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sábado, 4 de fevereiro de 2023

Brasil sob Lula vai na contramão de novo ânimo global - Folha de S. Paulo

 Novos indicadores globais mostram que o Brasil caminha na contramão das principais economias que enfrentaram problemas inflacionários e estruturais nos últimos anos. Enquanto Estados Unidos, zona do euro, Japão e emergentes como Índia projetam desaceleração nos preços em 2023 (ou estabilidade, como China) sem um choque maior de juros, as previsões no Brasil têm piorado sistematicamente.

Mesmo assim, as pressões inflacionárias no Brasil seguem firmes. 
E devem aumentar quando o governo reonerar impostos sobre gasolina e álcool. A volta da tributação foi adiada para o fim de fevereiro e integra o pacote de ajuste fiscal que o ministro Fernando Haddad (Fazenda) apresentou para atacar o desequilíbrio fiscal, esperando arrecadar R$ 29 bilhões com a reoneração.

Para especialistas, enquanto o quadro internacional mudou para melhor, indicando um futuro mais promissor, o governo brasileiro ainda não convenceu empresários e agentes de mercado sobre como controlará a expansão do gasto e de sua dívida pública.O resultado tem sido insegurança entre empresas e mercado; e mais pressão sobre a inflação --num ambiente agravado por falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra juros altos, meta de inflação, autonomia do Banco Central e responsabilidade fiscal.

Na maior fatia dos eleitores de Lula, os mais pobres, a inflação é a principal ameaça para a corrosão da popularidade do presidente. Eles não contam com mecanismos de proteção dos mais ricos, como aplicações indexadas aos juros, e gastam a maior parte da renda com alimentação. Em 12 meses, com a inflação oficial em 5,9%, os alimentos sobem 11,5%.

Na semana passada, o economista-chefe do FMI (Fundo Monetário Internacional), Pierre-Olivier Gourinchas, afirmou que 2023 deve representar o "ponto de virada" para muitos países e revisou para cima as estimativas de crescimento em relação a outubro passado (exceto para o Reino Unido).

O Fundo prevê que cerca de 84% dos países terão inflação menor em relação a 2022, o que reduziria a pressão para que seus bancos centrais subam os juros, deprimindo as economias. Também na semana passada, EUA e zona do euro anunciaram aumentos de 0,25 e 0,5 ponto percentuais em suas taxas básicas de juro. Elevando-as, respectivamente, para até 4,75% e 3% ao ano.

Segundo José Júlio Senna, ex-diretor do Banco Central e chefe do Centro de Estudos Monetários do Ibre-FGV, como a expectativa de inflação norte-americana é de 3,4% neste ano (consenso da Bloomberg), os EUA estarão operando com juros acima da inflação. No caso europeu, a Bloomberg projeta inflação de 5,9% (ante juro agora em 3%). "Com uma inflação de demanda e mercado de trabalho aquecido, os EUA já estão com o juro em terreno contracionista. Na Europa, cerca de 43% da inflação vêm de choques de oferta, como energia e alimentos, daí que o aperto de juros não será tão severo. Mas, nos dois casos, novas altas moderadas podem ser esperadas", diz Senna, também consultor associado da MCM.

O juro real (acima da inflação) levemente positivo nos EUA e ainda negativo na Europa --duas regiões com a inflação em declínio-- contrastam com a situação brasileira de taxas reais perto de 8% ao ano e preços sob pressão. Há sete semanas sobe a estimativa de inflação para 2023 na pesquisa Focus do Banco Central. Na segunda passada (30), ela chegou a 5,74% --praticamente o mesmo nível do IPCA fechado em 2022 (5,79%). Alguns bancos e consultorias já projetam 6,5%. "Quase todo o plano de ajuste fiscal do governo Lula passa pelo aumento da receita, o que acaba tendo impactos inflacionários, e não pelo corte de gastos. Isso tem levado à desancoragem das expectativas de inflação e à alta dos juros, com títulos mais longos do Tesouro pagando entre 6% e 6,5% ao ano, mais inflação. Quanto tempo o país aguenta algo assim?", questiona Senna.

Segundo o economista Affonso Celso Pastore, da AC Pastore & Associados e ex-presidente do Banco Central, a dívida pública brasileira tem prazo médio de quatro anos, o que requer a rolagem de cerca de 25% dela a cada ano com a venda de novos títulos no mercado --que hoje pagam juros reais elevadíssimos."O juro real alto faz a dívida pública aumentar e o PIB, diminuir, piorando a relação entre o tamanho da dívida e o PIB [73,5% em 2022]. Com a piora do indicador, o mercado vai exigir juro maior para rolar a dívida, levando a uma profecia negativa autorrealizável", diz.

Pastore afirma que, até aqui, o governo Lula vem apresentando uma estratégia expansionista (de mais gastos) e que, apesar das reclamações do presidente sobre o nível dos juros, o Banco Central já deixou claro que manterá as taxas elevadas enquanto a política fiscal não controlar as despesas e as expectativas. Com a PEC aprovada antes de Lula assumir, sua equipe ampliou o espaço para gastos em cerca de R$ 170 bilhões neste ano, o que deve pressionar a inflação pelo lado da demanda do governo --embora Fernando Haddad tenha dito que não pretende gastar todo o valor.

Para Lívio Ribeiro, pesquisador do Ibre-FGV e sócio da consultoria BRCG, um dos sintomas da desconfiança na capacidade do governo de ajustar suas contas para que o Banco Central possa baixar os juros e dar chance ao crescimento é que moedas de emergentes têm se valorizado mais do que o real frente o dólar --apesar do juro real brasileiro de 8 pontos acima da inflação; que, em tese, levaria investidores internacionais a trazer dólares ao Brasil para aproveitar esse ganho.

Na quinta passada (2), depois de o BC deixar claro que o juro no Brasil pode continuar elevado por mais tempo caso não haja providências na área fiscal, o dólar chegou a cair abaixo de R$ 5 por conta da atração da taxa. Mas voltou a subir a R$ 5,15 no dia seguinte após Lula, em entrevista, criticar novamente a autonomia do BC e o juro alto."O fato é que continuamos diante de uma incerteza brutal de quais serão as regras do jogo. Os primeiros movimentos do governo vão no sentido contrário ao de uma consolidação fiscal que permita ao Banco Central baixar o juro. O que temos é a perspectiva de mais gastos; e um pacote fiscal pelo lado da receita, via aumento da arrecadação e impostos", afirma Ribeiro.

Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, afirma que a comunicação recente do Ministério da Fazenda no sentido de um ajuste fiscal via arrecadação (que pode acabar redundando em mais gastos), além do "ruído desnecessário" provocado pelas declarações de Lula, começam a apontar para um risco que não existia há algumas semanas: de Banco Central aumentar ainda mais os juros para conter pressões inflacionárias, elevando a dívida pública e deprimindo mais a economia. "Todos os sinais são de um Banco Central agressivo. Em seu último ano de mandato [2024], [Roberto] Campos Neto [presidente do BC] provavelmente fará de tudo para tentar entregar a inflação na meta [de 3%, com tolerância até 4,5%]", afirma Vale. "Se o fiscal não ajudar, juros maiores podem ser necessários." 

Fernando Canzian, colunista - Folha de S. Paulo


quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Bolsa abre em alta impulsionada por resultado do Datafolha

O Ibovespa abriu o pregão em alta, animado por fatores eleitorais internos, e vai se sustentando com a virada dos mercados acionários dos Estados Unidos, que passaram a operar no positivo. Por aqui, o movimento de correção às perdas de quase 3% do pregão da véspera ocorre agora em um ambiente de recuo do dólar.   Às 10h09, o índice da Bovespa à vista subia 0,67%, aos 84.235,58 pontos. Nos Estados Unidos, o Dow Jones subia 0,15%, o S&P500, 0,11% e o Nasdaq, 0,46%.

Mais cedo, antes mesmo da abertura da sessão regular, o humor dos investidores do mercado acionário dos EUA chegou a melhorar após dados de inflação mais amenos. Aliado a isso, a consolidação do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, na frente das pesquisas de intenção de voto para a Presidência, abriu espaço para a alta do Ibovespa. O ambiente mais animado também embala a melhora dos papéis de estatais, que na quarta sofreram diante do discurso menos liberal de Bolsonaro sobre a privatização.

Nos Estados Unidos, o índice de preços ao consumidor (CPI) subiu 0,1% em setembro na comparação com o mês anterior com núcleo do dado, que exclui alimentos e energia, teve ganho de 0,1%. Ambos os dados vieram menores que as estimativas e sugerem que as pressões inflacionárias seguem sob controle, enquanto o dólar forte contém os preços de importados e os custos com energia recuaram.

No front externo as cotações do petróleo no mercado internacional operavam em queda mais perto de 2% pressionados pela preocupação de desaceleração do crescimento econômico mundial, o que poderia reduzir a demanda pela commodity, e também pelas projeções de aumento do volume estocado de petróleo bruto. Por outro lado, o minério de ferro fechou em alta de 0,22% no porto de Qingdao, na China.
“O mercado doméstico está olhando meio de soslaio para o exterior e, a depender de lá, terá ou não força para andar aqui”, afirma Luiz Mariano De Rosa sócio da Improve Investimentos, ressaltando que Bolsonaro na frente das pesquisas segue animando os investidores mesmo que esteja se mostrando agora mais avesso tanto a uma reforma da Previdência mais profunda quanto à extensão do plano de privatização de estatais. “Mesmo falando assim, o mercado ainda vê que ele é melhor que o outro candidato Fernando Haddad, PT.”

Pela pesquisa do Datafolha, Jair Bolsonaro tem 58% dos votos válidos e Fernando Haddad tem 42%; os dois acabaram a disputa em 7 de outubro com 46% e 29% dos votos válidos, respectivamente. Os dados da quarta indicam que ambos conseguiram agregar votos de candidatos derrotados no primeiro turno.

Estadão Conteúdo

 

sexta-feira, 24 de julho de 2015

A redução dos objetivos a atingir no reequilíbrio das finanças públicas estreita a margem de tolerância com o Planalto e Legislativo, num cenário de crise prolongada 

A primeira reação dos mercados à revisão para baixo das metas de superávit fiscal não foi amistosa. O dólar subiu mais de 2% e a Bolsa caiu 1%, reflexo de alguns sentimentos negativos diante do futuro, mais fortes, neste primeiro momento, do que análises serenas sobre a adequação das metas a contingências da realidade.  De um lado, os efeitos, na receita tributária, de uma recessão mais severa que a esperada e, de outro, um Congresso em surto demagógico, refratário ao ajuste fiscal, levaram o governo a reduzir o objetivo de 1,13% do PIB, deste ano, para apenas 0,15%; de 2% para 0,7% em 2016; e 1,3% no ano seguinte, em vez de 2%, sendo mantido este índice para 2018.

Ao mau humor de ontem creditem-se, entre outros fatores, preocupações com o espaço do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, no governo — ele chegou a se opor à revisão — e com relação a reavaliações da nota de risco do Brasil por agências internacionais do ramo. Seguindo o senso comum, pode-se achar que o corte de metas é positivo para governo e políticos, por torná-las factíveis. Mais uma vez o senso comum está errado. Pelo contrário, a questão é bem outra, porque, com a redução das metas, também diminui a margem de tolerância política com o Planalto e Congresso. Como o período do ajuste ficou mais longo, a duração da crise tende a ser maior. Espera-se que não, mas a previsão é lógica.

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Além disso, se vier o rebaixamento da nota de risco do país por agências internacionais, algo de que, de fato, o Brasil ficou mais próximo com a frustração fiscal, o consequente agravamento da conjuntura degradará ainda mais o humor da população diante de Dilma e políticos. 

A piora na avaliação do risco de crédito do país tem impacto no câmbio, desvalorizando o real, gatilho de mais pressões inflacionárias. Isso, no momento em que o índice de inflação aponta para os dois dígitos. A perda de poder aquisitivo pela elevação do custo de vida é indutor infalível da má avaliação de governantes pela população. Acrescente-se que, se o tempo da crise for longo — porque o ajuste demorará a ser executado —, a irritação dos eleitores com Dilma e Congresso tende também a se estender pela eleição municipal do ano que vem, e com o risco crescente de se refletir em 2018. Continuar a boicotar o ajuste, portanto, não é o melhor conselho aos parlamentares, incluindo a oposição. Nem o Planalto deveria continuar fazendo cara de paisagem diante da necessidade gritante de cortes em gorduras escandalosas existentes num governo de 39 ministérios e 22 mil cargos de confiança, sempre ocupados por apaniguados políticos.

Pode parecer pouco na gastança pública, mas fazer economia nesta conta de custeio seria um gesto político positivo para uma presidente tão mal avaliada. E também um gesto de comprometimento com a solução dos problemas, numa fase em que o pessimismo tende a crescer.

Fonte - Editorial - O Globo