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quinta-feira, 23 de março de 2023

‘Temos o melhor Banco Central do mundo’ - Revista Oeste

Bruno Meyer

Danillo Branco, CEO da Finansystech, faz um balanço das inovações na era Roberto Campos Neto 

Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock  

Antes mesmo da ruína do Silicon Valley Bank, na sexta-feira 10, 2023 já estava marcado com um início de ano fraco de aportes para as empresas iniciantes — as startups. Fraco, mas não parado. Em fevereiro, a startup brasileira Finansystech foi comprada pela fintech brasileira Celcoin, o que a transformou numa empresa com valor de mercado de R$ 85 milhões. “As startups que têm dado certo aliam duas coisas”, diz Danillo Branco, CEO e fundador da Finansystech. “O acesso ao capital e a boa gestão desse capital para conduzir os negócios, como qualquer multinacional. O mercado passa agora por uma correção, com dinheiro mais escasso, mas não está ruim.”

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central| 
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Agenda BC#
A existência dessa transação e a criação da Finansystech só foram possíveis pelas ações de Roberto Campos Neto à frente do Banco Central. “É o melhor Banco Central do mundo”, avalia Branco. 
É assim que o mercado financeiro e quem lida diretamente com o sistema bancário enxergam o trabalho de Campos Neto. Branco reforça que o ponto mais importante de Neto foi a criação do Agenda BC#, uma diretriz de inovação do Banco Central brasileiro, com cinco pilares: transparência, concorrência, inovação tecnológica, diversidade e inclusão financeira.
Danillo Branco, da Finansystech: 
“O Brasil é hoje um dos países, senão o país com mais tecnologia 
no mercado financeiro do mundo” | Foto: Divulgação

O avanço do Open Finance…
A Finansystech, em tese, só foi criada depois das tomadas de decisões de Campos Neto à frente do BC. Com a obsessão na inovação tecnológica, o Pix foi lançado e virou sucesso nacional para todas as classes sociais e foi copiado mundo afora. Sem custo algum, o brasileiro poderia, a partir da criação, transferir dinheiro entre contas, sem despesa, diferente de como era antes, com o TED. O próximo passo das inovações foi o Open Finance, um avanço do open banking, quando ocorre o compartilhamento das informações de variados produtos entre as instituições. “No fim, é democratizar os dados bancários das pessoas. Fizemos melhor do que o Reino Unido, onde tudo começou, porque hoje a gente tem todos os produtos lá dentro, e agora vai entrar a parte de investimento.”
Ilustração: Araya Wattanasetthanun/Shutterstock

…e a agenda do Banco Central
A participação de todos os bancos só ocorreu por imposição do Banco Central. “Ele obrigou as grandes instituições a entrarem, e isso criou um ambiente de concorrência, o que foi importante para o nosso sistema bancário”, diz Branco. “Essa agenda do BC tem desafiado alguns grandes bancos. É contraproducente dizer que o BC trabalha para os grandes bancos. Essa gestão de agora está muito mais alinhada com os interesses da sociedade do que com os interesses de banco, porque ela está justamente abrindo novas oportunidades.”
 
A maior tecnologia financeira do mundo

Com as inovações na mesa, surgem negócios. O business da Finansystech nada mais é do que entregar produtos através de uma plataforma para os bancos, de todos os tamanhos, para as instituições passarem a participar do Open Finance, o que mexe diretamente com o cliente final. Os grandes bancos, por exemplo, fazem a recepção de dados de outras contas de clientes, para dar limites maiores ou cartão de crédito diferenciado. Os pequenos bancos têm a diferença de ter acesso a dados que não teriam se não fosse o Open Finance. “O Brasil é hoje um dos países, senão o país com mais tecnologia no mercado financeiro do mundo”, diz Branco.

No esforço de projetar uma marca já amplamente conhecida nacionalmente, o Mercado Livre absorveu as cores do Mercado Pago nos últimos dias. Campanhas de comunicação, e o próprio site chegou a trocar o amarelo por uma versão azulada, em alusão ao banco digital. A ação entra em linha com as diretrizes do vice-presidente sênior do Mercado Livre no Brasil, Fernando Yunes. De acordo com ele, em 2023, a receita do Mercado Pago deve superar a do Mercado Livre, e o potencial de crescimento dessa área é enorme. 

Mercado Livre Brasil
Mercado Livre | Foto: Divulgação

bruno@revistaoeste.com 

Leia também “A Tesla brasileira” 

 

MATÉRIA COMPLETA - Revista Oeste

 

Bruno Meyer, colunista - Revista Oeste


quinta-feira, 11 de junho de 2020

Fintechs de crédito dão guinada na crise - Felipe Matos

O Estado de S. Paulo 


Nativas digitais, as fintechs oferecem soluções mais simples, rápidas, com menos burocracia, critérios atualizados e chegam onde os bancos não vão, como os segmentos de microempreendedores individuais.

A crise do coronavírus vem escancarando deficiências no acesso a crédito para pequenas e médias empresas no sistema financeiro tradicional. O Banco Central injetou mais de R$ 1 trilhão em liquidez para o sistema bancário. O BNDES subsidiou o risco de linhas de linhas de crédito de R$ 40 bilhões, utilizando também os bancos como canal de distribuição do crédito. Mesmo assim, os recursos não chegaram na ponta. Critérios de concessão inadequados, processos muito burocráticos, e preferência dos bancos por oferecer produtos de crédito próprios e mais caros em detrimento das linhas subsidiadas são algumas das explicações para o problema.


Nesse contexto, as fintechs aparecem como resposta. O segmento é dos que mais vem crescendo durante a crise, com o volume de buscas por soluções financeiras digitais oferecidas por essas startups crescendo até 300% no período pós-isolamento social, segundo pesquisa do Google For Startups. Nativas digitais, as fintechs oferecem soluções mais simples, rápidas, com menos burocracia, critérios atualizados e chegam onde os bancos não vão, como os segmentos de microempreendedores individuais, que vem sendo atendido especialmente por maquininhas de cartões digitais, por exemplo. Ainda assim, essas empresas enfrentam o desafio de ganhar escala rapidamente, desafio esse que exige disponibilidade de capital, especialmente para a tomada de crédito.

A guinada que faltava parece estar próxima. Em uma iniciativa inovadora, o BNDES criou uma chamada convocando fintechs e gestores de fundos de crédito – os FDICs – que pretende injetar R$ 4 bilhões em até 10 fundos que forneçam crédito para PMEs, com o banco de desenvolvimento assumindo a maior parte do risco. A iniciativa receberá propostas até hoje e já vem sendo considerada um sucesso. 

Apenas o evento online para tirar dúvidas dos participantes atraiu mais de 500 pessoas. Além disso, a iniciativa vem provocando movimentos de colaboração e parcerias entre fintechs e diversos agentes do mercado, unindo a agilidade, capilaridade e inovação das startups, com o know-how de gestão financeira e acesso a capital dos fundos. Segundo gestores com quem conversei, muitas dessas parcerias construídas para atender ao edital devem seguir de pé mesmo se não forem contempladas. E, ao que tudo indica, o próprio edital trata-se de um teste do BNDES, que se bem-sucedido, deve ser ampliado em volume de recursos.

Se de um lado, a crise escancarou problemas estruturais conhecidos, por outro, acelera inovações para sua solução. E o BNDES cumpre seu papel de fomento, numa de suas ações mais ousadas e louváveis dos últimos anos. O ecossistema de inovação e as pequenas e médias empresas agradecem.

Felipe Matos, especialista e apoiador de startups e sócio da 10K. digital - O Estado de S. Paulo


domingo, 24 de novembro de 2019

Chegada do Google ao setor bancário assusta instituições tradicionais - VEJA

Por Lucas Cunha

Gigante da tecnologia anuncia a criação de uma conta-corrente; diferentemente das fintechs, a empresa já tem dinheiro e bilhões de usuários



“Se alguém me perguntar se temo as fintechs, eu digo que não. Tenho medo é das big techs” O alerta foi dado por Octavio de Lazari, presidente do Bradesco, durante o Fórum de Investimentos Brasil 2019, realizado em outubro. As startups do mercado financeiro podem até tirar o sono de banqueiros, como o próprio ex-CEO do Itaú Unibanco Roberto Setubal já admitiu, mas, na maioria das vezes, representam ameaças contornáveis pelos grandes bancos. Para compensar essas noites maldormidas, bastou o Itaú desembolsar 5,7 bilhões de reais uma fração dos 7,1 bilhões de reais que obteve de lucro líquido no último trimestre — para adquirir metade das ações da XP, a mais bem-sucedida fintech brasileira. Dinheiro, afinal, não é um problema para essas instituições. É a solução para incorporar inovações e clientes de concorrentes que possam sinalizar algum perigo a seu negócio. A situação muda de figura, porém, quando o entrante em seu mercado é um gigante da tecnologia que vale quase 1 trilhão de dólares. Bancos do mundo inteiro tremeram na semana passada, portanto, quando a Alphabet, empresa controladora do Google, anunciou o projeto Cache: uma conta-corrente que será acessada por meio do celular e vai oferecer a realização de transferências bancárias e a concessão de crédito a seus usuários.

E o Google não está sozinho. Amazon e Apple, ambas no seletíssimo clube do trilhão de dólares, e também o Facebook (“só” 560 bilhões de dólares em valor) têm à disposição ferramentas únicas para conquistar seu espaço no mercado financeiro. Todos possuem informações valiosíssimas sobre o comportamento e os hábitos financeiros de seus usuários, e uma capacidade técnica inigualável em inteligência artificial para aprimorar a efetividade do modelo de negócio e conectar centenas de milhões de pessoas em escala global — muitas delas fora do alcance dos bancos. E, como já fazem parte da vida dos usuários, tornam-se uma opção cômoda para quem tem aversão ao ambiente bancário, mesmo que on-line. “Em muitos mercados, a população está acostumada a usar o Google ou o Facebook regularmente, mas não tem nenhum relacionamento com as instituições tradicionais”, afirma Thad Peterson, analista sênior da consultoria americana Aite Group.

As armas das big techs proporcionam uma boa briga, mas, por enquanto, não garantem a vitória. O Facebook, por exemplo, já sofreu um revés e tanto recentemente, antes mesmo de lançar seu produto financeiro. A empresa anunciou uma parceria com mais de vinte companhias, entre elas MasterCard, Visa, PayPal e Mercado Pago, para lançar a própria criptomoeda: a libra. A reação dos bancos centrais de todo o mundo, inclusive o de seu país natal, os Estados Unidos, foi tão agressiva que os principais sócios no projeto abandonaram o barco. O público também se mostrou receoso, afinal a rede social já teve notórios problemas com vazamento de dados, sempre seguidos de desastradas tentativas de jogar a culpa em terceiros. “Há o temor de que a libra substitua as moedas emitidas pelos Estados, ameaçando, assim, a soberania monetária das nações com a privação do controle dos sistemas de pagamento vinculados ao dólar e da aplicação de sanções”, explica Katharina Pistor, professora de direito comparado na Universidade Columbia.

Em menor escala, a Apple encarou uma crise de imagem ao ter seu cartão de crédito, lançado em parceria com o banco Goldman Sachs, acusado de usar um algoritmo sexista por oferecer mais crédito a homens do que a mulheres com o mesmo perfil financeiro e agora está sob investigação do Departamento de Serviços Financeiros de Nova York. O próprio Google teve revelado um plano secreto denominado Project Nightingale, cujo objetivo era recolher e analisar dados de saúde sobre milhões de americanos. A coleta dessas informações teria sido feita sem o conhecimento dos pacientes.   A verdade é que se trata de um caminho sem volta. Mesmo que especialistas tenham suas desconfianças, todas as empresas citadas acalentam projetos para invadir o setor financeiro. Por outro lado, elas não são infalíveis. O Google, por exemplo, tentou inúmeras vezes lançar sua rede social e fracassou em todas elas. 

A Amazon ainda não conseguiu emplacar marcas próprias de produtos, mesmo dando um empurrãozinho e tanto a elas em seu algoritmo de vendas. “O fator-chave de sucesso para entrar no jogo as big techs já têm: grande quantidade de usuários. Mas isso não é garantia de que os empreendimentos serão bem-sucedidos”, afirma Paulo Furquim de Azevedo, coordenador do Centro de Estudos em Negócios do Insper.  

O barulho causado pelas big techs no setor financeiro ainda não é motivo para insônia, mas é bom os bancos ficarem de olhos abertos.




quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Desaceleração da economia mundial é mais um obstáculo à retomada do Brasil e Reduzir o cipoal de entraves - Miriam Leitão

Desaceleração da economia mundial é mais um obstáculo à retomada do Brasil

A economia mundial está indo para um cenário pior. Nos países desenvolvidos, como os EUA e a Alemanha, a atividade dá sinais de desaceleração. Com o mundo piorando, fica mais difícil para o Brasil se recuperar. O país tem menos espaço para erros, como os que o governo vem cometendo.

O Brasil há muito tempo enfrenta a sua crise. O PIB foi da queda forte à estagnação, e agora pode voltar a uma recessão técnica no segundo trimestre. Agora, o cenário externo não está ajudando. O governo aqui ainda tem cometido erros. Falta foco na questão econômica. O presidente tem uma agenda confusa e cria conflitos em um momento que demanda concentração de esforços para sair dessa crise.

Reduzir o cipoal de entraves
A maior vantagem da MP da Liberdade Econômica não é uma medida ou outra, é a atitude de começar a enfrentar o cipoal de entraves que existe desde muito tempo na economia brasileira. Não fará o país ser livre amanhã, é apenas um passo tímido, mas como diz o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), que relatou o assunto, é “uma mudança até psicológica”. Segundo ele, é o Estado avisando que acredita que “o empreendedor tem boa-fé”.

Qualquer jornalista de economia sabe o quanto já ouviu de histórias surreais sobre barreiras, normas, exigências feitas pelas diversas burocracias do Estado a quem quer montar um negócio. No clima de devastação econômica como estamos vivendo, depois de seis anos de crise, com tantos milhões de desempregados, é evidente que esse é um passo certo. Dentro das regras alteradas, perguntei ao relator o que ele achava que era o mais importante. Ele me falou que era o todo.
— É o começo de uma mudança do relacionamento do Estado com o empreendedorismo brasileiro. Hoje o Estado exerce um papel impositivo e de algoz, com uma série de normas, que o empresário não consegue cumprir e isso o estimula a ficar no ambiente de informalidade. Há um desvio. Em vez de se concentrar em regular e fiscalizar aquilo que é de alto risco, o governo perde tempo com o que é de baixo risco — diz o deputado.

A MP quase caiu, como várias outras, porque chegou ao Congresso junto com outras medidas e a reforma da Previdência. Além disso, tanto o governo quanto os parlamentares tentaram colocar na MP o que era de outras áreas — trabalhista e tributária — ainda que se referisse ao ambiente de negócios. Houve 301 emendas. Mas esse era um projeto específico para eliminar burocracias. Por isso, ele foi reduzido na hora da aprovação, para voltar ao tema pelo qual foi pensado originalmente.

Tem muita coisa que é apenas promessa ou poderia ter sido feita por portaria. Mas o que há a comemorar é o início desse caminho de facilitar os negócios. O risco é o governo confundir com outros projetos da sua agenda, como a ambiental, por exemplo. Mesmo sendo necessário tornar o processo de licenciamento ambiental mais ágil, transparente e previsível, o que o governo tem feito na área é inibir os órgãos de controle e desmontar a máquina. Como há um item que determina que, se uma licença não for dada num prazo específico, ela estará dada automaticamente, há risco de que isso seja usado para eliminar na prática exigências que de fato precisam ser cumpridas, por razões ambientais e de segurança.
O que a MP trata é de eliminar papéis, exigências prévias, desconfianças descabidas.
O Estado está dizendo: está bem empresário, confio em você, abra o seu pequeno negócio se não tiver nenhum componente de risco. Eu vou lá ver depois e o que estiver errado eu vou te dizer. Eu não vou mais ficar sem te responder por não ter estrutura. Agora haverá prazo para os pedidos feitos pelo empreendedor — disse o deputado.

Outro ponto é o de estimular investidores-anjo em startups. Que podem investir sem que, quando há um erro do projeto, o patrimônio dele tenha que cobrir prejuízos. Há ainda a permissão para a criação da sociedade unipessoal. Hoje as empresas acabam tendo que ter um sócio por exigência legal. A MP também estimula a transição do mundo de papel para o digital. Não faz a revolução que o nome da MP promete, nem entrega tudo o que está escrito. A MP criou o conceito do “abuso regulatório”. Não deixa claro como é que o cidadão pode exercer o direito de limitar o Estado e dizer que ele está abusando. Se for um estímulo à judicialização, é um caminho que aumenta a complicação na qual estamos mergulhados. Na verdade, não se sabe como isso existirá na prática porque o assunto terá que ser regulamentado.

O que o governo propôs para o trabalho no domingo acabou sendo alterado e ficou como era antes. Só que agora por lei, explica o deputado. O curioso é que a reforma trabalhista foi para eliminar leis e dar mais força ao negociado. Nesse caso se fez o caminho contrário. Segundo o deputado foi a forma de dar mais “segurança jurídica”. A MP tem que ser vista como um início de redução de entraves. É preciso não confundir burocracia com as garantias que a sociedade precisa ter.


 

terça-feira, 30 de abril de 2019

A guerra das fintechs

Experiência mostra que apostar contra a inovação não costuma dar certo

Enquanto um bom punhado de gente acompanha o mundo virtual de "Game of Thrones", há uma outra guerra real e dramática acontecendo em torno da ascensão das fintechs, as startups do setor financeiro.  Essa guerra pode ser resumida por uma única palavra: "unbundling" (desagregação).

Hoje, o modelo dos bancos é agregar o maior número de serviços em uma mesma estrutura monolítica: conta-corrente, investimentos, seguros, crédito, pagamentos, gestão patrimonial e até mesmo loterias, como nos chamados "títulos de capitalização". Esse modelo, obviamente, dá muito certo. Especialmente porque é um prato cheio para a possibilidade de colocar em prática subsídios cruzados. É fácil escolher um produto altamente popular e zerar o seu preço, desde que ele sirva de ponte para outros produtos altamente rentáveis. Não por acaso as margens de lucro do setor são muito elevadas.

No entanto, há bárbaros cercando o castelo. Lucros exorbitantes são um forte chamariz para a competição (ou ao menos deveriam ser). Como disse o presidente-executivo da Amazon, Jeff Bezos: "A sua margem é a minha oportunidade".   E, obviamente, Bezos já notou as ineficiências do sistema bancário. Para cada um dos serviços que os bancos agregam hoje, a Amazon está lançando um competidor equivalente: Amazon Pay (pagamentos), Amazon Lending (empréstimos), Amazon Cash (conta-corrente), Amazon Protect (seguros), Amazon Prime (cartão de crédito) e assim por diante.

No entanto, a competição está acontecendo mesmo no território das fintechs, as startups que estão desagregando cada um dos serviços que os bancos prestam de forma unificada, criando modelos mais eficientes e de maior qualidade para o consumidor.  No Brasil, já existe uma pletora dessas novas empresas, cada uma atacando uma modalidade de serviço específico. E, é claro, isso começou a incomodar e gerar reações. A experiência com outras indústrias nos últimos anos demonstra, no entanto, que apostar contra a inovação não costuma dar certo. Em 2006, entre as 5 maiores empresas globais em valor de mercado, havia um banco. Em 2019, todas as cinco maiores empresas do planeta são de tecnologia.

As mudanças ocorrem rapidamente. O que hoje é monolítico em cinco anos pode não ser mais,
como gosta de dizer o consultor Anand Sanwal, citando Hemingway: "Como você faliu? De dois jeitos. Gradualmente, depois subitamente".  Chegou o momento em que as fintechs começarão a ter curvas de adoção parecidas com a das empresas de tecnologia. No entanto, esse caminho não vai ser fácil. O papel da regulação do setor e da proteção à competição vai ser determinante.

Quando a indústria da música foi "desagregada" pela internet, tentou ao máximo valer-se da regulação para conter os novos entrantes. Queriam continuar vendendo CDs com 12 músicas para consumidores que queriam comprar só uma. O resultado é que hoje as gerações mais novas nem sabem o que é um CD.  Com os serviços bancários, a banda já começou a tocar dessa forma. Resta saber se a música será um tango argentino ou um abre-alas para a inovação, capaz de construir um futuro sintonizado com os desejos da ponta que mais importa, o consumidor.

READER
Já era Inteligência artificial vencendo humanos só em jogos de tabuleiro (xadrez, go etc.)

Já é IA vencendo humanos em games complexos, como "Starcraft 2"

Já vem
IA vencendo humanos em Magic: The Gathering

Ronaldo LemosAdvogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro.

segunda-feira, 4 de março de 2019

‘Direita assumida’ tenta cavar espaço em Portugal

A direita perdeu a timidez em Portugal. Enquanto a geringonça, a coligação informal de governo entre forças de esquerda, é invejada em quase todo mundo, a tentativa de fazer oposição ao primeiro-ministro socialista António Costa ganhou as ruas e as redes sociais. Neste ano de eleições europeias e legislativas, e que também marca os 45 anos do fim da ditadura de Salazar, novos partidos ainda sem representação parlamentar assumem posições mais à direita para disputar votos e militantes.

O ex-premier Pedro Santana Lopes (2004-2005) fundou o partido Aliança em outubro de 2018. Com campanha publicitária, cobertura dos meios de comunicação e explorando o espaço deixado pela inclinação ao centro do principal partido conservador — o Social Democrata (PSD), cujos dirigentes evitam se declarar publicamente de direita —, Lopes atraiu políticos da sigla como Virgílio Costa, que tinha mais de 40 anos na legenda.

CHANCE NA ELEIÇÃO EUROPEIA
Lopes convidou para vice-presidentes da agremiação a advogada da Madonna, Ana Pedrosa-Augusto, e um professor de ciência política, Bruno Ferreira Costa, ambos jovens e bem-sucedidos. Ao lado do experiente político, os novatos têm suas fotos estampadas em outdoors nas ruas das principais cidades com o slogan do Aliança: “Um país às direitas.” Percebemos que as novas gerações já assimilam uma direita moderna, que não é reacionária ou retrógrada, mas capaz de acreditar na liberdade econômica. Assumimos publicamente que estamos à direita, sim, mas longe dos extremos — declarou Lopes, que salpica as frases com expressões em inglês.

O Aliança se apresenta como “low-cost, high profile e paper free” (de baixo custo, alto perfil na mídia e sem burocracia). Entre os pilares do seu estatuto estão a “liberdade de educação e o papel da família enquanto célula estruturante, liberdade econômica e iniciativa privada”. A sigla tem recrutado com campanhas no Facebook e no Instagram e usa fotos de modelos para atrair militantes, que podem contribuir com até €10,4 mil ao ano e devem ajudar na divulgação da captação de recursos via crowdfunding. Somos um partido do século XXI com aderência de bons quadros junto aos segmentos high tech e de startups —disse Lopes. 

Nas eleições para o Parlamento Europeu, em maio, o partido tem a chance de eleger um deputado. Paulo de Almeida Sande, ex-assessor do presidente Marcelo Rebelo (PSD), tem 4% das intenções, segundo o Eurosondagem. O outro objetivo é disputar as eleições para a Assembleia da República, em outubro, e, caso obtenham sucesso, negociar coligação de oposição com o PSD e o CSD-Partido Popular (PP). Candidato a estrela do partido, Bruno Ferreira Costa acredita na falência da geringonça no segundo mandato, para o qual António Costa deverá se reeleger, como indicam as pesquisas. —Vivem de aparência, por que são vários os problemas no país. Na União Europeia, Portugal tem que ter uma posição de exigência e não de obediência —disse o professor.

Para o cientista político José Adelino Maltez, Portugal entrou na fase de arrumação do tabuleiro pré-eleitoral para a ocupação do vazio à direita. O interessante será observar se haverá fragmentação nas Legislativas ou se a polarização PS versus PSD será mantida. Com o crescente avanço dos partidos de direita e extrema direita pela Europa, ele faz um alerta. — Um populismo equivalente ao francês ou espanhol ainda não surgiu porque o fascismo português é covarde e não se recompôs desde o fim da ditadura. Mas já há um ou outro com discurso contra os imigrantes, os ciganos. Por enquanto, não parecem ter força intelectual ou financeira, mas cedo ou tarde isso vai acontecer. Quando o PSD diz que não é de direita, retoma posição ao centro para tirar votos do PS. E há um arranjo do cenário e disputa para obter aqueles votos à direita —disse Maltez.

Nas pesquisas para as eleições europeias, foi registrada a manutenção da maioria de centro-direita do Partido Popular Europeu, no qual estão o PSD e o CDS-PP (183 lugares). O grupo dos Socialistas e Democratas, do qual faz parte o PS, mantém a segunda maior bancada, com 135 deputados. O grupo de extrema direita Europa das Nações e das Liberdades (ENF), formado pela União Nacional de Marine Le Pen e pela Liga Norte de Matteo Salvini, sobe para 59, 22 a mais que os 37 atuais.

CONEXÃO COM O BRASIL
Ao constatar a tendência de crescimento do bloco de extrema direita, José Pinto-Coelho não sai do Facebook e sonha em eleger, pela primeira vez, um deputado europeu. Presidente do Partido Nacional Renovador (PNR) — sigla fundada em 2000 que nunca elegeu representantes e teve 0,18% dos votos na eleição geral de 2015 —, diz que pretende se candidatar por Lis boa em outubro. Para tirar partido da onda que levou à eleição de Jair Bolsonaro, Pinto-Coelho criou esta semana a página PNRBrasil no Facebook:Somos o único sem complexo de politicamente correto. Porque os outros são uma direitinha morna que a esquerda dominante permite e que lhe convém. Somos contra a imigração permissiva, não queremos uma Europa muçulmana, não defendemos bandido e só reconhecemos o sexo homem e o sexo mulher.

Ele, que viveu no Brasil por três anos, explica a estratégia das campanhas:
—Tivemos 15 mil votos nas últimas europeias. Temos que crescer dez vezes. Não é impossível graças ao que fizeram Bolsonaro, Trump, Salvini, o Vox espanhol. Mas se chegarmos a 50 mil votos, será um trampolim para as legislativas, onde, com 20 mil votos, chegarei ao Parlamento.

Pinto-Coelho diz que recebe centenas de mensagens da direita brasileira. Depois que o EX-deputado do PSOL e ex-bbb  renunciou ao mandato e saiu do Brasil devido a ameaças, ele organizou o protesto “Jean Wyllys não é bem-vindo em Portugal”. Diz acreditar que o ex-parlamentar brasileiro, convidado a dar palestras na Universidade de Coimbra no mês passado, é um dos símbolos do “marxismo cultural”: — Está enraizado nas escolas, nos meios de comunicação e no sistema. Isto é o sistema. Para eles, a direita é ódio. E a esquerda, a tolerância.

André Ventura já foi do PSD e é o fundador do Chega, na fase de formalização, mas já com as assinaturas necessárias para a aprovação. Defende a castração de pedófilos e declarou que a etnia cigana viveria de subsídios estatais. Seu partido deverá formaruma frente para as europeias com o Partido Popular Monárquico (PPM), o Partido Cidadania e Democracia Cristã (PPV-CDC) e o movimento Democracia 21. Em 2017, também foi criado o Iniciativa Liberal (IL).
 
Gian Amato -  O Globo
 

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

O que são Fintechs?

Quando você precisa transferir dinheiro ou pagar contas, provavelmente recorre a bancos e instituições semelhantes, correto? Mas um tipo de empresa que une tecnologia com serviços financeiros está mudando esse cenário: as fintechs. O Brasil é muito bem representado nesse segmento com startups como Nubank, Controly e GuiaBolso.

Mas o que é exatamente uma fintech? Como serviços do ramo funcionam? Por que esse tipo de empresa pode mudar a forma como as pessoas administram o dinheiro? É o que você descobrirá nos próximos parágrafos.

O que são fintechs?
O termo 'fintech' surgiu da combinação das palavras em inglês financial (finanças) e technology (tecnologia). Esse nome, por si só, resume bem a ideia: fintech é toda empresa que oferece serviços financeiros que se diferenciam pelas facilidades proporcionadas pela tecnologia e, com efeito, pela internet.

Sob esse ponto de vista, talvez você não veja muita diferença em relação aos serviços oferecidos pelos bancos. Instituições bancárias trabalham com tecnologias bastante sofisticadas para atribuir acesso e segurança às transações financeiras. Isso vale para gerenciamento de contas correntes, empréstimos, serviços de cartão de crédito, investimentos, entre outros.  Mas, em uma fintech, a tecnologia é utilizada essencialmente para trazer conveniência por meio da inovação: as empresas do ramo utilizam recursos tecnológicos amplamente disseminados para criar metodologias, processos e ferramentas que facilitam o acesso a serviços financeiros. O resultado desses esforços aparece para o usuário na forma de praticidade, burocracia reduzida, custos baixos, maior controle sobre operações financeiras e por aí vai.

Quais serviços as fintechs oferecem?
As fintechs podem oferecer uma ampla variedade de serviços, tanto para usuários domésticos (pessoas físicas) quanto para empresas e demais instituições (pessoas jurídicas).  Alguns desses serviços não diferem muito do que encontramos em bancos e afins: fornecimento de cartão de crédito (inclusive pré-pago), meios de pagamentos, financiamentos, transferência de recursos, entre outros.  Outros serviços diferem bastante, como os que oferecem plataformas para que o cliente possa gerenciar as suas finanças com mais clareza ou que permitem que outros usuários — e não bancos — ofereceram pequenos empréstimos (nos países em que esse tipo de atividade é permitido).
Em todos os casos, o principal diferencial está no foco que é dado à experiência do usuário: como já dito, os recursos tecnológicos devem trazer praticidade, facilidade de uso, redução de burocracia, etc.

Como as fintechs funcionam?
Cada fintech tem um modelo próprio de negócio e, portanto, não dá para esmiuçar cada um deles. Mas, via de regra, as empresas do setor direcionam seus esforços no desenvolvimento de soluções que cobrem "deficiências" ou limitações de serviços financeiros tradicionais.

Em outras palavras, as fintechs utilizam tecnologia — sobretudo no âmbito da internet para dar aos usuários recursos que bancos e afins não disponibilizam ou que até são oferecidos por essas instituições, mas de modo muito conservador.  Esse diferencial todo é possível porque, na maioria dos casos, as fintechs são formadas por startups. Esse é o nome dado a um tipo de empresa, geralmente com pouco tempo de existência, que cria e explora ideias criativas para oferecer serviços e produtos inovadores.

Uma startup tecnológica, basicamente, identifica uma oportunidade — um produto ou serviço que supre uma demanda não atendida ou que pode fazer algo melhor do que aquilo que já é oferecido pelo mercado —  e utiliza a tecnologia para criar meios para explorá-la. É o que acontece com as fintechs. Note, porém, que é importante que a startup adote desde o início medidas para aperfeiçoar com agilidade serviços e produtos oferecidos, suportar aumentos expressivos da demanda e transmitir ao usuário percepção de valor. O melhor jeito de fazer isso é focando em qualidade, não em quantidade: convém disponibilizar poucos, mas excelentes serviços ou produtos do que oferecer vários deles, mas correr o risco de perder o controle sobre eles por conta da diluição do foco.

Nas fintechs esse princípio é levado bem a sério: boa parte das empresas do segmento oferece serviços ou produtos bem específicos. Na maioria dos casos não há, como nos bancos, uma ampla cesta de serviços ou qualquer coisa parecida. Isso é positivo porque a empresa consegue ficar focada em melhorar os seus processos. Desse modo, os clientes em potencial compreendem rapidamente o que cada uma delas oferece.

Um estudo de caso: a Nubank
Até aqui, a abordagem acerca do universo das fintechs tem sido teórica. Para facilitar a compreensão, é melhor estudarmos um caso real de sucesso. Utilizaremos para esse fim a proposta da Nubank, empresa que provavelmente ocupa o posto de fintech mais popular do Brasil.

A Nubank Brasil surgiu em 2013, mas começou a operar em 2014 disponibilizando apenas um produto: um cartão de crédito internacional com bandeira MasterCard. Até aí, nada demais. Tudo o que é banco oferece cartão de crédito. Assim, o que há de inovador aí? A forma como a Nubank oferece esse produto.  Para começar, o cartão não tem anuidade, tampouco cobra outras tarifas. Sim, há bancos e operadoras que também não cobram anuidade do cartão, mas na maioria das vezes há condições associadas: o cliente deve realizar pelo menos um gasto por mês com o cartão ou ter um longo tempo de relacionamento com a empresa, por exemplo. Com a Nubank não há nada disso: nenhum cliente paga anuidade e outras tarifas, não importa o seu perfil de renda ou se o cartão é pouco usado.

Mas a parte mais interessante — a que torna a empresa inovadora fica no smartphone do usuário: é necessário instalar um aplicativo do Nubank em um dispositivo móvel (Android, iOS ou Windows). Essa ferramenta permite ao usuário ter absoluto controle sobre o seu cartão.  Toda vez que o cliente usar o cartão, o aplicativo mostrará, tão logo a transação for confirmada, o nome da empresa que recebeu o pagamento, assim como a localização desta em um mapa. As informações sobre todas as transações ficam disponíveis em uma linha do tempo. Dessa forma, o usuário sempre consegue saber quando e onde realizou cada gasto.

Tem mais: o aplicativo também mostra qual o limite do usuário e quanto deste já foi gasto. Esse é um detalhe importantíssimo. A maioria dos bancos oferece, no máximo, uma notificação por SMS toda vez que uma transação é realizada. O usuário não tem, porém, um jeito fácil de saber o quanto já gastou no mês. Muitas vezes é possível ter essa informação no site ou no aplicativo móvel do banco, mas pode demorar dias para que uma transação realizada com o cartão apareça ali.

Isso é perigoso. Como as informações sobre gastos são pouco claras, muitos usuários acabam não percebendo que gastaram demais e não conseguem pagar a fatura na íntegra no final do mês. A consequência, muitas vezes, é o endividamento, pois os juros cobrados nos cartões emitidos no Brasil são absurdamente elevados.

Com o Nubank as chances de endividamento são menores porque o usuário tem uma visão geral sempre atualizada de seus gastos e, se não conseguir pagar a fatura na íntegra no final do mês, encontrará juros mais baixos (embora não muito) do que os cobrados por instituições convencionais.  Usando o aplicativo, o usuário também consegue solicitar aumento de limite, deixar esse limite abaixo do disponível, bloquear o cartão temporariamente e contatar o suporte da Nubank via chat — canal que atende muito bem, por sinal.

Fintechs versus bancos
Há uma pergunta que é frequente no universo das fintechs: essas empresas podem rivalizar diretamente com os bancos? A resposta curta é ‘sim, mas não é sempre’.
O modelo de negócio da Nubank é, novamente, um exemplo a ser citado: a empresa trabalha com um produto que existe em praticamente qualquer banco, mas aposta na experiência para concorrer com essas instituições.

Porém, veja que o objetivo aqui não é exatamente fazer frente aos bancos, mas oferecer alternativas para problemas que os clientes frequentemente encontram nessas instituições. Entre esses problemas estão usuários que não conseguem aproveitar bem os serviços bancários por não terem como comprovar renda ou porque moram em regiões desprovidas de agências ou caixas eletrônicos.

Também é o caso das fintechs que trabalham com cartão de crédito pré-pago. Se o usuário tiver dívidas ou não puder comprovar renda não terá o serviço negado, pois o cartão só permitirá que ele gaste o valor que tiver sido carregado como crédito. Logo, não há risco de ele ficar devendo para a instituição. Bancos tradicionais não gostam muito dessa modalidade de serviço.

Outro exemplo vem das empresas que disponibilizam plataformas para que o usuário faça controle financeiro. Essas ferramentas permitem que a pessoa administre melhor suas despesas e contas bancárias, outro tipo de recurso que normalmente não é oferecido pelos bancos.  O fato de as operações das fintechs serem quase que exclusivamente on-line também é um diferencial importante. Os serviços dessas empresas se integram com a "rotina digital" do usuário: o alvo são clientes que já estão acostumados a utilizar smartphones ou serviços on-line a partir do PC. Não por menos, a principal clientela das fintechs é o público na faixa etária dos 18 aos 34 anos, os mais familiarizados com a tecnologia.

Bancos, ainda que estejam cada vez mais focados em atendimento eletrônico, dependem muito de processos burocráticos que muitas vezes acabam sendo inconvenientes para o cliente (ele precisa ir a uma agência para resolver certos problemas, por exemplo). Quando há serviços que sobrepõem o que é ofertado pelas instituições bancárias, predomina aí o senso de concorrência: alguns bancos já vêm se inspirando nos modelos de negócio das fintechs para oferecer recursos semelhantes, como aplicativos para controle do cartão de crédito.

Não é que esses recursos já não tenham sido estudados ou ao menos cogitados antes do fenômeno das fintechs: é que os bancos, pela estrutura consolidada e tradicional da qual dispõem, normalmente têm outras prioridades. Logo, aplicativos ou plataformas na web sempre estiveram mais para recursos adicionais do que para diferenciais.

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