Se Dilma Rousseff cometer o desatino fatal de nomear Lula
para algum ministério vai ser mandada para o esgoto da História, sem direito a
tratamento. A eventual nomeação de Lula, especulação absurda que vem sendo
tratada pela mídia amestrada como um fato sério, funcionaria como uma confissão
antecipada de culpa. Se embarcar nesta furada, Dilma vai afundar mais rápido
que o PTitanic...
Não vai colar a desculpa (esfarrapada) de que Lula iria
ajudar a resolver a crise, rearticulando o governo e a base amestrada no
Congresso (sem lhes pagar alguns mensalões?). Lula, que é uma das figuras mais
poderosas e blindadas do Brasil, deve estar muito fragilizado psicologicamente
para jogar no lixo o que seria o teórico simbolismo do Presidente da República
(coisa que não existe por aqui) em troca de um nada seguro e absurdo direito a
foro privilegiado, para eventuais acertos de contas com o judiciário. Lula,
ministro de qualquer coisa, é uma piada de brasileiro.
Agora,
vamos tratar de coisa séria! A quem pertence o mandado do Presidente da
República? Ao mandatário escolhido pelo povo? Ou ao povo que o elege? No
Brasil, de presidencialismo imperial, com abusivos poderes estatais
capimunistas, a resposta é sempre a errada. Os eleitos sempre acham que estão
acima do cidadão. No entanto, no correto raciocínio constitucional, a partir do
Poder Instituinte, que deveria definir as regras do jogo democrático (a
segurança do Direito), o povo é o dono do mandato presidencial.
Nossos
Presidentes não pensam corretamente. Nossa Presidenta exagera na dose. Batendo
recordes de impopularidade, porque demonstra ser incapaz de conduzir a coisa
pública com competência, seriedade e honestidade objetiva, Dilma perdeu a
legitimidade para continuar no poder. Assim, na democradura tupiniquim, um sistema
que tem apenas cacoetes pretensamente democráticos, no qual o Estado interfere
exageradamente na vida dos cidadãos e na atividade econômica, somos obrigados a
assistir a patética cena de uma mandatária vociferando que aguenta pressão, que
não vai cair, nem renunciar, embora tenha perdido a governabilidade.
Os
políticos fingem não constatar que a principal crise brasileira é estrutural.
Ela é a mãe das outras crises: política, econômica e moral. Por isso, não basta
discutir se é preciso tirar Dilma do poder, por qualquer modo que seja:
impeachment, anulação eleitoral, renúncia forçada ou algum golpismo. A meta
real deveria ser uma intervenção constitucional, com prazo determinado, para
mudar a estrutura estatal tupiniquim, a fim de que o Estado sirva à sociedade -
e não mais se sirva dela. É o único jeito de fazer do Brasil um lugar decente,
honesto, justo, democrático e produtivo.
O
Alerta Total assina embaixo o que escreveu um dos defensores da Intervenção
Constitucional, o jurista Antônio Ribas Paiva: "Temos que optar pelo
melhor para a Nação e o Brasil. Não pelo conveniente ou menos traumático. Isto
seria manter o regime do crime organizado. Como ocorre desde que o General
Leônidas empossou, ilegitimamente, seu amigo José Sarney na Presidência da República.
Da ilegitimidade não decorre nada legítimo. A única saída verdadeira seria uma
Intervenção Constitucional, com o povo exercendo seu Poder Instituinte".
A
tal da Nova República, que já nasceu caduca e ilegítima, esgota-se (no sentido
conotativo ou detonativo do verbo). O Brasil necessita de profundas mudanças
estruturais. Elas são necessárias e urgentes não só para nós. Trata-se de uma
demanda mundial. A implantação de uma democracia saudável brasileira é crucial
para o equilíbrio político e econômico do planeta. O agravamento de uma crise,
que cause desestruturação do País, não interessa aos poderes globalitários. Uma
ruptura institucional, perto da qual estamos, tem consequências danosas e
imprevisíveis, gerando desequilíbrios complicadíssimos que ameaçam a segurança
e a paz na Terra.
Por
tudo isso, pouco adianta a "agonizanta" Mãe Dilma antecipar, de
segunda-feira para às 19 horas deste domingão, no Palácio da Alvorada, a
reunião que discutirá a crise política - atrapalhando o Dia dos Pais. A prioridade
da reunião é cortar a cabeça de Aloísio Mercadante na Casa Civil. O PMDB deseja
a queda dele. Luiz Inácio Lula da Silva, seu ex-amigo, mais ainda. Michel Temer
(que está de olho na falida butique de R$ 1,99 da Dilma) comparecerá como
"coordenador político do governo" (tarefa que a Dilma sem noção
preferiu terceirizar, e por isso e por tantos outros motivos, toma tanta
pancada). Se bobear, até Renan Calheiros, a quem Dilma recorreu na hora do
extremo desespero, vai participar...
Além de detonar Marcadante, a reunião pode decidir pelo
retorno oficial de Lula ao governo. Tudo apenas para lhe conceder foro
privilegiado, sob o pretexto de que ele pode colaborar para a governabilidade
atuando mais próximo da Dilma. Se tal insanidade for cometida, o desgoverno
assina sua sentença de morte, com direito a publicação no Diário Oficial da
União. Lula no Ministério da Defesa (dele mesmo?) ou nas Relações Exteriores
(para fazer mais negócios?) é um golpe estúpido.
O panelaço da semana passada tirou Dilma de órbita. A
pesquisa sobre sua impopularidade feriu de morte a autoestima dela. Apesar
disto, a Presidenta não se emenda. Nem os demais políticos. Todos preferem
viver em outra realidade. Por isso, não conseguem soluções para nenhuma crise.
Aliás, nem querem resolver nada. Tirando alguma tensão, em função do medo de
uma investigação redundar em prisão, todos permanecem na mesma zona - de
conforto. Claro, mamando na teta do Estado Capimunista, que leva a sociedade à
falência, mas não quebra.
Os banqueiros não deixam. A gastança continua. Os juros
sustentam a farra. Ajudam a rolar a impagável dívida pública. O cidadão paga a
conta, com mais impostos, taxas, contribuições e usura. A diferença, agora, é
que os otários reclamam. Marcamos até um evento no dia 16 de agosto. Até porque
manifestação, no Brasil do Carnaval, precisa ser, acima de tudo, uma grande
festa. Alguns políticos até vão se preocupar com a gritaria festiva das ruas.
Na visão deles, pode reclamar à vontade. Desde que se derrube a Dilma, mas
nenhuma mudança radical, estrutural, aconteça...
As crises brasileiras estão longe de solução, embora tudo
possa se resolver rapidamente, desde que rompamos com o modelito
capimunista-rentista. É possível fazer isto. O problema é que a maioria ainda
não tem clareza de que é preciso, antes e acima de tudo, ter vontade de romper
com o passado, arrumar o presente e planejar um futuro viável, com juro baixo,
muito trabalho produtivo, ensino de qualidade e investimento na base familiar,
para formar cidadãos de verdade.
A Elite Moral acordou. Só falta definir a que horas vai
sair da cama para trabalhar de verdade. Parar de especular é difícil. Fácil é
organizar uma festança como a de domingo que vem. Dilma está convidada a sair.
Mas ela não é a causa. É mais uma consequência do modelo equivocado de Nação,
com abusos cometidos pelo poder central e sua máquina pública que rasga
dinheiro.
Se o Brasil não implantar um sistema federalista de
verdade, vai acabar dividido. As diferentes crises estão criando as
pré-condições de violência e desprezo democrático para a eclosão de uma guerra
civil por aqui. Os militares percebem o fenômeno com apreensão. No entanto,
como o tenentismo foi derrotado na guerra ideológica pós-64, as Legiões não vão
partir para nenhum tipo de intervenção. A não ser que sejam forçadas a agir,
não só por clamor da sociedade, mas porque as crises vão tirar os oficiais da
aparente zona de conforto - que tem nada de confortável.
Por enquanto, vamos seguindo em ritmo de agonia festiva.
Panelaços e protestos terão reações (provavelmente violentas) de quem não
deseja mudanças do status quo. Se a crise econômica se agravar - o que parece
uma tendência -, a situação política se deteriora de insuportável para
insustentável. Aí, na hora do pega pra capar, tudo pode acontecer. Chegaremos
àquele momento do decisivo Fla-Flu - que o imortal Nelson Rodrigues relatou ter
ocorrido antes da criação do mundo...
A bola está com o povo. Na marca do pênalti. É gol! Ou
mais um chute para fora...O diferente, agora, é que a torcida parece disposta a
entrar em campo, porque começou a entender que as regras do jogo nunca
estiveram tão erradas e contra toda a galera. O craque $talinácio, que é um
especialista em metáforas político-esportivas, sabe que o grande jogo final
nunca esteve tão próximo de um desfecho imprevisível ou, na melhor hipótese,
nunca antes visto na História (mal contada) deste País...
Uma coisa é certa. O juízo final não vai perdoar quem
tirar o time de campo por covardia ou pisar na bola por incompetência... O jogo
é jogado... Chega de perder de sete ou cair de quatro... É vencer ou vencer...
Fonte: Blog Alerta Total - Jorge Serrão