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quinta-feira, 30 de julho de 2020

Governo tenta enganar o contribuinte com a proposta de novo imposto - Míriam Leitão

O Globo


O governo está tentando enganar a todos os contribuintes

A ideia do chamado imposto digital é cobrá-lo em todas as movimentações, e não só no meio eletrônicoEssa é a realidade. 
O tributo é cumulativo, cobrado nas duas pontas, e regressivoEm troca, haveria uma série de bondades. Assessor especial do Ministério da Economia, Guilherme Afif Domingos acenou com uma desoneração sobre os salários de 25%. Ele deu entrevista à “Folha de S. Paulo” sobre a proposta, que valeria para todos os salários. Ninguém no Ministério fala quanto se arrecadaria com o novo imposto ou quanto custaria a desoneração dos salários. Seria melhor debater abertamente.   

[Presidente Bolsonaro:
Apesar de todos os boicotes que autoridades de outros Poderes tem feito contra seu governo;
apesar das sabotagens e armadilhas que lhe armam;
apesar do guru de Virginia;
dos seus filhos;
do senhor mesmo.
o Senhor continua com prestígio junto à população, continua com uma margem de apoio que inviabiliza a vontade da 'turma do mecanismo' de impedi-lo,
tem excelentes chances de ser reeleito e poder enfim governar.
O que mantém sua candidatura viva, seu prestígio é a CREDIBILIDADE.
Vai ser difícil manter a credibilidade quando seus adversários - que são muitos - mostrarem, confrontarem, sua garantia de que não haverá CMPF com o novo imposto.
Acho que chegou a hora da escolha:
- descartar o Paulo Guedes e ser reeleito ou manter o Guedes, ser chamado de mentiroso e perder uma reeleição ganha.

Algum amigo, amigo verdadeiro, leal e fiel, do Presidente JAIR BOLSONARO, que ler este,  mostre para o Presidente.]


Não adianta criar um nome suave para o novo tributo. Ele não será apenas digital, o consumidor vai pagá-lo mesmo se for à loja comprar um produto com dinheiro vivo.
 Um imposto como a CPMF incide em cascata. Ele fica escondido na cadeia de produção, se acumula e onera muito mais os preços do que se parece.  Desde o início do governo, o Ministério da Economia defende o imposto sobre pagamentos cobrado nas duas pontas. Era a ideia do ex-secretário da Receita Marcos Cintra. Uma alíquota de 0,2% paga por quem compra e por quem vende, vira uma tributação de 0,4%. A cada transação durante a cadeia de produção, o tributo é recolhido. Lá na ponta, o consumidor pagará o preço. Cintra perdeu o cargo por defender o imposto, mas a proposta continua viva no Ministério da Economia.    

Em contrapartida, o governo tem oferecido um pacote de bondades. Afif sugeriu desonerar a folha de pagamentos em 25%; a ideia anterior era cortar só em empregos de até um salário mínimo
Ao ouvir a proposta, o empresário pensa que terá menos custos para contratar, o trabalhador acredita que haverá mais empregos. Outra ideia é usar a nova arrecadação para ampliar os programas de transferência de renda. A equipe econômica já acenou com uma isenção mais ampla no Imposto de Renda, para quem ganha até R$ 5 mil. Mas os detalhes dessas contrapartidas ninguém conhece.  

A equipe econômica não sabe exatamente o que vai propor. Ela  sabe que quer cobrar mais um imposto, chamado de digital para que se acredite que é possível evitá-lo. Mas não se escapa de um tributo como esse. É isso que o governo vem defendendo. Todos os contribuintes pagarão. Se o governo tem boas intenções, deveria falar claramente sobre o novo imposto. 

Míriam Leitão, colunista - O Globo 


terça-feira, 30 de abril de 2019

A guerra das fintechs

Experiência mostra que apostar contra a inovação não costuma dar certo

Enquanto um bom punhado de gente acompanha o mundo virtual de "Game of Thrones", há uma outra guerra real e dramática acontecendo em torno da ascensão das fintechs, as startups do setor financeiro.  Essa guerra pode ser resumida por uma única palavra: "unbundling" (desagregação).

Hoje, o modelo dos bancos é agregar o maior número de serviços em uma mesma estrutura monolítica: conta-corrente, investimentos, seguros, crédito, pagamentos, gestão patrimonial e até mesmo loterias, como nos chamados "títulos de capitalização". Esse modelo, obviamente, dá muito certo. Especialmente porque é um prato cheio para a possibilidade de colocar em prática subsídios cruzados. É fácil escolher um produto altamente popular e zerar o seu preço, desde que ele sirva de ponte para outros produtos altamente rentáveis. Não por acaso as margens de lucro do setor são muito elevadas.

No entanto, há bárbaros cercando o castelo. Lucros exorbitantes são um forte chamariz para a competição (ou ao menos deveriam ser). Como disse o presidente-executivo da Amazon, Jeff Bezos: "A sua margem é a minha oportunidade".   E, obviamente, Bezos já notou as ineficiências do sistema bancário. Para cada um dos serviços que os bancos agregam hoje, a Amazon está lançando um competidor equivalente: Amazon Pay (pagamentos), Amazon Lending (empréstimos), Amazon Cash (conta-corrente), Amazon Protect (seguros), Amazon Prime (cartão de crédito) e assim por diante.

No entanto, a competição está acontecendo mesmo no território das fintechs, as startups que estão desagregando cada um dos serviços que os bancos prestam de forma unificada, criando modelos mais eficientes e de maior qualidade para o consumidor.  No Brasil, já existe uma pletora dessas novas empresas, cada uma atacando uma modalidade de serviço específico. E, é claro, isso começou a incomodar e gerar reações. A experiência com outras indústrias nos últimos anos demonstra, no entanto, que apostar contra a inovação não costuma dar certo. Em 2006, entre as 5 maiores empresas globais em valor de mercado, havia um banco. Em 2019, todas as cinco maiores empresas do planeta são de tecnologia.

As mudanças ocorrem rapidamente. O que hoje é monolítico em cinco anos pode não ser mais,
como gosta de dizer o consultor Anand Sanwal, citando Hemingway: "Como você faliu? De dois jeitos. Gradualmente, depois subitamente".  Chegou o momento em que as fintechs começarão a ter curvas de adoção parecidas com a das empresas de tecnologia. No entanto, esse caminho não vai ser fácil. O papel da regulação do setor e da proteção à competição vai ser determinante.

Quando a indústria da música foi "desagregada" pela internet, tentou ao máximo valer-se da regulação para conter os novos entrantes. Queriam continuar vendendo CDs com 12 músicas para consumidores que queriam comprar só uma. O resultado é que hoje as gerações mais novas nem sabem o que é um CD.  Com os serviços bancários, a banda já começou a tocar dessa forma. Resta saber se a música será um tango argentino ou um abre-alas para a inovação, capaz de construir um futuro sintonizado com os desejos da ponta que mais importa, o consumidor.

READER
Já era Inteligência artificial vencendo humanos só em jogos de tabuleiro (xadrez, go etc.)

Já é IA vencendo humanos em games complexos, como "Starcraft 2"

Já vem
IA vencendo humanos em Magic: The Gathering

Ronaldo LemosAdvogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro.

domingo, 29 de novembro de 2015

Governo Federal corta tudo - garante apenas salários de servidores e Bolsa Família

Com cortes, governo garante apenas Bolsa Família e salários de servidores

Planejamento faz reunião hoje para definir cortes de R$ 10,7 bilhões. 

Sem meta fiscal, governo suspenderá pagamentos. Equipe econômica define hoje o que será afetado

Apesar do desgaste político que terá de enfrentar, a presidente Dilma Rousseff, que está na França, onde participa da Conferência sobre o Clima (COP21), já indicou à equipe econômica que não preserve nem programas sociais nem investimentos no corte de
R$ 10,7 bilhões
que será feito no orçamento
. Só estarão preservados da tesoura salários de servidores, benefícios do Bolsa Família e aposentadorias pagas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Os cortes confirmam o colapso fiscal do governo. Como ainda não tem meta fiscal para 2015 a proposta em análise pelo Congresso prevê rombo de até R$ 119,9 bilhões , Dilma foi obrigada a fechar o governo para balanço, um shutdown, como ressaltam os economistas. A definição sobre o que será afetado está marcada para hoje, em reunião comandada pelo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. A situação das contas públicas é dramática.

Ao preservar salários, benefícios do Bolsa Família e aposentadorias, Dilma está tentando evitar pânico na população, que teme por um apagão no serviço público. A presidente acredita que, como a aprovação da meta fiscal de 2015 ocorrerá até a próxima quarta-feira, a paralisia do governo durará pouco. O decreto dos cortes será publicado amanhã. E faz parte da última avaliação bimestral de receita e despesas.

Dilma teme ser punida pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que reprovou as contas da petista de 2014, abrindo brecha para o Congresso pedir o impeachment por descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). No ano passado, também a mudança da meta foi definida em cima da hora, mas as contas traziam ficções, como as pedaladas fiscais, que somaram mais de R$ 57 bilhões. 

Pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a meta deste ano é de R$ 66,3 bilhões, o correspondente a 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB). O superavit primário foi reduzido para 0,15% do PIB, mas nem essa proposta passou pelo crivo do Congresso. Com a deterioração da economia, a forte queda da arrecadação e a obrigação de pagar as pedaladas fiscais, a equipe econômica foi obrigada a encaminhar nova previsão ao Legislativo. Esse será o segundo ano seguido de rombo nas contas do governo.

Depois de definidos os cortes na reunião deste domingo com Nelson Barbosa, os secretários executivos de todos os ministérios terão de mostrar, na segunda-feira, como vão lidar, na prática, com as suspensões de pagamentos de contas de luz, de telefone, de diárias de viagens, de bolsas de estudos. É a primeira vez no país que acontece uma suspensão total das despesas discricionária. Até os programas de fiscalização da Polícia Federal e da Receita Federal serão atingidos. 

Fonte: Correio Braziliense