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segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Brasília dos milagres

O ótimo escritor americano Mark Twain dizia que os Estados Unidos tinham o melhor Congresso que o dinheiro podia comprar. Problema deles: em nosso país tropical, abençoado por Asmodeus e bonito por natureza (mas que beleza!), os parlamentares abrem o mar do nosso dinheiro que virou vermelho. Milagre!

Pois o milagre se realiza há anos. O deputado João Alves dizia que enriqueceu ganhando sucessivas vezes na Loteria — deve ser verdade, porque deputado não pode mentir, é quebra de decoro. Eduardo Cunha, em operações só agora conhecidas, vendia carne brasileira enlatada para a África, e o dinheiro ia para a Suíça.

Talvez seja a carne daquele gado valorizadíssimo criado por Renan Calheiros, rebanhos imensos, que apenas as monumentais pradarias russas (e as fazendas alagoanas ainda maiores, mas que de tão modernas são apresentadas em modo compacto), do hoje presidente do Senado. E descobriríamos que a pensão para a bela mãe de sua não menos linda filhinha viria da venda do maravilhoso gado para o exportador Eduardo Cunha.

Ou talvez o gado de Cunha fosse criado nas fazendas aéreas de Romero Jucá, para que a pata dos bois não machucasse a terra com suas duras pisadas. Nas áreas do ranário da família Barbalho, aquelas amplamente financiadas pelo BNDES, jamais: ali, se um dia rãs surgissem, os bois poderiam pisá-las. Mas as tais rãs que tanto custaram aos cofres públicos nem precisam aparecer. Rãs fantasmas podem ser pisadas por bois fantasmas, fantasmagoricamente, todos financiados com dinheiro público real.
Real? Vá lá: dólar.

A terra dos craques
Em Brasília, a Tenda dos Milagres, milagres proliferam. Gente que quando morava na Grande São Paulo nem pensava em enriquecer se deu bem no Planalto. Os Ronaldinhos dos Negócios enricaram com aquele esporte tão popular, tão apreciado, tão praticado no Brasil: o futebol americano. Deram-se tão bem fora de São Paulo que, mesmo quando tiveram de retornar ao estado, nem casa quiseram: moram de favor em mansões suspensas de amigos generosos e desinteressados.

O Gogó de Ouro recebe milhões por requisitadas palestras, para ouvintes ávidos e privilegiados, que pagam pela exclusividade, porque ninguém fora das salas refrigeradas e protegidas jamais ouviu qualquer palavra lá pronunciada, jamais viu sequer fotos destes eventos tão lucrativos. Nem selfies! Há até coxinhas brancos, feios, golpistas e de olhos azuis dizendo que as palestras, como as rãs do tal ranário, são apenas imaginação.
Mas foram pagas, são reais. Ou dólares.

Como está, fica
Dilma e Eduardo Cunha são hoje amigos desde criancinhas. Cunha será um obstáculo ao impeachment, os parlamentares do PT tentarão impedir que Cunha seja derrotado na Comissão de Ética. Um não pode romper com o outro ou os dois se afogam.  Se bem que o escorpião não podia picar o sapo no meio do rio, pois ambos morreriam, e picou assim mesmo — porque era de sua índole.

As rosas não falam — e se falarem? 
Atenção que esta é uma bomba. Conta o jornalista Carlos Newton que o repórter Thiago Herdy, futuro presidente da Abraji, Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, ganhou na Justiça o direito de acesso aos dados do cartão corporativo do governo federal usado por Rosemary Noronha, ex-chefe da representação da Presidência da República em São Paulo.

O mandado de segurança 20.895 foi concedido pelo ministro Napoleão Nunes Maia Filho, do Superior Tribunal de Justiça. Rose sempre teve a confiança de Lula. E, apanhada na Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, manteve-se até hoje em silêncio. Mas seu cartão corporativo pode indicar muita coisa — até mesmo, como se comenta, se participou de viagens aéreas com Lula sem constar na lista de passageiros.

Segundo a decisão judicial, não há motivo para o sigilo do cartão de Rose. Mas, se o governo fez questão do sigilo, é porque acha que motivos há.

Tarda e falha
No dia 5, romperam-se as barragens da Samarco, em Minas; um rio de lama tóxica destruiu várias cidades e matou mais de duas dezenas de pessoas — ainda sabe-se lá quantas que terão desaparecido na lama. A presidente Dilma foi visitar a região uma semana depois, no dia 12, e não botou os pés em terra: bastou-lhe o sobrevoo de helicóptero. E garantiu que o Ibama vai multar a Samarco em R$ 250 milhões, de imediato, fora outras multas possíveis. E daí? Daí, nada.

Das multas impostas pelo Ibama, 99% não foram pagas, ponto final. Das multas impostas pelo governo federal como um todo — Ibama, Banco Central, agências reguladoras, TCU — só 3,7% foram pagas. Os devedores não apenas não pagam como não são sequer inscritos no Cadin, o Cadastro dos Inadimplentes, cujo objetivo é registrar quem não paga para proteger o governo de assinar contratos com eles. Por enquanto, há R$ 25 bilhões em multas não pagas.

O governo finge de bravo, multa, ninguém paga e fica por isso. Quanto às providências para ajudar os atingidos, isso é com os outros, sabe-se lá quem.

Perguntar não ofende
Se o dinheiro que o governo quer que seja repatriado é clandestino e está em contas secretas, como se sabe a quanto monta?
Alguém terá vontade de trazê-lo?

Fonte: Coluna de Carlos Brickmann - http://www.brickmann.com.br/



quarta-feira, 30 de setembro de 2015

“A tragédia e a chanchada”



É uma frase clássica de Karl Marx, o grande ídolo da esquerda que estudou: a História acontece como tragédia e se repete como farsa.

Fernando Collor, tentando salvar seu governo ameaçado pelo impeachment, montou o Ministério dos Notáveis, com Marcílio Marques Moreira, Célio Borja, Eliezer Batista. Não se salvou; e jogou a culpa pela tragédia pessoal em seus ministros, por terem compromisso maior com o país do que com o governo.

Dilma Rousseff, tentando salvar seu governo ameaçado pelo impeachment, anunciou publicamente que iria demitir o ministro da Saúde para entregar o cargo ao PMDB. Não conseguiu encontrar um nome, e a crise continua; e o ministro que deixou de ser ministro continua a ser ministro, só que sem mandar nada.

E quem são os notáveis em que Dilma pensa? O deputado Marcelo Jr., da Paraíba; o deputado Helder Barbalho, do Pará, filho dos parlamentares Helder Barbalho e Elcione Barbalho (donos daquele famoso ranário que não tinha rãs, mas ao qual jamais faltaram verbas oficiais), Celso Pansera, do Rio ─ aquele que o doleiro e delator premiado Alberto Youssef chamou de “pau mandado” de Eduardo Cunha. Tudo bem, Pansera costuma ser enviado por Cunha para representá-lo em reuniões menos importantes, mas não é só isso que faz: também cuida de seu restaurante em Caxias, cujo nome é “Barganha”. Outros nomes há, mas para que citá-los se Dilma ainda nem sabe quais pastas serão mantidas ou fechadas?
Com Dilma, a história não se repete como farsa, mas como chanchada.

Elas por elas
Dilma viajou para os EUA sem definir seus ministros. Em compensação, os ministros também não sabem direito quem está hoje na Presidência.

A opinião de quem sabe
Para salvar seu cargo, Dilma concordou com todas as exigências do PMDB. Comentários de Eduardo Cunha, líder operacional do partido, presidente da Câmara Federal (e responsável por aceitar ou rejeitar o pedido de impeachment):

1 - Não há a menor possibilidade de aprovação da nova CPMF;
- Há grandes possibilidades de que o PMDB deixe o governo de Dilma em novembro.

O governo deu tudo. Os pixulecos foram liberados. E não adiantou nada.

Eles por eles
O pessoal do Instituto do Desenvolvimento do Varejo, que promoveu reunião na Fiesp na sexta, não compartilha as dúvidas dos ministros. O tempo todo trataram o vice-presidente como
“presidente Temer”.

Ato falho. Ato muito sábio.

Os olhos da presidente
O helicóptero de Dilma soltou chamas ao decolar, mas seguiu para a Base Aérea, onde ela pegaria o avião para os Estados Unidos. Dilma disse que não percebeu as labaredas.

É a prova de que falava a verdade ao garantir que não sabia de nada:
como saberia do Petrolão, se nem o fogo na cauda conseguiu perceber?

Um, dois, mil Moros
A militância petista que detesta o juiz Sérgio Moro festeja sem parar a decisão do Supremo que divide as investigações sobre casos até agora unicamente de sua responsabilidade. Acham que, com isso, o Supremo quebrou as pernas de Moro e agora será muito mais fácil livrar mensaleiros, petroleiros e outros gatunos da possibilidade da punição.

Acontece que Moro já foi recebido em São Paulo, no lançamento de um livro, com palmas e flores; foi aplaudido numa palestra com líderes empresariais;
é cumprimentado nas ruas. Será que outros juízes não se sentirão tentados a buscar este reconhecimento público? Ou não se sentirão obrigados a julgar com severidade, seguindo o exemplo de conduta de Moro? Ou não estarão dispostos a demonstrar que Moro não é o único juiz corajoso o suficiente para enfrentar o poder político, empresarial e econômico da alta gatunagem?

Se isso acontecer, muita gente vai ter saudades dos tempos em que só Sérgio Moro e seu pessoal de Curitiba mandavam nos processos.

Pão com pão
Na guerra petista contra Moro há lances engraçados. Um deles é uma reportagem com título na linha “Provas duvidosas nos processos”, algo assim. Os três entrevistados faziam duras referências ao juiz e criticavam suas sentenças: um jurista tradicionalmente ligado ao PT, por ideologia e laços de família; o advogado de um dos réus condenados por Moro; e o presidente da CUT, aquele que ameaçava pegar em armas contra os adversários dos petistas.

Se até estes estivessem a favor de Sérgio Moro e da Polícia Federal, quem estaria contra?

PT, saudações
Como na mata, os pixulequinhos crescem à sombra do pixulecão. São Bernardo, SP, reduto político de Lula, fortaleza do PT, tem como prefeito um ex-presidente da CUT, Luiz Marinho. A funcionária municipal Neide Aparecida conseguiu licença médica para uma cirurgia. E foi localizada pela BandNews FM.

Onde? No Egito. Sim, Egito. Disse que no período de licença médica pode fazer o que quiser. A Prefeitura, por ordem de Luiz Marinho, não comentou o assunto. Ah, sim: Neide foi candidata a deputada federal em 2014.
Pelo PT.

Coluna do Carlos Brickmann – www.brickmann.com.br