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segunda-feira, 12 de junho de 2023

Os dilemas de Lula e as estranhas decisões do Judiciário - Alexandre Garcia

Gazeta do Povo - VOZES

Nos próximos dias, Lula terá que tomar decisões difíceis que envolvem o agronegócio, ambientalismo e aliados políticos [Resultado: vai dar ... vai feder e f ... com os brasileiros]

Nos últimos dias, o presidente Lula, na solidão da praia baiana, lá na base naval de Aratu, deve ter pensado muito sobre os seus dilemas, que ele tem evitado voando para o exterior – agora, depois do dia 20, vai para Paris.
Quais são os dilemas? Ele tem que tomar uma decisão: ele não gosta do agro? O agro é fascista? 
O agro é contra ele? Ele adora a Marina e o Ibama? E o ambientalismo? Vai ter que tomar decisões, porque as pessoas ficam esperando. O que vai acontecer?
 
O agro hoje, que tem 300 deputados federais entre os 513, já é uma pesada maioria em praticamente todos os partidos. 
E por outro lado, Lula tem seus amores pelo MST e está meio em rusga com a Marina e com o Ibama. Afinal sai uma ferrovia para escoar grãos, e “ah, mas tem um parque ali, a ferrovia não pode...”. 
E pode explorar petróleo na foz do Amazonas antes que o petróleo perca todo o valor?  
Vamos deixar essa riqueza no solo? Ele vai ter que tomar uma decisão. 
É difícil, mas vai ter que tomar uma decisão.
 
A estranha decisão do STF, que anulou apreensão de 695 quilos de cocaína
E outra decisão muito estranha – eu não comentei aqui ainda – foi a anulação, pelo Supremo, da apreensão de 695 quilos de cocaína num armazém no porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro, porque não houve mandado de busca e apreensão. 
A polícia recebeu uma denúncia anônima, havia indícios fortes do cometimento do crime, e estava lá a prova do crime.  
A Polícia Civil foi a primeira a entrar, mas a Polícia Federal foi chamada, porque era competência dela. E tudo foi anulado.
 
Mas aí eu comparo com o que fizeram com o celular do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Cid: apreenderam o aparelho para ver a história do cartão de vacina, mas na verdade foi para bisbilhotar as mensagens dele. 
Também a busca e apreensão não está aí para fazer bisbilhotagem e quebrar todo o sigilo que é garantido pela Constituição. 
E aí começa: “Ah, parece que nas mensagens fala em golpe e tal”. É um negócio assim, o terreno da fofoca.
 
STF contrariou novamente entendimento do TRE, desta vez para mudar substituto de Deltan
Outra coisa estranha é que mais uma vez o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) é contrariado por Brasília, pelo Judiciário de Brasília. 
Primeiro o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contrariou cassando o Deltan Dallagnol, após o TRE do Paraná considerar o registro dele pleno e legal. Mas depois acharam que sua candidatura era para fugir da possibilidade de, no futuro, ele responder por uma ação disciplinar.
 
E agora a escolha do suplente: O TRE-PR disse que suplente do Deltan deveria ser o pastor Itamar Paim, do PL, que é bolsonarista e teve 47 mil votos nas eleições do ano passado. Mas o Supremo diz que é o Luiz Carlos Hauly, que somou 11 mil votos. 
Ele é do mesmo partido do Deltan Dallagnol – já foi sete vezes deputado federal. Enfim, são coisas que o leigo não consegue entender, né? É meio difícil para o leigo entender.
 
Djokovic tricampeão e as vacinas
Por fim, queria mencionar aqui a vitória do Novak Djokovic no Roland Garros. Tricampeão!  
Ele, que está com quase 100 títulos e mais de mil vitórias, esfrega na cara dos australianos – que, numa atitude obscurantista, como lembra o deputado Osmar Terra (MDB-RS), chegaram a impedi-lo de competir porque não tinha cartão de vacina, e sim um certificado atestando que já havia tido Covid-19 e, portanto, estava com a defesa natural em dia, em ordem, e não tinha como pegar a doença de novo, nem passar para os outros.
 
Pois é. Essas coisas todas acabaram prejudicando, aqui no Brasil, a necessidade de as pessoas tomarem as vacinas normais, já aprovadas, testadas, que não são experimentais. 
 Essa rotina de vacinas, inclusive para as crianças, está sendo prejudicada, infelizmente, pelo que sobrou da experimental. É uma pena isso.

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


domingo, 26 de fevereiro de 2023

O Brasil do agro, o bloco que saiu ileso e Daniel Silveira que segue preso - Alexandre Garcia

Vozes - Gazeta do Povo

Fim da folia

O ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ).| Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

O Rio Amazonas vai assistir a um recorde brasileiro. De Itaituba até Barcarena, que é um terminal lá do ladinho de Belém, vão ser transportadas 70 mil toneladas de grãos de uma só vez, colhidos na região produtora de Mato Grosso, do sul do Pará, etc. 
 E num trajeto aí de uns 1200 quilômetros, o equivalente ou substituindo 1666 caminhões.  
O recorde é um comboio de 35 barcaças juntas, dá uma largura de 75 metros, um comprimento de 364 metros, e uma carga de 70 mil toneladas
Imaginem a racionalidade desse transporte. Já chega lá no porto de exportação. É o Brasil do agro. É por conta da Hidrovias do Brasil esse registro.

Em 1978, folião não tinha medo

Ontem foi terça-feira gorda e saiu às ruas o bloco organizado por jornalistas e intelectuais de Brasília (DF). Foi criado em 1978, eu me lembro, para satirizar o governo. Aliás, jornalismo é a oposição, como diz Millôr Fernandes. O resto são secos e molhados. Não estou vendo isso agora, mas é assim. 
O bloco já saiu de cara satirizando o pacote de abril de Ernesto Geisel, que inventou o senador biônico, aumentou o mandato do presidente, etc. 
E o primeiro versinho da primeira marchinha era (fazendo trocadilho com o aiatolá do Irã): “Geisel você nos atolou, Figueiredo também vai nos atolar”. E ninguém foi preso. Era o governo militar e ninguém foi preso.
 
Estou dizendo isso pra comparar com hoje. Em 1978, debochando de Geisel e Figueiredo, dois generais, e ninguém terminou preso, não. 
Foi todo mundo para a casa. Se é que foi para a casa, não foi para o boteco de novo. Só para a gente comparar e eu vivi aquele tempo
O que estou vivendo agora são pessoas postas em ônibus de repente, sem saber para onde vão, e acabam na prisão, sem saber o porquê.

A marcha estranha do Judiciário
Por falar nisso, acho estranho o que está acontecendo com o Daniel Silveira, o ex-deputado. Está preso de novo. Foi indultado, mas está preso, porque não teria cumprido a ordem judicial de andar de tornozeleira eletrônica, não fazer declarações nas redes sociais e não dar entrevista. Encontraram na casa dele, na batida policial, em Teresópolis, R$ 270 mil. E agora a polícia está perguntando para o Supremo Tribunal Federal se tem de investigar a origem desse dinheiro.

Em primeiro lugar, a gente sabe que ele está com as contas bloqueadas, portanto não pode usar banco.  
E também perguntam a origem dos quatro carros que estavam na casa dele. 
Creio que não são Mercedes, nem Audi, nem BMW, porque se não estaria no noticiário
Mas acho estranho o seguinte: estou registrando isso porque ele não é mais deputado, não tem mais foro privilegiado no Supremo. Ele é primeira instância. E o Supremo já decidiu isso em relação ao Bolsonaro, com as denúncias de partido político, do Randolfe Rodrigues e tal. 
O Supremo já disse que é primeira instância porque o Bolsonaro não tem mais foro privilegiado
Então, não sei por que com o Daniel Silveira ficou diferente. 
São essas coisas que a gente não consegue entender pensando na lógica do devido processo legal, dos hábitos do poder judiciário.

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do povo - VOZES


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Governo Lula troca êxito do capitalismo no campo por interesses do MST - O Estadode S. Paulo

 J. R. Guzzo

Movimento Sem Terra pratica atos de terrorismo no campo e prega abertamente a destruição do sistema de propriedade rural no Brasil

A agropecuária é o maior sucesso que já houve na história econômica do Brasil. 
Há 30 ou 40 anos, a produção rural brasileira não era praticamente nada – não dava para competir nem com a Argentina e, no resto do mundo, não passava pela cabeça de ninguém ligar a palavra “Brasil” a qualquer ideia de agricultura moderna, produtiva ou eficaz. 
Hoje o Brasil é o maior exportador de alimentos do mundo, e está entre os três maiores produtores – ao lado dos Estados Unidos e China. É um fenômeno de impacto global.
 
Em 2022 o País teve mais uma safra de grãos recorde; o mesmo aconteceu com a carne e demais produtos de origem animal. 
O agronegócio brasileiro exportou US$ 160 bilhões no ano passado, ou quase 50% de todas as exportações nacionais – um número absolutamente vital para fortalecer as reservas em divisas do País, garantia contra quaisquer problemas cambiais e elemento chave para a independência econômica do Brasil. 
Em 2023, como resultado do trabalho de 2022, a produção de grãos deverá passar das 300 milhões de toneladas – de novo, um recorde
Esse sucesso extraordinário tem uma razão objetiva, e uma só: é exatamente o contrário de tudo o que a esquerda, os “movimentos sociais” e os padres pregam para a área rural.  
O êxito do Brasil é resultado direto da aplicação do capitalismo no campo; é a negação da “reforma agrária”, da agricultura de “pequenos lotes” e outras ideias mortas que encantam as cabeças coletivistas há mais de 100 anos.
 
 Êxito do Brasil é resultado direto da aplicação do capitalismo no campo; é a negação da “reforma agrária”, da agricultura de “pequenos lotes” e outras ideias mortas que encantam as cabeças coletivistas.
Êxito do Brasil é resultado direto da aplicação do capitalismo no campo; é a negação da “reforma agrária”, da agricultura de “pequenos lotes” e outras ideias mortas que encantam as cabeças coletivistas. Foto: Ed Ferreira/Estadão
O PT, fora do governo, tem feito questão de se apresentar como o inimigo número 1 do agronegócio.  
Agora, de volta pela terceira vez à Presidência da República - e ao contrário do que fez entre 2003 e 2010 - declarou guerra ao campo brasileiro tal como ele é hoje
O BNDES suspendeu linhas de crédito vitais para a atividade rural. 
Foi extinto o departamento do Itamaraty que dava apoio ao agro brasileiro nas nossas embaixadas através do mundo. 
O Ministério da Agricultura, peça essencial para a produção no campo, foi esvaziado; inventaram, para tomar suas funções, um “Ministério do Desenvolvimento Agrário”, entregue ao MST, e encarregado de sabotar tudo o que está dando certo na área.

O MST, que faz invasões de terras e pratica atos de terrorismo no campo, prega abertamente a destruição do sistema de propriedade rural no Brasil. O que vai fazer, agora que está no poder?

É um caso único de governo que tem como meta substituir o sucesso pelo fracasso – querem que o agronegócio brasileiro produza, exporte e cresça menos do que hoje, pois não admitem que exista no País uma área rural capitalista e bem-sucedida. 
Um dos marechais-de-campo da “equipe econômica” já disse que o Brasil não pode ser “a fazenda do mundo”; acha ruim o que seria um sonho para qualquer outro país. 
Os demais argumentos contra o agro são do mesmo nível de qualidade. Alegam que a soja “não alimenta”
É falso, pois a soja é hoje essencial para a alimentação humana, inclusive como geradora de proteínas. Também é integralmente estúpido.  
Não se pode comer petróleo, por exemplo - e nem por isso os países deixam de explorar as suas reservas. 
Dizem que a produção rural brasileira vai para o “estrangeiro” e não alimenta o “povo”. É o oposto dos fatos. O Brasil só exporta o que não é consumido aqui dentro; se exporta muito é porque produz muito. Falam, até, que o agronegócio é o culpado pela “fome” – quando, ao contrário, ele é hoje o principal responsável pela segurança alimentar do País.

O governo Lula está trocando os interesses do Brasil pelos interesses do MST e de outros grupos privados. 
Os concorrentes do agro brasileiro no mercado internacional de alimentos agradecem ao céu.

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo

 


quarta-feira, 27 de julho de 2022

O que a Rússia ganha no acordo de cereais com a Ucrânia? - VOZES

Filipe Figueiredo

Uma foto tirada durante uma visita organizada pelos militares russos mostra trabalhadores locais secando trigo em uma fazenda agrícola no distrito de Starobilsk, região de Luhansk, Ucrânia, 12 de julho de 2022| Foto: EFE/EPA/SERGEI ILNITSKY


Na última sexta-feira, dia 22, Rússia e Ucrânia assinaram um acordo que potencialmente desbloqueará as exportações de cereais pelo Mar Negro. O acordo foi assinado em Istambul, maior cidade da Turquia, país que mais tem desempenhado um papel de mediador no conflito, e a Organização das Nações Unidas também participou das conversas que resultaram no acordo. O que o texto determina e, principalmente, quais os interesses por trás dele?

Na mais recente coluna aqui em nosso espaço, mencionamos que era hora de revisitar a coluna sobre petróleo e gás natural escrita no início da guerra. Agora é hora de fazer o mesmo sobre a produção e trânsito de cereais no Mar Negro. A assinatura do acordo foi feita pelo ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, por seu homólogo turco, Hulusi Akar, e pelo ministro de Infraestrutura da Ucrânia, Oleksandr Kubrakov. Estavam presentes o secretário-geral da ONU, António Guterres, e o presidente da Turquia, Recep Erdogan.

Os ministros da Rússia e da Ucrânia não se cumprimentaram, nem sentaram próximos. Como de se esperar, convenhamos. Também deixaram claros que era um acordo pontual, que não significa uma trégua maior ou parte de uma negociação para o fim do conflito. Inclusive, juridicamente falando, tratam-se de dois acordos triangulares e idênticos. Ambos incluem a Turquia e a ONU, mas um envolve a Rússia e o outro envolve a Ucrânia. Os dois países em guerra não assinaram um mesmo documento.

Veja Também: Ucrânia e Rússia criam corredor marítimo para exportação de grãos

Acordo
Os termos do acordo valerão por 120 dias, podendo ser renovados. Ele estabelece a abertura de três portos, incluindo o de Odessa, o maior porto sob controle ucraniano. Dos portos, os navios civis de transporte de cereais viajarão por corredores de navegação determinados. Esses corredores permitirão que os navios transitem em águas seguras, sem o risco de minas, amplamente utilizadas no conflito. Os navios seguirão viagem até a Turquia, onde vão desembarcar suas cargas.

Na Turquia, os navios serão inspecionados por equipes neutras, uma exigência russa para evitar que os navios sejam usados para o transporte de materiais bélicos na viagem de volta, já que a Turquia é um país da OTAN e que também forneceu materiais bélicos para a Ucrânia, como veículos aéreos não tripulados, o popular drone. A meta do acordo é que até cinco milhões de toneladas de cereais, como trigo, sejam exportados por mês. Segundo o governo ucraniano, até dez bilhões de dólares podem ser arrecadados no curto prazo, com a exportação de grãos em estoque.

A meta citada, importante frisar, envolve todos os cereais comercializados pela Ucrânia, não apenas trigo. Antes da guerra, transitavam pelo Mar Negro mais de setenta milhões de toneladas de trigo, mais de 10% de toda a produção mundial do cereal. Ou seja, o acordo pode diminuir os impactos da guerra no mercado mundial de alimentos, mas não vai retornar ao mundo pré-guerra. Isso seria uma ilusão, considerando também que alguns portos ainda estão bloqueados ou ocupados e que parte da produção foi destruída ou prejudicada pelos combates.

O acordo possui um significado amplo e multilateral, além dos significados para cada um de seus atores.  
Para o mundo, o acordo significa a normalização do atual conflito, o fim das posturas que acreditavam em um possível fim rápido ou que as negociações de paz eram promissoras. 
O fato agora é que o mundo terá que conviver com essa guerra por mais algum tempo, sejam meses ou, quiçá, anos. 
Essa convivência implica no gerenciamento da guerra e de seus impactos, como justamente o suprimento de cereais no mundo.

Ganhos
Pensando nos atores do acordo, o que a Ucrânia ganha é óbvio. Uma urgente válvula de escape para exportar sua produção agrícola, parte importante de sua economia e de sua balança comercial, garantindo a entrada de capitais necessários tanto para a guerra quanto para a reconstrução do país. Também existe o ganho de imagem, de país importante para o comércio mundial, e de resiliência, de que a defesa ucraniana conquistou não apenas tempo, mas também o direito do país de retomar suas exportações agrícolas.

A Turquia ganha como potência regional e principal mediadora do conflito,
um país que equilibra suas relações com a Rússia, um grande parceiro econômico, fornecedor de armamentos e de tecnologia e, ao mesmo tempo, um rival, tanto histórico quanto atual. Turquia e Rússia estão em lados opostos em  conflitos no Cáucaso e na Síria. Também possui boas relações com a Ucrânia, fornecendo armamentos e apoio econômico. Além disso, a movimentação nos portos turcos é bem-vinda.

A ONU ganha com o acordo aparecendo não só como mediadora, mas como representante das necessidades dos países mais vulneráveis ao conflito, afetados com o fantasma da escassez alimentar, pela África e pela Ásia Central. Dentro da lógica citada, de gerenciamento do conflito, a ONU torna-se gerente das crises indiretamente causadas pela guerra. Finalmente, e a Rússia? O que o país ganha em fazer o que é, em concretude, uma concessão aos ucranianos?

Rússia
O bloqueio das exportações ucranianas, para a Rússia, antes de ser um problema global, era uma arma, uma ferramenta na guerra, uma maneira de sufocar a economia de seu inimigo e pressionar a comunidade internacional a diminuir as sanções contra a economia da própria Rússia. A Rússia não ganha, mas mantém influência e aliados em algumas de suas relações que começavam a sofrer um processo de erosão, especialmente nas regiões afetadas pela escassez de alimentos.

Na Ásia Central, no Oriente Médio e na África, governos já começavam a expressar seu descontentamento com a Rússia em relação ao assunto, e Moscou, também grande produtora e exportadora de cereais, se desdobrava para poder atender aos seus aliados. Não é à toa que Sergei Lavrov, ministro de Relações Exteriores da Rússia, iniciou uma viagem pela África depois da assinatura do acordo. Egito, República Democrática do Congo, Uganda e Etiópia estão no itinerário.

Desses países, Egito e Etiópia são importadores de trigo, especialmente da Ucrânia e da Rússia. Além disso, na Etiópia, cuja capital é o local da sede da União Africana, Lavrov vai se encontrar com diversos outros embaixadores africanos. Como maneira de equilibrar o jogo, Washington enviou seu diplomata especial para o Chifre da África, Mike Hammer, para o Egito e a Etiópia. É nessas arenas, na África e na Ásia, que a Rússia buscará colher os eventuais ganhos do acordo realizado.

Filipe Figueiredo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


segunda-feira, 25 de julho de 2022

A maior arma de guerra de todos os tempos foi colocada em ação - Daniel Lopez



Gazeta do Povo

Geopolítica da escassez

A Nova Ordem Mundial está trazendo velhas estratégias de conquista e dominação

 Será que Putin irá cumprir sua promessa de não interromper o fornecimento de grãos para a Europa? -  Foto: AP

A pirâmide de Maslow nos ensina que há uma hierarquia das necessidades humanas. 
Há aquelas que são, em tese, dispensáveis, uma vez que meramente mentais (autorrealização e estima) ou de natureza social (amigos, família etc). Entretanto, na base da pirâmide, estão as necessidades indispensáveis, inevitáveis, sem as quais não se vive: questões fisiológicas como água, comida, sono e repouso.  
E se um líder fosse capaz de utilizar esses elementos como arma de guerra? “Se não fizerem o que eu quero, então não comem?”. Obviamente, isso já foi praticado por tiranos durante a história. 
Contudo, hoje essa prática atingiu uma dimensão sem precedentes. Imagine você cortar o fornecimento de comida e energia para um continente inteiro? É algo assustador, mas real. O continente é a Europa, e o fornecedor é a Rússia.

Julgamento no STF sobre terço de férias pode gerar dívida bilionária para empresas

Uma matéria recente da BBC inglesa mostrou que imagens de satélite revelaram que alguns dos maiores produtores de trigo no mundo estão com suas plantações em péssimas condições, como é o caso da Ucrânia, da Índia e dos Estados Unidos. Contudo, o levantamento também mostrou que, por outro lago, 2 países estão com plantações cada vez mais robustas: Rússia e China
A matéria não coloca o Brasil neste levantamento, mas imagino que nosso cultivo esteja em condições razoáveis.
 
O problema disso tudo é que o cenário coloca uma situação muito tenebrosa para o continente europeu e para os países em desenvolvimento. 
O perigo de uma escassez global de alimentos começa a ganhar contornos mais sinistros e realistas. 
Instituições como o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, o Banco de Compensações Internacionais e a própria Casa Brancaalertaram para uma iminente fome mundial. E parece que a Europa será a grande prejudicada, com a possibilidade de a Rússia utilizar o fornecimento de energia e comida como ferramentas geopolíticas.
 
Um cenário de estagflação, condições climáticas adversas e interrupções das cadeias globais de suprimentos criaram o contexto perfeito para o caos. 
 E a Rússia está aproveitando cada centímetro dessa crise para fazer valer sua vontade. 
Moscou está vendendo mais petróleo e comodities do que nunca, e hoje detém, junto com a China, as culturas básicas mais prósperas do planeta. Isso dá a Putin uma vantagem geopolítica imensa, uma vez que a Europa e os EUA estão vendo sua produção de comodities, sua indústria e sua segurança energética serem dilapidadas em alta velocidade.

O Kremlin tem afirmado que não irá cortar o fornecimento de grãos para a Europa. Mas eles também haviam dito que não cortariam o suprimento de energia para os europeus. Entretanto, esta semana, o gasoduto Nord Stream 1 foi fechado por tempo indeterminado. Conclusão: além do petróleo e do gás, agora as nações orientais podem utilizar, também, os alimentos como arma contra as nações da OTAN.

É um cenário tenebroso, que pode, inclusive, ser ainda mais avassalador para as nações menos favorecidas. O caos pode gerar aumento considerável da fome, da pobreza e da criminalidade. 
O Brasil, entretanto, tem o potencial de garantir a segurança energética para a Europa e a segurança alimentar para o mundo. Fazendo isso, diminuiria o controle de Rússia e China sobre as nações ocidentais.
 
A pergunta que fica é: será que entraremos numa rota de colisão com Moscou e Pequim, tentando nos impedir de ajudar as nações em suas crises energética e alimentícia? [o Brasil tem que colocar seus interesses acima dos de qualquer outros países, que hoje se consideram donos do mundo. 
O Brasil já integra o BRICS, enquanto por parte da EUA e Europa recebe ora ameaças ora afagos (até internacionalizar a Amazônia o francês já ameaçou.]
Ou os BRICS seguirão mais unidos do que nunca, aproveitando o cenário adverso para fazer avançar, em conjunto, seus planos geopolíticos? Aguardemos.

 Daniel Lopez, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


domingo, 8 de maio de 2022

Nunca se comeu tanto milho - Revista Oeste

Evaristo de Miranda

A nova safra também ajudará no barateamento das rações e talvez traga quedas nos preços das carnes 

Foto: Shutterstock

Quem toma uma cervejinha com torresmo, frango a passarinho, iscas de peixe ou fatias de salame consome milho. Ele é a base das rações de vacas leiteiras, suínos, aves e da piscicultura. E entra na fabricação de cervejas e uísques. Originário das Américas, o milho ajudou muitos países a superarem o risco da fome nos últimos séculos. Agora, com uma segunda safra recorde, ajudará o Brasil a reduzir os preços de alimentos e os índices de inflação. E trará divisas, dada a forte demanda externa pelo produto.

Em 1751, na França, a Encyclopédie, o “dicionário racional das ciências, artes e profissões”, referindo-se ao milho informava: “O trigo da Turquia é sempre um socorro diante da fome”. Em 1776, na Inglaterra, Adam Smith considerou milho e batata como “os dois mais importantes aportes que a agricultura da Europa, e talvez a própria Europa, recebeu da expansão de seu comércio e sua navegação”. Na Itália, no começo do século 19, Filippo Re, agrônomo conhecido, atestava: “Após a introdução desse grão (a Itália) não provou mais do terrível flagelo de uma verdadeira fome”. Haja polenta!

O milho é considerado patrimônio biológico, agrícola, cultural e econômico do México. Com razão. A domesticação do milho (Zea mays) começou há mais de 10.000 anos no México. Os mais antigos registros de cultivo do milho datam de 7.300 anos, em ilhas próximas ao litoral mexicano. Restos arqueológicos de milho da caverna Guila Naquitz (Oaxaca) datam de 6.250 anos. Há pelo menos 2.500 anos, o cultivo se espalhou pelas Américas. Foi o alimento básico das civilizações olmecas, maias, astecas e incas, reverenciado na arte e na religião, como são o trigo na Europa e o arroz na Ásia.

(...)

A palavra portuguesa milho deriva do latim milium, designação do milho-miúdo ou milheto (Pennisetum glaucum), conhecido no Mediterrâneo. O termo milium é oriundo do numeral mil e evoca a grande quantidade de grãos nas espigas de milheto. No milho são bem menos grãos. Em português, a palavra nomeia diversas gramíneas: milho-alpiste (Phalaris canariensis), milho-da-guiné (sorgo), milho-da-itália (Setaria itálica) e milho-zaburro (vários tipos de sorgo). No século 18, o próprio milho era conhecido como milho grande, milho graúdo, milhão, milho grosso e milho de maçaroca. De maíz, em português, só derivou o termo maisena. E os nomes tupis-guaranis, como avati, não prosperaram.

Portugal e Espanha difundiram o cultivo do milho na Península Ibérica e de lá para França, Itália, sudeste da Europa e norte da África. Os portugueses levaram o milho ao restante do continente africano e ao Oriente. Pelos lusitanos, o milho chegou à China, depois à Indonésia e, bem mais tarde, ao Japão. Os ingleses introduziram o milho na Austrália (1788). Hoje, ele é cultivado em todo o mundo, em área superior à do trigo e à do arroz.

Com diversos usos, o milho tem grande contribuição no cenário econômico, da alimentação animal à indústria de alta tecnologia. Mais de 70% dos grãos são destinados a rações, sobretudo para suínos, aves, gado leiteiro e até piscicultura. O milho é versátil e serve à produção de etanol combustível, gerando coprodutos proteicos para alimentação animal de grande digestibilidade (DDG e WDG), além de ter muitos usos na indústria. Este ano, o Brasil produzirá 4,5 bilhões de litros de etanol de milho, 31% a mais do que em 2021 e 7% acima da estimativa anterior da União Nacional de Etanol de Milho (Unem).

(...)

A safra total de milho (verão + outono) está estimada em 115,6 milhões de toneladas, 32,7% superior à do ciclo anterior, segundo a Conab. Apesar da queda de 20,4% da primeira safra no Sul, por ausência de chuvas. O cenário de ampla oferta afastou compradores. Resultado: negócios lentos e um mercado de milho momentaneamente retraído com reflexos negativos até na Argentina e no Paraguai, um dos países onde mais cresce a produção de grãos. E os agricultores brasileiros por lá têm muito a ver com essa dinâmica.

Nas festas juninas não faltarão milho cozido e assado, nem canjica, curau, pamonha ou pipoca. A nova safra de milho ajudará no barateamento das rações e talvez traga quedas nos preços de frangos, suínos, embutidos, leite e outros produtos. Quem sabe até da cerveja.

Leia também “Para não dizer que não falei das flores”

Evaristo de Miranda, colunista - Revista Oeste


quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Brasil vai produzir quase 37 quilos de grãos por habitante do planeta - Revista Oeste

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento, a safra 2021/22 deve atingir quase 290 milhões de toneladas 

Utilizando 8,4% de seu território para esse fim, o Brasil deve produzir 283 milhões de toneladas de grãos na safra 2021/22. A projeção foi divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento nesta quinta-feira, 11. Além de representar um crescimento de aproximadamente 15% sobre a colheita do período anterior (246 milhões de toneladas), o número equivale a quase 36,5 quilos de alimentos por habitante do planeta em um ano — ou cerca de 100 gramas por dia para cada ser humano. Somada ao resultado das lavouras de algodão, o volume produzido deve chegar a quase 289,8 milhões de toneladas (+14,8%).

Nas cinco primeiras posições da produção nacional, a soja na liderança (142 milhões de toneladas), seguida do milho (116,7 milhões de toneladas), arroz (11,5 milhões de toneladas), trigo (7,7 milhões de toneladas), e feijão (3,1 milhões de toneladas). [as grandes potências que no passado lideravam a produção de grãos, não se conformam com o Brasil a cada ano aumentando sua produtividade agropecuária, SEM aumentar a área utilizada, e tentam por todos os meios demonizar o agronegócio brasileiro.
Contratam ONGs, a maior parte delas formada pro brasileiros que se vendem aos interesses estrangeiros, ao custo de trinta moedas,  para usar de todos os meios, notadamente os ilícitos para impedir que o Brasil se torne o celeiro do mundo e obtenha hegemonia sobre países que ainda consideram nossa Pátria Amada uma reles colônia.]

Artur Piva, colunista - Revista Oeste


segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Terrorismo - a insistência da esquerda em atacar quem alimenta o mundo - Paulo Polzonoff Jr.

Vozes - Gazeta do Povo

[não nos surpreende que a maldita esquerda tenha prazer em combater os que produzem alimentos = tenham presente que os regimes comunistas se destacam por semear a fome, a miséria = vide Mao Tse Tung na China ..." Mao e o grande salto para a fome: um catálogo de horrores - Entre 1958 e 1962, 45 milhões de chineses morreram de fome."]

“Agro é morte”: a insistência da esquerda em atacar quem alimenta o mundo

É uma relação de pura perversidade ilógica, a da esquerda com a agricultura e, por extensão, a fome.
É uma relação de pura perversidade ilógica, a da esquerda com a agricultura e, por extensão, a fome - Foto: Reprodução/ Twitter
 
Enquanto escrevo este texto, circulam pelas redes sociais vídeos de supostos trabalhadores sem-terra vandalizando a sede da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja) em Brasília. 
Além de invadirem a propriedade privada (sem que Alexandre de Moraes se escandalizasse com isso, como lhe convém), os terroristas picharam o lugar com slogans contra o presidente Jair Bolsonaro e contra o agronegócio.

“Agro é morte”, lê-se numa das pichações. O slogan macabro é uma tentativa de se contrapor a uma bem-sucedida campanha de marketing que mostra a pujança do agronegócio no Brasil. Por consequência, é também uma tentativa de se contrapor à realidade, reforçando a imagem cheia de teias de aranha de um agricultor malvadão e dominado pela ganância que nos condenaria todos à fome. Nada mais distante da verdade.

Me causa espanto, aliás, que essa imagem feudal perdure no imaginário da esquerda oportunista. Quem me lê com frequência sabe que procuro sempre encontrar uma explicação outra que não a má-fé para esse tipo de equívoco. Mas, neste caso, não há outra explicação que não a má-fé teimosa em ver no grande produtor um bicho-papão do capitalismo, quando não um inimigo da vida.

Se há comida em abundância do mundo hoje é por causa do agronegócio. E, sim, os preços dos alimentos estão altos, mas estariam muito mais altos se não fosse a produção em escala de grãos e carne. Bill Bryson, citando o historiador Christian Petersen em seu ótimo “Em Casa”, diz que na Inglaterra do século XIX as famílias comprometiam até 80% da renda com alimentos. “Até mesmo a classe média gastava até 2/3 da sua renda em comida (enquanto hoje uma família gasta 1/4 da renda em comida)”.

Isso sem falar na disponibilidade e variedade de alimentos propiciada por um capitalismo mundialmente conectado. Vá a qualquer supermercado em bairro de classe média e, se tiver dinheiro, você poderá comprar facilmente alimentos do mundo inteiro. A fome por falta de renda ainda é um problema, lógico. Mas a fome por falta de comida (como a que ocorreu na Irlanda do século XIX, depois que uma praga atingiu todas as plantações de batata do país) é impensável hoje em dia.

Graças, vale enfatizar, ao agronegócio – atualmente o vilão preferido da esquerda, até porque os industriais hoje em dia parecem aderir de bom grado às pautas progressistas. Adicione-se ao mito do agricultor malvadão (que, do alto de sua colheitadeira milionária, quer plantar mais e mais para, de alguma forma, disseminar a fome pelo mundo) a histeria malthusiana do ambientalismo e pronto. A esquerda tem, de novo, um inimigo para chamar de seu.

“Soja não enche o prato”

Outro slogan pichado na Aprosoja pregava desonestamente que “soja não enche o prato”. 
Mais do que a falta de talento publicitário dos terroristas do MST, a frase mostra como a esquerda se utiliza da ignorância dos miseráveis para torná-los ainda mais miseráveis. 
Tudo em nome da causa maior, do bem comum, do triunfo dos destituídos. Ou qualquer outra abstração do gênero.

Soja obviamente enche o prato. E não só de shoyu ou tofu, como podem pensar os apressadinhos. Soja enche o prato ao forrar o estômago dos deliciosos porcos e frangos. Soja enche o prato ao gerar renda direta no campo. Soja pode encher o prato até mesmo de quem jamais viu um grãozinho disso, mas que está envolvido na cadeia de produção de, digamos, tintas ou colchões.

Soja enche o prato inclusive do publicitário trans de cabelo azul que promove pautas ultraprogressistas para um banco no qual o sojicultor tem conta. Será que ele não se dá conta disso ou faz questão de não ver mesmo?

Por fim, permeia o discurso estúpido da esquerda a luta de classes entre o grande e o pequeno produtor. Como se todos os pequenos produtores plantassem hoje a mandioca que consumirão amanhã e fossem donos de uns três ou quatros pés de milho para dar de comer às galinhas no fundo da casa de taipa. Porque lhe convém, a esquerda ignora a prosperidade do agronegócio como um todo, que inclui não só os produtores em escala industrial, mas também os pequenos produtores dos cinturões verdes das metrópoles.

Antinatural
É uma relação de pura perversidade ilógica, a da esquerda com a agricultura e, por extensão, a fome. Não à toa, as grandes fomes do século XX assolaram sobretudo países comunistas. E justamente porque os comunistas viam nos produtores de alimentos os grandes inimigos de suas revoluções. A visão de mundo do MST, essa que a esquerda antirruralista adora promover, matou 10 milhões de pessoas na Ucrânia da década de 1930. Dez milhões. Isso num dos países que tem um dos solos mais férteis da Europa.

Acredito que uma explicação para o ódio que a esquerda nutre por tudo o que esteja ligado à agricultura possa estar no fato de o comunismo ser essencialmente antinatural. As ideias coletivistas são fruto de um intelectualismo urbano que se apoia na arrogância antropocêntrica de ver o homem como um ente capaz de controlar todos os aspectos da atividade humana. Ao passo que a própria atividade agrícola, por mais tecnologia que ela absorva, não tem como fugir de certos aspectos inerentemente naturais.

Não há nada mais natural do que depositar uma semente no solo para, dali a alguns meses, colhê-la. E poucas coisas são mais nobres do que saciar a fome alheia. O fato de haver lucro envolvido nessa atividade não a torna menos nobre. Isso é algo que os terroristas e ideólogos da esquerda são incapazes de perceber.

Paulo Polzonoff Jr., colunista - Gazeta do Povo - VOZES


sábado, 8 de maio de 2021

O comandante da Revolução Verde no Brasil - Revista Oeste

Indicado ao Nobel da Paz deste ano, Alysson Paulinelli conseguiu transformar áreas degradadas do cerrado numa das regiões cultiváveis mais produtivas do planeta

Alysson Paulinelli tinha 34 anos quando assumiu, em 1974, o Ministério da Agricultura do governo Ernesto Geisel. Desde 1971 no comando da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais, no novo cargo ele seria um dos protagonistas da Revolução Verde, que transformou um Brasil importador em um dos maiores exportadores mundiais de grãos, leguminosas, frutas e proteína animal. “Nas décadas de 1960 e 1970, quase 50% da renda familiar do brasileiro era destinada à alimentação”, diz Paulinelli. “A partir dos anos 1980, esse custo caiu para menos de 30%. O alimento melhorou e ficou mais barato.”

Essa mudança só foi possível graças a três fatores: pensamento de longo prazo, projetos claros e muito investimento. A primeira medida foi o envio de 1.500 jovens aos melhores centros de pesquisa agropecuária dos cinco continentes. A missão dessa pequena multidão era absorver o conhecimento que já existia e adaptá-lo ao país de origem. De volta, ao lado de gente como Paulinelli, eles conseguiram façanhas notáveis. A principal foi transformar áreas degradadas do cerrado numa das regiões cultiváveis mais produtivas do planeta.

Por seu desempenho no combate à fome no Brasil e no mundo, Paulinelli acaba de ser indicado ao Prêmio Nobel da Paz de 2021. Permanentemente otimista, ele diz com bom humor o que pensa do futuro da agricultura no país: “Se o Brasil fizer aquilo de que é capaz, daqui a 30, 50 anos estaremos entregando a nossos consumidores um produto com as mesmas características do alimento que Adão e Eva comeram no paraíso”.

Confira os principais trechos da entrevista.

Como o senhor recebeu a notícia da indicação ao prêmio Nobel da Paz?
Foi uma surpresa e uma grande honra. Um gesto muito carinhoso de amigos que trabalham comigo há mais de 50 anos. O Brasil precisa do esforço de todos para vencer suas dificuldades, e esse foi o resultado de um trabalho que fizemos desde 1954. Se ganharmos, esse prêmio não será meu, mas de todos os brasileiros.

“O Brasil não só preservou sua vegetação como tornou produtivas áreas degradadas”

[No artigo de Evaristo de Miranda, além de informações precisas sobre tudo que o Brasil tem feito em prol da proteção florestal, você se torna conhecedor de que os países 'preservacionistas' reservam áreas degradadas, inúteis - tipo geleiras, desertos - para preservação enquanto o Brasil preserva suas melhores áreas = os verdadeiros filés.]
 
O brasileiro reconhece a importância do agronegócio?
O agricultor não soube se comunicar bem. A sociedade teve benefícios fabulosos. Quando o Brasil importava comida, a família média brasileira pagava o alimento mais caro do mundo. Nas décadas de 1960 e 1970, 48% de toda a renda era destinada à alimentação, o que inviabilizava investir numa educação melhor, em saúde de mais qualidade, num bom transporte. Entre 1980 e 2000, esse custo caiu para 30%. O alimento passou a ser melhor e mais barato. Nos últimos meses, houve uma nova alta nos preços por causa da escassez, mas com a normalização da oferta eles voltarão a cair. E ninguém será mais eficiente nisso que o Brasil. Já somos os primeiros produtores ou estamos entre os maiores em quase tudo: soja, milho, carne, frango, açúcar, laranja.

Leia também o artigo de Evaristo de Miranda nesta edição, “O campeão da proteção florestal”

Branca Nunes - Revista Oeste

 

terça-feira, 23 de julho de 2019

PRONTIDÃO TOTAL - São TRÊS CONSERVADORES: Bolsonaro, Johnson e Trump = o mundo vai continuar melhor a cada dia

Os esquerdistas, progressistas  e outros istas que se cuidem.

O mundo começa a ficar pequeno para eles, faz tempo que começou a ser reduzido, a quase hegemonia que alcançaram na América Latina e em outros continentes, começou a minguar, processo que continua.

Trump consolidado nos Estados Unidos - tem os que o criticam, mas, a economia vai bem e isto é o que importa na hora de votar;

Bolsonaro, é questão de tempo para corrigir alguns defeitos natos e tomar rumo - e a supersafra de grãos vai ajudar e muito;

Boris Johnson, um pouco atabalhoado mas levará a Inglaterra a porto seguro e talvez até reverta o Brexit.

Aos que não gostam de Bolsonaro, aceitem que não tem terceiro turno no Brasil e o nosso presidente precisa apenas ser menos loquaz, evitar pronunciamentos imprevistos e os ventos já começam a soprar a favor de melhoras na economia e demais pontos.


Editores do Blog PRONTIDÃO TOTAL