J. R. Guzzo
A
agropecuária é o maior sucesso que já houve na história econômica do
Brasil.
Há 30 ou 40 anos, a produção rural brasileira não era
praticamente nada – não dava para competir nem com a Argentina
e, no resto do mundo, não passava pela cabeça de ninguém ligar a
palavra “Brasil” a qualquer ideia de agricultura moderna, produtiva ou
eficaz.
Hoje o Brasil é o maior exportador de alimentos do mundo, e está
entre os três maiores produtores – ao lado dos Estados Unidos e China. É
um fenômeno de impacto global.
Em 2022 o País teve mais uma safra de grãos recorde;
o mesmo aconteceu com a carne e demais produtos de origem animal.
O
agronegócio brasileiro exportou US$ 160 bilhões no ano passado, ou quase
50% de todas as exportações nacionais – um número absolutamente vital
para fortalecer as reservas em divisas do País, garantia contra
quaisquer problemas cambiais e elemento chave para a independência
econômica do Brasil.
Em 2023, como resultado do trabalho de 2022, a
produção de grãos deverá passar das 300 milhões de toneladas – de novo,
um recorde
Esse
sucesso extraordinário tem uma razão objetiva, e uma só: é exatamente o
contrário de tudo o que a esquerda, os “movimentos sociais” e os padres
pregam para a área rural.
O êxito do Brasil é resultado direto da
aplicação do capitalismo no campo; é a negação da “reforma agrária”, da
agricultura de “pequenos lotes” e outras ideias mortas que encantam as
cabeças coletivistas há mais de 100 anos.
O
PT, fora do governo, tem feito questão de se apresentar como o inimigo
número 1 do agronegócio.
Agora, de volta pela terceira vez à Presidência
da República - e ao contrário do que fez entre 2003 e 2010 - declarou
guerra ao campo brasileiro tal como ele é hoje.
O BNDES suspendeu linhas
de crédito vitais para a atividade rural.
Foi extinto o departamento do
Itamaraty que dava apoio ao agro brasileiro nas nossas embaixadas
através do mundo.
O Ministério da Agricultura, peça essencial para a
produção no campo, foi esvaziado; inventaram, para tomar suas funções,
um “Ministério do Desenvolvimento Agrário”, entregue ao MST, e
encarregado de sabotar tudo o que está dando certo na área.
O MST, que faz invasões de terras e pratica atos de terrorismo no campo, prega abertamente a destruição do sistema de propriedade rural no Brasil. O que vai fazer, agora que está no poder?
É um caso único de governo que tem como meta substituir o
sucesso pelo fracasso – querem que o agronegócio brasileiro produza,
exporte e cresça menos do que hoje, pois não admitem que exista no País
uma área rural capitalista e bem-sucedida.
Um dos marechais-de-campo da
“equipe econômica” já disse que o Brasil não pode ser “a fazenda do
mundo”; acha ruim o que seria um sonho para qualquer outro país.
Os
demais argumentos contra o agro são do mesmo nível de qualidade. Alegam
que a soja “não alimenta”.
É falso, pois a soja é hoje essencial para a
alimentação humana, inclusive como geradora de proteínas. Também é
integralmente estúpido.
Não se pode comer petróleo, por exemplo - e nem
por isso os países deixam de explorar as suas reservas.
Dizem que a
produção rural brasileira vai para o “estrangeiro” e não alimenta o
“povo”. É o oposto dos fatos. O Brasil só exporta o que não é consumido
aqui dentro; se exporta muito é porque produz muito. Falam, até, que o
agronegócio é o culpado pela “fome” – quando, ao contrário, ele é hoje o
principal responsável pela segurança alimentar do País.
O
governo Lula está trocando os interesses do Brasil pelos interesses do
MST e de outros grupos privados.
Os concorrentes do agro brasileiro no
mercado internacional de alimentos agradecem ao céu.
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo