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terça-feira, 20 de dezembro de 2022

FARRA GERAL - Na surdina, Câmara aumenta o salário dos deputados e de Lula

Aumento foi colocado em votação minutos antes do início da sessão

Sem alarde, sem comunicação prévia, num momento em que o Congresso Nacional vive dias tenebrosos, os deputados resolveram aumentar seus próprios salários nesta terça-feira, 20. O projeto foi aprovado por 348 votos a 45. Todos os partidos orientaram a favor, com exceção do Novo. 

O reajuste afeta todos os servidores federais do Congresso, Ministério Público Federal e de tribunais superiores, por exemplo. Os deputados vão passar a receber R$ 37 mil.

Em seguida, outro projeto foi aprovado para reajustar a remuneração de presidente da República e dos integrantes do Judiciário. O placar foi de 295 votos a favor contra 102.

O salário de ministro do Supremo Tribunal Federal passará para R$ 46 mil. O efeito cascata só para o Judiciário será de R$ 13 bilhões. É um aumento para a elite do funcionalismo. Duvido que alguém grave um vídeo agora para explicar isso para a população. Avisaram que iriam votar faltando meia hora para começar a sessão”, afirmou o deputado Tiago Mitraud (Novo-MG).

“Sempre fui servidora pública. Esse é um momento absolutamente inoportuno. Urgência para reajustar salários? O país está pegando fogo”, disse Bia Kicis (PL-DF). “Deveríamos estar aqui tentando defender a Constituição e salvar o motivo pelo qual fomos eleitos porque o STF está legislando por nós.”

Redação - Revista Oeste 

 

sábado, 24 de julho de 2021

Democracia na marca do pênalti - Revista Oeste

— Mestre, o que essa gente toda está fazendo na rua?

— Deu problema em Brasília, gafanhoto.

— Que problema, mestre?

Tentaram uma malandragem na surdina, gafanhoto.

— Que malandragem, mestre? Que surdina?

Tentaram enterrar uma reivindicação da sociedade ao apagar das luzes, gafanhoto. No afogadilho.

— O que é afogadilho, mestre?

— Procura aí no dicionário, gafanhoto.

— Já achei. E por que fizeram isso, mestre?

Porque democracia é muito complicado, gafanhoto. Tem que dar satisfação pra muita gente. Então tem uma turma boa lá no Congresso que tá preferindo resolver tudo entre quatro paredes.

— Simplifica, né?

— Muito.

— Então qual é o problema, mestre?

— O problema é pra quem tá de fora das quatro paredes, gafanhoto.

— É muita gente?

— Bastante. Você e eu, por exemplo.

— Mas não tem o voto que a gente dá pra eles fazerem lá o que a gente quer que seja feito?

— Aí é que tá. O pessoal da planície quer ter certeza de que o voto foi pro candidato certo, mas o pessoal do afogadilho acha que não precisa.

— Acha que não precisa votar? Ou que não precisa ter certeza de que o voto foi pra pessoa certa?

— Dá no mesmo, gafanhoto.

— E conseguiram enterrar essa reivindicação lá no Congresso, mestre?

— O funeral tava pronto, aí deu ruim.

— “Deu ruim”? Nunca te ouvi falando assim, mestre.

É que tô meio sem saco pra esses picaretas.

— Entendo. E deu ruim como?

— O povo rugiu aqui do lado de fora e os deputados que ainda têm vergonha na cara suspenderam o funeral.

— E agora, mestre?

Agora é isso aí que você tá vendo, gafanhoto. Essa gente toda na rua.

— Será que os coveiros vão recuar?

— Isso é problema deles. Essa sua pergunta reflete um dos males da humanidade.

— Pois é, gafanhoto. Contando ninguém acredita.

— Desculpe, mestre. Como assim?

“Será que eles vão recuar?” “Será que eles vão deixar?” “Será que vai dar?” E por aí vai. No dia em que os indivíduos largarem essa mania de fazer previsão e levarem os seus intuitos até o fim, o mundo será outro.

Não tinha pensado nisso.

— Então pensa.

— E quem foi que montou o funeral do projeto de verificação do voto?

— Projeto do voto auditável.

— Ah, tá. O que é auditável?

— Procura no dicionário.

Achei. Voto impresso, né?

— Não tem nada a ver uma coisa com a outra.

Ué, eu busquei aqui por voto auditável e apareceu logo voto impresso.

— É uma confusão que os próprios defensores da medida ajudaram a criar.

— Os próprios defensores, mestre?!

— Exatamente, gafanhoto. Confundir é muito mais fácil que explicar.

Assim fica difícil mesmo.

— Bota difícil nisso. Impresso é só o comprovante do voto eletrônico, justamente para que se possa auditar a eleição. Aí eles saem defendendo o voto impresso e os picaretas dizem que é pra voltar ao sistema de voto em cédulas de papel, que é um retrocesso, etc. Entendeu?

Se não estivesse ouvindo da sua boca eu não acreditaria, mestre.

— Pois é, gafanhoto. Contando ninguém acredita.

E como os picaretas conseguiram montar o enterro de uma medida de segurança eleitoral que tanta gente quer?

— É uma longa história, gafanhoto.

— Resume, mestre. Quem não sabe resumir não pode ser mestre.

— Agora eu gostei de te ouvir, gafanhoto.

— Obrigado. A minha paciência também está acabando, que nem a sua.

— Até que enfim.

— Estou esperando o resumo.

O resumo é o seguinte: representantes do Poder Judiciário, que por coincidência são os árbitros da eleição e reabilitaram um criminoso para disputar essa mesma eleição, meteram o bisturi nos partidos e operaram a comissão do voto auditável.

— Eles são cirurgiões?

Sim. Especialistas em transplante de consciência.

— Explica melhor, mestre.

Os deputados da comissão que votariam a favor do voto auditável foram transplantados por deputados que se dispuseram a votar contra.

— Caramba! Isso é mais complicado que cirurgia pra mudança de sexo.

— Muito mais. Mas pode ficar simples se você tiver bons instrumentos cirúrgicos e pacientes dóceis.

— Deixa eu olhar aqui no dicionário o que são pacientes dóceis, mestre.

— Larga esse dicionário e vai à luta, gafanhoto.

Leia também “Se as eleições fossem ontem”

Guilherme Fiuza, colunista - Revista Oeste 

 

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Cada vez mais quente: o escândalo da ‘Vacinação VIP’ na Argentina - Blog Mundialista - VEJA

Alberto Fernández quer se distinguir por práticas republicanas, mas a realidade latino-americana é mais forte – e tem caso no Peru também

O ministro, o vice-ministro, mais outros ministros, os chefões sindicais, o embaixador no Brasil, um ex-presidente, os filhos, as esposas, os sobrinhos, os sogros, os amigos, as “amigas”, as secretárias, o fotógrafo do presidente e até, em pelo menos um caso, o motorista. [Na Argentina, só esqueceram  de vacinar os profissionais da Saúde; 
falando em prioridade, uma deputada federal petista, DF, está preocupada em que criminosos presos com mais de 60 anos sejam vacinados. 
A petista, provavelmente está preocupada com ela ou outros colegas de partido - sendo comum petista ser preso, existe a possibilidade de um deles, ou vários, ser encarcerado e não estar imunizado.
Defendemos o cumprimento da lei: se o cara está preso, se supõe que está isolado do convívio social = isolamento e distanciamento social  = inerente a quem está preso.
Voltamos a malhar em ferro frio criticando dar prioridade a indígenas aldeados (os que moram em aldeias) . Se moram em aldeias já estão isolados do convívio com possíveis prováveis contaminados = contaminadores.]

Não tem fim a lista de privilegiados, no poder ou em suas imediações, que furaram a fila da vacina e receberam a Sputnik V num hospital de Buenos Aires, o Posadas. Os mais VIP ainda tiveram uma facilidade extra: uma equipe de vacinadores ia ao Ministério da Saúde para um atendimento customizado.

O ministério fica a cinco minutos da Casa Rosada, mas o presidente Alberto Fernández parece ter caído do terceiro ainda quando o caso explodiu. Rapidamente, ejetou do cargo o ministro da Saúde, Ginés González García. Promoveu para a pasta a vice, Carla Vizzotti, que precisaria ter um nível extraordinário de embotamento perceptivo para não captar o que estava acontecendo à sua volta.  Também rodou o sobrinho de Ginéz, Lisandro Bonelli, que também era, por uma extraordinária coincidência, seu chefe de gabinete. Como nas grandes festas, era ele o encarregado de controlar a lista VIP.

Fernández fez a degola e viajou com a comitiva desfalcada por alguns dos VIPs vacinados na surdina – e num avião particular pertencente a Lionel Messi, alugado para a viagem oficial por 160 mil dólares com o objetivo de oferecer privacidade sanitária ao presidente. Antes de viajar, mandou que fosse divulgada a lista completa dos vacinados, achando que assim o caso – “reprovável”, segundo o adjetivo mais forte que conseguiu encontrar – começaria a refluir. Teve o efeito oposto.

MATÉRIA COMPLETA: Wilma Gryzinski, colunista - Blog Mundialista - Veja