Clube uruguaio desiste de contratar filho caçula de Lula
Repercussão negativa e alto salário [sem esquecer a incompetência e desonestidade, características básicas de qualquer membro da 'famiglia Lula da Silva' - fizeram o modesto Juventud de Las Piedras abdicar do acordo com o preparador físico
O modesto clube uruguaio Juventud de Las Piedras desistiu de um “badalado” reforço brasileiro: o preparador físico Luís Cláudio da Silva, o filho caçula do ex-presidente Lula.
Luís Cláudio da Silva: a bolada foi pagamento por “pesquisas, avaliações
e elaboração propriamente dita” de trabalhos sobre a Copa e a Olimpíada
(Reginaldo Castro/Lancepress/VEJA)
Depois de anunciar a contratação de Luís Cláudio em
seu site oficial, o clube recuou. Para o presidente do clube, Yamandú
Costa, houve um “problema de comunicação”. “Nós nunca noticiamos a
contratação do sr. Luís Claudio. Divulgamos apenas a visita que ele fez
às nossas instalações”, disse Costa.
Embora o dirigente, que é homônimo do violonista e compositor
brasileiro, afirme oficialmente que não houve contratação, duas razões
explicam a mudança de posição do Juventud. O primeiro motivo foi a
enorme controvérsia que a informação causou, dentro e fora do Uruguai. Dirigentes do clube ficaram assustados com a repercussão negativa do acerto, que poderia ser visto como uma preparação para a saída da família da Silva do Brasil.
A segunda razão foi financeira. Com folha
salarial modesta, de cerca de 100.000 dólares (340.000 reais), o 10º
colocado do Campeonato Uruguaio não teria condições de bancar a
remuneração mensal de 25.000 reais pedida pelo preparador físico.
O site do Juventud de Las Piedras anunciou o acerto no dia 18 de
outubro, informando a “recente chegada à instituição pedrense do
professor Luís Lula Da Silva (filho) para trabalhar no futebol e
desenvolvimento social” do nosso clube. Segundo o presidente, porém,
houve um problema na divulgação da visita de três dias que o brasileiro
fez à sede do time para conhecer o projeto de formação de atletas.
Procurada pela reportagem, a assessoria do filho de Lula não se
manifestou.
O Juventud de Las Piedras chegou a ele por indicação da área de
relações internacionais do clube, que, segundo Costa, é conduzida por
brasileiros. O gerente Rodrigo Lubetkin conheceu o filho de Lula em um
simpósio em São Paulo. O caçula do ex-presidente acumula passagens por
Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos. Foi estagiário em
departamentos amadores e auxiliar de preparador físico. Depois de cinco
anos, em 2011, abriu a própria empresa.
A notícia da contratação causou estranheza até entre parceiros do
clube do Uruguai. Nos últimos dois anos, o Juventud de Las Piedras
realizou amistosos no Rio Grande do Sul, o que estreitou o
relacionamento com Francisco Novelletto, presidente da Federação Gaúcha
de Futebol (FGF). “ O clube de Las Piedras foi o primeiro time do interior a chegar à
elite e tem um título da terceira divisão (1995) e outro da segunda
(1999). Na virada dos anos 2000, alternou altos e baixos, mas se firmou
em 2012. Em 2014/2015, o clube conseguiu se classificar para a Copa
Sul-Americana, mas a experiência só durou quatro jogos.
(memória) - UM POUCO SOBRE LUIS CLÁUDIO E SUA NOTÓRIA INCOMPETÊNCIA
Os policiais ele não convenceu. Na quarta-feira passada,
Luís Cláudio Lula da Silva, filho caçula do ex-presidente Lula, entrou
acompanhado de quatro advogados na Superintendência da Polícia Federal,
em Brasília. Das 3 e meia da tarde às 7 e meia da noite, ele se empenhou
em convencer o delegado Marlon Cajado, responsável pela Operação
Zelotes, de que os 2,4 milhões de reais que recebeu entre 2014 e 2015 do
escritório de lobby Marcondes & Mautoni eram referentes a pagamento
por “trabalhos prestados” por sua empresa, a LFT Marketing Esportivo. A
Marcondes & Mautoni é suspeita de ter negociado com autoridades do
governo a renovação de uma medida provisória que, decretada em 2014,
prorrogou benefícios para empresas do setor automotivo – o grosso da
clientela do escritório. Seu principal sócio, Mauro Marcondes Machado,
está preso desde o último dia 26.
Segundo Luís Cláudio, os trabalhos prestados à Marcondes
& Mautoni consistiram em projetos de “pesquisa, avaliações setoriais
e elaboração propriamente dita”, com “foco relacionado à Copa do Mundo
(2014) e à Olimpíada” do Rio (2016). Para justificar o fato de a LFT,
que não possui nenhum funcionário registrado, ter sido escolhida para
executar tão bem remunerado trabalho, Luís Cláudio alegou que sua
“expertise não se restringe à formação superior em educação física” –
ele se formou pela FMU, em São Paulo -, mas “tem lastro na prestação de
serviço, por cinco anos ininterruptos, em quatro dos mais destacados
clubes de futebol”: São Paulo, Palmeiras, Santos e Corinthians. Luís
Cláudio de fato passou pelos quatro clubes, sempre levado por amigos do
pai, mas em nenhum deles desempenhou atividade
que pudesse ter utilidade nos projetos que diz ter desenvolvido para o
escritório hoje sob investigação da PF.
[Luís Cláudio realizou a consultoria de R$ 2,4 milhões para a Hyundai fazendo pesquisa na internet sobre o assunto;
quando os uruguaios tomaram conhecimento das técnicas utilizadas pelo ex-quase futuro técnico em suas atividades, e seriam aplicadas no Juventud, desistiram do negócio.]
O caçula de Lula entrou no São Paulo como estagiário no
departamento amador do clube, e dali em diante, nos demais times onde
esteve, nunca passou de auxiliar de preparador físico. “Ele desempenhava
funções simples, como colocar os cones no gramado para os treinos dos
jogadores e acompanhar as sessões de musculação dos atletas”, contou um
ex-colega do Palmeiras (esse mesmo colega lembrou também que, apesar do
cargo modesto, “Lulinha”, como era chamado pelos colegas, raramente
perdia uma viagem com o time na temporada de jogos). Depois de cinco
anos de clube em clube, Luís Cláudio abriu a LFT Marketing Esportivo, em
fevereiro de 2011. Um de seus primeiros clientes foi o Corinthians,
cujo presidente à época, Andrés Sanchez, era próximo de Lula. A função
da LFT era captar patrocínio para os esportes amadores do clube.
Foi essa mesma aptidão para atrair recursos que levou a LFT a
ser convidada a associar-se ao ex-locutor André Adler, que fez a
carreira comentando eventos esportivos e morreu em 2012. Sua empresa
promovia jogos de futebol americano em um torneio chamado Touchdown.
Essa nova sociedade, afirma a defesa de Luís Cláudio, aproximou-o da
Marcondes & Mautoni. Depois que a Touchdown perdeu o patrocínio que a
Hyundai ofereceu ao torneio por dois anos, o caçula de Lula teria
procurado a consultoria para garimpar novos recursos no setor
automotivo. Acabou saindo de lá com o contratão de 2,4 milhões de reais
para fazer pesquisas sobre a Copa e a Olimpíada, ainda que nenhum dos
temas se beneficie de conhecimentos sobre jogos de futebol americano ou
colocação de cones no campo.
Luís Cláudio diz ter se aproximado da Marcondes &
Mautoni apenas há alguns anos, mas a relação entre o dono da empresa e
seu pai vem de longa data. O lobista Mauro Marcondes conhece o
ex-presidente desde o fim da década de 70, quando trabalhava na
Volkswagen e Lula era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A
Polícia Federal acredita que ele manteve contato com o petista pelo
menos até agosto de 2013, período em que estaria “negociando” a medida
provisória que favoreceu seus clientes com impostos mais baixos.
Dois pontos do depoimento do filho de Lula foram
considerados pela polícia particularmente “inconsistentes” e “pouco
convincentes”. Para os investigadores, a natureza da LFT não
justificaria sua contratação para a finalidade alegada. E, ainda que
esse trabalho tivesse sido encomendado e realizado, o preço atribuído a
ele parece anormal. O passado recente do filho caçula do ex-presidente Lula
registra uma trajetória ascendente e fulminante. Já seu futuro, a contar
pela reação dos investigadores ao seu depoimento, parece bem menos
promissor.
Fonte: O Estado de São Paulo e VEJA