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terça-feira, 17 de outubro de 2023

Xingu e Gaza - Alexandre Garcia

VOZES - Gazeta do Povo

 

Luta por terra

São Félix do Xingu (PA), em imagem de arquivo.
São Félix do Xingu (PA), em imagem de arquivo.| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
 
São Félix do Xingu, no Pará, está a 1,6 mil quilômetros de Brasília. Gaza está a 10 mil quilômetros. 
Para os brasileiros em geral, Gaza é vizinha e São Félix do Xingu é no fim do mundo. Não sei se é a tal síndrome de vira-lata, diagnosticada por Nelson Rodrigues, em que a vida brasileira vale menos que as outras, ou se é um mecanismo de fuga, identificado por Freud, que faz a gente se interessar menos pelo próprio país e viver algum sonho d’além-mar. 
Faz semanas que fervem os espíritos de brasileiros da Vila Renascer, resultado de um assentamento do Incra em 1994, “indevido”, segundo a Funai, na reserva Apyterewa, de 980 mil hectares, onde em 1998 viviam 218 índios Parakanã. [em um cálculo rápido, pouco mais de 4.000 hectares para cada indígena.] 
 
Veio ordem para desalojar os colonos, que plantam cacau e criam gado de subsistência, e demolir tudo, inclusive a escola. 
Como eles não têm para onde ir, resistem. 
A Força Nacional está lá, helicópteros, Ibama, Funai – e o que acontece tem sido considerado irrelevante pelos pauteiros das redações em geral. 
O que aconteceu em Israel serviu para justificar a omissão com os brasileiros expulsos de território brasileiro.  
Todos esquecemos que foi assim que saímos do litoral; foi assim que passamos por cima da Linha de Tordesilhas. Até que, nesta semana, tivemos o primeiro sangue derramado. Um dos que resistiam recebeu dois tiros – um no tórax e outro no abdômen. 
Notícias de lá contam que o prefeito ligou para o governador Helder Barbalho, que ligou para o presidente Lula, que mandou suspender a operação de retirada.

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Enquanto isso, no Mato Grosso do Sul, a mil quilômetros de Brasília, dois ônibus desembarcam 80 índios em Rio Brilhante, e invadiram uma fazenda de 400 hectares, com 7 mil sacos de soja recém-colhidos e milho por semear. O ex-governador Zeca do PT, hoje deputado estadual, denunciou a invasão na Assembleia e afirmou que ele e Lula pensam o mesmo: garantir os direitos dos indígenas, mas nunca concordar com invasões de terras produtivas. 
Zeca do PT foi quem abriu as porteiras da agropecuária do estado para o candidato Lula se eleger pela primeira vez presidente.
 
Esses episódios mostram uma insegurança fundamental que afeta o território nacional: a insegurança fundiária, agravada após a interpretação do Supremo do marco temporal deixado pelos constituintes
Ela é um dos lados da insegurança pessoal, patrimonial e jurídica, que nos afeta, que torna o futuro imprevisível. 
Quem poderia fazer alguma coisa, o presidente do Senado, declarou em Paris que não vai buscar medidas populares, “porque qualquer instabilidade é muito ruim para o país”
Manter o atual estado de coisas, para ele, é melhor. 
Significa manter o status quo. Vamos fingir que está tudo muito bem, porque afinal, a mais de 10 mil quilômetros de distância, o Hamas quer eliminar Israel e Israel quer eliminar o Hamas. [enquanto discutem quem vai eliminar quem, Israel aprimora sua pontaria bombardeando civis palestinos na Faixa de Gaza e aplicando um bloqueio implacável - cortou o suprimento de alimentos, água, energia,  medicamentos, gás - que atinge homens, mulheres, crianças e idosos que tentam sobreviver naquela região.
A leitura da matéria adiante linkada, publicada em O Globo, é um excelente exemplo do complexo de vira-lata:
 
"Benjamin Netanyahu recebe título de cidadão honorário de Rondônia em meio a guerra com o Hamas

'... De acordo com o decreto legislativo 2.403, de 11 de outubro de 2023, publicado no Diário Oficial desta segunda-feira, e assinado pelo presidente da Casa, o deputado estadual Marcelo Cruz (Patriota), Netanyahu foi merecedor da homenagem "pelos relevantes serviços prestados ao Estado de Rondônia" embora o político israelense nunca tenha pisado na unidade federativa do norte do país...'"]
 
 
Quando e se acabar por lá, estaremos de volta por aqui, desfrutando a paz dos passivos e dos omissos.
 
Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


domingo, 1 de agosto de 2021

CEGOS, OMISSOS, NEGLIGENTES! - Percival Puggina

 Cegos, omissos, negligentes! Será tão difícil entender? Bolsonaro só interessa a nossos adversários por ser o único que pode impedi-los de NOS derrotar.

Desde o início dos governos militares, os conservadores e liberais brasileiros nos demos por satisfeitos e fomos cuidar de nossas famílias, negócios e lazer. Quando teve início a Nova República, que em seus primeiros minutos envelheceu no colo de José Sarney, continuamos voluntariamente exonerados da política.

No outro lado da cena, durante todo o período dos generais presidentes, em momento algum a esquerda parou de trabalhar, seja pegando em armas, seja fazendo política, num persistente trabalho de base para a conquista do poder. Foram 21 anos de omissão até a “redemocratização” e mais 33 anos até 2018! 
Estou falando de mais de meio século sem que nada fosse feito para formar opinião, influenciar os meios culturais e educacionais, criar e robustecer movimentos políticos e partidos, participar dos temas fundamentais da Constituinte, cuidar do indispensável, enfim, para enfrentar a avalanche que estava por vir.

Tão negligentes fomos que, durante 24 anos, nos deixamos representar pelo PSDB.

Agora, que o poder lhes fugiu das mãos e perderam nossos votos, os tucanos voltam a se abraçar aos mesmos radicais com quem andaram durante a elaboração da Carta de 1988. Naquele sinistro período de nossa história legislativa, PSDB e PT puxaram o cordel constitucional tão para a esquerda quanto puderam. Quero, com esta síntese, mostrar o quanto nossa omissão e nosso comodismo, delegando a política para os políticos, foi conivente com os muitos males causados à nação pelo falso progressismo da carroça esquerdista e suas bandeirinhas vermelhas.

Quando penso na eleição de 2018 sob esta perspectiva não tenho como afastar da mente a imagem do ceguinho que encontrou um vintém.

Foi um acontecimento, um fugidio clarão nas trevas, um rápido cair de escamas dos olhos. Num flash, vimos o devir e o dever, mas esmorecemos ante as primeiras contrariedades.  Enquanto retornávamos desgostosos, enojados da política real, ao lusco-fusco de nossos afazeres, clarões de usina eram acesos por nossos adversários.  O presidente eleito não tinha um minuto de sossego. Agiam contra ele todas as demais instituições da República, todos os grandes grupos de comunicação do país, todos os meios culturais, toda a burocracia nacional, todo o aparelho sindical, todo o mundo do crime dentro e fora dos poderes de Estado,

E nós, conservadores e liberais, sem perceber que somos as vítimas reais desses ataques! É a nós que ofendem. Somos o adversário a ser derrotado. Quanto mais derrotas nos impunham, menores ficavam as manifestações de rua... Ora, o Bolsonaro!

O que desejam derrotar e recolher ao último compartimento da vida privada, até que não haja mais vida privada, são nossos valores e princípios, nossa cultura e nossa fé.


Cegos, omissos, negligentes! Será tão difícil entender?
Bolsonaro só interessa a nossos adversários por ser o único que pode impedi-los de nos derrotar.
Somos os únicos que podemos nos salvar
E não será esvaziando nossas manifestações, desestimulando seus denodados organizadores que haveremos de salvar nosso país. 
Vamos exonerar-nos, também, de nossa soberania nas ruas? 
 
Silenciaremos nossa voz, juntaremos os punhos para que mais facilmente algemem nossa liberdade? 
 
Pela ausência, pela abstenção, pelo silêncio, gritaremos ao mundo nossa indignidade como cidadãos?

Estarei mais uma vez no Parcão, hoje, 1º de agosto, logo mais às 15 horas.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.