“A Argentina é o terceiro parceiro comercial do Brasil, atrás da
China e dos Estados Unidos, mas é principal parceiro para a nossa
indústria”
O encontro do presidente Jair Bolsonaro com o presidente da
Argentina, Mauricio Macri, serviu para reposicionar o novo governo em
relação ao Mercosul. Foi uma espécie de “meia-volta, volver!”, depois
das declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, logo após as
eleições, de que as relações comerciais do Brasil com os vizinhos do
Cone Sul não eram uma prioridade. Guedes chegou a contextualizar o
comentário de maneira a desdizer seu significado, mas foi preciso o
encontro de ontem para que as coisas ficassem realmente mais claras,
principalmente para os vizinhos. Bolsonaro e Macri acertaram trabalhar
conjuntamente para fortalecer o bloco sul-americano. O ministro Paulo
Guedes, nas conversas com os argentinos, procurou desfazer a imagem de
que estava de costas para o Mercosul. A Argentina é o terceiro parceiro
comercial do Brasil, atrás da China e dos Estados Unidos, mas é
principal parceiro para a nossa indústria.
Isso significa que tudo ficará como dantes? Não, diplomatas do Brasil
e Argentina discutiram mudanças nas regras do Mercosul que proíbem os
países-membros de negociarem separadamente acordos de livre comércio com
outros países. No caso brasileiro, Bolsonaro quer enxugar os encargos
do Mercosul, reduzir tarifas e burocracia. Abre-se a possibilidade de
avanços nas conversas com a União Europeia. Além disso, Paraguai e o
Uruguai desejam fazer seus acordos bilaterais. O patinho feio do
Mercosul é a Venezuela, que foi outro assunto abordado no encontro.
Nesse caso, a afinação entre Bolsonaro e Macri é total: ambos pretendem
endurecer o jogo ainda mais com o presidente do país vizinho, Nicolás
Maduro, que assumiu novo mandato de seis anos e é considerado um ditador
pela maioria dos países do continente.
Macri foi o mais enfático nos ataques a Maduro. Ressaltou que
Argentina e Brasil reconhecem apenas a Assembleia Nacional da Venezuela,
que é comandada pela oposição e considera Maduro um usurpador.
“Reafirmamos nossa condenação à ditadura de Nicolás Maduro. Não
aceitamos esse escárnio com a democracia, e, menos ainda, a tentativa de
vitimização de quem na verdade é o algoz”, disse Macri. Bolsonaro foi
mais comedido em relação a Maduro, mas reiterou que Brasil e Argentina
jogarão juntos no caso da Venezuela: “Nossa cooperação na questão da
Venezuela é o exemplo mais claro do momento. As conversas de hoje
(ontem) com o presidente Macri só fazem reforçar minha convicção de que o
relacionamento entre Brasil e Argentina seguirá avançando no rumo
certo: o rumo da democracia, da liberdade, da segurança e do
desenvolvimento”, disse.
Recessão
O fato de o Brasil e a Argentina terem governos ultraliberais tem um
peso específico no continente, mas há uma variável imponderável: ao
contrário de Bolsonaro, que acabou de assumir o governo, Macri está
terminando seu mandato, em meio a um tremendo fracasso econômico. Os
preços na Argentina subiram 2,6% em dezembro, com inflação anual de 2018
em 47,6%, a maior desde 1991. A meta de inflação de 23% em 2019, já
considerada muito alta, dificilmente será alcançada, num ano de eleições
presidenciais, nas quais Macri ainda pretende disputar a reeleição.
Com os preços descontrolados, o Banco Central argentino fez um ajuste
duríssimo, com juros de até 70% e retirada de pesos do mercado. O dólar
estabilizou em 37 pesos, mas a economia está em recessão: 2,5% em 2018;
previsão de 2%, em 2019. Macri terá dificuldades para manter esse
ajuste, quando nada porque os salários sofreram uma perda de poder de
compra próxima a 10%, a maior desde 2002. Até o FMI prevê dificuldades
para manter o ajuste, cujas projeções apontam que somente em 2024 os
argentinos conseguirão recuperar o nível de vida de 2017. Será difícil
para Macri resistir às pressões dos sindicatos por aumentos de salários e
manter o acordo feito com o FMI.
À deriva
A propósito, a Inglaterra nunca esteve tão à deriva. Conservadores
britânicos e unionistas da Irlanda do Norte salvaram a primeira-ministra
Theresa May, derrotando por apenas 19 votos a moção de desconfiança
apresentada pelos trabalhistas para evitar que o líder da oposição,
Jeremy Corbyn, a substituísse, depois de a maioria esmagadora do
parlamento do Reino Unido ter rejeitado o acordo de saída da União
Europeia. O Brexit continua um salto no escuro, porque a
primeira-ministra ainda não tem um plano B.
Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
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quinta-feira, 17 de janeiro de 2019
Meia-volta, volver!
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