. A única resposta que me ocorre é má fé.

Neste artigo não quero me aprofundar na argumentação em defesa da vida, mas recomendo a leitura, na página das Convicções da Gazeta do Povo, de artigo exclusivo sobre o tema, explicando por que este jornal defende a vida desde a concepção.  E sugiro fortemente que você assista, caso ainda não tenha visto, a entrevista que gravei semanas atrás com Hanna Zanin, ativista da Rede Nacional em Defesa da Vida e da Família. É uma jovem de 32 anos, mãe de quatro filhos, que luta contra o genocídio promovido pela indústria do aborto.

COP26 e o “ambientalismo” abortista
O propósito deste artigo é dar mais visibilidade a um tema que figurou entre as notícias da semana aqui da Gazeta esta semana e pode ter passado despercebido a muitos leitores, em meio a tantos títulos mais chamativos com os absurdos da política e da tirania do Judiciário brasileiro. A mim pareceu de extrema preocupação a proposta absurda de algumas ONGs para a pauta da COP26. Ao mesmo tempo, acho relevante escancarar a hipocrisia de parte desses supostos ambientalistas para termos mais noção de que não há só santos nessas reuniões do clima ou mesmo na defesa do meio ambiente.

Há, pelo contrário, muito interesse comercial e más intenções. E, do lado de cá, muita gente embarcando na onda errada ao sair defendendo determinadas pautas sem estudar o assunto e sem se informar direito para saber onde está pisando. Seguem dois parágrafos da reportagem.

"No final do mês de agosto, mais de 60 organizações promotoras do aborto enviaram uma carta ao Governo do Reino Unido em que pedem para incluir o financiamento para "contracepção" em seu orçamento de 11 bilhões de libras (quase 79 bilhões de reais na cotação atual) para o clima."

"Noticiada pelo jornal britânico The Guardian, a carta foi endereçada a Alok Sharma, presidente da COP26, e solicitou que as regras de elegibilidade de financiamento sejam alteradas para permitir que projetos relacionados a remoção de barreiras à saúde reprodutiva (eufemismo amplamente usado para designar o aborto) possam receber os fundos destinados ao clima."

Repare na malícia, na estratégia suja dessas ONGs. Escrevem uma carta para o presidente da COP26, a reunião de Glasgow, na Escócia, já pedindo alteração nas regras para financiamento de ONGs que se dizem defensoras do meio ambiente, permitindo a inclusão de entidades pró-aborto. E aí fingem que querem parte do dinheiro para “contracepção”, como se fosse para comprar pílulas e camisinhas, mas já na frase seguinte se entregam, porque o termosaúde reprodutiva” é sempre usado por abortistas na tentativa de disfarçar seu apoio ao crime de matar bebês no ventre das mães.

Insisto que mesmo que fosse para evitar gravidez indesejada, o que é que isso tem a ver com defesa do meio ambiente? Tem cabimento ONGs abortistas se infiltrarem na discussão sobre mudanças climáticas e defesa do planeta e ainda quererem roubar parte do dinheiro destinado à fiscalização de ataques a áreas protegidas ou a programas de despoluição de rios e oceanos?

Espero, sinceramente, que esse tipo de pedido seja ignorado pela organização da COP26 e que as ONGs que verdadeiramente se preocupam com a vida na Terra se manifestem contra isso e não permitam o desvio de verbas destinadas à defesa do planeta para quem promove morte.

domingo, 27 de junho de 2021

No STF, relação com a PF azeda por suspeita de vazamentos a Bolsonaro - Radar

Robson Bonin

Planalto teria demitido Ricardo Salles do Meio Ambiente após receber informações sobre avanços do inquérito no Supremo

Com quem conversou depois de ser exonerado no governo, o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles foi curto ao falar da saída: “Cansei”. Pode até ser que Salles tenha cansado das brigas — foram muitas e em muitas frentes –, mas a ação da Polícia Federal contra ele, como mostrou o Radar, foi o motivo que levou o Planalto a encerrar sua passagem pelo governo.

O avanço sobre os sigilos bancários dele e da mãe dele e o risco de prisão por destruição de provas no celular, enviado aos Estados Unidos para quebra de senha, foram determinantes para que o governo tirasse Salles do cargo — e, por consequência do fim do foro, das garras do STF.

Esse caso, aliás, virou um divisor de águas nas relações dos delegados com o STF. Ministros da Corte têm certeza de que Bolsonaro recebeu informações privilegiadas do caso.

Radar  - Veja

 

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Macron contra a soja brasileira - Editorial

O Estado de S. Paulo

O presidente da França se vale da posição de destaque para difundir acusação infundada. Eis um indício da fama internacional que o Brasil adquiriu nos tempos atuais.

É lamentável que o presidente da França, Emmanuel Macron, difunda desinformação a respeito da produção agrícola brasileira, relacionando a soja nacional ao desmatamento da Amazônia. “Continuar a depender da soja brasileira seria apoiar o desmatamento da Amazônia”, disse o presidente francês, em sua conta oficial no Twitter.

Na continuação, Emmanuel Macron afirmou: “Nós somos coerentes com nossas ambições ecológicas, estamos lutando para produzir soja na Europa”. A coerência com a proteção do meio ambiente deveria levá-lo, em primeiro lugar, a respeitar os fatos. A soja brasileira não tem nenhuma relação com o desmatamento da Amazônia. A acusação feita pelo presidente Macron, sem nenhum apoio nos fatos, enquadra-se inteiramente no conceito de desinformação. Trata-se de uma mensagem equivocada, difundida para confundir o público e causar danos ao concorrente.

A agravar o quadro, Emmanuel Macron se vale de uma posição de destaque para difundir a acusação infundada. Nesta semana, ele comanda a cúpula “One Planet Summit”, formada por cerca de 30 chefes de Estado, empresários e representantes de Organizações Não Governamentais (ONGs). O tema da cúpula neste ano é a preservação da biodiversidade.

O mínimo que se deveria esperar de quem assume tal função é estar informado sobre o meio ambiente, e não difundir informações ecológicas inverídicas. Não faz nenhum sentido que, diante do esforço global para a preservação ambiental, produtores que preservam o meio ambiente sejam acusados de desmatar a Amazônia – e tudo isso para angariar alguns dividendos políticos no seu país de origem. Não é assim que se cuida do planeta.

As informações são públicas e podem ser facilmente acessadas. Não há desculpa para Emmanuel Macron difundir tamanha impropriedade sobre a produção agrícola brasileira. Em primeiro lugar, o Brasil tem uma legislação ambiental que é referência internacional por seu equilíbrio entre a exploração e a conservação da natureza.

Aprovado em 2012, o Código Florestal (Lei 12.651/12) impõe sérias e graves obrigações ao produtor rural em relação à preservação do meio ambiente. As penalidades são grandes e há um sistema de controle, com forte atuação do Ministério Público. Segundo levantamento da Embrapa, as áreas de vegetação nativa preservadas por agricultores, pecuaristas, silvicultores e extrativistas somam 25% do território brasileiro. “Não há país do mundo no qual o setor agrícola dedique tanto patrimônio e recursos à preservação do meio ambiente”, avalia Evaristo de Miranda, diretor da Embrapa Territorial.

Além disso, a própria produção agrícola brasileira é referência no mundo inteiro, precisamente por sua produtividade estar aliada à preservação ambiental. A notável expansão da produção agrícola nas últimas décadas – num período de pouco mais de 40 anos, a produção de grãos cresceu quase seis vezes – não se deu em razão do aumento da área cultivada.

O crescimento ocorreu pelo aumento de produtividade por hectare, com a modernização das técnicas de plantio e cultivo, junto ao uso crescente de tecnologia. O campo tem produzido mais não porque avança sobre a Amazônia, como deu a entender Emmanuel Macron, mas porque tem feito render mais cada hectare de terra. 

[Saiba mais sobre  sobre os devaneios e mentiras do presidente francês:

O ousado plano de Macron para acabar com a dependência da soja do Brasil
Emmanuel Macron prometeu muito, mas não fez nada”, tuitou Jean-François Julliard, diretor do Greenpeace França.

Macron criou a “mentira perfeita” ]

A acusação do presidente francês trouxe uma informação completamente equivocada, que pode ser facilmente refutada por dados básicos sobre o tema. Mas ele a publicou no Twitter, como se fosse uma verdade evidente, a dispensar provas. Eis um indício da fama internacional que o Brasil adquiriu nos tempos atuais.

Com sua determinação de criticar qualquer iniciativa de proteção ambiental, o presidente Bolsonaro transmite mundo afora a absurda ideia de que os produtores rurais só querem desmatar e queimar. É grave o erro de Jair Bolsonaro, assim como é grave o erro de Emmanuel Macron. Com relevante histórico de preservação ambiental, a produção de soja brasileira deveria receber aplausos, em vez de ser objeto de grosseiras mentiras.

Editorial - O Estado de S. Paulo - 14 janeiro 2021