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sábado, 18 de fevereiro de 2023

Jogando no tumulto - J. R. Guzzo

Revista Oeste

 O Banco Central é a única coisa da administração federal em que Lula não manda, e ele não se conforma que seja assim

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central | Foto: Montagem Revista Oeste/Wikimedia Commons/Raphael Ribeiro/BCB 

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central | Foto: Montagem Revista Oeste/Wikimedia Commons/Raphael Ribeiro/BCB

A guerra enraivecida que o presidente Lula faz neste momento contra o Banco Central é um escândalo a céu aberto. 
Lula, para se falar português claro e na ordem direta, está agindo para destruir as instituições, essas mesmas instituições tão sagradas para o Supremo, o Congresso e tanta gente mais — pois, queiram ou não queiram, o Banco Central é uma instituição brasileira, encarregada de cuidar da estabilidade da moeda nacional e independente do Poder Executivo por força de lei. A moeda é um bem público; não pertence, como Lula está querendo, aos que mandam no governo, e muito menos a ele. 
Tem de estar protegida de interesses políticos, ideológicos e pessoais — de novo, tudo o que Lula não quer. A autonomia do Banco Central não é um capricho da “direita”, uma exigência do “mercado” ou uma invenção de Jair Bolsonaro para agradar os “ricos”. É uma peça institucional do Estado e uma conquista do povo brasileiro — em vez de ficar com o valor do seu dinheiro entregue aos desejos do presidente da República, o cidadão tem o seu patrimônio material resguardado por um órgão independente, que não presta obediência à política e nem serve à demagogia dos políticos
Lula, o PT e a esquerda querem acabar com isso.
O presidente, em sua ira, não está manifestando uma discordância quanto à política de juros, ou a outras questões de gestão econômica que fazem parte das tarefas legais do Banco Central. Também não está, como diz hipocritamente o seu Sistema, “propondo um debate” sobre o assunto. Está dizendo, simplesmente, que uma instituição brasileira deve ser eliminada — ou ser amputada de sua característica mais importante, o que dá exatamente na mesma. 
Segundo o Supremo, e segundo repetem todos os dias as diversas polícias ideológicas de seu governo, isso é proibido
não se pode agredir as “instituições”, nem pregar “animosidade” contra elas. Mas Lula não apenas faz as duas coisas, como espalha ódio e distribui insultos a quem discorda de sua posição. 
 
Acusa o Banco Central de causar a miséria no Brasil. Diz que a autonomia é “uma bobagem”. Chamou o presidente do banco, que jamais lhe fez mal algum, de “esse cidadão”. Que raio de “debate” existe nisso tudo? Seu Ministério da Verdade acusaria de espalhar fake news, ou no mínimo de “desinformação”, quem dissesse que o órgão encarregado da estabilidade da moeda é responsável pela pobreza — ou pela política econômica. 
E que tal dizer, por exemplo, que a autonomia da justiça é uma “bobagem”? Na mesma linha: por que Lula não chama a atual presidente do STF de “essa cidadã”?
Onde está a valentia que exibe contra adversários que não podem se defender?

Lula está pouco se lixando para os pobres. Quer um governo que distribua dinheiro barato para os amigos e compre a sua permanência no poder

O Banco Central, no momento, é a única coisa da administração federal que funciona com alguma racionalidade e competência; é por isso, e por nenhuma outra razão, que a inflação fechou 2022 abaixo dos 6% ao ano e continua sob controle. 
Também é a única em que Lula não manda, e ele não se conforma que seja assim. 
Como um sultão africano ou um ditadorzinho bananeiro, quer mandar em tudo. Mais: quer mandar já. O mandato do atual presidente termina daqui a dois anos, e aí Lula vai poder nomear quem quiser, mas ele não quer esperar até lá; exige um Banco Central que obedeça de imediato às suas ordens. Em condições normais, um chefe de governo sério estaria agradecendo a política monetária que mantém a taxa de juros em 13,75% ao ano — o que é muito impopular, mas contém a alta de preços e a degradação do real. 
Mas as condições não são normais, e nem o chefe de governo é sério. Lula e o seu entorno mais escuro acham que país sem inflação é “país de direita” ou de “ricos” algo tão estúpido quanto objetivamente falso. É o exato contrário
A maior vítima da inflação e a primeira a sentir os seus efeitos é a população pobre, que vê o pouco dinheiro que tem no bolso perder o valor e não dispõe de meios para se defender disso. E daí? Lula está pouco se lixando para os pobres. Quer um governo que distribua dinheiro barato para os amigos e compre a sua permanência no poder. O resto que se exploda. 
 
Lula e a esquerda insistem em dizer que o presidente do Banco Central não foi eleito por ninguém; não poderia, portanto, mandar em nada. É um argumento cretino. Os ministros do STF também não são eleitos, e ninguém está exigindo que eles deixem de ter autonomia. E então: Lula vai dizer que o ministro Alexandre de Moraes não pode tomar as decisões que toma? Ou vai se esconder alegando que o Supremo é “diferente?” 
O Supremo não é diferente — é o que a lei diz que ele deve ser. 
O Banco Central também não é diferente de coisa nenhuma. 
Tem independência em relação ao governo porque a lei brasileira diz que tem de ser assim. Essa lei foi aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente da República em 2021. Em agosto de 2021, por 8 votos a 2, o STF decidiu que ela é constitucional. 
 
Qual é, então, o problema? O problema é que Lula, desde o seu primeiro dia no governo, joga tudo na promoção do tumulto — e dos seus interesses pessoais, que ele julga favorecidos pelo tumulto que cria. Essa desordem, por sinal, é um dos principais motivos para que os juros não baixem. Lula, de propósito, faz declarações abertamente irresponsáveis sobre a economia — quando não são feitas por ele, essas agressões vêm da incompetência primitiva da sua “equipe econômica”, ou da treva pura hoje instalada na direção do PT.  
A inflação, naturalmente, já estaria a caminho da disparada, com a campanha destrutiva feita pelo presidente e por seu Sistema contra a estabilidade da economia brasileira. 
É para segurar, na medida do possível, a alta de preços e a desvalorização do real que “esse cidadão” mantém os juros nos 13,75%. (Outro dos seus graves delitos, para o PT e a mídia, é a suspeita de que votou nas últimas eleições vestindo uma camiseta com as cores verde e amarela da bandeira nacional.)
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante sessão
solene do Congresso Nacional que comemorou os 130 anos 
de atividade do Tribunal de Contas da União, 
Brasília (DF), 15/2/2023 | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Lula não tem um projeto de governo para o Brasil. Tem um plano de destruição de tudo aquilo que veio antes dele — não só do governo Bolsonaro, mas também do governo Michel Temer e do que sobrou dos governos de Fernando Henrique.  

O Banco Central faz parte desse plano, mesmo porque uma de suas funções é cuidar dos US$ 320 bilhões das reservas internacionais do Brasil. Eis aí uma questão-chave do projeto de demolição geral — Lula quer doar parte desses bilhões para as suas ditaduras amigas de Cuba, Venezuela, Nicarágua etc., e para isso precisa de algum haddad ou mercadante prestando obediência a ele no comando do Banco Central.  
O presidente parece não se importar com o que a opinião pública acha disso, ou do fato de que a única obra do seu governo é um gasoduto na Argentina, ou de morar com dinheiro do pagador de impostos num hotel de luxo, porque acha que o Palácio da Alvorada não é adequado para as exigências do seu conforto. 
Por razões ancoradas nos julgamentos políticos que faz hoje, Lula acredita que só tem a ganhar com um Brasil em estado de desmanche; fica mais agressivo sempre que se formam situações difíceis, e estima que a agressividade joga a favor da sua manutenção no poder
O Banco Central é um elemento fundamental para um país que queira viver em ordem, dentro da normalidade e com respeito à lei. 
Não serve para o plano-mestre do presidente da República — ou para algo que dá toda a impressão de ser isso.

Leia também “Um governo de más notícias”

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste


quinta-feira, 29 de junho de 2017

Meta de inflação em 4,25% aproxima o Brasil do padrão internacional

Foi acertada a decisão do Conselho Monetário Nacional de reduzir o centro da meta de inflação. Hoje em 4,5%, ela passará para 4,25% em 2019, e em 2020 cairá mais, para 4%. O Brasil tem que caminhar para uma inflação ainda menor, algo próximo a 2%, o padrão em outros países que adotam metas inflacionárias.

O Brasil passou muito tempo com taxas altas demais. Em 2007, houve a chance de reduzir a meta. A inflação estava baixa, mas o país desperdiçou a oportunidade. A taxa agora voltou a um patamar menor. Esse é o momento de reduzir o centro da meta. O país tem que caminhar nesse sentido, para que a inflação fique em níveis baixos de maneira sustentável e deixe de ser um problema. Com a meta menor, o Brasil poderá se concentrar nos seus outros objetivos. 

Governo fixa meta menor de inflação para 2019
Sob críticas de que poderia perder a oportunidade de manter a inflação baixa no país, o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu fixar não apenas meta para 2019 como esperado, mas também a de 2020. Numa reunião extraordinária nesta manhã, os ministros determinaram que o objetivo para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2019 em 4,25%, como previam os analistas do mercado financeiro. E ainda estabeleceram em 4% a meta para 2020. O intervalo de tolerância para os próximos anos será de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Essa é a mesma banda usada atualmente.

É a primeira vez desde 2003 que a meta é reduzida. Desde 2005 a meta oficial de inflação do governo está em 4,5% ao ano. Os únicos anos em que o Banco Central cumpriu essa meta foram 2006, 2007 e 2009. A meta é estabelecida pelo CMN e deve ser cumprida pelo Banco Central.

Os três ministros — Fazenda, Planejamento e presidente do Banco Central — frisaram a importância do estabelecimento de um horizonte de longo prazo de queda da inflação. — A fixação de uma meta menor vai levar a índices mais baixos desde que sejam críveis — falou o presidente do BC, Ilan Goldfajn.

De acordo com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, isso mostra que o governo está comprometido com a convergência gradual das metas para índices internacionalmente consagrados de inflação.

MANUTENÇÃO DE ILAN E DA POLÍTICA MONETÁRIA
Ilan foi questionado se, à luz do acirramento da crise política, ele permanecerá no comando do Banco Central independentemente de um eventual afastamento do presidente Michel Temer e se a política monetária também seria mantida. — Acho que a pergunta é para mim e vou ter de responder. Acho que a resposta é: sim, sim — resumiu o presidente.

Quando foi-lhe solicitado detalhes, ele disse que o Banco Central é uma instituição que preza autonomia e, portanto, é uma instituição que se mantém. Ele ressaltou que o BC olha o longo prazo.  — E o presidente do Banco Central está dentro desse contexto institucionalizado onde nós estamos trabalhando para a economia brasileira e para o país — afirmou antes de questionar os repórteres:
— Vocês não gostaram do “sim, sim”?

Quando questionado sobre qual era a garantia de que permaneceria no cargo mesmo com uma mudança de governo, Ilan começou a responder, mas antes de completar a primeira palavra, foi interrompido por Meirelles. O ministro da Fazenda disse que o governo não trabalha por hipóteses. Afirmou que a equipe econômica trabalha com foco e continuará assim. E tentou consertar o que foi dito anteriormente pelo presidente do BC.  — Agora, evidentemente, que compete ao presidente da República a nomeação dos seus ministros. Não só os aqui presentes, mas quaisquer ministros.


O comunicado do Banco Central aponta que um decreto desta quarta-feira ampliou para dois anos e meio o horizonte de fixação da meta para a inflação e seu intervalo de tolerância. Segundo o texto, isso permite o aperfeiçoamento do sistema de metas de inflação e também permite aumenta a capacidade de a política monetária balizar as expectativas de inflação para um prazo mais longo, o que ajuda a reduzir as incertezas:
“E esse novo horizonte será válido a partir deste ano em diante e permite uma maior separação entre a definição da meta para a inflação e a condução da política monetária. Com isso, amplia-se a capacidade de a política monetária balizar as expectativas de inflação para prazos mais longos, o que reduz incertezas e melhora a capacidade de planejamento das famílias, empresas e governo”, diz o texto.

Fonte: O Globo