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sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Morte clínica do Congresso: deputados e senadores não servem para mais nada - Gazeta do Povo

J.R. Guzzo

O Congresso Nacional não existe mais – ocorreu, ali, o que os médicos chamam de “morte clínica”, quando o organismo ainda está biologicamente vivo, mas não tem mais circulação sanguínea, respiração e batimentos cardíacos capazes de sustentar a vida de um ser animado. Câmara e Senado continuam de portas abertas, pagam os salários de todos os seus dependentes (são os parlamentares mais caros do mundo) e até aprovam aumentos para eles próprios e os seus senhores do Poder Judiciário, mas já não respondem mais a estímulos internos ou externos de qualquer natureza.

Não servem rigorosamente para mais nada, do ponto de vista do interesse público. Suas decisões não contam para coisa alguma – tanto faz, na verdade, se decidem ou não, porque quem faz as leis é o Supremo Tribunal Federal. [apesar de na Constituição Federal constar que quem tem competência para fazer as leis é o PODER LEGISLATIVO = CONGRESSO NACIONAL. Diga-se de passagens que quando não agradam a um ministro do STF podem ser suspensas = na prática, revogadas = por uma canetada democrática de um supremo ministro.] É dali que saem, na vida real, as ordens a serem obedecidas pela sociedade brasileira.

A morte do Congresso vem se fazendo por etapas, com a participação ativa dos presidentes da Câmara e do Senado – os mais destrutivos da história parlamentar do Brasil, em sua obediência cega ao STF e, agora, ao novo governo. Sua última obra, que veio junto com o escândalo do aumento na remuneração, foi aprovar a licença para Lula gastar 145 bilhões de reais acima do que a lei permite – um assalto explícito ao Tesouro Nacional e, pior que isso, uma perfeita palhaçada.

 

Deputados e senadores, eleitos pela população, só podem fazer o que o STF permite, não têm mais liberdade de se manifestar fora do Plenário (talvez nem dentro, pelo jeito que vão as coisas) e podem ser presos até por nove meses, sem o mais remoto fundamento legal, se um ministro assim quiser. Não reagem a mais nada que o STF decida. Estão vivendo na base de aparelhos – no caso, do dinheiro público, de seus negócios privados e da submissão completa à “corte suprema” e a um segundo patrão, o futuro governo Lula.

Não fez nenhuma diferença a sua aprovação – o Supremo já tinha decidido que o teto de gastos ia ser jogado no lixo e o Congresso mais uma vez, disse “sim senhor”. 
Não fazia e continuará a não fazer nenhuma diferença o que deputados e senadores queiram ou não queiram, ou a vontade dos eleitores que os colocaram em seus cargos; quem vai mandar no Brasil, cada vez mais, é o consórcio STF-Lula, e todo o imenso sistema de interesses que lhe dá apoio.

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Lula diz, e os políticos concordam, que não conseguiria “ajudar os pobres” sem essa montanha de dinheiro arrancada do bolso do pagador de impostos ele nem assumiu o governo, não examinou por cinco minutos nenhum número das contas públicas, mas já quis, antes de qualquer outra coisa, 145 bilhões de reais a mais para gastar. Os “pobres”, obviamente, não têm nada a ver com isso. Mas se tivesse o mínimo interesse em ajudar de fato os “pobres”, por que Lula não pensou em se opor ao aumento para o Legislativo e o Judiciário nem ele, nem o seu partido e nem ninguém? [por tabela,  o salário do presidente eleito, após empossado, será também reajustado = efeito cascata = de forma automática.]

Por que não se cogita, em nenhum momento, de usar os lucros das empresas estatais (foram 250 bilhões de reais, em 2022) [lucro obtido no governo Bolsonaro, no governo do perda total as estatais só davam prejuízos.] para reduzir a miséria? 
Por que a recusa absoluta de redistribuir renda através da redução em um centavo das despesas do Estado, hoje na casa dos 2 trilhões por ano? 
É claro que há parlamentares que não concordam com a destruição do Congresso, nem com a sua anulação diante da vontade do STF e de Lula. Mas estão em clara minoria – e sob ameaça.
 
Os deputados e senadores não têm mais nenhum medo da opinião pública – só têm medo dos ministros do Supremo e das punições que podem receber deles, inclusive por seus problemas com o Código Penal.  
Todos desfrutam do “foro privilegiado”; é o STF que decide se são processados ou se ficam fora da cadeia. 
Têm, hoje, o grande privilégio de obedecer às ordens da ditadura do Judiciário. Enquanto ficarem de joelhos, continuarão com a sua vida de vegetal.  
Se criarem algum problema, vão ser castigados pelo STF e pelo sistema Lula. Já fizeram a sua escolha.

J.R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


domingo, 21 de agosto de 2022

O destino macabro dos cadáveres com batimentos cardíacos

'Cadáveres' com batimentos cardíacos são corpos que tiveram morte cerebral, mas que têm pulso e órgãos que funcionam

Seus corações ainda estão batendo. Eles urinam. Seus corpos não se decompõem e eles estão quentes ao toque. Seus estômagos fazem barulho, suas feridas curam e seus intestinos conseguem digerir alimentos. Eles podem sofrer ataques cardíacos, pegar febre e sofrer escaras. Eles podem corar e suar - e até ter filhos!

E, ainda assim, segundo a maior parte das definições legais e a ampla maioria dos médicos, esses pacientes estão completa e inquestionavelmente mortos. São os cadáveres com batimentos cardíacos - corpos que tiveram morte cerebral, mas que têm pulso e órgãos que funcionam.

Seus custos médicos são astronômicos (até US$ 217.784, ou cerca de R$ 1,12 milhão, por apenas algumas semanas). Mas, com um pouco de sorte e muita ajuda, hoje é possível que o corpo sobreviva por meses - em casos raros, até décadas - mesmo estando tecnicamente morto.

Como isso é possível? Por que isso acontece? E como os médicos sabem que eles estão realmente mortos?

Enterros prematuros
Identificar os mortos nunca foi uma tarefa fácil.

Na França do século 19, havia 30 teorias sobre como dizer se alguém morreu. Elas incluíam desde fixar pinças aos mamilos da pessoa até colocar sanguessugas no orifício anal.

Em outros lugares, os métodos mais confiáveis incluíam gritar o nome do paciente - se ele ignorasse o chamado por três vezes, é porque estava morto - ou pressionar um espelho sob o nariz da pessoa para ver se embaçava.

médico analisando paciente
Getty Images
As primeiras tentativas de verificar sinais de vida incluíram fixar pinças aos mamilos das pessoas

É desnecessário afirmar que nenhum desses métodos convenceu a Medicina.

Até que, em 1846, a Academia de Ciências de Paris, na França, lançou uma competição para encontrar "o melhor trabalho sobre os sinais da morte e os meios de evitar enterros prematuros". Foi quando um jovem médico francês tentou a sorte.

Eugène Bouchut idealizou que, se o coração de uma pessoa houvesse parado de bater, com certeza ela estava morta. Por isso, ele sugeriu usar o recém-inventado estetoscópio para ouvir as batidas do coração. Se o médico não ouvisse nada por dois minutos, o paciente poderia ser enterrado com segurança.

Bouchut ganhou a competição e sua definição de "morte clínica" ficou estabelecida, chegando a ser imortalizada em livros, filmes e na sabedoria popular.

(...)

O desfibrilador foi o primeiro de uma enxurrada de novas e revolucionárias técnicas, que incluíram ventiladores mecânicos e sondas de alimentação, cateteres e máquinas de diálise. Pela primeira vez, você podia perder certas funções do corpo e continuar vivo.

Nosso entendimento da morte estava se modificando, até que a invenção do eletroencefalograma, que pode ser usado para identificar a atividade cerebral, foi o golpe final. A partir dos anos 1950, médicos em todo o mundo começaram a descobrir que alguns dos seus pacientes, que antes haviam sido considerados em estado de coma, na verdade não tinham atividade cerebral.

Na França, o misterioso fenômeno era chamado de coma dépasse (literalmente, "estado além do coma", em francês). Eles haviam descoberto os "cadáveres com batimentos cardíacos" - pessoas cujos corpos estavam vivos, mas seus cérebros estavam mortos.


cérebro
Getty Images
O cérebro usa até 25% do oxigênio do nosso corpo. Por isso, ele é o primeiro órgão a morrer quando paramos de respirar.

(...)

O que nos traz de volta àquela eterna questão médica: se o seu coração ainda está batendo, como os médicos podem afirmar que você está morto?

Inicialmente, os médicos identificavam vítimas de coma dépasse verificando a ausência de atividade cerebral em um eletroencefalograma. Mas havia um problema.

O álcool, a anestesia, algumas doenças (como a hipotermia) e muitos remédios (incluindo o ansiolítico diazepam, ou Valium) podem "desligar" a atividade cerebral, ludibriando assustadoramente os médicos, que podem pensar que o paciente está morto.

(...)

"outras questões."

E tudo pode ficar muito mais complicado em breve. Atualmente, os médicos estão sujeitos à "regra do doador morto", que determina que nenhum órgão pode ser removido antes da morte da pessoa - o que significa total morte cerebral ou coração que já parou de bater. Mas algumas pessoas, incluindo Veatch, acham que isso precisa mudar.

Eles propuseram a definição de "cérebro superior", que significa que uma pessoa não está morta quando seu coração para de bater, nem mesmo quando ela para de respirar. Uma pessoa está morta quando perde sua "personalidade".

As pessoas com partes fundamentais do cérebro intactas e a capacidade de respirar independentemente estariam mortas, desde que não pudessem mais ter pensamentos conscientes.

Com essa definição ampliada, os médicos de transplantes teriam acesso a um conjunto muito maior de potenciais doadores que os disponíveis atualmente e poderiam salvar um número incontável de vidas.

A morte não é um evento, é um processo. Mas, mesmo depois de milhares de anos de tentativas, ainda estamos buscando algo mais definitivo. Não parece que este processo vá acabar em breve.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.

Esta tradução foi publicada originalmente aqui: https://www.bbc.com/portuguese/revista-62571699

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